O Brasil passa a contar com 29 práticas integrativas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso somos o país líder na oferta dessa modalidade na atenção básica. Essas práticas são investimentos em prevenção à saúde para evitar que as pessoas fiquem doentes em vez de cuidar apenas de quem fica doente.
Em 2006, quando foi criada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) eram ofertados apenas cinco procedimentos:
Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura – tem a teoria do yin-yang e a teoria dos cinco elementos como bases fundamentais para avaliar o estado energético e o orgânico do indivíduo, na inter-relação harmônica entre as partes, visando tratar quaisquer desequilíbrios em sua integralidade. Utiliza como procedimentos diagnósticos, na anamnese integrativa, palpação do pulso, inspeção da língua e da face, entre outros. Como procedimentos terapêuticos, acupuntura, ventosaterapia, moxabustão, plantas medicinais, práticas corporais e mentais, dietoterapia chinesa. A acupuntura estimula pontos espalhados por todo o corpo ao longo dos meridianos por meio de inserção de finas agulhas filiformes metálicas, visando a promoção, manutenção e recuperação da saúde, bem como a prevenção de agravos e doenças. É um dos tratamentos mais antigos do mundo e pode ser de uso isolado ou integrado com outros recursos terapêuticos. A auriculoterapia promove a regulação psíquico-orgânica do indivíduo por meio de estímulos nos pontos energéticos localizados na orelha – onde todo o organismo encontra-se representado como um microssistema.
Fitoterapia/Plantas Medicinais – contemplam espécies vegetais, cultivadas ou não, administradas por qualquer via ou forma, que exercem ação terapêutica e devem ser utilizadas de forma racional, pela possibilidade de apresentar interações, efeitos adversos, contraindicações. Não tem a utilização de substâncias ativas isoladas ainda que de origem vegetal. A fitoterapia é uma terapia integrativa que vem crescendo notadamente neste começo de século XXI, voltada para a promoção, proteção e recuperação da saúde, tendo sido institucionalizada no SUS por meio da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF).
Homeopatia – é uma abordagem terapêutica de caráter holístico e vitalista que vê a pessoa como um todo, não em partes, e cujo método terapêutico envolve três princípios fundamentais: a lei dos semelhantes; a experimentação no homem sadio; e o uso da ultra diluição de medicamentos. Envolve tratamentos com base em sintomas específicos de cada e utiliza substâncias altamente diluídas que buscam desencadear o sistema da cura natural do corpo. Os medicamentos homeopáticos da farmacopeia homeopática brasileira estão incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename).
Termalismo/Crenoterapia – consiste no uso de água com propriedades físicas, térmicas, radioativas e outras – e eventualmente submetida a ações hidromecânicas – como agente em tratamentos de saúde. A eficiência do termalismo no tratamento de saúde está associada à composição química da água (que pode ser classificada como sulfurada, radioativa, bicarbonatada, ferruginosa, etc.), à forma de aplicação (banho, sauna etc.) e à sua temperatura. O recurso à água como agente terapêutico remonta aos povos que habitam nas cavernas, que o adotavam depois de observarem o que faziam os animais feridos.
Medicina antroposófica – abordagem terapêutica integral com base na antroposofia, que integra as teorias e práticas da medicina moderna com conceitos específicos antroposóficos, os quais avaliam o ser humano a partir da trimembração, quadrimembração e biografia, oferecendo cuidados e recursos terapêuticos específicos. Atua de maneira integrativa e utiliza diversos recursos terapêuticos para a recuperação ou manutenção da saúde, conciliando medicamentos e terapias convencionais com outros específicos de sua abordagem, como aplicações externas, banhos terapêuticos, terapias físicas, arteterapia, aconselhamento biográfico, quirofonética. Fundamenta-se em um entendimento espiritual-científico do ser humano que considera bem-estar e doença como eventos ligados ao corpo, mente e espírito do indivíduo, realizando abordagem holística (“salutogênesis”) com foco em fatores que sustentam a saúde por meio de reforço da fisiologia do paciente e da individualidade, ao invés de apenas tratar os fatores que causam a doença.
Após 10 anos, em 2017, foram incorporadas 14 atividades chegando as 19 práticas disponíveis à população:
Ayurveda – de origem indiana, é considerada uma das mais antigas abordagens de cuidado do mundo e significa Ciência ou Conhecimento da Vida. Nascida da observação, experiência e o uso de recursos naturais para desenvolver um sistema único de cuidado, este conhecimento estruturado agrega em si mesmo princípios relativos à saúde do corpo físico, de forma a não desvinculá-los e considerando os campos energético, mental e espiritual. Reconhece o corpo humano como composto por cinco elementos: éter, água, fogo, ar e terra. Quando em desequilíbrio podem induzir o surgimento de doenças. A avaliação dos doshas leva em consideração tecidos corporais afetados, humores, local em que a doença está localizada, resistência e vitalidade, rotina diária, hábitos alimentares, gravidade das condições clínicas, condição de digestão, detalhes pessoais, sociais, situação econômica e ambiental da pessoa. Os tratamentos consideram a singularidade de cada pessoa, e utilizam técnicas de relaxamento, massagens, plantas medicinais, minerais, posturas corporais (ásanas), pranayamas (técnicas respiratórias), mudras (posições e exercícios) e cuidados dietéticos. O indivíduo saudável é aquele que tem os doshas (humores) em equilíbrio, os dhatus (tecidos) com nutrição adequada, os malas (excreções) eliminados adequadamente, e apresenta uma alegria e satisfação na mente e espírito.
Arteterapia – prática expressiva artística, visual, que atua como elemento terapêutico na análise do consciente e do inconsciente e busca interligar os universos internos e externo do indivíduo por meio da sua simbologia, favorecendo a saúde física e mental. Utiliza instrumentos como pintura, colagem, modelagem, poesia, dança, fotografia, tecelagem, expressão corporal, teatro, sons, músicas ou criação de personagens, usando a arte como uma forma de comunicação entre profissional e paciente, em processo terapêutico individual ou de grupo, numa produção artística em favor da saúde.
Biodança – prática expressiva corporal que promove vivências integradas por meio da música, do canto, da dança e de atividades em grupo, visando restabelecer o equilíbrio afetivo e a renovação orgânica necessários ao desenvolvimento humano. Utiliza exercícios e músicas organizados que trabalha a coordenação e o equilíbrio físico e emocional por meio dos movimentos da dança, a fim de induzir experiências de integração, aumentar a resistência ao estresse, promover a renovação orgânica e melhorar a comunicação e o relacionamento interpessoal.
Dança circular – prática expressiva corporal, ancestral e profunda, geralmente realizada em grupos, que utiliza a dança de roda – tradicional e contemporânea -, o canto e o ritmo para favorecer a aprendizagem e a interconexão harmoniosa e promover a integração humana, o auxílio mútuo e a igualdade visando o bem-estar físico, mental, emocional e social. As pessoas dançam juntas, em círculos, acompanhando com cantos e movimentos de mãos e braços, aos poucos internalizando os movimentos, liberando mente e coração, corpo e espírito. Inspirada em culturas tradicionais de várias partes do mundo, com o acréscimo de novas coreografias e ritmos, melodia e movimentos delicados e profundos. Estimula os integrantes da roda a respeitar, aceitar e honrar as diversidades.
Meditação – prática mental individual milenar, descrita por diferentes culturas tradicionais, que consiste em treinar a focalização da atenção de modo não analítico ou discriminativo, a diminuição do pensamento repetitivo e a reorientação cognitiva, promovendo alterações favoráveis ao humor e melhora no desempenho cognitivo, além de proporcionar maior integração entre mente, corpo e mundo exterior. Amplia a capacidade de observação, atenção, concentração e a regulação do corpo-mente-emoções; desenvolve habilidades para lidar com os pensamentos e observar os conteúdos que emergem à consciência; facilita o processo de autoconhecimento, autocuidado e autotransformação; e aprimora as inter-relações – pessoal, social, ambiental – incorporando a promoção da saúde à sua eficiência.
Musicoterapia – prática expressiva integrativa conduzida em grupo ou de forma individualizada, que utiliza a música e/ou seus elementos – som, ritmo, melodia e harmonia – num processo facilitador e promotor da comunicação, da relação, da aprendizagem, da mobilização, da expressão, da organização, entre outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de atender necessidades físicas, emocionais, mentais, espirituais, sociais e cognitivas do indivíduo ou do grupo.
Naturopatia – adota visão ampliada e multidimensional do processo vida-saúde-doença e utiliza um conjunto de métodos e recursos naturais no cuidado e na atenção à saúde.
Osteopatia – adota uma abordagem integral no cuidado em saúde e utiliza várias técnicas manuais para auxiliar no tratamento de doenças, entre elas a da manipulação do sistema musculoesquelético (ossos, músculos e articulações) do stretching (alongamento), dos tratamentos para a disfunção da articulação têmporo-mandibular (ATM) e da mobilidade para vísceras.
Quiropraxia – para tratamento e prevenção das disfunções mecânicas do sistema neuromusculoesquelético e seus efeitos na função normal do sistema nervoso e na saúde geral. Enfatiza o tratamento manual, como a terapia de tecidos moles e a manipulação articular ou “ajustamento”, que conduz ajustes na coluna vertebral e outras partes do corpo, visando a correção de problemas posturais, o alívio da dor e favorecendo capacidade natural do organismo de auto cura.
Reflexoterapia – utiliza estímulos em áreas reflexas – os microssistemas e pontos reflexos do corpo existentes nos pés, mãos e orelhas – para auxiliar na eliminação de toxinas, na sedação da dor e no relaxamento. Parte do princípio que o corpo se encontra atravessado por meridianos que o dividem em diferentes regiões, as quais têm o seu reflexo, principalmente nos pés ou nas mãos, e permitem, quando massageados, a reativação da homeostase e do equilíbrio nas regiões com algum tipo de bloqueio. Também recebe as denominações de reflexologia ou terapia reflexa por trabalhar com os microssistemas, áreas específicas do corpo (pés, mãos, orelhas) que se conectam energeticamente e representam o organismo em sua totalidade.
Reiki – utiliza a imposição das mãos para canalização da energia vital visando promover o equilíbrio energético necessário ao bem-estar físico e mental. Busca fortalecer os locais onde se encontram bloqueios (nós energéticos) eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular, e restabelecendo o fluxo de energia vital (QI). Responde perfeitamente aos novos paradigmas de atenção em saúde, que incluem dimensões da consciência, do corpo e das emoções.
Shantala – consiste na manipulação (massagem) para bebês e crianças pelos pais, composta por uma série de movimentos que favorecem o vínculo entre estes e proporcionam uma série de benefícios decorrentes do alongamento dos membros e da ativação da circulação. Além disso, promove a saúde integral; harmoniza e equilibra os sistemas imunológico, respiratório, digestivo, circulatório e linfático; estimula as articulações e a musculatura; auxilia significativamente o desenvolvimento motor; facilita movimentos como rolar, sentar, engatinhar e andar; reforça vínculos afetivos, cooperação, confiança, criatividade, segurança, equilíbrio físico e emocional.
Terapia Comunitária Integrativa – atua em espaço aberto e envolve os membros da comunidade numa atividade de construção de redes sociais solidárias para promoção da vida e mobilização dos recursos e competências dos indivíduos, famílias e comunidades. Nela, o saber produzido pela experiência da vida de cada um e o conhecimento tradicional são elementos fundamentais na construção de laços sociais, apoio emocional, troca de experiências e diminuição do isolamento social.
Yoga – prática corporal e mental de origem oriental utilizada como técnica para controlar corpo e mente, associada à meditação. Apresenta técnicas específicas, como hatha-yoga, mantra-yoga, laya-yoga, que se referem a tradições especializadas, e trabalha os aspectos físico, mental, emocional, energético e espiritual do praticante com vistas à unificação do ser humano em si e por si mesmo. Entre os principais benefícios obtidos por meio da prática do yoga estão a redução do estresse, a regulação do sistema nervoso e respiratório, o equilíbrio do sono, o aumento da vitalidade psicofísica, o equilíbrio da produção hormonal, o fortalecimento do sistema imunológico, o aumento da capacidade de concentração e de criatividade e a promoção da reeducação mental com consequente melhoria dos quadros de humor, o que reverbera na qualidade de vida dos praticantes.
Neste ano, 2018, foram incluídas mais dez novas práticas:
Apiterapia – método que utiliza produtos produzidos pelas abelhas nas colmeias como a apitoxina, geléia real, pólen, própolis, mel e outros.
Aromaterapia – prática terapêutica secular que utiliza as propriedades dos óleos essenciais, concentrados voláteis extraídos de vegetais, para recuperar o equilíbrio e a harmonia do organismo visando a promoção da saúde física e mental, ao bem-estar e a higiene. Com amplo uso individual e/ou coletivo, pode ser associada a outras práticas.
Bioenergética – visão diagnóstica aliada à compreensão do sofrimento/adoecimento, adota a psicoterapia corporal e exercícios terapêuticos. Ajuda a liberar as tensões do corpo e facilita a expressão de sentimentos.
Constelação Familiar – técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou membros da família.
Cromoterapia – utiliza as cores nos tratamentos das doenças com o objetivo de harmonizar o corpo.
Geoterapia – uso da argila com água que pode ser aplicada no corpo. Usado em ferimentos, cicatrização, lesões, doenças osteomusculares.
Hipnoterapia – conjunto de técnicas que pelo relaxamento, concentração induz a pessoa a alcançar um estado de consciência aumentado que permite alterar comportamentos indesejados ou evitar percepções dolorosas.
Imposição de mãos – cura pela imposição das mãos próximo ao corpo da pessoa para transferência de energia para o paciente. Promove bem estar, diminui estresse e ansiedade.
Ozonioterapia – mistura dos gases oxigênio e ozônio por diversas vias de administração com finalidade terapêutica e promove melhoria de diversas doenças. Usado na neurologia, odontologia e oncologia.
Terapia de Florais – uso de essências florais que modifica certos estados vibratórios. Auxilia no equilíbrio de harmonização do indivíduo.
As terapias estão presentes em 9.350 estabelecimentos em 3.173 municípios, sendo que 88% são oferecidos na Atenção Básica. Em 2017, foram registrados 1,4 milhão de atendimentos individuais em práticas integrativas e complementares. Atualmente, a acupuntura é a mais difundida com 707 mil atendimentos e 277 mil consultas individuais.
Este é um grande espaço de atividades que envolve principalmente a prevenção de doenças. É importante, pois poderemos ver a partir daí as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) com uma demanda de pessoas saudáveis em busca da manutenção da saúde, em vez de vermos somente doentes correndo em busca da saúde perdida, gastando para isso muito mais recursos financeiros, emocionais e espirituais.
Entendo que essas atividades podem demandar recursos financeiros para a sua implementação nas UBSs e outras instituições similares por todo o país, mas no encontro de contas com os custos da medicina tradicional, poderemos ver que os recursos economizados nesta dará com sobra para cobrir as despesas com aquela.
Nosso espírito opera em nosso corpo através da mente. É um espaço que recebe dupla influência, do corpo através do cérebro, e do espírito através do perispírito. As emoções geradas na química cerebral, promovidas pelos instintos de sobrevivência do corpo biológico, chegam maciçamente na mente e geralmente ofuscam as influencias espirituais. É como se o Espírito ficasse soterrado sob forte carga de emoções.
No relacionamento homem-mulher, um dos principais relacionamentos que objetiva a propagação da espécie, portanto de alto valor biológico, também serve de laboratório para o Espírito em seu processo evolutivo.
Como as estratégias de sobrevivência para o homem e para a mulher são diferentes, observamos graves conflitos entre eles. O homem por ser mais forte biologicamente, por procurar espalhar os seus genes o máximo possível com outras mulheres, geralmente está se afastando do lar construído e deixando um vazio emocional na companheira.
A mulher quando sente esse afastamento do companheiro, que troca afetos com outra pessoa e chega a intimidade sexual, ela experimenta uma sensação de traição, de baixa autoestima, e vem mesmo a pensar e tentar o suicídio como fuga de tanto sofrimento, moral e biológico.
Não adianta brigar, reclamar com o companheiro; quanto mais ela faz isso, mais a relação se deteriora e ele se aproxima cada vez da outra até o rompimento definitivo. A mulher, sendo mais emotiva, seu corpo é mais banhado pelos hormônios de agregação, tanto para proteger o filho como para manter o lar, se derrama em lágrimas que nem a psicoterapia nem a psicofarmacologia conseguem conter.
Nessa situação é importante que haja um processo de mútua ajuda com as mulheres que passam por situação parecida, que sofrem emocionalmente e derramam suas lágrimas. Elas irão perceber que as lágrimas, principalmente aquelas que se solidarizam fraternamente, tem um valor terapêutico muito importante, pois chegam aonde os remédios não conseguem chegar: na alma.
As lágrimas têm a função de lavar a alma. Alma é o nome que damos ao Espírito encarnado. Este se encontra soterrado dentro da mente pela enxurrada de emoções que foi descarregada pelos instintos, hormônios, etc. Os remédios servem para sedar, congelar essa tempestade emocional que ocorre na mente, mas são as lágrimas que vão lavar a sujeira que essa enxurrada deixou. A psicoterapia serve para orientar a mente a direcionar melhor os pensamentos e proporcionar o soerguimento do Espírito.
As mulheres conectadas em mútua ajuda irão sentir o que as colegas sentem e juntar as lágrimas para a limpeza coletiva da mente, reestruturar os pensamentos e deixar fluir por eles os valores espirituais.
Sou homem e sei que proporcionei muitas dessas lágrimas às mulheres que se aproximaram de mim, e tenho que dizer como forma de atenuante para o sofrimento que causei e como colaboração no processo terapêutico, que nós, homens, somos motivados fortemente pelos instintos, de forma até inconsciente, e a maioria de nós não tem forças para conter tanta pressão. Mas, nós, homens, também derramamos lágrimas por causa disso, e pedimos permissão para juntar as nossas às de vocês, e com tantas lágrimas fraternas podermos evitar as sequelas das emoções desvairadas em nossas almas.
Meu coração parece divorciado da razão. A Natureza é vasta, diversificada, e me vejo cercado de muita beleza. Meu coração devia se apaixonar por alguém, por alguma coisa... quero sentir a sensação de estar apaixonado. Vejo nos filmes, nos livros, nas músicas como é poderoso esse sentimento da paixão. Mas acontece uma coisa estranha com meu coração. Ele ama tudo, toda a Natureza... o brilho do sol, o reflexo da lua; o perfume das flores e o toque das abelhas; a madrugada que desperta, e o ocaso que acende as estrelas; o mar que me acalanta a alma e a brisa que me afaga o rosto; o sorriso da criança, as rugas do vovô; a chuva que me lava o rosto, e as cores que pintam o arco íris; amo o toque da mulher, o sorriso, o olhar, o cuidar...
Mas, não consigo me apaixonar. O meu amor é tão difuso que tem medo de se apaixonar e deixar de amar o resto das coisas. É algo que está dentro de mim, o Criador me fez assim. Dizem que ninguém se apaixona voluntariamente, que acontece a qualquer momento, com qualquer pessoa. Corresponde a paixão ao orgasmo do Amor, tenho essa impressão.
Ah! Como eu queria estar apaixonado! ... dizem que o céu fica mais perto, a linha do horizonte sai de dentro do coração... dizem que se consegue voar com os pássaros à luz do arrebol... dizem que podemos subir num tapete mágico e assistir um concerto de anjos ao lado do Criador... dizem que o beijo por mais singelo que seja tem sabor de mel e o hálito lembra o frescor da hortelã... dizem que a presença da pessoa toca alvorada no coração e que a ausência solta os sonhos mais férteis da imaginação...
Ah! Como eu queria estar apaixonado! ... queria te levar para dentro dos meus sonhos, te levar pela mão pelas campinas verdejantes, deitarmos na relva e ouvir a melodia dos pássaros tocando para nossos corações... queria te dar emoldurado o meu coração para tu colocar como troféu na sala dos teus desejos... queria te dizer sem falar, aquilo que seu coração tanto deseja e tu nunca tivesse coragem de pedir... queria te dizer que o meu nome é o teu, para que eu dizendo quem sou jamais esquecer de ti... queria ser o anjo da tua guarda para te proteger as 24 horas do dia e que ao dormir tu me chamasse de santo, de zeloso e que ficasse sempre perto de ti...
Ah! Como eu queria estar apaixonado! ... mas o meu Pai não quis. Não sei se é uma missão ou uma provação. Só sei que é um desejo tão forte, uma esperança tão fraca.
Inspirado em Emmanuel, autor espiritual, tracemos algumas considerações sobre o suicídio.
Quando a pessoa decide pelo suicídio, é porque está vivendo dramas íntimos gravíssimos, e que em suas reflexões a melhor saída será a morte, pois deixando o corpo físico tudo se apaga, dissolve, deixa de existir.
A maioria dos suicidas não tem a compreensão que a vida corporal é somente um detalhe da vida física, que seus tormentos irão ser apenas transferidos do mundo material para o mundo espiritual. E nesta transferência, a pessoa irá ter a consciência do erro que fez, pois adquiriu novas dívidas que precisarão de resgate.
A consciência de que não existem problemas sem solução, por mais difíceis ou pesados que sejam, que provoquem sofrimentos físicos e morais, deve nos motivar a continuar seguindo em frente, trabalhando e servindo, olhando sempre com atenção para constatar que criaturas carregando fardos de tribulações muito maiores e mais pesados do que os nossos.
O melhor meio de prevenirmos na Terra contra o suicídio, será sempre manter a atenção no trabalho que devemos o podemos realizar, aquilo que a vida nos confiou para realizar, pois essa é a forma mais eficaz de dissolver quaisquer sombras que nos envolva a mente e nos leve à destruição do corpo físico, justamente àquele que devia estar fixo no trabalho a ser realizado.
Por fim, consideremos, nas piores situações que nos situamos, que Deus, cujo infinito amor nos sustentou durante toda a vida, apesar dos nossos pecados, vícios, ignorância, vem nos apresentando os propósitos de regeneração e melhoria que podemos reconhecer e partirmos para a regeneração de nossa alma estropiada.
A valorização da vida é uma obrigação da pessoa consciente da vida espiritual, pois entende que ela não pode destruí-la destruindo o corpo. Como esse caminho é estreito, sempre é fácil sair dele do que permanecer nele.
Tenho observado por força do meu trabalho na psiquiatria, quantas pessoas se perdem nesses desvios do caminho, vão agora por estradas que levam à destruição sem nem ao menos que estão cometendo suicídio lento e progressivo com o uso de drogas, fumo, bebidas alcoólicas, etc. São pessoas que sofrem pelas consequências dos seus atos, são diagnosticadas com tal ou qual distúrbios, algumas vezes não aceitam o problema que acometem suas vidas, outras vezes aceitam, mas não podem mais recuar sozinhos. Precisam de uma atitude mais forte, uma internação psiquiátrica até mesmo contra a sua vontade, uma internação involuntária.
Caso a pessoa seja doente mental, tem a justificativa desse tipo de pensamento suicida fazer parte do elenco sintomatológico e devemos ter a competência profissional de ajudar, de prevenir o desenlace fatal.
Portanto, nós que não possuímos transtorno mental grave a ponto de perdermos a capacidade de raciocínio, de juízo crítico, vamos continuar firme no caminho que o Senhor nos indicou, pois Ele sabe do que é necessário para a nossa evolução. Lutemos como fez Paulo de Tarso, com o caminho que nos foi colocado como opção, mantendo a fé para sustentar as ações nas lutas de cada dia
O passado não tem condições de voltar ao presente. Por um impositivo lógico, evolutivo a linha do tempo jamais tem uma curva de retorno. Mas nossa mente pode muito bem viajar no passado e trazer lembranças, nossas ou de outros, que façam em nossa consciência uma reflexão comparativa.
Encontrei na net um texto atribuído a José Antônio de Oliveira Resende, professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Arte e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei, que reproduzo aqui para dividir com meus leitores tal reflexão.
O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO
Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho, porque a família toda iria visitar algum conhecido.
Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente à noite. Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita.
Aos poucos os moradores iam se apresentando, um por um.
- Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino, repetia-se toda a diplomacia.
- Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entre olhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora.
A nossa também era assim. Também era assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
- Gente, vem aqui para dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa. Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.
Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.
Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... a mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, internet, e-mail, whatsapp... cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa.
- Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casa vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores. Casas trancadas... Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos, do leite...
Que saudade do compadre e da comadre!...
Cada um tem suas lembranças da forma que o Supremo Criador nos colocou em determinado contexto de vida. As minhas lembranças são muito diferentes das lembranças do autor acima. Lembro que fui criado desde os 5 anos de idade por minha avó, pois minha mãe não tinha condições de me manter junto com o meu irmão caçula. Fui morar com minha avó que era uma mulher batalhadora. Sempre foi solteira, trabalhava com todas as garras para sobreviver, e nisso me incluiu, com os seus trabalhos. Não tive oportunidade de socialização, nem ao menos brincar livremente com os garotos da minha idade. Logo cedo eu estava envolvido em diversos tipos de trabalho: carregador de água com um galão colocado nos ombros, vender balas e cigarros nas portas dos cinemas, vender bebidas numa cigarreira, além de trabalhos domésticos, como varrer e arrumar a casa, lavar pratos. Felizmente minha avó tinha uma perspectiva de bom alvitre: educação. Ela queria que eu aprendesse para poder lhe servir de forma no futuro. Então, eu trabalhava muito, estudava nos horários previstos e brincava nas raríssimas horas vagas, geralmente sozinho. O ambiente que nós morávamos e trabalhávamos não era favorável à socialização. O máximo que eu podia fazer nesse sentido ir para a casa da minha mãe, distante cerca de dois quilômetros, para interagir com meus irmãos e demais colegas da vizinhança. Sempre atento com o horário de voltar e com a possibilidade de punições por qualquer erro cometido.
Sim, parece que comigo ocorreu o contrário. As minhas lembranças levam de uma solidão a uma socialização, mesmo que eu também sinta todos os efeitos da tecnologia atual, mas não sofro a dependência dela tão forte quanto tantos. Por isso entendo que com cada um deve acontecer os mesmos. Suas memórias levam a uma reflexão sempre diferente uma das outras, mesmo que a experiência seja muito parecida com a minha ou com a do autor acima.
Não tenho tanta saudade do passado, tenho muita perspectiva no futuro construindo com as atividade do presente.