Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
04/03/2017 02h20
JEJUM

            Como estou sempre fazendo a cada ano, iniciei o jejum a partir de 01-03, quarta-feira de cinzas, primeiro dia da Quaresma. Tenho o objetivo de ficar mais próximo de Deus, como Jesus fez após ser batizado por João, ficando 40 dias no deserto. Também tem o propósito de equilibrar o excesso que pratico no corpo com relação a alimentação, trazendo o corpo da situação de sobrepeso para a normalidade. Também fico vitalizado espiritualmente, pois consigo comprovar que tenho controle sobre os desejos do corpo, principalmente numa área que tenho muita dificuldade, como é a alimentação.

            Além desses benefícios que consigo adquirir com a alimentação, vejo 15 orientações que circula na internet, com pretensa autoria do papa Francisco, que serve para fortalecer espiritualmente minhas atividades nesse período:

  1. Sorrir, um cristão é sempre alegre!
  2. Agradecer (embora não “precise” fazê-lo).
  3. Lembrar ao outro o quanto você o ama.
  4. Cumprimentar com alegria as pessoas que você vê todos os dias.
  5. Ouvir a história do outro sem julgamento, com amor.
  6. Parar para ajudar. Estar atento a quem precisa de você.
  7. Animar a alguém.
  8. Reconhecer os sucessos e qualidades do outro.
  9. Separar o que você não usa e dar a quem precisa.
  10. Ajudar a alguém para que ele possa descansar.
  11. Corrigir com amor; não calar por medo.
  12. Ter delicadezas com os que estão perto de você.
  13. Limpar o que sujou, em casa.
  14. Ajudar os outros a superar os obstáculos.
  15. Telefonar para seus pais.

Outras dicas de jejum

  1. Jejum de palavras negativas e dizer palavras bondosas.
  2. Jejum de descontentamento e encher-se de gratidão.
  3. Jejum de raiva e encher-se com mansidão e paciência.
  4. Jejum de pessimismo e encher-se de esperança e otimismo.
  5. Jejum de preocupações e encher-se de confiança em Deus.
  6. Jejum de queixas e encher-se com as coisas simples da vida.
  7. Jejum de tensões e encher-se com orações.
  8. Jejum de amargura e tristeza e encher o coração de alegria
  9. Jejum de egoísmo e encher-se de compaixão pelos outros.
  10. Jejum de falta de perdão e encher-se de reconciliação.
  11. Jejum de palavras e encher-se de silêncio para ouvir os outros.

         Não custa tentar incluir com mais atenção esses aspectos neste período da Quaresma, apesar de no cotidiano eu já me esforçar para praticar.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/03/2017 às 02h20
 
03/03/2017 06h10
FAMÍLIA UNIVERSAL

            A família universal é o ponto máximo da evolução social que devemos alcançar, quando todos tivermos transformado os corações, do instinto animal para a moral cristã. Ainda estamos num estágio muito precário, onde o próprio papa, líder da igreja cristã, sofre agressões dos seus próprios liderados, dentro da Cúria, por tentar aproximar as ações eclesiásticas das lições que o Cristo nos deixou. Portanto, a família universal ainda está muito distante, pois, se a igreja que devia guardar com verossimilhança as lições do Cristo, age dentro dos mesmos sentimentos egoístas dos leigos, então o Reino de Deus ainda irá a acontecer na sociedade.

            Felizmente podemos ser cidadãos do Reino de Deus desde que consigamos controlar em nossos corações esse egoísmo que herdamos ao nascer e que nos acompanha até a sepultura. Isso pode gerar uma situação paradoxal, pessoas de formação eclesiástica, sacerdotes responsáveis pela religião do Amor, são à nível espiritual cidadãos comuns, enquanto pessoas simples e humildes, sem grande poder ou sabedoria, são considerados como cidadãos do Reino de Deus, por terem conseguido controlar em seus corações os instintos animalescos do egoísmo.

            Naturalmente, na igreja, é necessária uma unidade de doutrina e práxis, mas isto não impede que existam maneiras diferentes de interpretar alguns aspectos da doutrina ou algumas consequências que decorrem dela. Assim acontece com a formação das famílias que sofrem diversas estruturações ao redor do mundo. Temos que focar no Amor Incondicional e fazer a sua prática, pois mesmo parecendo muito diferente e estranha do que existe hoje nas culturas, iremos perceber com o tempo a importância desse sentimento para a formação da família universal. Poderemos contar com os espíritos santos que procuram fazer a vontade de Deus, e entre os diversos aspectos dessa vontade, a mais importante é a nossa instrução e proteção dos caminhos do mal por causa da ignorância. Seremos orientados, dessa maneira, pelo Espírito nos conduzirá à verdade completa, isto é, quando nos introduzir perfeitamente no mistério de Cristo e pudermos ver tudo com o seu olhar.

            Por isso, as culturas que são muito diferentes entre si, terão que se voltar a um princípio geral para que alcancemos a formação da Família Universal. Esse princípio deve ser o Amor Incondicional, que para ser observado e aplicado, precisa ser inculturado, isto é, não pertencer a nenhuma cultura em particular, pois todas estão contaminadas pelo egoísmo, pelo amor romântico, na melhor das hipóteses. Deve ser criada as condições de formação de um novo perfil comportamental capaz de construir a família universal, deve ser muito diferente da prática exercida em cada grupo cultural que de uma forma ou de outra estão sempre movidos pela força do egoísmo, alimentadas pelo amor romântico, ou pela força do poder político ou financeiro. Apesar dessa necessidade, podemos observar que a prática do amor incondicional ainda está muito distante da formação das famílias em qualquer cultura em volta da Terra.

            Outro fator complicador que surge para dificultar a formação da família universal é o surgimento de ideologias como aquela chamada genericamente de gender (ideologia de gênero), que nega a diferença e a reciprocidade natural de homem e mulher. Prevê uma sociedade sem diferença de sexo, e esvazia a base antropológica da família. Esta ideologia leva a projetos educativos e diretrizes legislativas que promovem uma identidade pessoal e uma forma de intimidade afetiva radicalmente desvinculada da diversidade biológica entre homem e mulher. A identidade humana, nesse caso, vai ser determinada por uma opção individualista, que também muda com o tempo. Preocupa o fato de algumas ideologias desse tipo, que pretendem dar resposta a certas aspirações por vezes compreensíveis, procurarem impor-se como pensamento único que determina até mesmo a educação das crianças.

            Dentro deste contexto, observamos que temos ainda muito o que fazer para construir a Família Universal que o Cristo orientou, mas enquanto isso não é possível, que mantenhamos os nossos corações limpos da sujeira do egoísmo, para sermos cidadãos de um Reino que ainda não existe.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/03/2017 às 06h10
 
02/03/2017 05h25
BATALHA PAPAL

            Este é o título de uma matéria que foi publicada na revista Veja de 01-03-17. Aborda o ataque que o papa Francisco está sofrendo em virtude da sua política mais solidária com o sofrimento do povo e de ser mais transparente com relação aos crimes de pedofilia e de corrupção dentro da igreja.

            A origem das críticas, segundo a revista, está na mudança avançada que Francisco pretende imprimir na relação entre a igreja e os fiéis divorciados. Pelo dogma católico, o casamento é indissolúvel. Se uma pessoa se separa e casa novamente, comete pecado e não merece a comunhão na missa. O papa João Paulo II declarou que a única maneira de esses indivíduos serem novamente aceitos e participarem dos sacramentos consistiria em viverem como “irmão e irmã”. É uma solução obviamente esdrúxula e inaplicável no mundo de hoje que só afasta os separados da igreja.

            Em março passado Francisco publicou a exortação Amoris Laetitia (A Alegria do Amor), em que afirmava que a separação pode em alguns casos se tornar moralmente necessária quando se trata de defender o cônjuge mais frágil ou os filhos pequenos.  

            Francisco representa hoje o substituto de Jesus no seio da humanidade. Não quero ressaltar a igreja como instituição nesse processo eclesiástico. Vejo que a igreja é importante no sentido de levar a mensagem evangélica por todo o mundo, mas por outro lado incorpora dentro de suas leis todo o interesse humano de poder e manipulação das massas em proveito próprio de seus dirigentes. Essas ações do papa Francisco leva a um distanciamento dessa burocracia eclesiástica e uma aproximação às lições do Evangelho, consequentemente mais próximo do que Jesus nos deixou como lição.

            O poder eclesiástico termina sendo ocupado por pessoas que, levadas por uma vocação espiritual se aproximaram da igreja, e por começarem a agir como lobos se tornaram dirigentes e reacionários a qualquer atitude que vise corrigir essa falha entre o que é falado e ensinado com o que é na realidade praticado.

            Francisco como um Bom Pastor que pretende ser, seguindo os passos do Mestre, não poderia compartilhar com essas ideias, e pelo contrário, devia desautorizá-las e combate-las, como de fato está fazendo. Porém, os “lobos” em roupas eclesiásticas, não querem ser escorraçados do poder que detém, e dessa forma o mundo começa a assistir os urros implícitos ou explícitos contra o Santo Padre.

            Nós, na condição de ovelhas, mas com consciência suficiente para discernir onde estão os lobos e os pastores, estaremos sempre atentos para seguir a voz do Bom Pastor, e fugir dos urros dos lobos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/03/2017 às 05h25
 
01/03/2017 00h01
ORAÇÃO MARÇO 2017

            Pai, cada vez me acho mais estranho ao começar a falar contigo dessa forma, como se estivesses tão distante quando eu sei que estás tão perto. E para que colocar no texto o meu pensamento quando tu sondas diuturnamente o meu coração? Quando sabes a verdade mais criteriosa sobre mim, verdade essa que nem mesmo eu sei?

            Por isso, Pai, fico muitas vezes paralisado, sem saber o que escrever. Meus dedos ficam pendentes ao lado do meu companheiro notebook, que compreensivelmente espera os meus toques. Mas, se nada me toca à alma, nada me faz tocar o teclado. E muitas vezes eu espero... espero... espero!

            Como um aluno pego em falta, que não aprendeu a lição e não sabe como concluir a prova, e que sabe que o professor está atento aos seus mínimos gestos, assim me sinto eu. Travesso, desconfiado, impotente...

            O meu único companheiro e cúmplice nesse momento é o tempo. Ele faz acumular ansiedade em minha alma e que me faz aceitar o conselho que daí surge: “Por que tu não descreves o que estás sentindo, mesmo que o teu Pai saiba bem mais que você? Afinal é o teu dever o conversar com Ele, não quer dizer que tu tenhas de falar um assunto que Ele ainda não conheça, pois isso é impossível.”

            Portanto, Pai, estou falando contigo dessa forma, uma espécie de cola. Mas sei que Tu entenderás, como sempre faz, que me perdoará a fraqueza e o erro de não falar contigo coisas mais perto do sublime do que da fraqueza.

            Eis um ponto, Pai, que justifica o pedido que faço agora: a fraqueza.

Dá-me força, sabedoria e coragem para fazer a Tua vontade em todos os momentos da minha vida, pois a intenção eu já possuo. Quero saber tratar o intolerante com tolerância, o falso com honestidade, o orgulhoso com humildade, o vaidoso com simplicidade, o ciumento com liberdade, o raivoso com alegria, o ganancioso com bondade, o maledicente com caridade... pois sei que todos eles são meus irmãos, e que por mais esforço que eu tenha feito até agora, ainda sei que possuo traços do que eles sofrem com mais intensidade.

            Assim, Pai, estendo o meu pedido para todos que parecidos comigo sofrem com mais intensidade ao dores do egoísmo, da ignorância de não saberem ainda reconhecer que És o Pai misericordioso, mas justo, de todos nós, e que por mais que nos escondamos por trás de paredes materiais ou de falsas justiças, Tu estás a observar tudo que se passa e pronto para acolher os pedidos de socorro quando o choro e ranger de dentes da verdadeira justiça se fizer evidente. Posso até sofrer os efeitos das ações dos falsos, dos corruptos, dos maledicentes, mais jamais posso julgá-los ou condená-los, pois isso eu sei que é Tua tarefa, meu Pai. E, quando eles agem assim e me fazem sofrer também, sei que isso está contribuindo para o meu aperfeiçoamento, fazendo eles comigo o que a justiça divina está fazendo com eles. Sei que tudo na vida está em movimento evolutivo e todos devem se harmonizar com esse movimento que leva em direção a Ti, meu Pai.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 01/03/2017 às 00h01
 
28/02/2017 19h11
QUEM TEM MEDO DO DIÁLOGO?

            A política sofre muito com o desvio de função provocado pelo clientelismo. A política deve ser voltada para o bem comum e não patrocinar benefícios a indivíduos ou grupos que prejudiquem a coletividade. Esse clientelismo é gerado a partir da campanha eleitoral, quando o candidato promete benefícios a seus eleitores que são inconvenientes para a comunidade. O poder executivo e o poder legislativo é formado geralmente nessa base de interesses. Como o candidato pode ser eleito nas atuais condições do Brasil, se não prometer ou der, antes ou depois do voto, significativos presentes? Como um candidato pode se eleger e exercer a verdadeira política se está totalmente comprometido com essa “policagem” que parece mais uma molecagem do “toma lá, dá cá”? Se muito do que ele diz ou defende na praça pública, ele sabe que jamais poderá cumprir se não fizer parceria com o ilícito?

            Com essa forma de procedimento a atividade política se torna corrompida no seu nascedouro: a campanha eleitoral. A verdade do que irá acontecer depois das eleições fica sempre encoberta pela omissão ou pela mentira. Quem pode desmascarar esse ato ardiloso, enganoso, de má-fé, feito com o intuito de lesar ou ludibriar os eleitores, ou de não cumprir o seu dever de político?

            Quem pode dirimir essas dúvidas é o diálogo racional, a dialética dos conflitos originado pela contradição entre princípios teóricos ou fenômenos empíricos. Esse diálogo deve ser feito entre os interlocutores comprometidos com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou ideias. De acordo com o aristotelismo, a dialética é um raciocínio lógico que, embora coerente em seu encadeamento interno, está fundamentado em ideias apenas prováveis, e por essa razão traz em seu âmago a possibilidade de ser refutado.

            Porém, como o objetivo final é a busca da verdade, cada interlocutor não terá oportunidade de colocar argumentos falaciosos sob pena de ser desmascarado pela verdade que surge do lado oposto.

            Dessa forma, quem sabe que está usando a mentira para corromper a verdade e ludibriar quem o ouve, terá medo de participar desse diálogo especial. Poderíamos imaginar que esse diálogo esteja ocorrendo nos debates no período eleitoral, onde cada um coloca seus argumentos para conquistar o voto do eleitor. Porém, como os contendores usam dos mesmos critérios de obstruir a verdade, principalmente nas doações eleitorais, a real consequência dos votos conquistados não é explorada à luz da verdade.

            Necessário que a sociedade consiga criar esses espaços privilegiados onde o diálogo aconteça em busca da verdade, e o debate não possua mais o tom de violência e agressividade que acontece hoje em todos os níveis, do acadêmico ao eclesiástico.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/02/2017 às 19h11
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