Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/07/2016 00h01
ESCOLA DO EVANGELHO

            Por todos os lugares onde exista a consciência humana, ainda cheia de defeitos e vícios, a difusão e ensino do Evangelho se torna necessário. Quem adquiriu, por mínimo que seja, um pouco dessa luz, não a deve deixar sob a mesa, e sim sobre o telhado, para que ilumine o mais amplo possível.

            Em face disso, surge uma dúvida: de que modo há de vivermos, como pessoa e como apóstolo do Reino de Deus, dentro deste mundo tão dominado pelo egoísmo?

            Na verdade, ninguém pode servir a dois senhores. É absurdo viver ao mesmo tempo para os prazeres condenáveis da Terra e para as virtudes sublimes do Céu. O discípulo do Evangelho tem de servir a Deus, servindo à Sua obra neste mundo. Sabemos que devemos laborar com grande esforço num grande campo, propriedade do nosso Pai, que nos observa com carinho.

            Em qualquer posição que estejamos, em qualquer nível de relacionamento, sempre teremos oportunidade de aplicar o Evangelho, o Amor Incondicional, quer seja na família, no trabalho, no lazer, na comunidade, no templo religioso... podemos perceber que esses diversos cenários estão contaminados, cheios de inimigos, representados pela praga do egoísmo, tal vermes asquerosos, víboras peçonhentas, que empestam a terra e a torna improdutiva.

            É certo que as forças da destruição torcerão pela indiferença e submissão dos filhos de Deus. Mas o filho, de coração fiel ao Pai, se lança ao trabalho com perseverança e boa vontade. Entrará em luta silenciosa com o mal que contamina o meio, sofrer-lhe-á os tormentos com heroísmo espiritual; por amor do Reino que traz no coração, plantará uma flor onde haja um espinho; abrirá um caminho de luz, mesmo que fraca, onde estejam em confusão os parasitas da terra; cavará pacientemente as entranhas das consciências endurecidas e adormecidas com a luz do Evangelho, para que despertem e procurem o caminho da divindade. Seremos monitores do Mestre Jesus na aplicação do Amor Incondicional por onde passarmos, aonde ficarmos.

            Do íntimo desse trabalho brotará sempre um cântico de alegria, porque Deus o ama e segue com atenção. Por isso é preciso ser fiel a Deus, seguindo as lições do Seu filho mais perfeito e abrindo ao redor Escolas do Evangelho. Não importa as dificuldades que surjam, as críticas, as ameaças, até mesmo as doenças que limitam a nossa ação corporal. Enquanto existir um órgão que seja capaz de funcionar em nosso corpo, este deverá estar sempre a serviço do Pai, com alegria, destemor e amor!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/07/2016 às 00h01
 
19/07/2016 22h37
O BEM E A BOLSA

            Quando iniciamos um trabalho evangélico, procurando seguir com firmeza e honestidade as lições do Mestre Jesus. Uma preocupação que sempre surge é com a utilidade do dinheiro, na sua arrecadação e aplicação. O próprio Jesus se preocupou com essa questão, e isso podemos avaliar no seguinte diálogo que se passou entre o Mestre e Judas, no início das pregações sobre o Reino de Deus:

            - Senhor – disse Judas – os vossos planos são justos e preciosos, entretanto, é razoável considerarmos que nada poderemos edificar sem a contribuição de algum dinheiro.

            Jesus contemplou-o serenamente e redarguiu:

            - Será que Deus precisou das riquezas precárias para construir as belezas do mundo? Em mãos que saibam dominá-lo, o dinheiro é um instrumento útil, mas nunca será tudo, porque, acima dos tesouros perecíveis, está o amor com os seus infinitos recursos.

            Em meio da surpresa geral, Jesus, depois de uma pausa, continuou:

            - No entanto, Judas, embora eu não tenha qualquer moeda do mundo, não posso desprezar o primeiro alvitre dos que contribuirão comigo para a edificação do Reino de meu Pai no espírito das criaturas. Põe em prática a tua lembrança, mas tem cuidado com a tentação das posses materiais. Organiza a tua bolsa de cooperação e guarda-a contigo; nunca, porém, procures o que ultrapasse o necessário.

            Ali mesmo, com o pretexto da necessidade de incentivar os movimentos iniciais da grande causa, o filho de Iscariotes fez a primeira coleta entre os discípulos. Todas as possibilidades eram mínimas, mas alguns pobres denários foram recolhidos com interesse. O Mestre observava a execução daquela primeira providência, com um sorriso cheio de apreensões, enquanto Judas guardava cuidadosamente o fruto modesto de sua lembrança material. Em seguida apresentando a Jesus a bolsa minúscula, que se perdia nas dobras da sua túnica, exclamou satisfeito:

            - Senhor, a bolsa é pequenina, mas constitui o primeiro passo para que se possa realizar alguma coisa...

            Jesus fitou-o serenamente e retrucou em tom profético:

            Sim, Judas, a bolsa é pequenina; contudo permita Deus que nunca sucumbas ao seu peso!  

            A preocupação de Jesus com o dinheiro é bastante válida até os nossos dias. Podemos testemunhar isso cotidianamente, pessoas que antes se mostravam de boa índole, que criticavam o mal, a ganância, a usura, quando ficam de posse de algum poder, mudam totalmente a sua forma de pensar e passam a agir criminosamente no intuito de armazenar cada vez mais bem materiais e se perpetuar no poder. Se Judas que estava sempre ao lado de Jesus, que não tinha acesso a grandes fortunas, não conseguiu escapar dessas tentações malévolas, quanto mais nós, pobres humanos modernos, sem uma direção espiritual firme, podendo ter acesso a milhões de dinheiros... estamos muito mais fragilizados que o próprio Judas, e por isso vemos pelo mundo afora a proliferação de tantos traidores das boas intenções.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/07/2016 às 22h37
 
18/07/2016 23h59
DISCÍPULOS DE JESUS

            Depois de suas pregações, falando sobre o Reino de Deus, Jesus chamou os doze companheiros que deveriam ser os intérpretes de suas ações e de seus ensinos. Eles eram os homens mais humildes e simples do lago de Genezaré.

            O reduzido grupo de companheiros do Messias experimentou, a princípio, certas dificuldades para harmonizar-se. Pequeninas discussões geravam a separação entre eles. De vez em quando, o Mestre os surpreendia em discussões inúteis, sobre qual deles seria o maior no Reino de Deus; de outras vezes, desejavam saber qual, dentre todos, revelava sabedoria maior, no campo do Evangelho.

            Iniciando o período de trabalhos ativos pela difusão da nova doutrina, o Mestre reuniu os doze na casa de Simão Pedro e lhes ministrou as primeiras instruções referentes ao grande apostolado.

            Amados, disse Jesus com mansidão, não tomareis o caminho largo por onde anda toda gente, levada pelos interesses fáceis e inferiores; buscareis a estrada escabrosa e estreita do sacrifício pelo bem de todos. Também não entrareis nas discussões estéreis, nas contendas que nada aproveitam às edificações do verdadeiro Reino nos corações com sincero esforço.

            Ide em busca das ovelhas perdidas do nosso Pai, que se encontram em aflição e voluntariamente desterradas do Seu divino amor. Reuni convosco todos os que se encontram de coração angustiado e dizei-lhes, de minha parte, que é chegado o Reino de Deus.

            Trabalhai em cuidar os enfermos, limpar os infectados, ressuscitar os que estão mortos na sombras do crime, das drogas ou das desilusões ingratas do mundo. Esclarecei todos os Espíritos que se encontram em trevas, dando de graça o que de graça vos é concedido.

            Não exibais ouro ou prata em vossas vestimentas, porque o Reino dos Céus reserva os mais belos tesouros para os simples.

            Em qualquer cidade ou aldeia onde entrardes, buscai saber quem deseje aí os bens do Céu, com sinceridade e devotamento a Deus, e reparti as bênçãos do Evangelho com os que sejam dignos, até que vos retireis.

            Quando entrardes em alguma casa, saudai-a com amor.

            Se essa casa merecer as bênçãos de vossa dedicação, desça sobre ela a vossa paz; se, porém, não for digna, torne essa mesma paz aos vossos corações.

            Se ninguém vos receber, nem desejar ouvir as vossas instruções, retirai-vos sacudindo o pó dos vossos pés, isto é, sem conservardes nenhum rancor, e sem vos contaminardes da iniquidade alheia.

            Em verdade vos digo que dia virá em que menos rigor haverá para os grandes pecadores, do que para quantos procuram a Deus com os lábios da falsa crença, sem a sinceridade do coração.

            É por essa razão que vos envio como ovelhas ao antro dos lobos, recomendando-vos a simplicidade das pombas e a prudência das serpentes.

            Nos dias dolorosos da humilhação, não se preocupem como haveis de falar, porque minha palavra estará convosco e sereis inspirados quanto ao que houverdes de dizer.

            Porque não somos nós que falamos; o Espírito amoroso de nosso Pai é que fala em todos nós.

            Quando fordes perseguidos num lugar, vai para outro, porque em verdade vos afirmo que jamais estareis nos caminhos humanos sem que vos acompanhe o meu pensamento.

            Se tendes de sofrer, considerai que eu também vim à Terra para dar o testemunho e não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.

            Se o adversário da luz vai reunir contra mim as tentações e as zombarias, o ridículo e a crueldade, que não fará aos meus discípulos?

            Todavia, sabeis que acima de tudo está o nosso Pai e que, portanto, é preciso não temer, pois um dia toda a verdade será revelada e todo o bem triunfará.

            O que vos ensino em particular, difundi-o publicamente; porque o que agora escutais aos ouvidos será o objeto de vossas pregações de cima do telhado.

            Trabalhai pelo Reino de Deus e não temais os que matam o corpo, mas não podem aniquilar a alma; temei antes os sentimentos malignos que mergulham o corpo e a alma no inferno da consciência.

            Temos que meditar bastante nessas lições do Mestre para podermos caminhar com firmeza no meio de tantas dificuldades. A seara da Praia do Meio é um grande laboratório onde podemos provar a nossa fé e persistência no bem, apesar das decepções e das ingratidões. Deus sempre estará conosco!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/07/2016 às 23h59
 
17/07/2016 23h59
FOLCLORE DO CÉU

            Tinha iniciado há seis anos a leitura do livro “Boa Nova” do espírito Humberto de Campos, através do médium Chico Xavier. Agora, sem procurar, passei a vista nele na estante e resolvi continuar sua leitura. Havia parado no segundo capítulo. Achei melhor 0começar tudo de novo, pois não lembrava do que havia lido, apesar de saber que está armazenado em meu inconsciente.

            Sei que mesmo estando lembrando do conteúdo de um livro que tenhamos lido antes, mesmo assim a nova leitura sempre traz novas reflexões. Foi assim que aconteceu a partir da introdução que tinha o título “Na escola do Evangelho”. Trouxe-me uma nova compreensão das diversas histórias que sempre estão recheando os livros da linha espírita.

            Diz Humberto que nas esferas mais próximas da Terra, o trabalho para aperfeiçoar os sentimentos seguindo o exemplo do Cristo, são minuciosos e extensos. Escolas numerosas se multiplicam para os espíritos desencarnados. Ele diz que se considera um discípulo humilde desses educandários de Jesus, e que reconheceu um tipo de folclore também nesses planos espirituais. Os feitos heroicos e abençoados, muitas vezes anônimos no mundo, praticados por seres desconhecidos, trazem profundas lições com energias para novas forças. Todas as expressões evangélicas, relata, têm aí, sua história viva. Nenhuma delas é símbolo superficial. Inumeráveis observações sobre o Mestre continuadores palpitam nos corações estudiosos e sinceros.

            Dos milhares de episódios desse folclore do Céu, ele diz que conseguiu reunir trinta para trazer ao conhecimento do leitor neste livro. Concorda que é pouco, mas que deve valer como tentativa útil, pois está certo de que não lhe faltou o auxílio indispensável.

            Ele diz uma frase que eu também já absorvi como verdade: “Hoje, não mais cogito de crer, porque sei.” Ele confessa que aquele Mestre de Nazaré, polariza suas esperanças. Uma vez, palestrando com amigos protestantes, ele notou que classificavam Jesus como a “rocha dos séculos”. Sorriu e passou sem dar importância, como os pretensos espíritos fortes de sua época. Porém hoje já não pode sorrir nem passar indiferente, sente nEle a “rocha” milenária, luminosa e sublime, que sustenta a todos que estão atolados no pântano de misérias seculares. Então, ele vem neste livro, prestar o preito de reconhecimento, cooperando com aqueles que trabalham devotadamente na Sua causa divina, de luz e redenção.

            Jesus ver que no vaso imundo do meu Espírito, confessa ele, penetrou uma gota do seu amor, desvelado e compassivo. O homem perverso, que chegava da Terra, encontrou o raio de luz destinado à purificação do seu santuário. E acrescenta ainda, que Ele ampara os seus pensamentos com bondade sem limite. A ganga terrena que ainda abafa no seu coração, o ouro que o Mestre deu com sua misericórdia, mas como Bartolomeu, já possui o bom ânimo para enfrentar os inimigos da sua paz, que se abrigam dentro dele mesmo.

            Reconhece que o amor do Cristo o alegra e ampara, confiando nessa proteção, trabalha e descansa.

            Também Humberto cita uma frase dele mesmo que achei muito interessante e que talvez eu caminhe para ela: “Existem Espíritos esclarecidos e Espíritos evangelizados, e eu, agora, peço a Deus que abençoe a minha esperança de pertencer ao número destes últimos”.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/07/2016 às 23h59
 
16/07/2016 23h59
DIÁLOGO COM A FÉ

            Conheci duas pessoas que praticam a fé procurando entender o pensamento e seguir o comportamento de São Francisco e Santa Clara. Procurei fazer a elas perguntas que sempre estão em minha mente. Não gravei, por isso não posso reproduzir aqui na integridade, mas procurarei passar para este texto com o máximo de verossimilhança o que se passou no diálogo que se formou entre mim e elas, pedindo desculpas antecipadas pelas falhas cognitivas e amnésicas que meus pensamentos tenham deixado passar, inclusive colocando informações que não tive a lucidez de colocar naquele momento. Elas fizeram um comentário sobre a espiritualidade franciscana e tive a oportunidade de começar:

            - Que vocês entendem por espiritualidade franciscana?

            - O que se passou com São Francisco na Idade Média, sua vida de filho de homem rico, suas orgias na cidade, sua participação na guerra, sua conversão, o acolhimento de pessoas que passaram a seguir os seus passos, a criação da ordem a partir da permissão do Papa da época, Inocêncio III, e as instituições que existem a partir daí e das quais fazemos parte.

            - Sim, vocês colocaram um registro histórico do que aconteceu com São Francisco, mas a espiritualidade? Acredito que ela passou a existir a partir da voz que ele ouviu sem saber de quem ou de onde vinha e que mandava reconstruir a Igreja. Ele inicialmente pensava que era a Igreja de São Damião, o Santo que se dedicara ao cuidado de doentes, inclusive os leprosos, e por isso adquiriu a doença morrendo precocemente.  Mas ele veio a entender que Deus queria de si, que ele seguisse os passos do Mestre Jesus, o que ele fez elegendo a Pobreza e a Humildade como objetivo de vida, divulgando com integridade a mensagem do Evangelho. Mas esse comportamento dele, como vocês e os padres tentam reproduzir, inclusive com a abstinência sexual, que impede a formação de novos seres, vai conseguir construir o Reino de Deus como Jesus ensinou que deveríamos fazer?

            - Para construir o Reino de Deus é preciso que tenhamos uma vida digna, cheia de amor e justiça, que possamos ajudar nossos irmãos, tanto com a sobrevivência corporal quanto com a educação do Espírito. Por isso atuamos nas escolas como professoras, vamos as residências e àqueles que moram na rua, levando a palavra de Deus através do Evangelho e a alimentação através da sopa, do pão, as vezes com risco de nossas próprias vidas...

            - Ótimo, vocês reproduzem o que São Francisco começou a fazer ajudando aos pobres e doentes, do corpo e da alma. Mas, quanto o Reino de Deus, estão construindo? Como fazer, se isso implica nas relações sexuais para garantir a perpetuação da espécie e São Francisco não queria nem olhar para as mulheres para não despertar em si os desejos eróticos?

            - Quando nós fazemos o bem, ajudando a construir famílias mais saudáveis, estamos ajudando a construir o Reino de Deus.

            - Este é outro ponto que levanto dúvidas. Esta família nuclear que está sendo construída, que a igreja referenda através do casamento, é capaz de construir o Reino de Deus? Se ela em si mesmo é tão cheia de egoísmo, ciúmes; que privilegia os seus membros em detrimento do próximo...  

            Senti que o diálogo estava entrando num aprofundamento desejável, mas que era impeditivo devido ao tempo e ao objetivo que elas tinham naquele momento. Interrompemos com educação a conversa e cada vez mais sinto que a missão que Deus colocou em minha consciência, não vai de encontro a fé de São Francisco e de quem acompanha “ipsis litteris” os seus passos, mas que deve se desenvolver em novo patamar, sobre os alicerces evangélicos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/07/2016 às 23h59
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