Hoje é dia de São Paulo de Tarso. Aquele que depois da experiência espiritual nos portões de Damasco, ficou cego, e só recuperou a vista por intervenção de quem Ele tanto perseguia. Passou a partir daí a fazer uma militância espiritual em nome do Cristo por vários lugares da Terra, a criar igrejas e disseminar a fé cristã.
Imagino que a militância espiritual ainda se faz muito necessária na Terra, da mesma forma como aconteceu no passado, com as devidas tintas da atualidade. Mesmo porque, devido a essa militância do passado temos hoje uma sociedade muito mais avançada nos conhecimentos e práticas do bem. Além disso, muito há ainda a ser feito. A militância espiritual não pode deixar de existir. Os nossos corpos materiais têm que aprender a serem instrumentos de Deus.
Eu me considero um militante espiritual, não do quilate de Paulo, ao qual o próprio Mestre fez sua convocação de forma direta. Mas eu também andava cego e também, por obra do Mestre Jesus, pelo Evangelho que Ele ensinou, eu passei a enxergar com mais clareza.
Agora a minha militância é no sentido de aproveitar quantas pessoas já estão ensinadas no Evangelho e procurar fazer a aplicação prática desse conteúdo dentro da comunidade, na vida cotidiana de seus moradores. Fazer um trabalho com base no Amor Incondicional, sem esperar receber nada em troca do bem que puder proporcionar ao próximo, principalmente aqueles deserdados da sorte, os marginais, os viciados, as prostitutas, as crianças sem pais, sem lar, sem orientação.
O Mestre Jesus já não se encontra fisicamente entre nós, mas como Ele prometeu, jamais nos deixou sozinhos. Onde quer que estejamos, dois ou três em Seu nome, Ele estará presente entre nós. Agora na forma de Espírito de Verdade, como os espíritos nos ensinam. A grande lição que Ele nos deixou, de que “A Verdade nos libertará” tem essa conotação. Os judeus esperavam que o Messias viesse na forma de um forte combatente para livrá-los do jugo romano, à força da espada e da lança, subjugando a todos num mar de sangue. Não reconheceram o doce Jesus como esse Messias que profetizava o Pai como o Amor, que usava a Verdade para reconhecimento do inimigo que mora dentro de nós nas mais diversas formas de egoísmo, que veio para livrar a humanidade do jugo do orgulho e da vaidade, à força do perdão e da tolerância.
Este é o Mestre que aceito como governador do planeta, que dirige as forças do bem contra as forças do mal caracterizadas como ignorância. Sempre que uso a Verdade nos meus relacionamentos, eu sinto que falo pela boca do Mestre, que faço o que Ele ensina e o que Deus deseja.
Vejo ao meu lado uma série ininterrupta de sofrimentos, de pessoas de pouca fé ou sem ela, que se digladiam com as dificuldades como se fosse uma declaração de morte e não de oportunidade de crescimento. Vejo também ao meu lado, a me afligir uma série de necessidades e de pressão, e que corrompem o meu potencial financeiro, daquilo que o Pai me proporcionou para a minha sobrevivência digna e de ajuda ao próximo. Mas isso não me leva ao desespero, pois sinto que tudo pertence ao Pai e que sou apenas um mero administrador dos recursos que Ele coloca ao meu alcance, geralmente pelo trabalho duro que tenho de realizar no dia a dia, sem direito a férias totais, completas, como vejo tantos ao meu redor gozarem, muitos deles com muito menos recursos materiais do que eu.
Esta é a militância espiritual em que estou engajado. Sei do trabalho a ser realizado com o mínimo de descanso, que mesmo em recesso de algumas atividades eu possa ser convocado pelo Pai a qualquer instante e ir a qualquer lugar oferecer um serviço. Sei do trabalho que já iniciei, principalmente na Seara do Senhor estabelecida na Praia do Meio, onde os trabalhadores que Ele enviou para me auxiliar começam a se engajar cada vez mais nos serviços necessários e exige de mim que deixe a preguiça que ainda me atrapalha para evitar o joio tomar conta das tenras plantinhas que querem vicejar.
Devo organizar minha vida material para que não atrapalhe minha militância espiritual, mas sem jamais deixar que os valores do mundo corrompam meus compromissos com Deus. Por mais que eu seja enganado, iludido, traído ou prejudicado, não poderei deixar que as emoções negativas que surgem em função disso, ensombrear a qualidade do Amor que eu tenho para dar.
Na vida tive muitos amores, muitas paixões. Se eu fosse fazer uma avaliação dentre todas as mulheres que tocaram o meu coração, que chegou a me incendiar de paixão, eu poderia classificar em primeiro lugar aquela que aniversaria hoje.
E por que não estou com ela? Por que eu em comportei de forma que ela tivesse motivos para me expulsar da nossa casa, apesar de lá está recheada das coisas que eu amo: livros, filmes, música, meu cachorro, meu filho... ela mesma? Só tenho uma explicação: porque eu sou assim, criado, formado e desenvolvido da forma que ela não desejava para um companheiro, um companheiro exclusivo. A minha forma de amar o mundo e especialmente as mulheres de forma ampla, completa e irrestrita foi o amargo sabor que ela sentiu com a minha convivência e que não foi possível tolerar por mais tempo do que ela tentou.
Hoje estou só, sentindo em mim o amargor do doce tempero do amor, por mais paradoxal que seja. Estou só, e a minha alma carente de companhia reclama desse amargor, mesmo sabendo que foi devido a doce expressão do amor que jamais impedi que saísse de mim. Minhas companheiras também sofrem os efeitos desse paradoxo, experimentam com ternura todo o amor que recebem de mim e com sofrimento todo o amor que eu distribuo com outras.
Sou uma espécie de Rei Midas do amor. Aquele transformava em ouro tudo que tocava, chegou a morrer de inanição, pois os próprios alimentos se transformavam em ouro; eu também transformo em amantes todas que se aproximam de mim e como não aceitam dividir-me com mais ninguém, morro na solidão.
Entro hoje nessas reflexões porque é o aniversário daquela que ocupa o primeiro lugar na minha exacerbação do amor. A última que tentei conviver de todas as formas – esposo, amante, amigo -, como a única tábua de salvação para me livrar da solidão. Não consegui. Mas carrego comigo na forma de saudade o amor que jamais morrerá. E assim fiz essa mensagem abaixo e enviei para ela:
“Feliz aniversário!
Que o Anjo da Guarda proteja seus passos e que Deus encha seu coração de amor e sua vida de felicidade; que cada ano lhe traga mais sabedoria, em cada minuto mais tolerância, mais flexibilidade; que as tempestades da vida sirvam apenas de motivo para a sua aproximação com o Criador; que minhas orações sirvam de escada para a sua elevação e que nas suas lembranças prevaleça o amor que tanto lhe dediquei e que seja capaz de cobrir os pecados que eu cometi. Este é o café da manhã que minha alma oferece tua, e se um dia a paixão que tínhamos se perdeu no tempo, que o amor que ficou na forma de saudade sustente nossas existências, por mais distantes que nossos corpos estejam.”
Ela respondeu com um a imagem de um simples polegar voltado para cima, que interpretei como positivo.
Logo depois envia uma poesia de Cecília Meireles:
FUTURO
É preciso que exista, enfim, uma hora clara
Depois que os corpos se resignam sobre as pedras
Como máscaras metidas no chão
Por entre as raízes, talvez se veja, de olhos fechados,
Como nunca se pode ver, em pleno mundo
Cegos que andamos de iluminação
Perguntareis: “Mas era aquilo, o teu silêncio?”
Perguntareis: “Mas era assim teu coração?”
Ah, seremos apenas imagens inúteis, deitadas no barro
Do mesmo modo solitárias, silenciosas,
Com a cabeça encostada à sua própria recordação.
Cecília Meireles, em Mar Absoluto.
Senti, minha querida, minha amada... pelos versos da poetiza a dor da sua solidão, do silêncio na presença e na recordação.
Espero que nossos olhos voltados agora para nossas raízes possam realmente se iluminar com a verdade e reconhecer que apesar da tristeza o amor jamais esteve ausente. Quando não podias caminhar, o rastro que vias sozinho na areia, era eu te carregando nos braços...
Estava assistindo um seriado, “Mentes Criminosas” e o episódio tratava do pai de um dos investigadores, um rapaz superdotado intelectualmente, que estava suspeito de ser um assassinato, de ser um pedófilo. Como o seu pai havia se separado da mãe e saído de casa para nunca mais voltar, esse investigador não teve contato com o pai durante a sua formação, e por isso trazia muita mágoa dentro de si. Encontrou nessa suspeita sobre o pai onde os fatos apontavam a culpa dele, uma forma de se vingar, de atenuar os ressentimentos. Acontece que as entrevistas que ele fazia no processo de investigação, todos apontavam que o pai era um homem íntegro, responsável e justo. Mas como isso podia conciliar com a ausência dele do lar, das memórias opacas que mostravam ao investigador o pai em atitude suspeita, queimando roupas ensanguentadas? Finalmente ele encontra a resposta, pois a mãe que ele tanta amava e respeitava era a verdadeira culpada das acusações, e que a roupa ensanguentada que o pai queimou na verdade era roupa de sua mãe, que o pai assim fez na tentativa de protegê-la. Depois desse episódio não houve mais convivência entre eles e o pai sai de casa para nunca mais voltar, apesar de amar o filho e sempre acompanhar o seu progresso pelos jornais. O filho atônito com a verdade finalmente revelada, sentiu o peso da transformação no seu coração, do pai covarde e insensível que abandonou-o, para um herói que sofreu no anonimato a traição da mãe e a distância do filho, na tentativa de protegê-la do braço da lei e da desonra entre os homens.
É dispensável colocar aqui o quanto essa história trouxe identificação ao que sinto e sofro. Também tive que abandonar a casa, o lar, mais de uma vez, e meus filhos se desenvolvem longe de minha influência, pois o comportamento das mães impede a minha convivência com elas em harmonia. Essa distância minha dos filhos pode levar a eles pensarem como pensava esse investigador. Mas também espero que a verdade um dia vai chegar até eles, como sinto que está chegando gradativamente, e a minha imagem verdadeira lentamente chega aos seus corações.
Para completar essas reflexões, logo em seguida ouvi a canção do Padre Zezinho, “Oração pela Família”, que sempre gostei da letra e da melodia, mas imaginava que ela estava distante do meu modo de agir e ser fiel a Deus. Pensava que a letra pudesse ser aplicada apenas à família nuclear e não à família ampliada que eu defendo e tento praticar. Pois não é que toda a letra, influenciada pelas emoções que o filme me despertou, se encaixou perfeitamente no meu modo de pensar? Então é isso que quero fazer agora, dar a interpretação da família ampliada que esta música me evocou, analisando cada um dos versos.
Que nenhuma família comece em qualquer de repente
Que nenhuma família termine por falta de amor
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente
E que nada no mundo separe um casal sonhador
Significa que o início de uma família não pode acontecer sem uma boa motivação. Uma motivação que deve ser sempre baseada no afeto, na simpatia, na harmonia, no Amor Incondicional. Que depois dessa família formada com base no Amor Incondicional, o amor jamais será exclusivo e jamais será destruído, mesmo porque se é amor, jamais morre, jamais desaparecerá. O casal deve ser construído e formar uma só carne, como indica a Bíblia, mas dentro de uma família ampliada, PIS o Amor praticado não é exclusivo. O homem como cabeça da família tem a obrigação de interpretar isso como a vontade de Deus e procurar cumpri-la de acordo com sua consciência. Essa ideia deve ser partilhada integralmente com sua companheira, caracterizando o que deve ser um para o outro de corpo e de mente. Ao seguir essa vontade Deus implantada na consciência, podemos nos considerar dentro de um sonho. Então, nada neste mundo terá força para nos separar, enquanto casal assim formado, que sonhamos juntos, e que neste sonho estejam incluídos a formação de vários casais, todos integrados em direção à família universal, como consta da natureza do sonho.
Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte
Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois
Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte
Que eles vivam do ontem, do hoje em função do depois
Defendo que toda a família tenha a sua dignidade, que possa viver com todos os recursos necessários as suas necessidades. Defendo que ninguém interfira na forma como qualquer casal organize o seu lar e que tenham uma vida como desejam, com respeito mútuo, com uma meta a realizar, a de que seja construída dia a dia, no ontem, no hoje e com representação no futuro, o Reino de Deus.
Que a família comece e termine sabendo aonde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor!
Procuro fazer assim, cada pessoa – no meu caso mulher – que se aproxima de mim simpatizando com o meu afeto e com a pretensão de ser uma das minhas companheiras, deve ficar ciente de tudo desde o começo e até onde vou com a construção do Reino de Deus como meta final. Sei que carrego em meus ombros a graça de ter reconhecido a vontade de Deus em minha consciência e na condição de pai devo conduzir a minha casa e todos que dentro dela formam meu lar. Não é possível eu deixar o meu ideal, o meu compromisso com Deus para seguir a vontade ou os preconceitos de qualquer pessoa. Sonho que um dia eu encontre essa mulher que seja um céu de ternura, aconchego e calor, sem querer por causa disso cobrar um preço que ofenda aos meus ideais; que deixe os nossos filhos conhecer a força que brota do meu amor, sem colocar no meio os seus instintos que exigem a doação do meu amor de forma exclusiva.
Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também.
Este é um apelo que faço e que incluo em minhas orações, a bênção de Deus para a minha família ampliada, mesmo sabendo da grande dificuldade que tem minhas companheiras no convívio com harmonia, sem hipocrisia, mas sim com sinceridade, solidariedade e justiça com qualquer uma, em qualquer situação.
Que marido e mulher tenham força de amar sem medida
Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão
Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida
Que a família celebre a partilha do abraço e do pão!
Este é o ideal de quem participa da minha família ampliada, que cada mulher junto comigo ou com outro companheiro que elas permitam, sejamos capazes de amar sem medida, sem preconceitos, sem exclusivismo; que tenhamos coragem de pedir ou dar o perdão a qualquer momento que sintamos que ferimos ou fomos feridos pelo próximo. As crianças sob nossa responsabilidade devem aprender desde o colo o sentido amplo da vida que vivemos e para onde estamos caminhando na construção da família universal. Em nenhum momento nossas vidas, mesmo dentro da família ampliada, devem ficar circunscritas a determinado número de pessoas, e sim, sempre procurar partilhar o pão e o afeto que está à nossa disposição, sem preconceitos ou exigências de contrapartidas.
Que marido e mulher não se traiam, nem traiam seus filhos
Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois
Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho
Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois
Quando eu e/ou qualquer mulher que aceite a convivência dentro desta família ampliada sofrerem os efeitos egoístas dos instintos, devemos ter a força moral de não trair nossos princípios, acusar ou falar mal de quem quer que seja, na presença ou principalmente na ausência. Essa traição atingirá a todos, inclusive os filhos que já estavam sendo educados dentro de uma perspectiva do Amor Incondicional, da família ampliada e da realização do Reino de Deus. Se cada pessoa introjetar em sua alma os valores completos desta família ampliada, jamais sofrerá ciúme de qualquer natureza, pois sua vida está completamente sintonizada com o Reino de Deus e está vivenciando tudo isso aqui na Terra e mesmo depois quando passar para o mundo espiritual.
Pronto! Deixo assim comprovado que o hino que o padre Zezinho compôs certamente pensando na família nuclear, tem perfeita adaptação para a família ampliada, e acredito que, dentro desta família ampliada, exista mais condição de ser aplicada do que dentro daquela outra família, a nuclear.
Em 22-05-15 foi realizada mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz com a presença de: 1. Edinólia 2. Adriana 3. Radha 4. Juliana 5. Zélia (primeira vez, nova diretora da escola) 6. Francisco 7. Paulo Henrique 8. Samir (primeira vez, professor de educação física, recreador) 9. Nivaldo 10. Silvana 11. Francinete 12. Ezequiel 13. Ana Paula 14. Davi 15. Costa 16. Rogério 17. Francisca 18. Vera 19. Nazareno 20. Washington 21. Luzimar (primeira vez – ex-participante do conselho comunitário, sorveteria) 22. Raullinson (primeira vez, filho de Luzimar) 23. Ricardo. Foi lido o preâmbulo espiritual intitulado “Aceita a Correção” e em seguida a leitura do registro da reunião anterior, que foi aprovado com uma correção, onde se lê: ...a possibilidade da escola passar para o âmbito estadual, leia-se municipal. Paulo informa que foi junto com Costa falar com o secretário de turismo Sr. Fernando Bezerril e o mesmo foi solidário a nossa reivindicação do quiosque do calçadão da praia, mas que há um impeditivo do ministério público. Feito doação de uma camisa da Associação. Edinólia informa que tentou falar com Zezito, mas o mesmo se encontra doente. Voltará a tentar na próxima semana, inclusive com a possibilidade de irmos à Recife no carnaval se ele tiver a disponibilidade de nos receber. Zélia se apresenta como a nova diretora da escola, que assumiu na condição de interventora por um ano já que não houve eleição como era previsto. Fala de sua disposição de trabalhar em parceria com a AMA-PM, na recuperação do prédio através de um mutirão comunitário; que pretende organizar e dinamizar a Biblioteca, e que irá procurar saber de mais detalhes para o incremento da escola, como o apoio aos grupos de estudantes que já funcionam na escola, como capoeira, xadrez, flauta e evangelização e também da formação de uma banda com as crianças. Ezequiel informa do registro de 30 crianças no futebol e que providenciou junto ao município a troca de lâmpadas queimadas no calçadão da praia. Luzimar informa do seu projeto de uma sorveteria na comunidade e se coloca como mais um voluntário para as diversas atividades. Costa fala do fardamento da escola que irá funcionar como um laboratório para a criação da Jovem Guarda Potiguar e que vai tocar pra frente o projeto de amigo da escola através do mutirão para a sua recuperação. Ricardo se apresenta como mais um voluntário para os serviços que a AMA-PM necessitar e tiver ao seu alcance. Foi feito o sorteio do ferro elétrico através do canhoto dos bilhetes que foram vendidos. O primeiro sorteado foi uma senhora do Centro Espírita Cruzada dos Militares que havia autorizado voltar para o sorteio se o seu número fosse o escolhido. Assim foi procedido e o novo sorteado foi o senhor Nivaldo. Como já estava dentro do nosso horário de encerramento, 20:30h, foi feito uma canção evangélica conduzida por Costa e a oração do Pai Nosso conduzida por Luzimar. Finalizou Luzimar com uma oração do próprio coração. Fizemos a foto com todos os presentes e concluímos com bolo, café e refrigerante.
Existe uma forte desconfiança que o sexo não tem nada a ver com amor, que é um instinto puramente fisiológico criado para garantir a perpetuação da espécie, qualquer que seja o ser vivo, consciente ou inconsciente do que esteja fazendo. Devido a minha formação biológica, estudante do comportamento, sei que o sexo realmente tem fortes raízes biológicas, instintivas.
Estou abordando este assunto nesta ocasião, como reflexo da mesa redonda do domingo passado, quando meu primogênito afirmou com muita segurança, do alto de sua formação em biologia, que o amor não tinha nada a ver com sexo. Fiquei incomodado com tamanha segurança nessa separação tão radical entre o amor e o sexo. Lembrei a ele que não era bem assim. Contei um episódio que aconteceu comigo no Rio de Janeiro, quando estive com meus irmãos. A minha avó que me criou desde os cinco anos de idade, sempre comentava que eu era o santinho da família e que todos os meus irmãos eram perdidos, verdadeiros capetas. Eu ficava muito incomodado com essa situação, pois percebia que ela agredia meus irmãos com essas palavras, principalmente a minha mãe, responsável pela educação dos que ficaram com ela. Então aproveitei que estava no Rio com eles passando férias e fui voluntário para irmos à noite para as diversões noturnas. Tive que fazer assim, pois eles já acostumados com a minha fama de santinho, não me chamavam para essas orgias que eles programavam.
Fui com eles a zona de meretrício do Rio de Janeiro, cada um ficou com uma garota, inclusive eu. Acontece que eu não funcionei sexualmente. A mulher ficou preocupada com o meu desempenho zero, mas eu já intuía que isso podia acontecer, não fiquei alarmado. Pedi que ela tivesse calma, que ela não tinha culpa e que eu iria lhe pagar como deveria. Nenhum dos meus parceiros soube dessa falha no meu desempenho sexual, pois o meu objetivo era que todos soubessem que eu me comportei como eles, principalmente a minha avó, quando nos viu chegar ao amanhecer.
Depois desse episódio ela nunca mais fez comparações me colocando como o anjo da família. Agora a questão que quero colocar aqui com esse episódio é que, se o meu primogênito tivesse completa razão, eu teria feito o ato sexual sem nenhuma dificuldade. O fato de que eu não tenha conseguido, mostra que acima dos desejos instintivos se encontra outra estrutura mental com poder de bloqueio. No meu caso eu só posso dizer que são os sentimentos afetivos que prevaleceram. A moça era uma pessoa que eu estava vendo pela primeira vez, que tinha seus atributos sexuais, mas não tinha nenhum nível de convivência que tivesse criado afeto. Era simplesmente dois seres humanos que se encontravam pela primeira vez, a mulher vendendo seu corpo e eu que estava a comprar. Só que os seus fregueses usam os seus instintos sem nenhum bloqueio, enquanto os meus instintos sofrem forte bloqueio dos sentimentos.
Também percebo esse bloqueio dos sentimentos sobre os instintos sexuais em outras situações. Mesmo eu tendo uma prática sexual já estabelecida com uma pessoa, se ocorrem fatos que fazem essa pessoa entrar em conflito comigo, com meus sentimentos ou mesmo com meus paradigmas de vida, os instintos sexuais são automaticamente inibidos. O desejo sexual fica inibido e mesmo que eu decida iniciar o ato sexual, sinto por trás uma desmotivação que não alimenta o instinto sexual. Todas essas forças que se contrapõem ao ato sexual estão muito mais próximas do amor do que do instinto, portanto não posso aceitar que o sexo não tenha nada a ver com amor. Tem sim, nas pessoas que desenvolvem esse nível de sensibilidade e que não se deixam levar exclusivamente pelas forças instintivas.