Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
16/02/2018 00h07
O BOM LADRÃO

            A cena da crucificação onde Jesus está entre dois ladrões tem um significado mais profundo do que a simples apresentação daqueles três corpos. Representa a variação que a justiça humana pode representar: um homem justo que foi empurrado para a crucificação, com todos os meios lícitos e ilícitos usados para atender os interesses dos poderosos; um ladrão, chamado Gestas, cheio de ironia e sarcasmo e outro ladrão de bom coração, chamado Dimas, que reconhece a justiça de seu castigo e que está ao lado de um homem justo, acredita no que Ele diz e pede para participar do Reino que Ele ensina.

            Na Bíblia o nome do bom ladrão não aparece. Ele expressa a crença de que Jesus “virá no Reino de Deus”, e este pede que, nesse dia, Jesus se lembre dele:

            “39 Então um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava dele dizendo: não és tú o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós. 40 Respondendo, porém, o outro repreendia-o dizendo: nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação? 41 E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que os nossos feitos merecem; mas este nenhum mal fez. 42 Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. 43 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso. “ (Lucas 23:39-43)

            No Evangelho Árabe da Infância de Jesus (apócrifo do século VI), o bebê Jesus encontra os dois ladrões, Tito e Dumachus, e prevê que, depois de 30 anos eles serão crucificados com Ele.

            Uma das mais antigas lendas populares do cristianismo nos conta que o bom ladrão teria nascido em um covil de ladrões, filho do chefe do bando, e, ainda muito pequeno, teria contraído lepra. Sempre de acordo com a lenda, a Sagrada Família teria buscado refúgio naquela cova para passar uma noite durante a fuga para o Egito. Na manhã seguinte, a mulher do chefe do bando lavou o seu filhinho com a mesma água que a Santíssima Virgem Maria tinha usado para lavar o menino Jesus – e a lepra desapareceu. O menino, porém, tornou-se um ladrão como seu pai. Quando adulto, acabou sendo capturado, conduzido a Jerusalém e condenado à morte por Pôncio Pilatos. Foi quando Dimas pôde ver Nosso Senhor carregando a cruz e sendo crucificado ao seu lado. Ele se rendeu à graça de Deus e proclamou aquele gesto de fé e de amor que ficou registrado para sempre no Evangelho; um gesto de fé que lhe rendeu a mais sublime promessa do próprio filho de Deus: “ainda hoje estarás comigo no paraíso”.

            De fato, esta é a única informação histórica sobre esse homem que ficou conhecido como “o bom ladrão”. Se todo o seu passado é um mistério que a imaginação piedosa procurou pintar com a lenda, o seu futuro é uma certeza de fé!

            Pela tradição cristã, São Dimas é o protetor dos pobres agonizantes, sobretudo daqueles cuja conversão na última hora parece mais difícil. Entregam a São Dimas a proteção das casa e propriedades contra os ladrões. Invocam-no nas causas difíceis, sobretudo nos negócios financeiros, para a conversão dos bêbados, dos jogadores e ladrões. É protetor dos presos e das penitenciárias, dos carroceiros e condutores de veículos. A Igreja Católica celebra o dia 25 de março como o dia de São Dimas.

            Feito toda essa consideração sobre o “bom ladrão” para chegar ao momento político atual no Brasil. Observamos uma quadrilha de corruptores que tomaram conta do nosso país, entre eles o atual presidente que assumiu o cargo por força das circunstâncias. Logo surgiram os insatisfeitos e prejudicados com a nova administração e cunharam o nome de “golpe” ao processo legítimo de impeachment, à luz da legislação em vigor e com toda a transparência dos diversos atos.

            Observei no desfile de escolas de samba neste carnaval, uma delas a Paraíso do Tuiuti, representando o presidente como um vampiro, e entendi como um dos ladrões ao lado do Mestre. Mas faltou a representação do outro ladrão, aquele que nega tudo e já está condenado pela Justiça e sempre vociferando. Claro, não cabia nessa representação a crucificação de Jesus, mas cabia a representação dos dois ladrões que alimentaram a corrupção ao máximo.

            Qual dos dois é o mau e o bom ladrão? Aquele que tenta corrigir os efeitos maléficos da corrupção ou aquele que nega sempre os seus atos e ameaça quem tenta mostrar a verdade dos fatos?

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/02/2018 às 00h07
 
14/02/2018 08h49
QUARESMA

            Hoje inicia a Quaresma, período de reflexão crítica que surge após o carnaval. Como procuro fazer nos últimos anos, sigo o exemplo de Jesus, procuro manter o meu corpo sob controle do espírito e ficar bem mais próximo do Pai.

            O Papa Francisco deu algumas sugestões de como fazer isso acontecer, segundo o que circula no whatsapp, como manifestações concretas do Amor:

            “1. Sorrir, um cristão é sempre alegre!

            2. Agradecer (embora não ‘precise’ fazê-lo)

            3. Lembrar ao outro o quanto você o ama.

            4. Cumprimentar com alegria as pessoas que você vê todos os dias.

            5. Ouvir a história do outro, sem julgamento, com amor.

            6. Parar para ajudar. Estar atento a quem precisa de você.

            7. Animar a alguém.

            8. Reconhecer os sucessos e qualidades do outro.

            9. Separar o que você não usa e dar a quem precisa.

            10. Ajudar a alguém para que ele possa descansar.

            11. Corrigir com amor, não calar por medo.

            12. Ter delicadeza com os que estão perto de você.

            13. Limpar o que sujou, em casa.

            14. Ajudar os outros a superar os obstáculos.

            15. Telefonar ou visitar seus pais.

            O melhor jejum:

            - Jejum de palavras negativas e dizer palavras bondosas.

            - Jejum de descontentamento e encher-se de gratidão.

            - Jejum de raiva e encher-se com mansidão e paciência.

            - Jejum de pessimismo e encher-se de otimismo.

            - Jejum de preocupações e encher-se de confiança em Deus.

            - Jejum de queixas e encher-se com as coisas simples da vida.

            - Jejum de tensões e encher-se de orações.

            - Jejum de amargura e tristeza e encher o coração de alegria.

            - Jejum de egoísmo e encher-se com compaixão pelos outros.

            - Jejum de falta de perdão e encher-se de reconciliação

            - Jejum de palavras e encher-se de silêncio para ouvir os outros...”

            Certamente, seguir esses conselhos muito nos ajudarão a ficar mais próximos do Pai, claro, quem O reconhece como tal e procura fazer a Sua vontade.  

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em 14/02/2018 às 08h49
 
14/02/2018 00h59
JOSÉ DO PATROCÍNIO (8) - FINAL

            Abençoada gente brasileira, que deveria se orgulhar de saber fazer samba com as próprias dores e desafios, que enfrenta a luta com o som do pandeiro e a cantiga do povo a embalar as noites, não raro com a musicalidade festiva do povo a bailar. Abençoado país que sabe conviver com os opostos – apesar dos que intentam estabelecer o contrário – e é capaz de unir os povos e credos como nenhum outro, empregando a voz do sentimento, a qual se sobrepõe às diferenças de variada ordem.

            Uma nação de dimensões continentais, mas que sabe unir pela palavra, pela cultura e pela fraternidade todos os sotaques, todos os trejeitos de povos diferentes, que fizeram e fazem desta terra o recanto abençoado de suas peregrinações. É uma terra tão bendita que oferta a todos os povos que para aqui vêm, a cada um, o clima propício para se desenvolver, para conviver e transformar desafios em canção, em poesia, em sementes de evolução.

            Abençoado recanto onde se reuniram seres especiais, como Irmã Dulce, Padre Damião, Chico Xavier e tantos outros, anônimos ou não, onde canta o coração da fé de tantas crianças, que esperam de vocês a união e o apoio para prosseguir crescendo e levando esta terra em seu coração e em suas almas.

            Por tudo isso e muito mais, cultivemos o otimismo, mesmo diante dos ventos que fazem bailar os salgueiros, que ameaçam tanto a casa pequenina sobre a rocha, quanto a mansão ou cobertura às margens do mar do Leblon ou de Copacabana. Observando o Redentor lá no alto daquele monte, de braços abertos, abençoando não somente a cidade, como também o país, descruzemos nossos braços e trabalhemos um pouco mais, pois, após a tempestade e o vendaval, surgem a bonança e a calmaria, de modo que os brasileiros, o povo da terra do Cruzeiro do Sul, possam se refazer, construir seu futuro sobre bases mais sólidas e legítimas de verdadeira fraternidade.

            O prognóstico do mundo espiritual sobre o destino de nossa pátria, permanece. Continuamos com o projeto de ser o coração do mundo e a Pátria do Evangelho. A Pátria do Evangelho já está consolidada, pelo menos no aspecto numérico. Somos um país de população definitivamente cristã, de todas as designações. Resta a união do todos os cristãos e demais espiritualistas, pessoas do bem, cidadãos do bem, para construir a sociedade que o Pai espera.

            Já recebemos a visita de espíritos encarnados com a grande missão de nos ensinar pelo exemplo o caminho do Amor, após a limpeza do egoísmo dos nossos corações. Resta agora deixarmos de ser espectadores passivos, descruzar os braços e fazer pelo menos um pouco das lições que aprendemos.

            Recebemos um golpe duro em termos de sociedade, com o avanço da corrupção dentro dos diversos níveis do poder, mas que isso sirva para despertar a nossa consciência dos deveres que temos para com o Pai, evitando ser cooptado pelo poder das trevas e ao mesmo tempo denunciando o mal que pode estar sendo praticado ao nosso lado.

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em 14/02/2018 às 00h59
 
12/02/2018 09h54
JOSÉ DO PATROCÍNIO (7) – UNIÃO

            Jesus proclamou os princípios do Reino, da política divina, ao proferir o Sermão da Montanha. Em seus atos, demonstrou preocupar-se com os destinos da sociedade, envolveu-se com o povo, e sua trajetória sintetiza uma proposta de vida que revolucionou o mundo depois dele. Não podemos nos calar, impassíveis, diante da necessidade do povo! Não estamos mortos, mas vivos na imensidade, interessados no progresso da nação e do planeta, bem como na felicidade de toda a gente. Que a família brasileira se congregue em torno da superação das barreiras da discórdia e do repúdio às atitudes irresponsáveis, levianas e criminosas patrocinadas pelas forças das trevas; que se una na construção de um mundo melhor, de uma nação mais robusta, regida por ideais nobres, que sempre foram o esteio do país. Urge fazer do Brasil a grande nação a qual o país foi destinado a se tornar.

            A política é a atividade humana que direciona os destinos dos povos. Como qualquer atividade humana é influenciada majoritariamente pelos instintos biológicos, caracterizados pelo egoísmo que tende ao desagregamento, a criação de castas de base injusta. Para se livrar desse domínio das forças biológicas sobre o nosso espírito adormecido, o Pai enviou diversos avatares para falar e tentar aplicar as leis da Justiça e do Amor. Dentre eles o mais importante, o mais avançado, foi Jesus Cristo, considerado o governador do nosso sistema planetário.

            Com essa base de conhecimentos, podemos compreender melhor a missão do Mestre, de falar sobre o Reino de Deus, da política divina de construir essa nova sociedade e corrigir tantas injustiças, limpando os nossos corações da força biológica do egoísmo, aplicando a lei do Amor.

            Enquanto a Lei do Amor não for aplicada à sociedade, nós sofreremos as injustiças do egoísmo humano, como acontece hoje. Nós, cristãos, que conhecemos as lições do Mestre e a importância da sua aplicação, não podemos ficar impassíveis, omissos, frente as injustiças que nos rodeiam. É importante que todos os homens de bem, cristãos ou não, que se unam em repúdio aos crimes de todos os gêneros, principalmente a corrupção que empesta os diferentes níveis do poder político, legislativo, acadêmico, jurídico e eclesiástico.

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em 12/02/2018 às 09h54
 
12/02/2018 00h11
JOSÉ DO PATROCÍNIO (6) – AÇÃO OU OMISSÃO

            Se realmente move-nos a indignação contra as forças destruidoras das trevas, que fizeram súditos e representantes entre quem, um dia, foi alvo de confiança, está na hora de elevar a voz para erguer os ânimos dos filhos da Terra, para exortar e estimular ações. Mesmo daqui, continuamos, amando aqueles que ficaram do outro lado do rio da vida. Sendo assim, não nos calaremos, mesmo que os pretensos donos da verdade espiritual reprovem nossa atitude, defendendo, em última análise, que a postura adequada seria a omissão, nesta hora de graves consequências para o povo, as instituições do bem e o destino de toda a nação. Não se intimidem com os comentários de censura e repreensão, pois os que assim agem, sem o saberem, sofrem processo de hipnose dos sentidos, em franco estágio de fascinação.

            Einstein já dizia que o mundo é difícil de se viver, não por aqueles que fazem o mal, mas por aqueles que observam tudo e deixa acontecer.

            A tendência de permanecer na omissão pertence ao repertório do instinto, da matéria, da biologia. O repouso além das necessidades, a preguiça, é o principal motor para isso acontecer.

            Sinto a ação das forças destruidoras das trevas ao meu redor, violência nas ruas, corrupção nos gabinetes, fico indignado com isso, mas permaneço mais omisso que atuante. Sei que tenho um trabalho comunitário, que escrevo este diário e publico alguns textos, mas tudo de forma tímida que não chega ao grande público, mesmo tendo um canal universitário onde poderia ser mais atuante.

            Tenho a consciência que este corpo cheio de instintos para a sua preservação, é simplesmente um instrumento de minha evolução espiritual e que isso passa por fazer a vontade do Pai, nosso Criador, no sentido da harmonização coletiva e construção de um Reino de características divinas. Todos nós, por mais ignorante ou bruto que seja, possui essa destinação, mesmo que seja por caminhos diferentes. O próprio Jesus, que não tem tanta necessidade de evolução quanto nós, teve que vir encarnar ao nosso lado para ensinar as regras gerais que precisávamos para ter um comportamento aliado ao Bem. Sujeitou-se as mais atrozes provações físicas, sabendo que o seu foco era o cumprimento da missão que o Pai lhe deu e que começou aos 30 anos de idade. Durante esse tempo de 30 anos de vida, Ele viveu com os pais biológicos se preparou psíquica e espiritualmente para fazer a vontade do nosso Pai. Foi, submisso, ao batismo com João, no rio Jordão e entrou no deserto durante 40 dias para o preparo final, para entrar na comunidade e fazer o que precisava ser feito.

            Assim somos todos nós, criados para cumprir uma missão de Amor em nome do Pai, por minúscula que seja. Muitos ainda não conseguem ter essa consciência, vivem como animais brutos, entre eles alguns com tendências agressivas, destrutivas, que podem ser fatais ao próximo, tanto quanto qualquer fera das matas. Para essas “pessoas” temos que nos defender como feras que no momento elas representam ser, pois têm o sentido de nos destruir.

            A Quaresma está próxima, começa dentro de três dias. É o momento que tenho de entrar no deserto psicológico, ficar mais próximo do Pai e das lições do Mestre Jesus, procurar me capacitar ainda mais para voltar à comunidade pronto para agir dentro do meu potencial, deixar de tanta omissão e fazer um pouco mais de ação.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/02/2018 às 00h11
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