Cumprindo a orientação feita na aula 02 do curso dos Guardiões, irei desenvolver o planejamento da três áreas: profissional, espiritual e pessoal.
Você tem, por escrito, um planejamento da sua vida profissional, espiritual e pessoal?
Iniciarei pelo relato da vida profissional.
A minha vida profissional teve seu início meio confuso a partir da adolescência. Vivia dentro dos meus sonhos um tanto afastado da realidade, dentro de um ficcionismo e romantismo. Mesmo assim tinha os pés sentados na realidade. Trabalhava muito ajudando a minha avó, arrumando a casa, vendendo produtos dentro de um quiosque ou numa cigarreira que eu levava sempre para a frente do cinema. Também levava galões de água nas casas vizinhas. Foi com a idade de 18 anos, com minha ida para o serviço militar obrigatório, a Marinha do Brasil, que comecei a dar objetividade. Dentro do quartel tive a oportunidade de focar nos estudos, o que não acontecia tanto quando eu morava em Macau, pois estava muito envolvido com revistas em quadrinhos. Durante o curso de Aprendiz de Marinheiro consegui ficar em oitavo lugar, e os 10 primeiros podia escolher em qual setor da Marinha iria servir. Escolhi ir para o Hospital Naval de Natal e como sabia datilografia, fiquei trabalhando no escritório do Hospital, como escrevente, apesar da minha turma ter sido classificada para o serviço de taifa, onde os cursos oferecidos era de cozinheiro, arrumador e barbeiro. Tinha que optar por um desses e optei por ser barbeiro. Mas eu não queria uma profissão tão simples assim e procurei estudar e tentar passar nos concursos que apareciam. Tentei o curso de Sargentos do Exército e o de Oficiais das Agulhas Negras, sem sucesso. Tentei, junto com meu irmão Roberto, o vestibular para o curso de medicina. Tanto eu como ele ficamos na segunda opção, no curso de Biologia. Iniciamos o curso, mas no ano seguinte fizemos nova tentativa para Medicina, eu consegui entrar e ele ficou outra vez na segunda opção, Odontologia. Assim comecei o curso de Medicina com a intenção de fazer a especialidade de Neurologia, pois eu era encantado com o trabalho dos neurônios. Estagiei como monitor na disciplina de Fisiologia e terminei fazendo os cursos de especialização, mestrado e doutorado na área de Psicofarmacologia. Foi aí que se deu a minha aproximação com a Psiquiatria. Tive a orientação da minha tese por uma psiquiatra da Escola Paulista de Medicina, atual UNIFESP, a Dra. Maria Helena Calil. Consegui entrar para trabalhar no Governo do Estado do Rio Grande do Norte, no Hospital João Machado, como Psiquiatra, e cheguei a ser diretor geral deste hospital durante dois anos. Passei no concurso para professor da UFRN na disciplina de Fisiologia, mas como o meu trabalho de pesquisa, nesse momento muito próximo da dependência química e dos trabalhos de Alcoólicos Anônimos, ficou difícil, pois o laboratório de ratos como quais eu trabalhava, passou a ser preterido em favor dos saguis, com os quais eu não tinha afinidade, resolvi aceitar a proposta de transferência para o Hospital Onofre Lopes, para o Departamento de Medicina Clínica (DMC), na Disciplina de Psiquiatria. Por sugestão dos colegas, criei dentro do DMC a disciplina opcional Medicina, Saúde e Espiritualidade, preferencialmente para os alunos da área da saúde, especialmente medicina, mas que poderia matricular alunos de outros cursos e/ou adotar alunos ouvintes. Passei a fazer o consultório de psiquiatria, acompanhar pacientes internados na Casa de Saúde Natal (que se transformou em Hospital Professor Severino Lopes, nome do meu saudoso professor, tanto na prática quanto na teoria). Fui convidado para trabalhar em Caicó, inicialmente como único psiquiatra do Hospital Psiquiátrico do Seridó que tinha entrado em processo de intervenção, e posteriormente continuei a trabalhar pela prefeitura, atendendo uma vez aos sábados cerca de 30 pacientes. No Hospital João Machado passei a assumir o serviço de perícia médica, um convênio realizado com o Hospital e o Tribunal de Justiça, através da Governadoria. Passei a ser referência nessa área. Cheguei também a dirigir a Associação Norte-rio-grandense de Psiquiatria por doía anos, oportunidade que presidi uma das “Jornada Norte-Nordeste” com o apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria, na pessoa do seu presidente, Dr. Brasil. Fui convidado pela FUNPEC para fazer perícias em Natal e no interior, de interesse do Ministério Público. Portanto, atualmente desempenho as seguintes atividades profissionais: 1) Professor da disciplina de Psiquiatria e da disciplina opcional de Medicina Saúde e Espiritualidade da UFRN na condição de Professor Colaborador II; 2) Psiquiatra no HJM, responsável pela perícia médica, em processo de aposentadoria; 3) Consultório na Unimed nas terças e quintas feiras; 4) Consultório particular na Fisiocenter nas sextas-feiras; 5) Consultório particular nas quartas feiras no Harmony Center; 6) Visita médica aos pacientes internados no Hospital Severino Lopes às sextas-feiras; 7) Consultas e perícias domiciliares de acordo com a disponibilidade; 8) Atendimento psiquiátrico aos sábados em Caicó-RN pela Prefeitura Municipal; e 9) Atendimentos por cortesia em casos de urgência e a quem não pode pagar, a partir das 9h das sextas feiras no Hospital Severino Lopes.
Relator – Os franceses, aconselhados pelo bom senso, e cientes destas terríveis preparações, tremem de medo. Tentam desviar os ingleses de suas intenções com sua pálida política. Oh, Inglaterra! Modelo da grandeza interior, como um pequeno órgão, como um grande coração. O que você pode fazer? Que honra teria? Eram todos naturais e bons os filhos teus? Mas olha para a França tentando encontrar o que falta em você, um ninho de corações ocos. Ela enche a coroa com traidores, e três homens corruptos. Um deles, Richard, Conde de Cambridge; o segundo Henry, Lorde Scroop de Masham; e o terceiro Sir Thomas Grey, cavaleiro de Northumberland. Recebem um presente da França, oh, na verdade, culpa... conspiram com a temida França. E em suas mãos, está o destino do rei, que deve morrer antes de embarcar para a França. Os traidores estão de acordo. O rei foi à Londres, e agora o palco é transportado, senhores, para Southampton.
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Por Deus, és insensato em confiar nesses traidores.
Serão presos imediatamente.
Com que calma e igualdade serão conduzidos, como se prevalecessem na lealdade, coroados de fidelidade e obediência.
O rei tem conhecimento de todas as suas intenções e de fatos que nem sequer sonham.
Sim, mas para o homem que foi o seu companheiro de alcova, a quem eu tinha fartado de graça e favores, que, por uma terra estrangeira, vendeu a vida do seu soberano à morte por traição.
H – Agora, o vento é favorável, embarquemos. Milorde de Cambridge, meu caro senhor de Masham, e você, meu gentil cavaleiro, dê-me o vosso parecer. Crês que nossas tropas devam marchar abertas contra as forças da França?
Sem dúvida, meu senhor, se estão lutando com bravura.
H - Isso sem dúvida.
Nunca houve um monarca mais temido e amado que Vossa Majestade.
Verdade.
H – Então, temos uma grande razão para agradecer. Tio Exeter, liberto os presos que ontem ironizaram a minha pessoa. Acredito que tenha sido o excesso de vinho que os incentivou. E é melhor perdoá-los.
Isso é clemência, mas também grande confiança. Que seja punido, Soberano, que sirva de exemplo para os demais de sua classe.
H – Deixa-nos ser misericordiosos.
Pode ser Majestade, e ainda assim os punir. Mostrareis grande clemência, se os deixar viver após um bom corretivo.
H – Seu grande amor por mim, contra esse pobre coitado, é gratificante. Se não fechamos os olhos as pequenas faltas, produto da intemperança, como os abrir quando os crimes são capitais, mastigados, engolidos e digeridos que nos são apresentados? Assim, pois, libertaremos este homem embora, para Cambridge, Scroop e Gray, em seu caridoso desvelo por nós, deve ser punido. E agora, aos nossos assuntos com a França. Quem são os últimos comissários?
Eu sou um, Milorde. Sua alteza me ofereceu, hoje.
Eu também, Majestade.
E para mim, meu rei.
H – Richard, Earl de Cambridge, aqui está o seu. O seu, senhor Scroop de Masham, e o seu, Sir Gray, cavaleiro de Northumberland. Leiam. Eu sei, e conheço seus valores. Milord Westmoreland, tio Exeter, embarcaremos hoje a noite. O que é isso, meus senhores? O que leem nesses papeis que transfiguraram vossos rostos?
Confesso minha culpa, e me submeto a clemência de Vossa Alteza.
Para a qual todos apelamos.
H – O indulto que lhes foi dado é fruto de seus próprios conselhos sendo reprimidos e mortos. Você não deve, por vergonha, falar em misericórdia, porque suas próprias razões viraram contra vocês, como cães contra seus mestres.
(Princípio de tumulto na sala. Domínio dos protetores do rei)
H – Contemplem príncipes e nobres pares, esses monstros ingleses. O que vou dizer de você, senhor Scroop, criatura cruel, ingrata, selvagem e desumana? A vós, que dei a chave de todos os meus segredos, que conhecia o fundo da minha alma, que poderia ter-me convertido em moedas de ouro, queria usar-me em seu benefício! Será possível um salário no exterior ter sido capaz de tirar de você uma faísca de maldade de ferir-me um dedo? É tão estranho. Mesmo com a verdade presente, tão fácil de se distinguir, como negros de brancos, meus olhos quase não podem vê-la. Tão firme, e parecíeis impecável... que vossa queda deixa uma mancha... que marcará o homem mais completo e melhor cotado, com a sombra da suspeita. Chorarei por vós, porque esta sua revolta faz-me como outra queda de um homem.
Prisão, por alta traição, Richard, conde de Cambridge.
Prisão por alta traição, Thomas Gray, cavaleiro de Northumberland.
Prisão, por alta traição, Henry, senhor Scroop de Masham.
H – Escute a sua sentença. Haveis conspirado contra Vosso Rei, unindo-se ao inimigo e recebendo de seus cofres moedas de ouro por minha morte, pela qual... teria vendido vosso Rei ao sacrifício, seus príncipes e seus pares à servidão, seus súditos à opressão e ao desprezo, e todos ao seu reino de desolação. Portanto, pobres miseráveis criminosos, seguem em direção à morte, cujo gosto Deus em sua misericórdia, vos dê paciência para aturar, e verdadeiro arrependimento de todos os seus grandes crimes. Levem-nos! Agora aos valores da França, cuja empreitada é para vós, como para nós, gloriosa, porque Deus nos revelou essa perigosa traição no nosso caminho. Com alegria, sigamos para o mar! Avançar nossos estandartes de guerra! Não haverá nenhum rei da Inglaterra, se não o for também rei da França!
Oficial – Foi uma boa mensagem.
H – Queremos que o enviado fique corado com ela. É isso, Milorde. ...que possa encorajar nossa expedição, porque agora não temos mais pensamentos, senão na França, exceto aqueles que Deus antepõem a nossos assuntos. Portanto, que cada homem, agora, dedique sua mente a essa nobre ação, para que tenha um bom fim!
Agora, todo jovem da Inglaterra está com o coração em chamas. Seus devaneios, coloquem no armário, ... coroas imperiais, condados e ducados, prometidos a Harry e aos seus seguidores.
Bem falado, cabo Nym.
Bom dia, Tenente Bardolph.
Por que você e o velho Pistol são amigos ainda?
Da minha parte, não me importo. Falo pouco, mas quando chegar a hora, haverá sorrisos. Ou será o que há de ser.
Vamos lá, ofereço um almoço para que continuemos amigos, e nós três juraremos ser irmãos na França. Consentido com ele, cabo Nym. O que posso fazer!
É verdade, afinal, que Pistol está casado com Nell e, certamente, ela o tem traído pois ambos estavam prometidos.
Entrada de mais pessoas no ambiente
Como vai você, meu anfitrião Pistol?
Vil cão! Me chamou de seu anfitrião? Por esta mão, eu juro que o farei engolir o que disse a Nell e não terá hóspedes!
Nell – Não, por lealdade a mim! Não demorarão. Porque não podemos alojar, nem alimentar patifes ou damas que vivem honestamente do seu trabalho, sem o que se pensem que esta casa seja um bordel.
Ouça!
Ouça você! Cão da Irlanda!
Num bom lugar par mostrar o seu valor e meter sua espada na bainha.
Antes de atravessar a ti
Pistol, os atravessaria as tripas que já estão ruins, como sei.
Isso é sua melhor piada! Fanfarrão, vil!
Ouçam o que digo, quem der o primeiro golpe, lhe meto esta espada como soldado que sou.
Um juramento de grande valor. Há de aplacar a ira.
Meu patrão Pistol! Deve ver meu amo! E você, também, patroa! Está muito doente e gostaria de deitar-se. Bom Bardolph... Coloque seu rosto entre lençóis para servir de cobertor.
Fora, malandro!
Acredite... ele está muito doente.
Acredito... que o rei tenha matado seu coração. Bom marido, venha imediatamente.
Vamos lá, continuemos amigos? Temos de ir para a França juntos. Por que diabos estamos levantando adagas para matar uns aos outros?
Você me deve oito xelins que tinha ganhado da aposta?
Vil, é o escravo que paga.
Por minha espada, quem der o primeiro passo, eu mato. Juro por minha espada que vou fazer!
Se sois nascido de uma mulher, venham logo por Sir John. Treme muito e está ardente em febre, que é o mais lamentável de se ver. Bons homens, venham até ele.
Pobre Sir John. Um homem corpulento assim.
Sim, e alegre. Agradável aos olhos e da mais nobre estirpe.
Mas não posso diminuir? Minha pele flácida como uma roupa solta de uma velha. Companhias! As más companhias tem-me estragado. Eu era tão virtuoso como deve ser um cavalheiro. O virtuoso já basta! Jurou, um pouco, não jogou mais do que sete dias por semana, não estava indo para um bordel, mais de uma vez em cada quarto... e agora! Pagou a quem devia! Três ou quatro vezes. Ele viveu bem e em bom rumo.
Você é tão gordo, Sir John, que será necessário mais de uma bússola para lhe mostrar o curso.
Quando você ajeitar sua cara eu ajeitarei minha vida. Se a vida não é tão doce; então, que Deus ajude os ímpios. Se ser um velho e estar contente é um pecado... se ser um gordo é ser odiado... mas não, meu caro senhor. Caso você seja o rei, degredado Pistol, degredado Bardolph, degredado Nym, mas para o doce Jack Falstaff, o valente Jack Falstaff, e, por mais valoroso, por ser tão velho, Jack Falstaff, o retirar da companhia de Harry. Abandone o gordo Jack e abandonará todo o mundo. Sim. Eu vou. Mas nós ouvimos os sinos à meia-noite, meu senhor Harry. Jesus, os dias que temos visto. Não te conheço, velho.
O rei tem tratado mal o cavaleiro.
Nym, você disse a verdade. O seu coração está despedaçado e corroído.
O rei é um bom rei, mas as coisas são como são: excede um pouco as formas e os limites.
Deixe-nos compadecer do cavaleiro, porque os cordeiros... viverão.
Essas conversas entre brincadeiras e bebidas, com uma pitada de sexualidade, mostra o foco dessas pessoas no prazer e ao mesmo tempo no sentido de serem súditos de um rei ao qual podem julgar, e até sentir a sua presença no meio deles.
Eis a história de William Shakespeare adaptada para o cinema por Kenneth Branagh e transcrita como visto nas legendas para este trabalho.
Relator: Oh, como uma musa de fogo, que se eleva a mais brilhante imaginação de céu. Um reino para um palco, príncipes como atores e monarcas como espectadores de uma cena sublime! Em seguida, os Harry bélicos, como são, iriam adotar a atitude de Marte, e em seus calcanhares, atrelados como cães, fome, a espada e o fogo, agachados estão para serem empregados. Mas perdão, senhores, por me atrever a trazê-los a esse indigno cadafalso, um tema tão grande. Poderia conter esta bodega os vastos campos da França? Ou, então, poderiam conter esta sala de madeira todos os cavalos que assombraram o céu de Agincourt? Ah, desculpe! Deixo os números relativos a este grande espetáculo, ao trabalho de sua imaginação, porque são os seus pensamentos que devem adornar nosso rei, e conduzir aqui e ali, saltando no tempo, despejando a realização de muitos anos em uma ampulheta. Para tal plateia, permita-me ser o coro desta história, que, a título de prefácio, pergunto-lhe em sua humilde paciência, escute atentamente e julgue com gentileza...A nossa peça!
Diálogo secreto
Milorde, vos digo: é o mesmo projeto que, no reinado do último rei, quase foi usado contra nós. Mas como, Milorde, resistiremos agora?
Temos de refletir. Se aprovado, podemos perder a metade de nossa possessão.
Mas como evita-la?
O rei está cheio de graça e de boa vontade.
É um amigo sincero da Santa Igreja.
Durante sua juventude não prometia isso, e sua predileção por banalidades. Seu tempo ocupado com agitação, banquetes, esportes; e nunca percebi nele qualquer estudo.
Mas, Milorde, como pode mitigar tais projetos reclamados pela Câmara? E Sua Majestade, estará de acordo ou não?
Parece-me indiferente, ou melhor, se inclina em direção ao nosso lado, porque eu tenho feito uma oferta de Sua Majestade, tão atraente quanto a França...
Henrique V – Onde está vossa graça, Lorde de Canterbury?
Chegam atrasados e apressados – Deus e seus anjos guardem vosso trono sagrado e faça-o reinar por um longo tempo.
Agradeço-vos. Sábio Senhor, pelo que expliqueis, justa e religiosamente, se a lei que existe na França, exclui ou não, meus direitos e minhas reivindicações. Faça-o cuidadosamente, com o penhor de minha pessoa, senão, despertarás a dormente espada da guerra. Exorto-vos, em nome de Deus, faça-o cuidadosamente, porque esses dois reinos jamais lutaram sem grande derramamento de sangue.
Então, ouça, gracioso Soberano. Nada impede vossa pretensão sobre a França! Exceto isso, atribuída a Faramond: “Em Terram Salicam mulieres ne sucedant.” “Nenhuma mulher herdará terras, em Salice”. O Estado francês defende, injustamente, que as terras em Salice pertençam ao reino da França. No entanto, seus autores dizem que as terras em Salice estão na Alemanha, entre os rios Elba e Câmara. Assim, é evidente que a lei sobre Salice não foi concebida para o reino da França. E que as terras em Salice não pertencem aos franceses. Até 420 anos após a morte do Rei Faramond, alegado autor desta lei. Rei Pepino, que destronou Childerico, reclamou para sua descendência com Blitilda, filha de Clotario, a herança da coroa da França. Também Hugo Carpeto que usurpou a coroa de Carlos, Duque de Lorena, único herdeiro masculino descendente direto de Carlos Magno, não acalmou sua consciência, levando a coroa da França para garantir que a bela Rainha Elizabeth, sua avó, descendia de dona Ermengara, filha de Carlos, acima do Duque de Lorena, por cujo casamento, na linha de Carlos Magno aderiram à coroa da França. Desta forma, é tão claro como o sol do verão. Tudo coincide em sustentar seu direito a este título de herança, como fazem os reis de França até este dia. Contudo, defendem o direito sobre Salice para privar vossa Alteza dos direitos, a partir de sua linhagem feminina.
Posso, na lei e na consciência, fazer esta afirmação?
Que o pecado caia na minha cabeça, temido Soberano. Defenda vossos direitos, mostre sua bandeira com seu sangue!
Esperam que a levanteis, assim como fizeram os primeiros leões de vosso sangue.
Nunca, um rei da Inglaterra ou nobre por mais rico, nem mais leais súditos, cujos corações têm seus corpos aqui deixados, plantou sua bandeira nos campos da França.
Ah, se seus corpos o seguissem, meu caro senhor, com sangue, fogo e espada para conquistar vosso direito. Um montante tão elevado como nunca ofereceu o Clero a qualquer um dos seus antecessores.
H – Chama os mensageiros enviados por Dauphin. Agora, estamos determinados, e com ajuda de Deus e de Sua vontade, nobres tendões do nosso poder, a ser nossa a França, a vergar-se à nossa vontade, ou parti-la em pedaços. / Estamos dispostos a ouvir o que tem a dizer nosso primo Dauphin.
Mensageiro – Sua Alteza alegou à França possessão de alguns Ducados, pelo direito de seu grande antecessor, o rei Eduardo III. Em resposta a ela, meu mestre disse que: saboreias vossa juventude demasiadamente. Portanto, vos envia, em acordo com vosso espírito, esse tesouro. E a mudança que pretende dos ducados não são para vós. Isso é o que disse Dauphin.
Que tesouro, tio?
Bolas de tênis, meu senhor.
H – Estamos contentes que Dauphin seja tão complacente conosco. Esses presentes e seu desconforto, nós o agradecemos. Quando adaptarmos nossas raquetes a essas bolas, jogaremos na França, uma partida, com a ajuda de Deus, para azar da coroa do seu pai. E nós compreendemos bem a recriminação, hoje dissipada, sem medir o uso que delas fizemos. Mas diga ao Dauphin para manter a minha pontuação, atuando como rei e mostrarei a minha grandeza, quando eu fincar meu trono na França! E diga ao bom príncipe, que esse seu escárnio, transformou essas bolas em balas de canhão, e que sua alma será cobrada pela terrível vingança que irá voar com elas, pois milhares de viúvas chorarão por seus amados, mães por seus filhos, castelos por seus muros, e que estão ainda por vir e nascer, alguns ainda, com motivos para praguejar o insulto de Dauphin. Assim, vá em paz e diga a Dauphin que seu ato parece brincadeira de mau gosto. Milhares hão de chorar por aquilo que estavas a rir. Conduza-o com segurança sob escolta. Vá com Deus.
Para entender um pouco melhor o pensamento da realeza, em tempos de tanto malefício trazido pela República ao Brasil, vou transcrever a adaptação para o cinema feita por Kenneth Branagh da obra de William Shakespeare, Henrique V. Irei usar os dados históricos como estão colocados na Wikipédia, nesta data.
Henrique V (Monmouth, 16 de setembro de 1386 – Vincennes, 31 de agosto de 1422) foi o Rei da Inglaterra de 1413 até sua morte. Era filho do rei Henrique IV e sua primeira esposa Maria de Bohun, sendo o segundo monarca inglês da Casa de Lencastre.
Henrique de Monmouth (assim conhecido por ter nascido no castelo de Gales com o mesmo nome) foi criado longe da corte, uma vez que não era descendente de um pretendente à coroa. Em 1399, o seu pai revoltou-se contra o primo Ricardo II de Inglaterra, acabando por depô-lo e subir ao trono. Esta mudança conferiu um novo estatuto a Henrique, agora herdeiro da coroa e como tal Duque da Cornualha e Príncipe de Gales. Estes títulos não eram só nominais. Henrique encarregou-se desde muito cedo da administração de Gales e em 1403, com apenas 16 anos, liderou os ingleses na batalha de Shrewsbury, que pôs fim à revolta organizada por Henry Percy. Apesar de seriamente ferido em batalha, Henrique sobreviveu e continuou no terreno, lutando até 1408 contra Owain Glyndwr, outro rebelde galês. A partir de 1410, Henrique assumiu o controle da administração, devido ao estado de saúde do pai, cada vez mais débil.
Finalmente em 20 de março de 1413, Henrique de Monmouth sucede a seu pai como Henrique V. As suas primeiras medidas foram no sentido de pacificar os conflitos internos derivados da violenta subida ao poder do seu pai. Foram emitidas anistias e reinstituídos como herdeiros os filhos de homens que se opuseram a Henrique IV e morreram por isso. Livre de pressões internas, Henrique dedicou-se à política externa, nomeadamente à sua pretensão à coroa de França e a resolução da guerra dos cem anos que durava já desde 1337. A campanha de 1415 foi marcada pelo sucesso da batalha de Azincourt (25 de outubro), onde as suas reduzidas tropas derrotaram o grosso do exército francês e dos seus aliados. Em 1417, Henrique renova as hostilidades e conquista a Normandia, enquanto os franceses se encontravam divididos pelas disputas entre armagnacs e borgonheses. Ruão cai em janeiro de 1419 e em agosto Henrique acampa com o seu exército sob as muralhas de Paris. Em setembro, João o Temerário, Duque de Borgonha é assassinado e a capital perde qualquer esperança de salvamento. Depois de seis longos meses de negociações, Henrique é declarado herdeiro e regente de França pelo tratado de Troyes e casa com a princesa Catarina de Valois a 2 de junho de 1420.
Tudo parecia apontar para a união pessoal com a França e Henrique retirou-se, no auge do seu poder, para a Inglaterra. A visita a casa durou pouco tempo. Em 1421, o seu irmão Tomás, Duque de Clarence, morreu na batalha de Baugé e obrigou Henrique a regressar ao teatro de operações. O inverno passado em campanha, no cerco de Meaux, enfraqueceu-lhe a saúde e o rei acabou por morrer de disenteria em agosto de 1422. O corpo foi transladado para Londres e encontra-se sepultado na Abadia de Westminster.
Henrique V foi sucedido pelo filho homônimo, então um bebê de oito meses, longe de representar o líder forte que se desejava para manter os princípios do tratado de Troyes. Assim, quando Carlos VI de França morreu poucos meses depois, o seu filho ficou à vontade para ignorar os acordos e, apesar de deserdado, reclamar a coroa francesa. Só em 1801 os reis ingleses abdicaram dessa pretensão.
Esse texto mostra que os reis se guiavam por suas pretensões, legítimas ou ilegítimas, e que poderia levar toda a nação à guerra. O importante é que eles se mantinham dentro delas, não é como hoje que o chefe fica na retaguarda enquanto os seus comandados vão para a linha de frente. Apesar de tudo, nota-se uma maior afetividade do rei com seus súditos, diferente daquela que se ver do presidente com seus eleitores, onde geralmente são eleitos por benefícios trocados ou prometidos, e daí surge toda discrepância do poder, que ao invés de auxiliar a coletividade, se volta para os benefícios pessoais, se conquistou o poder dessa forma. Mas teremos oportunidade de fazer diversas reflexões na forma do rei Henrique V se comportar pela visão do grande William Shakespeare.