Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
13/12/2021 23h59
TRIBALISMO (4) – IMPERIALISMO DAS ESPÉCIES

              Encontrei uma palestra no YouTube “A Nova Face do Comunismo Ameaça o Brasil e o Mundo – Sínodo da Amazônia e Tribalismo”, publicada em 17 de outubro de 2019, com 16.999 visualizações nesta data, 24-11-21, com 1,8 mil reações positivas e 17 negativas. Patrocinada pelo Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, com 172 mil inscritos, tem a seguinte descrição: os vermelhos que viraram verdes. Palestra do Sr. James Bascom, membro da TFP norte-americana, proferida durante Congresso do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira realizado em Roma, na véspera do Sínodo da Amazônia, denunciando os erros de uma corrente tribalista e comunista. Vejamos...



Engels concluiu que o epíteto desta opressão do homem sobre a Natureza é o capitalismo baseado na mentalidade burguesa cujo único objetivo é o lucro independentemente dos desgastes causados ao meio ambiente.



Um pensador comunista italiano sintetiza seu pensamento: “As raízes da violência contra a Natureza e o meio ambiente deveriam ser buscadas na propriedade privada, nas leis do lucro máximo, nas razões e regras da sociedade capitalista”.



Partindo dessas premissas, pensadores comunistas e anarquistas como Piotr Kropotkin e David Henry Thoreau, começaram a analisar as raízes da violência do homem contra a Natureza, considerando-a intrínseca ao sistema capitalista e burguês, baseado no consumismo.



Como consequência, via a ecologia como elemento necessário da revolução socialista, comunista, anarquista, que proclamavam. Afirmam eles que a revolução iria operar inteiramente se houvesse a libertação do proletariado com relação à burguesia e que fosse acompanhada da “libertação” da Natureza da opressão do homem.



Não admira que Marx tenha pedido a libertação dos animais, citando Thomas Müntzer, líder da revolta camponesa alemã, no início do século 16: “Todas as criaturas foram transformadas em propriedade; os peixes na água, os pássaros no ar, as plantas na terra. As criaturas também devem se libertar”.



Mais tarde, as escolas neomarxistas desenvolveram o conceito de “Imperialismo das Espécies”, isto é, imperialismo do homem sobre a Natureza que espelha o exercido pelas classes altas sobre as inferiores e dos povos mais fortes sobre os mais fracos.



Desenvolvendo ainda mais essas ideias, as correntes revolucionárias das décadas de 50 e 60 passaram a questionar toda a sociedade industrial como sendo intrinsecamente opressora da Natureza de onde se originaram os movimentos ecologista e anti-consumistas.



Observo o quanto parece fácil uma mente paranóica ver adversários por tudo que é lugar, que todos podem ser escravizados por alguns que se mostram mais fragilizados, quer seja pela força, pelo capital ou pela inteligência. Daí surgirem teorias como essa do “Imperialismo das Espécies”, onde nem mesmo os animais escapam desse tipo de escravidão e merecem uma revolução para tirá-los desse cativeiro. E pensar que isso surge num aís de Primeiro Mundo, mas que chega até nós sem crítica e muitos passam a ser discípulos de tais proposta...



Temos que ver o conteúdo ideológico de cada proposta com muito cuidado, pois o próprio de contexto de luta em pró do Eco Socialismo. Não entendo que estão cavando a própria cova.


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em 13/12/2021 às 23h59
 
12/12/2021 23h59
EFEITOS DA PANDEMIA

            Durante a guerra espiritual que vivemos e sofremos os efeitos das armas biológicas desenvolvidas e aplicadas na população mundial, observo a posição de Karl Friston, renomado cientista britânico, conforme está em Reprodução © Youtube/Serious Science www.frontliner.com.br.



            Ele diz que a maioria das pessoas é imune ao vírus da Covid, que a OMS admite que os assintomáticos não transmitem a doença e agora descobrimos que 80% da população é imune, porque o sistema imunológico consegue reagir ao covid19 como se fosse um "resfriado comum". A “população suscetível efetiva nunca foi 100%".



Friston disse que Ferguson estava certo de que cerca de 80% das pessoas suscetíveis seriam rapidamente infectadas, e estava certo de que entre 0,5% e 1% morreria, mas não percebeu que a população suscetível era apenas uma pequena parcela de pessoas no Reino Unido e uma parcela ainda menor em países como a Alemanha e outros países. O que muda tudo.



Outro cientista, este de Stanford e Prêmio Nobel, Michael Levitt afirmou que as curvas de crescimento da doença nunca foram realmente exponenciais, sugerindo algum tipo de "imunidade anterior".



O estudo Targets of T Cell Responses to SARS-CoV-2 Coronavirus in Humans with COVID-19 Disease and Unexposed Individuals, publicado em meados de maio na revista científica Cell, da Elsevier, sugere que 40% a 60% das pessoas não expostas têm resistência de outros coronavírus.



O artigo aponta "o reconhecimento de células T reativas cruzadas entre coronavírus circulantes de resfriado comum (Nota do Fabio: também conhecido como "gripezinha") e SARS-CoV-2"



Os efeitos colaterais na América já podem ser mais mortais do que a pandemia.



Scott Atlas, da Hoover Institution, estima que as consequências do desemprego, da falta de consultas médicas e de outros fatores durante os dois meses de lockdown levarão a tantas mortes extras que os americanos perderão 1,5 milhão de anos acumulados de vida, o dobro do total perdido até o momento com a Covid-19.



Observamos esse relato em https://www.frontliner.com.br/a-maioria-das-pessoas-e-imune-ao-virus-da-covid-diz-karl-friston/



A estratégia aplicada nesta Guerra Espiritual, é de desenvolver e aplicar um vírus que se espalhe pela humanidade. Importante admitir e atemorizar a população quanto ao contágio, fazendo o isolamento social e com isso a quebra do sistema financeiro e empobrecimento da população.



O projeto de alcançar uma Nova Ordem Mundial está bem avançado, num estágio impossível de ser revertido. Parece que a profecia bíblica do reinado do Anticristo está chegando no estágio final.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/12/2021 às 23h59
 
11/12/2021 23h59
SÍNDROME DO IMPOSTOR

            O estudo realizado pela Dra. Jayne Rice (membro da equipe de cirurgia vascular do Hospital da Universidade da Pensilvânia) e divulgado na internet pela PEBMED, foi realizado entre estudantes de medicina de duas faculdades distintas e constatou que a maior parte deles sofre da síndrome do impostor (fenômeno do impostor; síndrome da fraude). Esta é uma alteração emocional onde o paciente é incapaz de acreditar na sua própria competência, mesmo tendo toda a formação para a sua capacitância. Ele constantemente subestima suas capacidades e tem a sensação que pessoas menos capacitadas são tão ou melhores do que ele. Não importando o nível de sucesso alcançado na vida, o paciente tem a sensação constante de não o merecer e de ser uma fraude. Essa condição pode ser permanente ou temporária e ainda não é considerada oficialmente uma patologia psiquiátrica. 



Nesse estudo foram avaliados um total de 284 estudantes de medicina, sendo 187 estudantes pertencentes a uma instituição predominantemente de estudantes brancos (PWI) e 97 eram de uma universidade historicamente negra (HBCU). A Doutora Rice utilizou um sistema de escala para avaliar o nível da síndrome de impostor em cada estudante, sendo os valores abaixo relacionados a intensidade dos sentimentos em relação a síndrome:




  • Abaixo de 40: Poucos sentimentos em relação a síndrome; 

  • Entre 40-60: Síndrome do impostor moderada; 

  • Entre 61-80: Síndrome do impostor frequente; 

  • Acima de 80: Síndrome do impostor intensa. 



De uma modo geral, o estudo evidenciou que 97% dos estudantes avaliados apresentavam sentimentos moderados a intensos em relação a síndrome. Metade reportou sentimentos frequentes, sendo 38% de uma forma moderada, 9% de forma intensa e 3% de forma leve. E em relação as duas instituições, os estudantes da PWI apresentaram 3,9 vezes mais sintomas frequentes ou intensos relacionados a síndrome em comparação com os estudantes da HBCU e os estudantes do grupo com baixa representatividade da PWI apresentavam 2,3 vezes mais sentimentos de forma frequente e intensa comparado com os da HBCU, e as mulheres, principalmente as que faziam parte da PWI, apresentavam o dobro de vezes mais sensações frequentes e intensas do fenômeno em comparação aos estudantes homens. 



A Dra. Rice acredita que esse estudo possa informar as instituições de ensino que estudantes de medicina claramente bem qualificados, apresentam baixa confiança e dúvidas sobre sua competência e que sentimentos em relação a síndrome de impostor pode também estar relacionados a quadros de ansiedade e depressão.



Acredito que essa condição que pode se tornar oficialmente patológica no futuro, seja um transtorno característico de pessoas de índole honesta. Pessoas que não possuam essa característica de honestidade não desenvolvem a sensação de impostor. Vejamos bem o que acontece em nosso país. A sociedade brasileira está contaminada pelo vírus da corrupção, tendo o último presidente considerado como um dos maiores ladrões do mundo. As pessoas que promovem os atos de corrupção, de todo tipo de iniquidade, e que posam de pessoas honestas preocupadas com o bem coletivo, não passa por suas mentes a sensação de que são impostores, que representam uma fraude. São tão convictos de serem pessoas virtuosas que chegam a bailar publicamente quando seus atos de iniquidade são expostos. Certamente essas pessoas acreditam piamente no que imaginam. E conseguem fazer que pessoas honestas acreditem no que falam e praticam, e os defendam apesar de todos os dados que apontam o contrário da boa fé.



Uma pessoa com a síndrome do impostor jamais prejudicará a coletividade, pelo contrário, tentará se aperfeiçoar cada vez mais para retirar de si essa sensação, como aconteceu com a autora do estudo, que confessa ter sofrido da síndrome e hoje produz trabalhos deste nível, que ajuda a elevar o nosso nível de consciência.



Nós, professores, devemos estar atentos a este fenômeno na consciência de nossos alunos e junto ao conteúdo técnico que ministramos, advertir que essa sensação de impostor pode surgir como forma da falta de amadurecimento da aplicação dos conhecimentos recém adquiridos e que isso pode ser uma base para a instalação de transtornos mentais bem definidos, como ansiedade e depressão.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/12/2021 às 23h59
 
10/12/2021 15h55
SOCIEDADE IDEAL (01) – FÉ

         A Universidade tem a missão institucional de estudar o pensamento, principalmente o humano, que proponha formas de melhorar a qualidade de nossas inter-relações e trazendo um constante e progressivo bem estar individual e social. Usaremos o conteúdo escrito no Evangelho de João, na Bíblia da Editora Ave Maria, edição para estudos, edição claretiana de 2012 e transformada em filme, “A Vida de Jesus”



Irei utilizar as falas do filme que será apresentado aos participantes com meus comentários e reproduzido neste texto com a cobertura do texto presente na Bíblia. A minha participação sem se dará nestes textos em negrito, em qualquer ponto que eu considere importante um esclarecimento, dúvida ou direcionamento.



            O Evangelho foi escrito duas gerações após a morte a crucificação de Jesus Cristo. O conteúdo se passa no período em que o Império Romano controlava Jerusalém.



            Apesar da crucificação ser o método preferido de punição dos romanos, ela não era sancionada pela lei judaica.



            Jesus e todos seus primeiros seguidores eram judeus. O Evangelho reflete um período de polêmicas sem precedentes e de grande antagonismo entre a igreja que surgia e as convicções religiosas do povo judeu.



            Este filme é uma representação fiel desse Evangelho.



            Vamos estudar um pensamento que foi divulgado há cerca de 2000 anos, não diretamente por seu autor, Jesus Cristo, mas por aqueles que o acompanhavam, como foi o caso de Mateus, Marcos e João do qual utilizamos seu relato aqui. Certamente muitos equívocos podem ter sido realizados, pois esses relatos não foram feitos de imediato, e a memória pode ter falhado ou desviado em busca dos interesses do redator e não da veracidade do que o Cristo quis ensinar.



            Vamos entender a situação política e religiosa da época. Roma estava no seu apogeu dominando boa parte do mundo, inclusive os judeus de onde Jesus surgiria. Os romanos adoravam diversos deuses, inclusive seus imperadores que se intitulavam deuses; os judeus adoravam um único Deus e esperavam que Ele mandasse o Messias prometido, para livrar o povo da escravidão.



            Observemos a polarização belicosa que existia nesse contexto, com a corrupção grassando tanto de um lado, dos dominadores, como do outro, dos dominados. Roma queria manter o seu domínio e recolher seus impostos para garantir o seu luxo, mordomias e manutenção do poder; os judeus queriam a vinda do Messias para os liderar com a força da espada e os prodígios de Deus na revolta contra os romanos, como tantas vezes havia acontecido nos relatos do Antigo Testamento.



            No começo, aquele que era a palavra já existia, ele estava com Deus, e era Deus. Desde o princípio a palavra estava com Deus.



            Por meio da palavra Deus fez todas as coisas e nada do que existe foi feito sem ela. A palavra era a fonte da vida e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas.



            A luz brilha na escuridão e a escuridão não conseguiu apaga-la.



            Houve um homem chamado João que foi enviado por Deus para falar a respeito da luz. Ele veio para que todos pudessem ouvir a mensagem e crer nela.



            João não era luz, mas veio para falar a respeito da luz, a luz verdadeira que veio ao mundo e ilumina todas as pessoas.



            A palavra estava no mundo e por meio dela Deus fez o mundo, mas o mundo não O conheceu.



            Aquele que era a palavra veio para seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu, porém alguns creram nele e o receberam e a estes lhes deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascemos, filhos de um pai humano. O próprio Deus é quem foi o Pai deles.



            A Palavra se tornou um ser humano e cheia de amor e de verdade. Morou entre nós e nós vimos a revelação da Sua natureza divina. Natureza que recebeu como filho único do Pai.



            João disse o seguinte: “Este é aquele a quem eu me referia quando disse, Ele vem depois de mim, e é mais importante do que eu, pois Ele já existia antes de eu nascer.”



            Porque todos nós temos sido abençoados com as riquezas do Seu amor, com bênçãos e mais bênçãos.



            A lei foi dada por meio de Moisés, mas o amor e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.



            Ninguém nunca viu Deus, somente o filho único, e está ao lado do Pai. Foi quem nos mostrou quem é Deus.



            Este é o prólogo escrito por João. Observemos que é tudo um puro ato de fé. A fé que o povo judeu já vinha desenvolvendo desde o tempo de Abraão, há centenas de anos. Fé, todos nós possuímos no cotidiano. Quando vamos a uma parada de ônibus, a fé gera a esperança que o ônibus chegue em determinado horário e nos leve a determinado destino. A fé nos leva aos bancos escolares com a esperança de adquirirmos uma profissão, um trabalho digno e uma vida de qualidade com parentes, amigos e colegas. Observamos assim que a fé é uma ferramenta frequente e necessária para nossa evolução vital, considerando coisas que podem existir ou não, como reais, e consequências possíveis ou não, que podem se realizar.



            Somos convidados a conhecer a fé de João que é a fé da maioria dos cristãos. Acredita em um só Deus, Creador de todas as coisas. Estava associado à palavra, por meio da qual fazia tudo, era seu instrumento, fonte de luz e de vida. Brilha na escuridão e a escuridão não pode apaga-la. Deus mandou uma pessoa para falar da luz que estava chegando, cheia de amor e verdade. Foi mandada para seu povo, mas seu povo não o reconheceu, apesar de sua revelação divina com curas e milagres. Ele é considerado o filho único por sua proximidade exclusiva ao Creador, enquanto nós, também criaturas de Deus, mas somente podemos nos considerar seus filhos quando entendermos que Ele é nosso Pai.



            Este é o convite que João nos faz, aconselhado que foi por Jesus para agir assim. Acatar como verdade os princípios de fé que Jesus ensinou e que se espalhou por todo o mundo, principalmente no Ocidente, principalmente no Brasil, considerado o principal país cristão entre as nações e que está destinado de acordo com algumas previsões a ser a “Pátria do Evangelho e Coração do Mundo”.



            Cada um de nós formamos paradigmas abstratos de vida para ajustar o nosso comportamento ao mundo real em que vivemos. Dentro desses paradigmas estão contidos os princípios espirituais que geram a fé e em muitos a participação efetiva em determinada igreja. Mas todos procuramos atingir uma meta, a construção de uma sociedade ideal, um verdadeiro Reino de Deus, não importa o veículo real que vamos utilizar, porém os meios não podem ser contraditórios aos fins.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 10/12/2021 às 15h55
 
09/12/2021 23h45
O PODER DO MITO – 8 – RELIGIÃO ANTIGA

            Encontrei na internet a entrevista de Bill Moyers a Joseph Campbell, publicada em 02-11-2019, com 7.145 visualizações, que achei interessante reproduzir partes neste espaço, para refletir junto com meus leitores neste momento em que o Brasil tem na presidência uma pessoa considerada como mito. Será que Joseph Campbell fará alguma associação moderna com o nosso caso Brasil e reflexos no mundo?



BM – Já vimos o que acontece nas sociedades primitivas perturbadas pela civilização do homem branco. Elas se despedaçam, se desintegram, sucumbem ao vício e a doença. Não será isso que tem acontecido conosco desde que nossos mitos começaram a desaparecer?



JC – Sem dúvida, é isso mesmo.



BM – Será por isso que as pessoas que seguem uma religião mais conservadora, querem um retorno à religião dos velhos tempos?



JC – É verdade.



BM – Eu entendo esse desejo. Na minha juventude eu tinha estrelas fixas. Elas me consolavam em sua permanência e me davam um horizonte conhecido. Elas me diziam que havia um Pai amoroso, bondoso e justo lá em cima, olhando para mim aqui em baixo, pronto para me receber. Sempre pensando nas minhas preocupações. Agora a ciência e a medicina fizeram uma faxina geral na fé. E eu pergunto o que acontece às crianças que não têm essa estrela fixa, esse horizonte conhecido, esses mitos para apoiá-las.



JC – Basta ler o jornal, é uma confusão. Mas o que o mito tem que nos dar nesse nível imediato da instrução sobre a vida no aspecto pedagógico, são modelos de vida. Os modelos têm que ser adequados às possibilidades da nossa época. E a nossa época vem mudando e continua a mudar tão depressa que aquilo que era adequado há 50 anos, não é mais, atualmente. Assim, as virtudes do passado são os vícios de hoje. E muitas coisas que considerávamos como vícios do passado são necessidades de hoje. E a ordem moral tem que se adequar às necessidades morais da vida real, da nossa época aqui e agora. Mas não está fazendo isso. É por isso que é ridículo voltar à religião dos velhos tempos. Um amigo compôs uma canção baseada na religião antiga. “Quero a religião antiga, vamos voltar a ela. Vamos adorar a Zaratustra, como costumávamos adorar. Eu sou fã de Zaratustra, ele serve bem para mim. Vamos adorar Afrodite, ela é bela, mas volúvel. Não usa camisola, mas ela serve bem para mim.” Quando voltamos a religião antiga, fazemos algo assim. Ela pertence a outra época, a outro povo, a outro conjunto de valores humanos, a outro universo. Assim, naquele período antigo do Velho Testamento, ninguém fazia ideia de nada. O mundo era um bolo de três camadas e se resumia a uma área de algumas centenas de quilômetros em torno do Oriente Médio. Ninguém tinha ouvido falar dos astecas, nem mesmo dos chineses. E esses povos nem foram levados em consideração como parte do problema. O mundo se transforma e assim a religião tem que ser transformada também.



BM – Mas me parece que é bem isso que estamos fazendo.



JC – É isso que devemos fazer. Mas a minha ideia do verdadeiro horror dos dias de hoje é o que se vê em Beirute. Lá estão as três grandes religiões ocidentais, judaísmo, cristianismo e islamismo, que por terem nomes diferentes para o mesmo Deus bíblico, não conseguem entrar num acordo. Estão enredadas nas suas metáforas e não percebem qual é a referência.



BM – Então cada uma precisa de um novo mito.



JC – Cada uma precisa do seu próprio mito do início ao fim. “Ame seu inimigo”, lembra? “Abre-se, não julgue.”



BM – Com tudo o que sabe sobre os seres humanos, acha que há um ponto de sabedoria além dos conflitos de verdade e ilusão pelo qual nossas vidas possam ser reconstruídas?



JC – Claro. Isso está nas religiões.



BM – Para desenvolvermos novos modelos?



JC – Todas as religiões são verdadeiras para sua época. Se você consegue descobrir o que é a verdade e separá-la da inclinação temporal. Basta colocar a antiga religião num novo conjunto de metáforas e pronto, você conseguiu.



Campbell entra numa discussão que é o cerne da atual crise na Igreja Católica, que está sofrendo os efeitos da modernidade e muita gente católica, ligada ao tradicionalismo, rebatem de forma contundente tal comportamento dos líderes eclesiásticos, inclusive o Papa Francisco.



Confesso que sou simpático ao tradicionalismo da Igreja Católica, que ela deve permanecer, enquanto instituição, fiel aos ensinamentos do Cristo, conforme ele administrou há dois mil anos e que consegue ser atual até hoje. Sei que há limites bem claros para se considerar um fiel católico, por isso saí da Igreja e não tenho mais condições de retornar, pois vejo que muitas atividades que desenvolvo hoje e que posso vir a executar estão fora dos dogmas eclesiásticos. Por exemplo, a aceitação do mundo dos espíritos, que eles conseguem se comunicar conosco através dos médiuns, que podemos aprender com o que eles ensinam e contribuir também com esse aprendizado e com o processo de cura, tanto física quanto psíquica.



Sinto também a necessidade de fundar uma igreja, complementar à Igreja Católica, para fazer através dela tarefas que não posso fazer dentro do tradicionalismo ou do protestantismo.    


Publicado por Sióstio de Lapa
em 09/12/2021 às 23h45
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