Como orientação ao meu leitor que chega agora, oriento que procure ver o início desta série de textos indicados com o “S” de sessão para não perder a lógica do raciocínio, e se achar conveniente fazer críticas ou comentários.
J – Estamos iniciando a quinta sessão do julgamento e autorizo a volta ao banco das testemunhas do Réu, para continuar as suas explicações.
AD – Você estava explicando o uso da bússola comportamental que o Cristo ensinou na relação com sua primeira esposa, que este tribunal considera como a primeira vítima de suas atitudes. Você disse que achou utilidade em usar a bússola, não para as consequências imediatas, mas para as consequências futuras que você já sentia o desenrolar. Mas foi indagado: qual seria a posição da sua esposa se você se colocasse empaticamente no lugar dela?
R – Algumas vezes coloco em minhas orações que o Pai permita que eu volte outra vez reencarnado neste planeta de Provas e Expiações, num corpo de mulher e que eu me case com um homem que tenha o comportamento exatamente igual ao que eu tenho, para que eu possa demonstrar como uma mulher deveria se comportar em tais circunstâncias. Pois é isso que você me pede para fazer, de outra forma. Se eu estivesse no lugar de minha esposa, não iria deixar de ser surpreendida pelo fato que ele me contou. Iria ficar agradecida por ele ter sido honesta comigo. Iria ficar gratificada por ele ainda me amar, apesar de não ter a paixão de antes, e que não quer se separar de mim por qualquer outra pessoa, mesmo que sinta paixão por essa outra pessoa. Eu iria entender os impulsos biológicos que ele sente na condição de homem, de macho, de acordo também com os estudos biológicos que fiz, dos conhecimentos a esse respeito que tenho. Ficaria envaidecida por ele sentir tão fortes desejos instintivos e não esquecer, não deixar de sentir o nosso amor e não querer romper nosso companheirismo ou a proximidade com nossos filhos. Entender os momentos onde ele tenha a necessidade afetiva de ficar com outras pessoas para atender sua afetividade, como entendo a necessidade de ele passar noites de plantões trabalhando para atender sua responsabilidade financeira conosco. Ficaria ainda mais orgulhosa, ao saber que ele atende todos esses desejos afetivos, românticos, sexuais com outras pessoas, com base no amor incondicional e seguindo a bussola comportamental do Cristo. Estaria pronta para ajudar a todas amigas que se aproximassem dele e tivessem a oportunidade de aprofundar o relacionamento até o nível sexual, se fosse conveniente. Sentiria o prazer de ambos como se estivesse na carne do meu marido, seguindo a orientação bíblica de que somos carne da mesma carne, e o que ele sente eu devo sentir, seja prazer ou dor. Iria amar a todas as pessoas que o amam e vice-versa, como forma de consolidar meu amor com ele a dimensões estratosféricas, que imagino ninguém ser capaz de alcançar. Os nossos filhos seriam ensinados, por mim, inclusive, que o pai tem uma sintonia imensa com o amor incondicional, que segue as lições do Cristo, que não mente nem é hipócrita, por mais que falem de forma distorcida do seu comportamento. Ensinaria que a arvore boa se identifica pelos frutos bons que produz, então, se querem saber se seu pai é uma árvore boa ou ruim, procure ver os frutos que ele produz dentro da sociedade. Iria saber que o desejo sexual que ele sente ocasionalmente por outra pessoa, jamais irá ser superior ao amor divino que ele possui e tem em mim a principal companheira, e que o sexo carnal é apenas um detalhe da vida eterna que iremos desfrutar juntos pela eternidade que o Pai nos oferece. Onde eu iria encontrar outro companheiro igual a este? Era assim que eu sentiria, que eu pensaria e que eu faria.
AA – Você está atendendo o compromisso com a verdade que jurou no início?
R – Sim, conforme deixo indícios por onde passo e conforme o Pai sonda o meu coração.
AD – A aplicação da bússola comportamental que o Cristo ensinou, acredito que ninguém nesta sala é contrária a ela, você conseguiu aplicar a contento nessas circunstâncias que você estava vivenciando?
R – Não. Tive dificuldades de aplicar por questões culturais e biológicas...
J – Vamos interromper mais uma vez e continuar na próxima sessão...
Como orientação ao meu leitor que chega agora, oriento que procure ver o início desta série de textos indicados com o “S” de sessão para não perder a lógica do raciocínio, e se achar conveniente fazer críticas ou comentários.
J – Abrimos a quarta sessão, chamando o Réu para o banco das testemunhas e continuar com suas explicações.
AD – Senhor Réu, você dizia que sofria um assédio moral e sexual por parte de sua amiga no trabalho, que não cedia aos seus convites por causa do compromisso conjugal que havia aceito frente à Igreja, que isso causou na sua mente uma espécie de prisão e que estava deteriorando sua relação familiar. Disse que estudou as lições do Cristo e que iria aplicar a bússola comportamental que ele ensinou. Pode prosseguir?
R – Sim. Aplicando essa bússola em minha amiga, eu via que ela tinha motivos que justificavam ela namorar comigo de forma clandestina, pois o marido fazia isso inúmeras vezes. Por aplicação da justiça, companheira da verdade, ela teria esse direito. Eu, atendendo os desejos dela, estaria fazendo com ela o que gostaria que fizessem comigo, e trazendo justiça ao comportamento errado do seu marido.
AA – Então, você justifica o atendimento dos seus desejos como meio de justiça para uma relação de terceiros?
R – Nós não podemos ser instrumentos da justiça, da vontade de Deus? Deus permitirá que o comportamento errado do marido da minha amiga, siga sem nenhuma consequência, que atenue o sofrimento que ele causa nela? Eu não poderia ser esse instrumento, atuando por essas vias? Estará errada a aplicação da minha bússola comportamental com relação a ele e a ela? Ou eu ficaria com a bússola comportamental na mão, somente observando os fatos acontecerem? O Cristo nos ensinou a bússola para usar ou para enfeitar?
AA – Sim, mas para você usar a bússola com sua amiga e levar a justiça e atender seus desejos, tinha que considerar o outro lado da balança onde a sua esposa está colocada como a primeira vítima. Não considerou isso?
R – Sim, eu teria que aplicar a bússola com minha esposa. Minha primeira vítima, como está colocado aqui neste tribunal. Talvez aqui seja onde tenha sido articulado a forma e arma do crime, usando a bússola de Jesus e o amor incondicional que Ele ensinou. Num primeiro olhar, me colocando no lugar da minha esposa, claro que eu não queria que o meu esposo me traísse com outra mulher. A bússola me impediria. Mas eu estava com a visão do futuro à minha frente. Eu sentia que a deterioração que eu percebia consciencialmente da nossa relação iria destruir o nosso casamento, ou pelo menos a minha qualidade de vida, e que isso iria, inevitavelmente, ter consequências para ela. Era preciso eu adquirir a harmonia na consciência para prosseguir a vida com ela e feliz. Então, eu apliquei a bússola, não na perspectiva imediata do prazer, mas futura e na visão dela, de manter o relacionamento comigo até o fim da vida. Eu, pensando como ela, raciocinava assim: “eu quero que meu marido torne o nosso casamento deteriorado em sua consciência e que possivelmente nossa relação conjugal venha fracassar, impossível de continuar? Claro que não! Que poderia eu fazer para evitar isso? Deixa-lo livre para seguir seus desejos em qualquer direção, desde que não se sentisse preso a mim por compromissos que não podia mais manter. Se quisesse namorar com outras pessoas, se sentisse que isso era conveniente do ponto de vista moral e espiritual, que fosse em frente. Se eu não conseguisse suportar tal comportamento, eu diria a ele da impossibilidade de permanecermos com a relação conjugal e nos separaríamos como marido e mulher, mas continuaríamos como amigos. Sei que ele quer namorar com essa amiga do ponto de vista sensual, de atendimento dos desejos sexuais e que não implica no desejo de separação comigo. Sei que ele agindo assim, ele deixa de se sentir como um prisioneiro e eu a sua carcereira. Volta a harmonia do nosso relacionamento. A bússola pode ser aplicada.”
Assim, depois dessas elucubrações, vi que era conveniente a aplicação da bússola, de poder namorar com minha amiga, para não perder a minha identidade em função de regras ou desejos de outras pessoas. O amar ao próximo como a si mesmo que o Cristo ensinou, tem como o próximo mais próximo a nós mesmos. Como podemos amar ao próximo que está distante se não amamos ao próximo que somos nós mesmos? Desde que este amor a mim mesmo não prejudique ao outro?
AA – Mas você não estava vendo que aplicando essa bússola ao seu favor não iria trazer prejuízos para sua esposa, que iria vitima-la?
R – Sim, ela iria ter prejuízos imediatos, mas a longo prazo seria um benefício, como coloquei anteriormente. Se eu não fizesse assim, iria me prejudicar, matar o meu amor próprio, a minha individualidade. Se esses raciocínios me levaram a tais conclusões, eu já não era a pessoa com quem ela casou. Teria que haver algum reajuste comportamental para garantir a nossa convivência com harmonia, o pré-requisito da felicidade. Caso ela não conseguisse conviver com esse novo homem que surgiu, a melhor forma de manter a harmonia do nosso relacionamento era acabar o compromisso do casamento e nos mantermos como amigos, como existem tantas amizades entre pessoas que pensam e se comportam diferentemente.
AA – Você está dizendo que tomou a resolução de viver com harmonia consigo mesmo procurando seguir os novos caminhos que suas resoluções cognitivas chegaram, com base nos ensinamentos cristãos, principalmente. Quem não se sentisse a vontade com esse novo homem que surgiu, devia se afastar, procurar uma separação da convivência. Com você não existiria mais o compromisso de fidelidade conjugal, o amor exclusivo agora não era prioridade, é assim?
R – Sim, por isso quando ela me perguntou se eu teria coragem de traí-la com outra mulher, eu disse que sim, pois ainda estava considerando o ato de namorar com minha amiga uma traição, não havia contado a ela ainda. Ela devia saber a verdade e tomar a decisão de ficar comigo ou não, mesmo eu não querendo perder a sua convivência e a proximidade com os filhos.
AA – Você confessa que a prejudicou, tendo relações sexuais com outra pessoa, sem ela saber, mentindo...
R – Sem ela saber, sim, mentindo não, pois na primeira vez que ela me perguntou, sem ter qualquer ideia do que estava acontecendo, eu contei tudo para ela.
AA – E isso não trouxe prejuízos para ela e para os filhos? Sofrimento?
R – De imediato sim, como já falei, mas a longo prazo foi uma atitude positiva. Evitaria que ela estivesse vivendo até hoje com um marido frustrado por não ter tido condições de ser o que a consciência apontava, de não dar o exemplo aos filhos de lutar por sua integridade consciencial, mesmo que isso o deixe distante de pessoas que aprendeu a amar.
AD – No seu modo de perceber, qual poderia ter sido o comportamento de sua esposa se você tivesse no lugar dela?
J – Vamos interromper neste momento e deixar a resposta para a próxima sessão.
Como orientação ao meu leitor que chega agora, oriento que procure ver o início desta série de textos indicados com o “S” de sessão para não perder a lógica do raciocínio, e se achar conveniente fazer críticas ou comentários.
J – Inicio a terceira sessão deste julgamento e chamo ao banco das testemunhas o Réu, que jurará dizer exclusivamente a verdade, perante o Estado e em nome de Deus.
R – Prometo dizer a Verdade, em nome de Deus.
AD – Você diz que tem motivos para justificar o seu comportamento que hoje vem a julgamento com alegação criminosa. Pode justificar isso? Como começou? Já que a principal vítima, a número 1, lhe considerava uma pessoa honesta, fiel, acima de qualquer suspeita... como isso se transformou na sua mente?
R – É verdade. Eu sofri uma forte transformação, mas acredito que tenha sido para melhor, apesar de tantas acusações, de tanta falta de compreensão. Talvez aqui, neste ambiente onde a verdade é exigida como principal mentora de tudo que acontece, eu tenha melhor êxito em minhas explicações. Desde criança eu tinha uma forte tendência para a justiça, para o amor, para a verdade. Acredito que tenha sofrido até influência planetária do meu signo de Libra. Na adolescência, com a chegada dos hormônios, passei a despertar para a sexualidade e, associado aos valores cristãos que eu defendia como corretos, pretendia casar com a mulher que meu coração escolhesse, formasse uma família tradicional, tivéssemos filhos e vivêssemos felizes para sempre, conforme o juramento que fazemos na frente do padre. Foi assim que aconteceu com V1. Nos conhecemos e nos apaixonamos, mutuamente. Apesar das dificuldades de toda espécie, superamos tudo e vivíamos dias felizes, com os filhos que já estavam conosco. Foi quando começou o assédio moral e sexual sobre a minha mente. Uma colega de trabalho, desejando namorar comigo, mesmo ela sendo casada e eu também, fazia convites para mim nesse sentido. Eu recusava, lembrando a ela do nosso compromisso. Ela alegava que não tinha escrúpulos em namorar comigo, pois o marido dela namorava frequentemente com outras pessoas. Mas isso era com ela, imaginava eu. Comigo era diferente. Minha esposa não namorava ninguém e eu cumpria um juramento de também não namorar ninguém. Mas, cada vez que encontrava com minha amiga no trabalho, recebia novos convites para namorar. Foi por isso que justifiquei esse comportamento como assédio moral e sexual, pois ia de encontro a moralidade que eu defendia e ao desejo sexual que eu também sentia. Não posso negar este detalhe, pois mesmo eu rejeitando os seus convites para namorar, eu sentia desejos de também namorar com ela, pelos atributos físicos que ela demonstrava e pelos arroubos emocionais que ela proporcionava. Ela se sentia livre para namorar comigo, mas eu não. Eu me sentia preso a um compromisso assumido com minha esposa. Achava curioso que o meu desejo fosse tão forte por essa minha amiga e quase nulo por minha esposa, por quem um dia já estive apaixonado e não via ninguém além dela no campo afetivo, romântico, sexual. Agora, com esta nova amiga, tudo parecia ter se invertido, eu não tinha nenhuma paixão por ela, mas o desejo de namorar, de fazer sexo com a minha amiga estava presente e muito forte. Nesses embates obsessivos, onde a fonte de atender ao meu desejo estava ali à minha frente, à minha disposição, bastava apenas que eu dissesse o sim, tinha a barreira do meu compromisso com a minha esposa. O meu paradigma de vida era forte: ser honesto com minha esposa, mantendo a fidelidade do amor exclusivo, amor de profundidade erótica, sexual, que eu não poderia fazer com mais ninguém a não ser com a minha esposa. Eu recebia conselhos masculinos de quem via a situação, que eu devia aproveitar a ocasião, que a minha esposa jamais iria saber. Mas isso não estava previsto por meu paradigma de vida. Chegou um ponto que eu via a minha esposa como carcereira, que eu não podia atender os meus desejos pois ela segurava a ponta da corrente que me prendia aos compromissos. Essa batalha ficava cada vez mais ferrenha dentro da minha mente. O desejo por minha amiga e seus convites constantes de um lado e de outro a minha esposa segurando as correntes do compromisso de amor exclusivo. Comecei a sentir uma reação automática de rejeição por minha esposa. Como eu poderia amar uma pessoa que me prendia, que não me deixava atender os meus desejos, ter os prazeres que o corpo queria? Claro, essa luta era minha, interna, ninguém mais sabia. Mas tinha consequências, e eu sabia, e não podia evitar. A rejeição por minha esposa eu podia disfarçar no comportamento, mas não podia evitar de sentir. Era a imagem da carcereira quando ela inocentemente se apresentava à minha frente, e nós trocávamos afetos, eu disfarçando um sentimento que antes existia naturalmente e ela sem perceber o dilema que eu estava vivendo. A qualidade do nosso relacionamento estava se deteriorando perceptivelmente em minha consciência. Foi quando procurei aprofundar a prática espiritual que existia em mim de forma mais leve. Prestei mais atenção aos ensinamentos de Jesus quanto o amor incondicional, como forma de lei para a construção do Reino de Deus. Foi aí que começou a mudança rígida dos meus paradigmas. O amor incondicional que o Cristo ensinou estava acima de qualquer outra lei, de qualquer outro compromisso, de qualquer dogma ou tabu. O Cristo ensinava ainda que, a principal lei era amar a Deus acima de qualquer coisa e amar ao próximo como a nós mesmos. Ensinou um tipo de bússola comportamental para que não nos perdêssemos na floresta dos relacionamentos: “fazer ao próximo aquilo que desejamos ser feito conosco” ou seu inverso, “não fazer ao próximo aquilo que não desejamos ser feito conosco”. Aceitando a força desses ensinamentos como verdade e que precisavam ser praticados, comecei a coloca-los no dilema consciencial que estava vivendo com minha amiga e minha esposa, sem nenhuma das duas saberem. Eu tinha que usar a bússola comportamental.
J – Devido o excesso de tempo, vou suspender esta sessão e permitir que prossiga com a explicação da bússola comportamental que o Réu recebeu dos ensinamentos do Cristo na próxima.
Encontrei na internet a entrevista de Bill Moyers a Joseph Campbell, publicada em 02-11-2019, com 7.145 visualizações, que achei interessante reproduzir partes neste espaço, para refletir junto com meus leitores neste momento em que o Brasil tem na presidência uma pessoa considerada como mito. Será que Joseph Campbell fará alguma associação moderna com o nosso caso Brasil e reflexos no mundo?
JC – É isso mesmo. A eternidade não é um tempo futuro. A eternidade não é uma extensão longa de tempo. A eternidade não tem nada a ver com o tempo. A eternidade é a dimensão do aqui e agora que é eliminada se pensamos no tempo. Se você não conseguir isso aqui, não conseguirá em nenhum lugar. E a experiência da eternidade aqui e agora é a função da vida. Há uma forma maravilhosa que os budistas têm para o “Bodhisattva”. O “Bodhisattva” é aquele cujo ser, ou “satva” é iluminação, “Bodhi”. Aquele que percebe sua identidade com a eternidade e ao mesmo tempo, sua participação no tempo. E não é correto se afastar do mundo quando se percebe como é terrível. Mas perceber que esse horror é simplesmente a antessala de uma maravilha. E assim, voltar e participar dele. “A vida é sofrimento”, é o primeiro dito budista e é isso mesmo. A vida não seria vida se não tivesse a temporalidade que é sofrimento, perda, perda, perda.
BM – Farei o melhor aqui...
JC – Vou participar do jogo. É uma ópera maravilhosa. Só que dói. Há uma frase irlandesa maravilhosa que diz: “Isso aí é uma briga particular ou qualquer um pode entrar?” É assim que é a vida. E o herói é aquele que participa dela decentemente. Seguindo o caminho da natureza, não do rancor pessoal, da vingança ou algo parecido. Há uma história interessante sobre um samurai, um guerreiro japonês que tinha o dever de vingar a morte do seu senhor. E de fato, depois de certo tempo, ele encontrou e acuou o assassino. Quando já estava prestes a liquidá-lo com sua espada, o homem acossado, enlouquecido pelo terror, cuspiu na sua cara. E o samurai embainhou a espada e foi embora. Por que ele fez isso? Porque isso o deixou enfurecido. E se ele matasse o homem naquele momento teria sido um ato pessoal. De outra natureza, não o que ele se propôs a fazer.
Essa descoberta que Campbell faz da vida como uma arena de sofrimentos pode parecer uma incoerência com a procura da felicidade como um objetivo de vida, portanto, uma vida sem sofrimentos. Buda vivia cercado de felicidade dentro do palácio do pai, que fazia tudo para ele não ver o sofrimento que havia fora. Mas o tempo leva todos nós em sua viagem de transformações. Por mais que estejamos nos sentindo bem em determinado local, com determinada pessoa, o tempo tudo transforma e o que parecia bom e belo, fica distorcido, contrário ao que esperávamos.
Parece que a felicidade consiste em saber navegar por esse mar de sofrimentos, sabendo onde levar o nosso barco orgânico, que experimenta dores desde o momento que recebe uma palmada na maternidade para respirar o sopro da vida misturado com o grito de dor.
Eu, como capitão do meu destino, estou com o leme do meu barco direcionado para onde o Pai determina, construir a maquete da família universal, a partir da família nuclear, passando pela família ampliada. Tenho comigo as lições que o Mestre Jesus deixou, a bússola comportamental que nos ensina a não sair do caminho do amor. Lembro que ele falou, quando disseram que a mãe e os irmãos lhe procuravam, que a sua mãe e seus irmãos eram aqueles que faziam a vontade do Pai. Isso não quer dizer que ele não amava os parentes sanguíneos, mas que sua vida não estava focada para viver dentro das quatro paredes da família nuclear formada pelos seus pais biológicos, onde ele se incluía.
Na condição de professor, o Mestre deu um salto, pois saiu da família nuclear formada pelos seus pais, mas não formou sua própria família nuclear. Sua missão de ensinar o amor incondicional como forma de construção da família universal e consequentemente do Reino de Deus, não permitia que ele desviasse dessa missão mais universal, capaz de atingir pessoas em qualquer lugar, em qualquer tempo, como me atingiu, 200 séculos depois num país que para aquela gente onde ele estava inserido, nem existia.
Agora, pessoas como eu, que recebem tal missão de construir a família universal a partir da família nuclear, vamos nos deparar com sofrimentos que não atingiram o Cristo. Eu sinto tal sofrimento, de ter criado minha família nuclear e ter ido construir a família ampliada, com novas companheiras, com novos filhos. Mas todos eles que o Pai me apresentou, sintonizados com o modelo da família nuclear, exigem uma presença minha que a família ampliada que estou construindo não permite, e muito menos a família universal que é onde quero chegar.
Vejo assim um desfile de sofrimentos por expectativas perdidas, por frustrações, por minha ausência... Mas o Pai já me preparou logo cedo para essa travessia por esse mar de sofrimentos, no mar revolto das lágrimas dos filhos, que esperam uma presença que eu não posso dar... pois foi por isso que o Pai me deixou nascer através de um pai biológico do qual não lembro da sua face, dos seus carinhos, conselhos, nem dos recursos materiais que poderia ter me ajudado... talvez tenha sido essa a Sua intenção, de fortalecer o meu coração para seguir em frente e fazer a Sua vontade, mesmo que minhas lágrimas de sofrimento por minha missão não compreendida, se junte a tantas lágrimas dos filhos, por que eu fui a causa de trazê-los para este mundo de sofrimentos...
Assistindo o filme “Sete Vidas”, na Netflix, sem ter muita pretensão do que ele podia me trazer, entendi por meio da história que Deus queria mandar para mim, com toda a sutileza que O caracteriza, mais uma mensagem para orientar as minhas ações, assim como um pai cuidadoso faz com seus filhos “deficientes”, que recebem tanto e estão dispostos a fazer tão pouco. Penso assim em função do filme, mas de automático vem a minha memória o que acontece comigo e o meu quarto filho, portador da Síndrome de Asperger, um transtorno psicológico do espectro autista. Vejo o quanto damos para ele, eu e sua mãe, do ponto de vista afetivo, conhecimentos e bens materiais, mas ele pouco se desenvolve socialmente, apesar de nós procurarmos formas de que ele supere suas limitações, que entendemos não ser culpa dele, e sim a culpa pode ser nossa, pais biológicos, de ter transmitido para ele uma falha genética.
Da mesma forma entendo o que Deus faz comigo. Oferece todas as oportunidades que são importantes para o meu desenvolvimento. No entanto, mesmo eu recebendo tais benefícios não apresento o desenvolvimento que Ele espera de mim. Mas, paciente e bondoso, Ele sonda o meu coração e vê que não existem más intenções, que tudo que faço está justificado por algum tipo de ética associada à Sua vontade. Da mesma forma que observo meu filho recebendo meus benefícios e mostrando muita dificuldade em fazer aquilo que eu e sua mãe esperamos, o Pai também observa eu receber os benefícios que Ele me envia e fica pacientemente à espera que eu cumpra o que é esperado.
Assim aconteceu com a mensagem que Ele me enviou através do filme “Sete Vidas”. O protagonista procura fazer o bem dentro da comunidade, além das pessoas que fazem parte do seu círculo biológico, que são parentes de alguma forma. É uma atitude coerente com quem quer construir o Reino de Deus, considerando todos como irmãos e passa a ajudar aqueles com quem tem contato, que observa aspectos meritocráticos em suas ações e que possuem bons corações.
O protagonista usa um cartão de visitas para dizer o que faz e qual a forma de comunicação para a pessoa que sente a necessidade desse engajamento. Percebi logo que esse é um detalhe importante para que eu deixe para as pessoas que eu quero ajudar, dentro das mesmas intenções. Lembro que a pessoa que hoje é o marido da irmã de uma mulher pela qual eu me apaixonei e que me deu provas de uma ética superior, ele trabalha fazendo confecção de cartões de visita e já me presenteou com vários cartões por eu atender profissionalmente sua esposa, como cortesia. Fazer contato com ele para fazer novos cartões para mim, seria uma forma de fortalecer a família ampliada e ao mesmo tempo que abro a possibilidade de favorecer o trabalho com a família universal, como o Pai quer que eu realize.
Assim está ficando o trabalho de confecção deste novo cartão, conforme imagino a sua utilidade neste contexto que o Pai deseja.
FRENTE
Francisco C Rodrigues
Psiquiatra-Professor-Empreendedor
Consultor de Bem-Estar Integral
(84)99983-9228 (mensagens)
rodrigus@ufrnet.br (principal)
rodriguesdmc@gmail.com (opcional)
VERSO
Empresas de Relacionamentos
- DoTerra (Óleos Essenciais) doterra.com/br
- Polishop (Variedades) www.polishop.com.br
- Hinode (Perfumes) www.hinode.com.br
- Alvox (Produtos Evangélicos) www.negocios.com.br
- FortSoul Bortoletto (Chocolates) fortsoulmultinível.com
Consultoria
- Unimed (84-3220-6200 / 99227-7426)
- Particular (84-99232-3108 / 99227-7426 / 99623-4094)
- Cortesia (84-98859-0807 / 98881-7551)
Espiritualidade
- Cristã Global (Ecumenismo de Fundamento Evangélico)
- Escola Igreja Trabalho e Amor (EITA – em construção)
COR – AZUL CELESTE
SIMBOLOGIA