Quando conhecemos a doutrina cristã e procuramos seguir as lições evangélicas, iremos perceber que temos a responsabilidade de não nos envolvermos mais pela ira, pela cólera contra alguém, pois se isso acontece iremos ficar muito distante da paz. Se ficarmos envolvidos pela ira, e reconhecermos que isso é errado, iremos necessitar de muito esforço para nos livrar de tal malefício, e mesmo assim, a cólera sendo obrigada a sair, ainda deixa em nossa alma os seus miasmas. Portanto, o importante é não nos deixarmos envolver pela ira, e para isso devemos aprender a tolerar, a compreender e a perdoar, antes da ira se instalar.
Fiquemos atentos, pois, após todo o esforço para nos livrar da ira, quando pensamos que já estamos livres da raiva, pode surgir os atos de maledicência, de dizer o que o outro fez de mal, difamar, murmurar, falar contra, caluniar... para que isso serve? Para nada! Observemos o que está escrito em Tiago (4:11-12) – Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. Há só um legislador que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julga a outrem?
Quando estamos “matriculados” na Escola do Evangelho, deveremos estar disponíveis para os testes e exames que é feito em qualquer escola. Paciência é um item importante de avaliação. Devemos entender que tudo tem o seu tempo, que tudo vem a seu tempo necessário, para crescer, brotar, florescer. Devemos respeitar o fluxo do tempo e esperar o tempo certo para plantar, colher, agir... para seguir e aprender. Devemos ter cuidado com as motivações que surgem em nossa consciência, provocando o impulso de reclamar, de cumprir como uma missão, imposição, obrigação ou exigências da profissão.
A Terra, planeta classificado como de provas e expiação, foi para onde viemos, certamente com um desses objetivos, ou ambos. A “prova” examina, experimentando o grau de preparação do aluno, lembra escolaridade, onde o aprendiz estuda e se prepara para a vida. A “expiação” ensina, com rigor, a lição desperdiçada na inutilidade ou no vício. Solicita enfermagem, pois o doente se reeduca e se prepara para uma nova vida.
Fiquemos atentos, onde estamos inseridos: na escola fazendo as provas necessárias para aferir o conhecimento evangélico adquirido e capaz de ser submetido com sucesso na prática; ou no hospital onde iremos pagar pela expiação os erros cometidos, contra nós ou contra o próximo.
Nos exames iremos ser testados quanto a paciência que adquirimos, da produtividade espiritual que conseguimos atingir; iremos ser testados quanto a humildade e tolerância, examinando a prática do amor; iremos ser testados quanto à bondade, examinando a prática da vigilância, não que seja da vida dos outros, e sim a nossa; iremos ser testados quanto a compreensão do Evangelho, examinando a palavra que é escrita ou falada.
Não podemos esquecer que o Evangelho nos possibilitou a ver uma luz que vem do alto, e a cólera, a intriga, a incompreensão, e todas as tentações que afligem a humanidade, afligem com muito mais força a nós, estudantes do Evangelho, pois tendem a impedir a percepção dessa luz divina.
Lembrar que a cólera conduz ao manicômio, a intriga leva à guerra, e a incompreensão provoca o crime. Nós, cristãos, somos uma espécie de lâmpada primitiva, onde a luz que emitimos na forma de oração, fé, emancipação e confiança, está sendo possível porque usamos no bojo da nossa alma o combustível da renúncia, perdão e abnegação.
Ao vir à luz material neste planeta de provas e expiações, eu deveria saber que iria encontrar com facilidade o sofrimento por onde eu andasse. Mesmo porque eu não iria me comportar como um boi dentro de uma manada, seguindo os pensamentos e ações da maioria, sem crítica, sem contestações daquilo que eu considerasse incorreto, para mim ou para os outros.
Assim aconteceu. Atravessei a infância, meninice, adolescência até chegar à idade adulta, me sentindo um “estranho no ninho”. Apesar de considerar tão bela esta natureza deste planeta azul, a natureza dos meus irmãos em espécie destoava muito da minha e me causava grandes impactos emocionais. Mesmo estando na companhia de tantas pessoas como gosto de estar, de interagir, de brincar, de comer, mesmo assim eu percebia que não devia colocar minha forma de pensar, pois isso traria sobre mim muito preconceito, desconfiança e até rechaço. Ficava calado... pra que conversar, a não ser futilidades?
Assim seguia minha vida achando por um lado bom, quando explodia no meu peito alguma paixão e toda minha alma se voltava para a figura amada. Mas logo que esse encantamento passava, voltava a prevalecer a minha forma de pensar que entrava em conflito com o pensamento de minha companheira, e daí para a minha expulsão do seu convívio era apenas um passo.
Passei a me adaptar com essa situação e já ficava preparado a mais dia, menos dia, ser expulso da presença daquela pessoa que num determinado momento me dedicava tanto bem. Era até paradoxal, pois mesmo eu percebendo que ela ainda tinha grande afeto por mim, não vacilava em me expulsar da sua frente quando se achava exageradamente ofendida. Eu compreendia a razão de cada uma delas e a ninguém eu culpava por esse acontecimento e me preparei para viver na solidão, procurei ser amigo dela, e até deslocar os meus sentimentos afetivos para ela, pois sabia que ela nunca iria me abandonar.
Porém a sensação de que eu era único no mundo veio ser aliviada quando eu soube da existência de Jesus que esteve conosco há 2 mil anos. Também Ele tinha uma forma diferente de pensar, não quero dizer que seja igual a minha, mas ninguém com quem Ele se relacionou pensava como Ele. Mesmo entendendo que Seu raciocínio era muito correto e coerente, mesmo assim não chegava a sintonizar com o Mestre na dimensão que seria o esperado.
A passagem da Sua vida que mais me emocionou e me colocou nas atitudes bem próximo dEle, foi quando ele já estava prevendo a sua prisão, suplício e morte sob tortura na cruz. Se eu estivesse no lugar dEle, também estaria muito ansioso e podia até suar sangue como aconteceu com Ele. Gostaria de ter alguém ao meu lado, que me entendesse, que partilhasse comigo os motivos de tais acontecimentos. Mas isso não aconteceu com Ele. Apesar de toda a aura divina que emergia dEle e influenciava quem estava próximo, os discípulos, que eram as pessoas mais íntimas do Mestre, estavam dormindo nesse momento tão trágico, mesmo o Mestre tendo pedido que eles ficassem acordado, que lhe fizessem companhia.
É este momento que ficou gravado na minha alma. O Mestre sozinho, angustiado ao extremo, orando ao Pai com muita humildade e até tocado de alguma forma de medo, pedindo para aquele cálice de tortura ser afastado, que Ele iria sofrer muito, mas se essa era realmente a vontade do Pai Ele estaria disposto a cumprir. Jesus já sentia antecipadamente o que logo iria se realizar. A prisão, a humilhação, ser esbofeteado sem nenhuma justificação, cuspido, desmentido, ironizado, ter suas roupas rasgadas, sua pele lacerada pelo chicote de ponta de aço, uma coroa de espinhos na cabeça suarenta que se tornou sanguinolenta, os pregos lhe fixando no madeiro da cruz...
Tudo isso se desenrolava na mente do Mestre, enquanto Ele orava ao Pai e seus amigos, discípulos... dormiam! O Mestre estava sozinho, estava na solidão dos seus pensamentos, de suas ações. Tanto amigos, tantas pessoas beneficiadas, que foram curadas de cegueiras, de aleijões, de possessões... mas não tinha ninguém ao seu lado neste momento e logo Ele iria verificar que também estaria sozinho naquelas vielas de Jerusalém carregando o pesado tronco na costas.
Quando costumo conversar com o Mestre, eu tento algumas vezes consolar à sua solidão ao invés de pedir para Ele consolar a minha, pois reconheço que a dEle foi muito maior no passado do que a minha é hoje. Sei que Ele continua conosco, somente não o vemos materialmente pois ele está na dimensão espiritual. Sei que Ele não tem tanta solidão agora como antes, pois já existem pessoas como eu, que entende o que Ele queria dizer e procura colocar as suas lições em prática.
Talvez agora eu esteja ganhando do Mestre neste item solidão. Cada vez mais eu vejo pessoas que compreendem melhor o Mestre e procuram praticar o que Ele ensinou, mas eu continuo a não encontrar ninguém que pense como eu. Pelo menos eu sei que o Mestre me entende e me atenua a solidão.
“Há só um Legislador e um Juiz que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem? – (Tiago, 4:12)
Deveria existir, por parte do homem, grande cautela em emitir opiniões relativamente à incorreção alheia.
Um perecer inconsciente ou leviano pode gerar desastres muito maiores que o erro dos outros, convertido em objeto de exame.
Naturalmente existem determinadas responsabilidades que exigem observações acuradas e pacientes daqueles a quem foram conferidas. Um administrador necessita analisar os elementos de composição humana que lhe integram a máquina de serviços.
Um magistrado, pago pelas economias do povo, é obrigado a examinar os problemas da paz ou da saúde sociais, deliberando com serenidade e justiça na defesa do bem coletivo.
Entretanto, importa compreender que homens como esses, entendendo a extensão e delicadeza dos seus encargos espirituais, muito sofrem, quando compelidos ao serviço de regeneração das peças vivas, desviadas ou enfermiças, encaminhadas à sua responsabilidade.
Na estrada comum, no entanto, verifica-se grande excesso de pessoas viciadas na precipitação e na leviandade.
Cremos seja útil a cada discípulo, quando assediado pelas considerações insensatas, lembrar que o papel exato que está representando no campo da vida presente, interrogando a si próprio, antes de responder às indagações tentadoras: “Será este assunto de meu interesse? Quem sou? Estarei de fato em condições de julgar alguém?
Adaptado de Caminho, Verdade e Vida (Emanuel)
ATA DA ÚLTIMA REUNIÃO DO MÊS
Em 15-04-18, as 19h, na Praça Maria Cerzideira, foi iniciada mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz, com a presença das seguintes pessoas: 01. Paulo; 02. Francisco Mano; 03. Genilson; 04. Nivaldo; 05. Anilton; 06. Edinólia; 07. Francisco Rodrigues; 08. Juliano; 09. Balaio; 10. Alcenir; e 11. Cláudia. Após os 30 minutos iniciais de conversa livre, foi feita a leitura da reflexão evangélica, “O Cego de Jericó” seguida da leitura da Ata que foi aprovada por todos na íntegra. Paulo informa que o processo do CNPJ já foi encaminhado para a Receita Federal, nos últimos requisitos para a liberação. Francisco Rodrigues informa que fez contato com o Dr. Tiago, preceptor dos médicos residentes que fazem a assistência médica na comunidade, e que por motivos de problemas na família ele não poderá comparecer, como foi combinado. Ficou acordada a sua vinda para a próxima reunião, dia 09-05-18. Balaio informou que a organização do campeonato de Surf que irá acontecer na Praia dos Artistas está bem encaminhado, mostrou o cartaz de divulgação com o nome dos patrocinadores constando o nome da AMA-PM e que virá com alguns atletas do bairro na próxima reunião da segunda quarta feira do mês para apresentação oficial do projeto. Nivaldo registrou o trabalho que está fazendo junto com Paulo e diversos moradores na revitalização da Praça Maria Cerzideira com vistas à Copa do Mundo e que será feito contato com Carcará, pintor, para ver uma proposta para a praça. Informa também que a sobrinha de Silvana, Maria Gadelha, virá na próxima reunião e doará 10 cestas básicas para moradores carentes da comunidade. Anilton se comprometeu com a doação de 5 sacos de cimento para o trabalho na Praça. Foi sugerido a organização de um bingo com feijoada para o levantamento de recursos. Cláudia, que está vindo pela primeira vez à reunião, se colocou à disposição para colaborar com a AMA-PM na sua área, promotora de eventos. Ás 20h30 a reunião foi encerrada, Anilton fez a oração ao Pai, todos posamos para a foto oficial e degustamos chá com biscoitos.
Nunca estarei só... pelo menos terei a companhia da solidão. Basta fazer amizade com ela. Vou ver que ela não é aquele monstro que alguns pintam. Só porque provoca lágrimas quando ela conversa comigo? Porque lembra dos amores que escaparam por entre meus dedos? Porque espanta de mim a felicidade, tem ciúme dela comigo? Porque sinto vergonha algumas vezes quando caminho pelas ruas, pelos shoppings, pelos cinemas, pela cidade na companhia dela?
Não, preciso ser amigo dela. É ela que senta comigo nos bancos das praças. É ela que vai comigo comprar pipocas. É ela que dá valor ao amor que tenho e que ninguém dar importância, que menospreza. É ela que parece me amar como ninguém me amou antes. Ela dá valor ao amor que eu tenho. Ela não foge de mim por eu pensar diferente, por eu amar diferente. Ela não foge do meu amor.
Quando eu vim do meu interior para servir às Forças Armadas, era a solidão a minha companheira. Foi ela que entrou comigo no quartel, que experimentou comigo a primeira farda. Era ela que entrava comigo na igreja, sentava ao meu lado nos bancos e orava junto comigo. Nem se importava de um lado ser masculino e do outro feminino. Ela fazia questão de ficar ao meu lado.
Sei que ela sentia ciúmes quando eu trocava alguns olhares, alguns flertes com algumas garotas. Lembrava pra mim o quanto já estávamos juntos, desde criança, quando eu ia para o mar me banhar, quando ia para o mato pegar passarinhos, quando ia para a escola, quando ia dormir, quando eu ficava entre o riso e a dor lembrando da minha timidez que não deixava eu me aproximar de ninguém.
É ela que deita comigo na rede e divide o travesseiro na cama; que lê meus livros e escuta minhas músicas, cheia de paixão como eu. É ela que traz paz ao meu coração tumultuado, evita o tumulto na minha mente, navega nos meus sonhos, aconselha os meus projetos.
Aprendi a amar minha solidão. Agora, não sei viver sem ela, minha amiga, minha amada!
Ao ouvir a música nostálgica de Charles Aznavour cantando com suas netas, “Eu tinha 20 anos”, fiquei contaminado pela nostalgia e também fiz a pergunta que o trio cantava... onde andam meus 20 anos?
Procurei nos meus arquivos de memória e fiquei surpreso, há quanto tempo eu não vinha por aqui... onde estão os meus 20 anos?
Olhei para um lado, para outro, não encontrava. Não tinha certeza. Também não queria ir na caixa de meus documentos, seria uma declaração de impotência cognitiva. Eu devo ter guardado em algum escaninho da mente os meus 20 anos.
Será que eu estava na Marinha de Guerra do Brasil, servindo como marinheiro, assustado com um mundo novo que se descortinava para mim, belo, diversificado e ao mesmo tempo atemorizador? Procurava Deus nas estrelas como o Pai que eu nunca tive ao meu lado; procurava um amor romântico nas praças, como aqueles que eu lia nos gibis, nos contos de fadas.
Sei que eu era tímido, não sabia nem falar com Deus nas minha orações, quanto mais conversar com uma garota que despertasse o meu coração.
Nos meus 20 anos eu não sabia mais brincar como antes fazia, construindo castelos com tampas de garrafas; não sabia que eu estava dentro da correnteza do tempo, que logo eu perderia as memórias dessa época, da mesma forma que eu perdia as chances de realizar os meus sonhos.
Lembro que a menina com quem eu sonhava na adolescência, que nunca cheguei perto para trocar nenhuma palavra, quanto mais um sorriso, um olhar, ela continuava, nos meus 20 anos, a dominar os meus pensamentos de forma obsessiva, porém inacessível. Era um sonho que estava acima da minha capacidade de agir.
Confiava no futuro que um dia iria chegar, que traria meus sonhos, mas já não sou como fui, não encontro o que eu tinha, não pensei que o tempo levaria o que na hora eu não pudesse pegar... não consegui viver nos meus 20 anos o que eu sei hoje que poderia fazer... não soube viver.
Agora sei porque não encontro os meus 20 anos, não foram vividos; foram anos de expectativas que chegasse o dia de hoje, que eu teria tudo o que desejava... mas como? Agora interrogo, se eu não conseguia pegar a vida que o tempo corrente me oferecia. Não considerei que meus dias eram aqueles que corriam com o tempo.
Fiz tantos projetos, criei tantos sonhos, alimentei tantas esperanças, ficaram tudo nas margens do tempo que me levou de roldão. Ignorei que o passado é que constrói o futuro e se perdi o meu tempo, perdi também minhas asas. Permaneço perdido sem saber para onde ir, procuro o céu que o Pai me prometeu, mas meu coração, pesado, não consegue sair do chão.
Ao rio do tempo se somam agora as minhas lágrimas de desamparo. Saudade de um tempo que escapou entre meus dedos, que esfumaçou os meus sonhos. Os meus amores morreram sem existir, sem saber que eu amava tanto; meus amigos partiram e não mais voltarão, por minha culpa criei o vazio em torno de mim, e o tempo com ironia, pintou rugas em minha face.
Sim, lembro de algo dos meus 20 anos... o sorriso, os sonhos, os desejos... onde estão agora? O sorriso congelou, os sonhos evaporaram, os desejos... desejos? Só sobrou um: de voltar os meus 20 anos!