Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/09/2015 23h59
FASCINAÇÃO

            No estudo espiritual que realizo nas terças feiras na AMRN, o tema desenvolvido foi a obsessão, entre elas a fascinação. Apesar de ter sido o leitor do texto, fiquei distante da discussão durante todo o tempo, fazendo reflexões se aquilo que estava sendo dito podia se aplicar a mim. Será que todo o pensamento que tenho em favor do Amor Incondicional não passa de uma fascinação? Será que durante todo esse tempo que dura cerca de 30 anos, eu tenha me debatido com uma ideia que não é minha e que não consigo ver a falsidade de seus argumentos? Que a prioridade do Amor Incondicional sobre o amor romântico que constrói as famílias nucleares, sofre um vício na sua base que é a introdução da sexualidade onde não deveria acontecer? Que a minha mudança de trajetória de vida, em busca de uma família ampliada, de uma família universal como base do Reino de Deus, é apenas uma quimera, uma ilusão, uma fascinação?

            Vou reproduzir o texto que foi lido nesta reunião para que meus leitores possam participar de minhas preocupações, e se for conveniente colocar para mim suas opiniões, o que para mim seria muito grato.

            239. A fascinação tem consequências muito mais graves que a obsessão simples. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem.

            Já dissemos que muito mais graves são as consequências da fascinação. Efetivamente, graças à ilusão que dela decorre, o Espírito conduz o indivíduo de quem ele chegou a apoderar-se, como faria com um cego, e pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas, como se fossem a única expressão da verdade. Ainda mais, pode levá-lo a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas.

            Compreende-se facilmente toda a diferença que existe entre a obsessão simples e a fascinação; compreende-se também que os espíritos que produzem esses dois efeitos devem diferir de caráter. Na primeira, o Espírito que se agarra à pessoa não passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquela se impacienta por desembaraçar-se. Na segunda, a coisa é muito diversa. Para chegar a tais fins, preciso é que o Espírito seja destro, ardiloso e profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer-se acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de virtude. Os grandes termos – caridade, humildade, amor de Deus – lhe servem como que de carta de crédito, porém de tudo isso, deixa passar sinais de inferioridade, que só o fascinado é incapaz de perceber. Por isso mesmo, que o fascinador mais teme são as pessoas que veem claro. Daí consistir a sua tática, quase sempre, em inspirar ao seu intérprete o afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos. Por esse meio, evitando toda contradição, fica certo de ter razão sempre. (Livro dos Médiuns – Allan Kardec)

            São estas lições desse texto que merece uma profunda reflexão de minha parte, pois estou incluído naqueles que defendem uma ideia que para os outros parece absurda. Será que os meus argumentos estão contaminados por uma falsa verdade e o meu intelecto não consegue distinguir? Essa é uma dúvida que, colocando o meu intelecto como vítima, fica claro que ele não pode decidir. Por isso tenho que submeter esses meus pensamentos ao público, de colocar essa pretensa verdade que adquiri sobre a mesa, para ver se realmente ela ilumina ou traz mais confusão e discórdia, onde deveria existir concórdia e compreensão.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/09/2015 às 23h59
 
07/09/2015 23h59
ACONSELHAR A VERDADE

            Parece ser uma ação positiva, aceita e incentivada por todos, o aconselhamento da Verdade. No entanto, a Verdade pode ir de encontro a diversos interesses, preconceitos ou mesmo a plena ignorância, e dessa forma ser atacada com violência e até com desenlace fatal, como aconteceu com Sócrates e Jesus.

            Ninguém pode se salvar se for opor-se com franqueza a qualquer povo ou comunidade no sentido de impedir muitos atos contrários à Lei do Amor Incondicional. Foi isso que Jesus fez e por isso sofreu. Parece não haver outro jeito. Quem combate honestamente pela Verdade, se quer ser salvo por algum tempo, deve viver a vida privada, nunca interferir com a vida pública.

            Acontece que não é bem assim que devemos proceder. O próprio Mestre já nos advertia que não podíamos deixar a luz debaixo da mesa, do alqueire, e a quem muito é dado a muito será cobrado. Tudo isso sinaliza para que, a Verdade que venhamos perceber não fique restrita, deve ser ampliada pela comunidade. Somente dessa forma o Reino de Deus pode ser construído, mesmo que traga em si o sangue dos pioneiros.

            O caminho será aplicar na vida privada a Verdade reconhecida. Se o Amor Incondicional é compreendido e reconhecido como a principal lei que cria, rege e administra a realidade universal, então devo aplica-lo na minha vida privada e defende-lo nas relações públicas.

            Por isso já posso dar grandes provas, não somente palavras, mas o que já consigo aplicar obedecendo a Lei do Amor em detrimento de todos os preconceitos e moral contrária que prevalecem ao meu redor. Devo contar o que me aconteceu e continua acontecendo, e essa é a finalidade deste diário. É a minha “luz” colocada sobre a mesa.

            Sinto que para obedecer à Lei do Amor essas informações sobre meus atos na vida privada e pública, devem ser publicadas com a maior amplitude possível, para ver se alguém coloca argumentos contrários, mais verdadeiros que os meus, e assim eu possa corrigir desvios nos quais eu tenha entrado.

            Procuro a ninguém dar um amor exclusivo, pois isso foge da incondicionalidade do Amor verdadeiro. Se as pessoas que se relacionam comigo procuram um amor exclusivo, logo ficam sabendo que não irão encontrar ele comigo. Não é o romantismo, a paixão, ou qualquer força efêmera que irá me tirar do foco do eterno, do mais importante. Essa é a minha verdade que procuro sempre sintonizar com a Verdade real, e nunca com a verdade de quem comigo queira se relacionar, inclusive intimamente.

            Por enquanto a minha pena é de morar sozinho. Não cheguei ainda ao ponto de ser crucificado ou beber cicuta, como aconteceu com Jesus e Sócrates, respectivamente. Mas sei que estou em risco. O aconselhamento da Verdade é uma atitude de perigo na sociedade em que ainda vivemos. Sofro retaliações sutis ou exageradas a todo momento, por aquelas pessoas que vivem ao meu lado, mesmo sabendo quem sou, o que penso e o que faço, ainda se ressentem de algo que imaginam eu deva fazer como obrigação legal ou moral. A liberdade de ir ou vir, para qualquer lugar, com quem quer que seja, é uma imposição do Amor Incondicional. Todas as minhas relações se estabeleceram nessa base, por eu ter essa liberdade de ir e vir, e agora ninguém pode por motivos secundários, querer anular essa característica importante do Amor. Mesmo que o argumento seja forte, como o de cuidar de um filho gerado, mas a mãe sabia qual era o pai que estava escolhendo para seu filho, que não iria ter esse cuidado integral como todas esperam ter, pela própria pressão instintiva da maternidade. Geralmente é daí que partem as retaliações mais fortes, geralmente no abuso dos meus recursos materiais, extrapolando a lógica e a coerência daquilo que eu já faço obedecendo a legalidade e as necessidades. Sou criticado, isolado, excluído e até levado aos pés da justiça.

            Por tudo isso o aconselhamento da Verdade apoiado no comportamento prático, traz no seu bojo esses prejuízos materiais e emocionais constantes e só o que me conforta é eu sentir que estou obedecendo com honestidade a Lei do Amor.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/09/2015 às 23h59
 
06/09/2015 23h59
GRANDES IDEIAS

            A evolução humana está sempre acontecendo em função de ideias que surgem e que se mostram melhores que as anteriores. Como a nossa natureza tem origem animal, vivemos a evolução biológica ao lado de todos os seres vivos da Natureza. Isso implica dizer que somos portadores de todos os instintos animais criados pelo Senhor para garantir a sobrevivência em qualquer meio, por mais hostil que ele seja. Essa constante luta pela sobrevivência vai aperfeiçoando os corpos a partir do aperfeiçoamento dos membros e órgãos em destaque no caminho da evolução que cada um escolheu ou teve a oportunidade de seguir.

            O cérebro é o órgão que nós humanos escolhemos (ou melhor, a Natureza definiu) como prioridade na nossa evolução. É a complexidade dos neurônios em quantidade e qualidade que processam informações com uma competência maior que o melhor dos computadores, que vão dar capacidade de fazermos diagnósticos do mundo, mais próximo da verdade, e usarmos o livre arbítrio associado à vontade do Criador, ultrapassando assim as limitações impostas pelos instintos de sobrevivência individual e corporal.

            Podemos entender que o mundo material é apenas um reflexo do mundo espiritual, uma escola onde devemos aprender a conviver com um corpo falível e temporário, que serve de instrumento escolar para o espírito, assim como o caderno e o livro servem de instrumento de aprendizagem para o estudante.

            Jesus procurou nos ensinar uma grande ideia, ensinar sobre o Amor e a forma de aplica-lo em nossos relacionamentos como base para a construção de uma sociedade justa e fraterna, do Reino de Deus.

            Verificamos que as grandes ideias nunca são colocadas de súbito. As que se assentam sobre a Verdade sempre tem precursores que lhe preparam os caminhos. Depois, em chegando o tempo, Deus envia um homem ou mulher com a missão de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, de reuni-los em corpo de doutrina. Desse modo, não surgindo bruscamente, a ideia, ao aparecer, encontra espíritos dispostos a aceitá-la. Foi isso que aconteceu com a ideia cristã, que foi pressentida muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, tendo por principais percussores Sócrates e Platão.

            Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, nenhum escrito deixou. Como Cristo teve a morte dos criminosos, vítima do fanatismo, por haver atacado as crenças que encontrara e colocado a virtude real acima da hipocrisia e do simulacro das formas; por haver combatido os preconceitos religiosos. Do mesmo modo que Jesus, a quem os fariseus acusavam de estar corrompendo o povo com os ensinamentos que lhe ministrava, também ele foi acusado, pelos fariseus do seu tempo, por proclamar ser filho de Deus, falar da imortalidade da alma e da vida futura após a morte do corpo físico. Assim como a doutrina de Jesus só a conhecemos pelo que escreveram seus discípulos, da de Sócrates só temos conhecimento pelos escritos de seu discípulo Platão.

            O homem tem chegado a um ponto em que a luz emerge por si mesma de sob o alqueire. Já está maduro bastante para encará-la de frente, e tanto pior para os que não ousem abrir os olhos. Chega o tempo de se considerarem as coisas de modo amplo e elevado, não mais do ponto de vista mesquinho e acanhado dos interesses de seitas e castas, como é o caso da família nuclear associada ao amor romântico e todos os seus traços egoístas, como o ciúme, exclusivismo, possessão, como base da sociedade perversa e violenta que vivemos.

            A grande ideia do Reino de Deus já possui os precursores suficientes para ela ser colocada em prática. Basta colocar em prática a grande ideia do Amor Incondicional, sem nenhum tipo de contaminação.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 06/09/2015 às 23h59
 
05/09/2015 23h59
LÍDER ESPIRITUAL

            Observamos uma onda de negativismo, violência, terrorismo, corrupção... que se espalha por todo o planeta. As lideranças políticas não conseguem conter esse avanço macabro, pelo contrário, parece que as ações fomentam mais reações conflituosas.

            Tudo isso acontece no plano material onde a luta pela sobrevivência torna os seres humanos nivelados aos animais ditos irracionais, por mais títulos honoríficos ou acadêmicos tenha cada personalidade envolvida nesse dilema.

            Talvez tenhamos necessidade de uma liderança espiritual que consiga quebrar os paradigmas materialistas e inicie a construção de uma sociedade justa e fraterna. Já tivemos vários líderes espirituais com esse perfil de ensinar a quebra de paradigmas materialistas, como Jesus de Nazaré fez, ensinando sobre o Amor e sobre a construção do Reino de Deus, a partir da prática dessas lições. Já fazem dois mil anos dessas lições, e apesar delas terem tido uma boa penetração em todos os rincões do planeta, de termos um pastor na linha de sucessão de Pedro, bastante coerente com as lições do Mestre, mesmo assim o que observamos é a escalada da violência como carro-chefe do comboio do egoísmo.

            Temos que desenvolver lideranças espirituais em cada comunidade que possam colocar na prática, com a máxima fidedignidade, essas lições do Mestre Jesus. Mostrar que são as nossas atitudes mentais, modernas e materialistas, que formam uma consciência que justifica as calamidades e horrores que sentimos ao nosso redor.

            A religião na sua proposta de ligar o homem à Deus, não pode ficar amortecida, cimentada em rituais e dogmas; assim, seus sacerdotes e pastores não podem satisfazer as necessidades espirituais que estão em contínua evolução e fazer o confronto com o egoísmo materialista que também evolui e atormenta nossas vidas.

            As igrejas e templos diversos devem deixar de lado suas diferenças e ter a humildade de aceitar que a Verdade que chega à Terra não é necessariamente como eles esperam. Devem lembrar que até o Mestre Jesus não foi aceito pelo seu próprio povo. As igrejas e templos devem manter abertas as mentes e corações dos seus frequentadores, para que a Verdade Mais Elevada seja possível de ser recebida e corrigir, se for o caso, práticas inadequadas, abandonar as velhas crenças que permitem o domínio do mal sobre o planeta.

            O novo líder espiritual deve ensinar a oração com sinceridade, com toda a alma, mente e coração, para receber uma iluminação verdadeira. Verificar que os rituais e crenças antigas não acompanham o ritmo da evolução das lições do Cristo, mesmo entendendo que existem muitas pessoas que necessitam desses rituais para manter o egoísmo inerente à condição animal sob controle.

             Será esse trabalho de colocar em prática as lições do Mestre, dentro da comunidade, com o esforço material, intelectual e religiosos de cada um, que começaremos a ensinar, demonstrar e viver o Amor fraternal, com toda a força da alma, coração e mente, minuto a minuto em nossas vidas cotidianas.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/09/2015 às 23h59
 
04/09/2015 23h59
AMOR NA RELAÇÃO CAIM/ABEL

            Dentro do estudo do Amor, desenvolvi antes a relação afetiva entre um homem e uma mulher, na situação hipotética de não existirem nenhuma outra condição de relação com outras pessoas, caso somente possível na situação alegórica de Adão e Eva. Agora desenvolverei a relação afetiva de características fraternas, sem outras possibilidades externas, além dos pais, também só encontrada na alegoria de Caim e Abel.

            Nesse caso parece que o Amor não é colocado como protagonista dos relacionamentos dos irmãos entre si e dos pais, Adão e Eva, dentro da relação com Deus. Tudo parece se desenvolver apenas no que diz respeito as responsabilidades. Mas vamos aceitar que o Amor está presente em todos esses envolvidos, os quatro seres humanos e a força criadora de Deus.

            O tributo que Caim e Abel deviam fazer a Deus seria na base do Amor que esses deveriam ter por Deus, e vice-versa. Mas a história contada parece que o Amor não está presente nessas relações. Os tributos oferecidos parecem atender mais a vaidade e o orgulho do que ao Amor; por outro lado o Pai demonstra um comportamento que estimula esse comportamento, ao demonstrar sua preferência por um tributo em detrimento do outro. Isso causa como consequência os sentimentos de raiva, frustração e principalmente do ciúme, como monstro destruidor à serviço do egoísmo. Deus não consegue perceber o desenvolvimento desses sentimentos negativos e prevenir o desenlace fatal que aconteceu.

            Por tudo isso essa alegoria não está bem construída se consideramos Deus como a força maior do universo, um Deus onisciente, onipotente, onipresente e cuja essência é o próprio Amor. Uma energia dessa natureza não poderia ser o causador de tal fatalidade como é relatado. Isso só seria possível se essa energia que é conceituada na alegoria com Deus, fosse outra energia de características bem inferiores e que estaria no contexto daquela realidade ainda muito primitiva se passando pelo Deus como Amor.

            O fato é que entre os irmãos não está citado a presença do Amor e pelo comportamento de ambos isso não existe, pois Abel aceita a deferência de “Deus” com satisfação, sem se preocupar com os sentimentos que pudessem estar sendo gerados no seu irmão. Por outro lado, Caim, deixa o seu coração ser invadido pelos sentimentos negativos até chegar ao ponto de assassinar o irmão. O Amor se existisse em seu coração, jamais permitiria isso.

            Por tudo isso estamos observando que os livros da Bíblia, por mais importantes que sejam por expressar as intuições que se aproximam da divindade e servem para corrigir nossos sentimentos primitivos, não devemos aceita-los como relatos que representem uma sintonia perfeita entre Deus e os homens. A essência de Deus como Amor as vezes passa muito longe, não é sequer citado.

            Portanto, este estudo do Amor que desenvolvo aqui nas suas aplicações práticas, devem seguir com prioridade as intuições da consciência devidamente esclarecidas sobre a natureza e essência do Amor, mesmo que aparentemente ou explicitamente, vá contra os preconceitos vigentes ao nosso redor.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/09/2015 às 23h59
Página 681 de 949