Este é o título de um livro interessante para o projeto de vida que desenvolvo, baseado na aplicação do Amor Incondicional dentro dos meus mais diversos relacionamentos, principalmente os afetivos. Trata da relação de Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, que são considerados o casal mais bem sucedido do universo intelectual. Os dois se conheceram ainda jovens e a afinidade intelectual aliada ao desejo sexual, companheirismo e cumplicidade, os tornaram parceiros da vida toda. Sartre morreu aos 75 anos, em 1980, e Simone, seis anos depois, aos 78 anos, talvez por saudade, por viver uma vida agora sem sentido, sem a presença do seu companheiro.
Ela escreveu “A cerimônia do adeus” para homenagear Sartre. O livro tem duas partes. Na primeira ela comenta os últimos dez anos de convívio com ele, de 1970 a 1980. Na segunda, publica de forma contínua uma série de entrevistas que fez com ele, entre o verão e o outono de 1974. A dedicatória desse livro de Simone é para aqueles “que amaram Sartre, que o amam, que o amarão”. O livro foi publicado em 1981, um ano após a morte do filósofo
O que interessa mais nesse livro são os momentos em que Sartre fala de Deus, de genialidade, de suas mil e uma amantes, seus amigos e inimigos, da liberdade, de livros, viagens, cidades, política. A entrevista com o filósofo é uma conversa interessante até hoje, instigada pela inteligência e a profunda entrega de Simone, que faz na sua descrição, Sartre desenhar seu mundo e a maneira como ele o via, com toda sua carga de leitura e de vivência da cultura.
“A cerimônia do adeus” vale pelo testemunho de uma mulher apaixonada, que via o amor como uma coisa burguesa e, por isso, teve de dominar e direcionar seus sentimentos de outro jeito. Mas era amor o que ela sentia. A recíproca talvez fosse verdadeira. Eles seguiam a máxima do existencialismo “se você me ama, não me ame”, com a pretensão de sempre deixar um ao outro livre.
O pensamento de Sartre chega bem próximo do meu, porém com diferenças marcantes. Primeiro, ele teve mais sorte do que eu tive até agora. Ele encontrou uma companheira que pensava de forma equilibrada com ele, que conseguiu dominar seus sentimentos para se ajustar aos pensamentos dele. Até hoje, nenhuma das minhas diversas companheiras conseguiu essa façanha, apesar de conhecerem os meus pensamentos e tentarem se ajustar a eles.
O segundo e o mais diferente é a forma de conceituar e praticar o amor. É como se fosse algo nocivo... “Se você me ama, não me ame”. O amor era encarado como uma coisa burguesa, uma algema que prende a liberdade. Nada mais distante do que a minha conceituação do amor, mesmo que se aproxime na qualidade da prática.
A minha conceituação do Amor Incondicional como o protótipo mais próximo do que devemos entender como amor, se afasta do sentimento que o filósofo tinha do amor, bem mais próximo do amor romântico, aquele que é cheio de grilhões, de correntes, de armadilhas, de exclusivismo.
Para Sartre, autor do existencialismo, sua máxima pode ser “se você me ama, não me ame”, como forma de garantir a sua liberdade, mas para mim, discípulo do Cristo e praticante do Amor Incondicional, como forma mais profunda de viver a minha existência compartilhada com o próximo, principalmente aquele próximo mais próximo, a minha máxima sempre será: “se você me ama, ame com a mesma intensidade todos aqueles que me amam”. Também assim não perco a minha liberdade.
Comparando as duas máximas, posso ver aquela defendida por Sartre como um tipo de paradoxo: “se você me ama, não me ame”. Uma premissa anula a outra, pois se eu cumpro a segunda a primeira deixa de existir. O amor deixa de existir. O existencialismo do filósofo se torna vazio de amor. E como ele justifica ter tantas amantes? Relações sem amor? Puro instinto sexual, animal? O filósofo não se degrada tanto se assim funcionar?
Enquanto, por outro lado, a minha premissa reforça o amor: “se você me ama, ame a quem me ama”. Se a segunda premissa se cumpre, o amor a mim dedicado se torna maior, potencializado por cada pessoa que entra nesse círculo do amor. A minha existência se torna repleta de amor, tanto dirigido a mim como dirigido a toda pessoa que por mim desenvolve amor. Não é uma forma mais rica de viver a existência?
Tem um trecho no livro “Fontes Franciscanas e Clarianas”, páginas 601-601, que é citado na biografia de Francisco, como ele detestava o detrator, e que está escrito da seguinte forma:
Detestava também, como uma mordida de serpente, o vício da detração, inimigo daquele que é a fonte da piedade e da graça, e afirmava que era uma parte atrocíssima, abominável ao Piíssimo Deus, pelo fato que o detrator se alimenta com o sangue das almas que ele mata com a espada da língua. Ouvindo uma vez que um irmão denegria a fama de outro, voltando-se ao seu vigário disse: “Levanta-te, levanta-te, examina diligentemente o caso e, se descobrires que o irmão acusado é inocente, com dura correção torna conhecido a todos o acusador!”
E por vezes julgava que devia ser espoliado do hábito aquele que espoliava do hábito o seu irmão da honra e da fama, e que não podia elevar os olhos a Deus, se antes não cuidasse, na medida do possível, de restituir o que tirara. Dizia: “Tanto maior é a impiedade dos detratores do que a dos ladrões, quanto mais a lei de Cristo que se cumpre na observância da piedade – nos obriga a desejar mais a salvação das almas do que a saúde dos corpos”.
Detrator é sinônimo de acusador, difamador, ultrajador, maledicente. Pode se tornar um hábito naquela pessoa que sempre observa o que está errado no próximo e quase sempre exagera na acusação do mal feito. Dizer a verdade sobre o que acontece ao nosso redor é uma virtude, mas devemos ser piedosos com as faltas dos nossos amigos, parentes, etc. Existe uma orientação para que ressaltemos no próximo sempre o lado positivo; deixar o lado negativo sem destaque, se tivermos oportunidade que orientemos de forma reservada. Essa atitude vai nos preservar de ser um detrator, de ser um assassino da fama, da honra ou do bom conceito de alguém.
Essa atitude se aproxima daquela parábola oriental sobre os dois amigos. Ambos caminhavam pelo deserto e em determinado momento se desentenderam e um bateu no outro. Naquele momento, o que foi vitimado pela violência escreveu com um graveto na areia: “neste dia, o meu amigo, fulano de tal, bateu em mim”. A viagem continuou e em outro momento estando ambos a repousar na beira da lagoa, o amigo foi tomar banho e num descuido, sem saber nadar, estava a se afogar. O seu amigo sem titubear, se lançou na água e o resgatou do perigo. O amigo depois de recuperado, pegou um estilete e escreveu na pedra: “Neste dia o meu amigo, fulano de tal, arriscando a sua própria vida salvou a minha”. O amigo ficou curioso com esse comportamento e perguntou: “Por que quando eu bati em você, você escreveu na areia, e agora que eu lhe ajudei você escreveu na pedra?” Então o amigo respondeu com naturalidade: “Eu escrevi na areia o mal que você me fez para que o vento logo apagasse da minha memória, e escrevi na pedra o bem que você me fez para que o tempo demore o máximo possível essa lembrança”.
Esta é uma atitude muito digna e que está muito próxima dos ensinamentos do Cristo, da experiência do Amor explicado por Paulo: o Amor é paciente, é benigno, não arde em ciúmes, não se orgulha, não se ensoberbece, não se conduz inconveniente, não exagera os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a Verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Portanto, a detração está na contramão do Amor e por isso São Francisco foi tão severo com ele. Sei que isso às vezes parece ser um hábito desenvolvido por algumas pessoas, que as vezes acha que isso é uma forma de defesa ou de ataque. Mas é um puro engano, pois ao invés de está progredindo está cada vez mais se afastando de Deus.
Que Deus me ajude a não cometer esse equívoco, pois sei que é grande a tentação de colocar em destaque o negativo do outro como forma de destacar o nosso positivo.
Desta vez estou fazendo este texto assim que acordei. Sonhei muito, e antes que a memória se apague devo registrar o que consigo alcançar. O tema principal de duas partes do sonho foi a verdade.
Na primeira parte foi com relação a politica. Apresentei um discurso dirigido aos políticos do PT, principalmente a um vereador, meu conhecido, a quem eu dirigia a interlocução.
Eu dizia pra ele que o partido havia se corrompido, que havia alcançado o poder divulgando boas intenções. Fiz parte da maioria que o ajudou alcançar esse propósito. Logo percebi ainda no primeiro mandato, que existiam atos de corrupção dentro do poder praticados pelas principais lideranças do partido. Passei a ser um dos críticos contra essa prática nociva, que levava ao enriquecimento ilícito de alguns e ao assassinato de outros, prática alicerçada na mentira com perspectivas de se expandir pelos países vizinhos.
Eu falava pra esse vereador que da mesma forma que eu compreendi esse processo e o repudiei em função dos meus princípios, também qualquer uma pessoa de inteligência mediana pode compreender esse processo e se desligar dele, se por acaso tiver algum vínculo, como é o caso dos parlamentares que foram eleitos por essa legenda. Caso esses parlamentares continuem no mesmo lugar, apesar de todas as evidências que surgem para referendar as acusações, só podemos imaginar duas situações para essas pessoas: primeiro, que realmente sejam inocentes de toda a sujeira que acontece ao seu redor, que sejam inocentes úteis, hipótese essa difícil de ser aplicada aos parlamentares eleitos, que justamente por essa situação podemos supor que não tem a condição de inocente; segundo, que saibam da “sujeira” orquestrada pelo seu partido e resolvem aderir aos seus benefícios, como agentes passivos, usufruindo indiretamente dos benefícios da corrupção, ou como agentes ativos, participando das manobras da corrupção e tendo como recompensa extra o enriquecimento ilícito.
Na segunda parte do sonho eu fui confrontado com os valores da família tradicional. Sentado numa mesa com várias pessoas da mesma família, de alta religiosidade católica, eu investia contra os preconceitos tradicionais da família nuclear, mostrando que o importante era a aplicação do amor incondicional em todos os relacionamentos. Não tinha nenhum valor a pessoa que vivia dentro da igreja ou qualquer templo espiritual se não pratica o Amor. Fazia o confronto dizendo que sabia da crítica que eu recebia de algumas pessoas, devido o preconceito que está dentro de cada um, mas nenhuma dessas pessoas poderia me acusar de ter me comportado com nenhuma delas sem o Amor que está sendo ensinado nos principais livros espirituais de todo o mundo, principalmente pelo Evangelho ensinado por Jesus de Nazaré.
Hoje voltamos mais cedo para casa depois de termos andado bastante pelo centro comercial de Florianópolis. Estamos na cidade que realiza o XXXIII Congresso Brasileiro de Psiquiatria, e estamos hospedados numa casa que se localiza sobre um morro, como é comum em Florianópolis. O GPS desta vez nos encaminhou por um caminho mais longo e tivemos que enfrentar uma ladeira mais íngreme. Eu seguia na frente com quatro passageiros no carro que eu dirigia, e o meu irmão seguia logo atrás de mim, também conduzindo consigo quatro passageiros. Eu seguia com o carro na segunda marcha, mas logo o carro indicava que precisava de marcha com mais força. Tive que engatar a primeira marcha e nesse movimento o carro parou. Ao ser acionado a força da primeira marcha os pneus patinaram na pista molhada pela chuva constante que caía na cidade há cerca de dois meses ininterruptos. O carro patinava e nesse movimento se deslocava para baixo pela força da gravidade. Tinha que parar e segurar o carro com o freio para ele não se chocar logo abaixo com o carro do meu irmão. Devia dar tempo para ele perceber o que estava acontecendo comigo e deixar o carro dele descer para uma distância segura. Mas também ele passava pela mesma dificuldade. Não conseguia fazer o seu carro se deslocar para cima, pois os pneus do carro também patinavam com a força da primeira marcha. Para complicar ainda mais a situação, descia um ônibus em sentido contrário, e desviava para a contramão, devido uma motocicleta estacionada na sua mão e que obrigava e esse processo e ficava defronte ao meu carro.
A situação era deveras constrangedora e ameaçadora. Os passageiros desceram dos carros, tanto do meu quanto do meu irmão, apavorados com a possibilidade dos carros perderem os controles e despencarem ladeira abaixo com resultado letal. Eles não podiam fazer muita coisa além de se lamentarem e correrem de um lado para outro desorientados. Inclusive com a possibilidade do outro irmão gordo escorregar cair e sair rolando ladeira abaixo sem ninguém conseguir segurá-lo, e quem tentasse poderia seguir rolando com ele numa esquisita bola de neve. Felizmente os nossos anjos da guarda intuíram a um dos transeuntes para nos orientar a manter os carros em meia embreagem e lentamente ir deslocando o carro ladeira acima. Com essa orientação e com uma postura mais calma, fizemos o procedimento necessário e saímos daquela situação perigosa. Além do risco que corremos, prevaleceu no final o sentido de pilhéria e ironia da situação com as pessoas que saíram do carro se descabelando ou se divertindo com a situação, como era o caso das mulheres e das crianças e adolescentes. Foi motivo de muita risada durante muito tempo essa situação inusitada.
Faço agora uma avaliação mais crítica da situação. Sei que tudo que realizamos na vida envolve em si certo risco. Até mesmo dentro de casa, dormindo ou trabalhando, corremos risco de vida, com assaltos ou coisas parecidas. Uma viagem que realizamos por locais desconhecidos, por estradas que não conhecemos, certamente o risco se torna maior. Mas isso é o que a vida requer de nós, coragem para conhecer coisas novas, fortalecer o nosso espírito com novas informações, novos conhecimentos, apesar do risco que isso possa nos trazer.
Uma ação que considero hoje da máxima importância e parece que esta viagem em particular comprova isso como uma realidade. É a questão da oração, de conversarmos com o Pai e pedir a proteção extra para as dificuldades extras que iremos enfrentar. Não é que o Pai não saiba de nós essa necessidade, é que fazendo assim a nossa consciência fica mais sintonizada com as forças energéticas que partem da Sua essência, na forma dos espíritos protetores, a partir dos nossos anjos da guarda. Pode parecer coincidência, mas no dia que esquecemos de fazer essa oração dirigida ao Pai seguida das ações de fraternidade e amor entre nós, é que aconteceram coisas mais perigosas perto da gente, como a batida do carro em Gramado e agora essa ameaça na ladeira quando voltávamos para casa.
Agradeço a Deus pela proteção e oportunidade de tudo de bom que vimos e aprendemos pelo caminho, principalmente da importância da comunicação com Ele, nosso Pai, e da convicção que Ele sempre está conosco, e com mais intensidade quanto mais assim o desejarmos.
A nossa vida convive com uma contínua ameaça, desde uma destruição individual a uma morte coletiva. Isso está acontecendo constantemente ao nosso redor, com os assassinatos por roubos, furtos, assaltos até a guerras e atentados terroristas. Apesar dos inúmeros templos religiosos espalhados ao redor do mundo, e até algumas vezes de origem de dentro deles, essas ameaças às vidas humanas se concretizam.
Os ensinamentos de Jesus quanto a aplicação do Amor e a formação do Reino de Deus a partir dos nossos corações, sofre o impedimento da interpretação viciosa do amor romântico, que gera núcleos familiares de amor exclusivo, fonte da maior parte do egoísmo presente na comunidade.
Parece que não há outra saída para evitarmos essa ameaça a nossa vida individual ou coletiva a não ser seguir as lições do Cristo a partir dos nossos corações, construir o Reino de Deus dentro de nós e partir para difundi-lo ao nosso redor.
É isso que tento fazer. Interpreto o Amor da forma que Jesus ensinou e Paulo exemplificou, evitando contaminá-lo com qualquer tipo de preconceito. É tanto que a maior crítica que me fazem nessa tarefa que pretendo realizar, é que coloco a possibilidade de sexo no desenvolvimento dessas ações, mas como não fazer isso, se o sexo é obra de Deus e que é através dele que podemos dar continuidade à vida através dos filhos? Aplicar o Amor Incondicional e tirar de dentro dele a possibilidade do sexo, é inviabilizar o Reino de Deus na construção de novos seres. Se quem somente aplica o Amor Incondicional e se priva das ações sexuais, deixa de reproduzir seres com essa mesma responsabilidade e as lições se perdem no meio das inúmeras pessoas que pensam de forma contrária, usam o sexo somente para benefício de seus desejos materiais. O sexo usado dentro dos interesses espirituais, dentro dos conceitos do Amor Incondicional, sempre irá respeitar a máxima que Jesus ensinou, de amar ao próximo como a si mesmo.
Sinto que fazendo dessa forma estou trazendo o Reino de Deus para dentro do meu coração e tento dar o próximo passo, de transmitir essa condição ao meu próximo, qualquer que seja ele, de preferência dentro de um trabalho coletivo, como este que comecei a realizar na Associação de Moradores da Praia do Meio.
Isso não é fácil, sei o quanto é difícil tanto para as pessoas que se aproximam de mim desejando um amor exclusivo, quanto para mim mesmo ao sentir o sofrimento que provoco nessas pessoas. Sinto que o meu semblante melancólico se acentua com essa situação, eu sinto que ninguém pode se aproximar de mim sem sofrer. Sou uma espécie de rei Midas que tudo que tocava se transformava em ouro e não podia nem ao menos se alimentar. Tudo que eu toco com a minha aura de amor, provoca no outro o desejo da exclusividade e a alegria e felicidade do primeiro instante se transforma em dor e sofrimento por toda a vida, parece ser assim... Como posso ficar feliz com essa situação, se tudo que eu desejo é fazer a felicidade do próximo? Como posso deixar de agir assim, se é isso que sinto que o Pai deseja de mim?
Sei que estou no sacrifício e quem de mim se aproxima. O máximo que posso fazer é advertir dessa condição. Eu tenho a missão já reconhecida por mim de fazer esse trabalho em sintonia com a vontade de Deus, com todas as consequências aparentemente negativas. Quem disso tiver conhecimento e mesmo assim desejar participar desse relacionamento com todo o sofrimento que ele provoca, então estou disposto a compartilhar também com essa pessoa esse sofrimento, mas por favor, não jogue na convivência nenhuma queixa disso estar acontecendo, pois gera conflitos e isso é o que o Pai não deseja nesse relacionamento que implica na paz e na defesa da vida, tanto individual quanto, principalmente, coletiva.