Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
14/08/2015 23h59
FRUSTRAÇÃO

            Hoje, na reunião na Cruzada dos Militares, compareceu um jovem que foi ao consultório devido ter perdido a noiva em acidente de carro e ter ficado arrasado, com ideias e tentativas de morte. Depois de ele ter colocado as circunstâncias pré e pós o acidente, e cada um dos participantes fazerem considerações sobre o fato, fiz as seguintes reflexões íntimas.

            O rapaz sofreu e ainda sofre muito devido a morte acidental da noiva. Pensei que todos, inclusive nós, os terapeutas que não temos problema com as drogas, também sofremos. Então, qual é o fator convergente onde todos sofrem para gerar o sofrimento? Encontrei a frustração. Parece que esse é o elemento que gera qualquer tipo de sofrimento, quer seja a recaída no uso das drogas, quer seja a perda de um ente querido. O rapaz teve seus sonhos, seu idílio frustrado pelo arrebatamento da morte física da pessoa amada. Também eu estava sofrendo como ele, pela morte moral de uma pessoa amada. Não havia condições de eu partilhar com os companheiros essa minha dor causada pela frustração de uma imagem que eu tinha de uma mulher amada. Mas era assim.

            A minha segunda esposa, aquela que me expulsou de casa em situação tão extremada, agressiva, intolerante, com tudo o que sempre fui e que nunca menti pra ela sobre isso, voltou a colocar suas garras sobre mim. Agora, no processo de oficialização da separação, da efetivação do divórcio, faz exigências dos bens que ela não contribuiu junto comigo na sua construção, foi tudo devido ao meu próprio suor e das pessoas que perto de mim ficaram. Não fiz resistência quanto a isso, sabendo que pela lei podíamos dividir todos os bens que possuímos, tanto os bens físicos dos quais eu tenho maior parte, quanto das contas bancárias que sei que ela tem a maior parte. Mas não vou atrás da poupança que ela conseguiu até agora economizar, principalmente com as minhas doações geralmente sem passar pelo fisco, sempre dinheiro limpo sem nenhum tipo de desconto. Tudo quem arca sou eu, todo o exagero de pagamento com o Importo de Renda quem faz a frente sou eu. Nem o filho eu consigo colocar como dependente, o filho que recebe regularmente os 10% dos meus empregos fixos, da UFRN e do Estado do RN. Agora ela deu o que para mim foi o golpe fatal na sua imagem de pessoa coerente e fraterna, o mínimo que eu posso colocar, já que de pessoa que ama outra eu não vejo mais como ela pode ter esse sentimento de mim, infelizmente, pois eu ainda insisto em não dissipar todo o amor que aprendi a ter por ela. Ela exige além dos 10% dos meus empregos fixos, também 10% do emprego temporário que tenho com a prefeitura de Caicó, coisa que nenhuma das mães dos meus outros filhos exigiu, mesmo que elas tenham maior respaldo ético para pedir isso, como é o caso da minha primeira esposa, ou mesmo que tenha maior dificuldade financeira, como é o caso da mãe da minha filha caçula. Ela mostra assim com essa ação, um coração cheio de egoísmo, de busca pelo acúmulo de bens materiais sobre o esforço de outrem, eu, que tanto trabalha para conseguir fazer frente a atividades que acho da maior importância e que apenas o pagamento dos empregos fixos não é suficiente. Sinto-me assim vampirizado por uma pessoa que devia mostrar amor e consideração por tudo que fiz, que faço e que posso fazer em qualquer momento da minha vida, por ela, por nosso filho e por sua família. Sinto que o meu senso de justiça foi altamente provocado, pois não posso considerar uma pessoa dessa no mesmo nível de respeito que eu tenho por minhas demais companheiras que em nenhum momento fizeram esse tipo de exigência. Não sei para onde apontará o meu coração, agora dirigido pela justiça, que é uma das pernas importantes do amor.

            Este é o meu maior sofrimento neste momento, ver a morte moral de uma pessoa tão querida. É o meu anjo que se transforma num vampiro! Mas o meu amor é forte, mesmo que o meu anjo se transforme num vampiro, eu não deixarei de a amar... somente procurarei ter mais cuidado com os seus dentes, afinal tenho muito que contribuir com as pessoas que caminham comigo, que não mostram nenhum tipo de interesse tão mesquinho. Procurarei caminhar pela luz, sem vingança, sem mágoas, sem ressentimentos, apenas com a dor que provoca minhas lágrimas internas, e, talvez, um relato como esse eu jamais farei no futuro. Procurarei manter sempre no coração, a saudade daquela pessoa pela qual um dia fui apaixonado, como o amor que ficou.

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em 14/08/2015 às 23h59
 
13/08/2015 23h59
FOCO DE LUZ (65)

            Em 13-08-15 foi feito mais uma reunião da AMA-PM e projeto Foco de Luz, na Escola Olda Marinho, as 19h, com a presença das seguintes pessoas: 01. Paulo 02. Graça 03. Edinólia 04. Nazareno 05. Radha 06. Francisco 07. Stela 08. Aninha 09. Nivaldo 10. Washington 11. Luzinete 12. Davi 13. Naire 14. Rogério 15. Jaqueline e 16. Ana Paula. Foi feito a leitura do preâmbulo espiritual de título, “Ante a Lição”, interpretando uma frase do apóstolo Paulo. Em seguida foi lido a ata da reunião anterior que foi aprovada sem ressalvas pelos presentes. INFORMES: Francisco diz que o livro de registro dos candidatos eleitos foi assinado e que na quarta feira a direção se reunirá no Departamento de Medicina Clinica (HUOL) para definir o que vai ser encaminhado para o cartório e fazer a prestação de contas do mês de julho/15. Paulo diz que será feito um ofício para a SEMSUR para solicitar um espaço na praça Maria Cerzideira para a construção de uma sede e solicitar a vinda de um técnico para apresentar para a Associação e moradores o projeto de urbanização e de locação e ocupação da praia pelos vendedores, inclusive com a forma de administrar quiosques e banheiros. Aninha informa que foi feito a eleição dos seguintes membros para o Conselho Local da Unidade de Saúde do bairro: Aninha + Stela + Cláudia (farmacêutica) + Fátima Bezerra + Auxiliadora + Marize Barbosa. As três últimas são moradoras da comunidade. Foi solicitada a vinda de todas elas para apresentação na Associação e que em cada reunião pelo menos uma se fizesse presente para fazer as comunicações com relação a Unidade. Francisco colocou o mal estar provocado dentro do grupo de whatsapp devido a postagem de um vídeo de conteúdo político, agressivo e de baixo calão, que causou repúdio de uma companheira que decidiu deixar o grupo. Foi ressaltado mais uma vez que a Associação não tem filiação política, religiosa ou esportiva, para justamente não causar discórdia e desavenças por posições antagônicas. Devemos lembrar que o laço que nos une nessa Associação é o sentido de que fomos convocados por Deus para seguir as lições do Mestre Jesus, que é trabalhar com amor para todos, com solidariedade e compreensão pelos erros cometidos, com respeito as individualidades, as diferenças. Aninha chamou a atenção para que não enchêssemos o grupo do whatsapp com excesso de propaganda. Todos concordam que o grupo pode veicular o trabalho que cada morador faz na comunidade ou fora dela, pois esse é um dos objetivos do grupo, estimular o trabalho que cada um realiza. Edinólia lembra a necessidade de pagamento das mensalidades pelos sócios para fazer frente as despesas, e que os balaios que foram deixados na sala da escola teve os principais produtos roubados, e Paulo informa que foi doado o balão sorteado para Aninha, com autorização dela, para uma moradora da comunidade que passava por dificuldades. Graça e Radha iniciam o cadastro das mães interessadas na formação do clube de mães. As 20h30m foi encerrada a reunião. Aninha conduziu a oração do Pai Nosso e Luzimar conclui com uma oração do coração. Todos posamos para a foto e terminamos com a confraternização em torno de bolo e suco trazido por Paulo.

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em 13/08/2015 às 23h59
 
12/08/2015 23h59
ANATOMOPSICOFISIOLOGIA MULTIDIMENSIONAL

            Hoje fui dar a minha aula na disciplina de “Medicina, Saúde e Espiritualidade” com um texto introdutório com o título que dá nome a esse texto. Neste semestre procurarei organizar todas as aulas, cada aula com o seu preâmbulo, slides e interação com os alunos na forma de perguntas sobre a referida aula. Então, para esta minha aula preparei o preâmbulo que reproduzo na íntegra, abaixo.

O mundo acadêmico está mais familiarizado com o mundo material o qual é avaliado por nossos sentidos naturais e capazes de serem reproduzidos em qualquer laboratório em torno do mundo, desde que sejam mantidas as condições originais da primeira observação. Tudo isso é conduzido pelos pensamentos elaborados dentro de um raciocínio lógico, coerência, que avança dentro do desconhecido, construindo ferramentas como o método científico, em busca da verdade, por mais estranha e inesperada que seja. Dentro deste paradigma o aparelho mental não pode abrigar preconceitos inacessíveis ou indestrutíveis pela verdade que pode surgir a qualquer momento pela força dos fatos.

            Dentro desses princípios, podemos contextualizar o nosso atual estágio de conhecimentos de forma que explique de forma mais satisfatória a Natureza em todas as suas dimensões, espaciais e temporais, inclusive.

            Esta aula pretende colocar toda argumentação que surge em decorrência dos fatos, dentro de conceitos coerentes com a realidade, quer sejamos capazes de mensurá-las ou não. Utilizamos o método científico como uma ferramenta importante para a descoberta da verdade, mas não como instrumento para negar uma realidade que ela ainda não é capaz de alcançar. Nesse ponto chegamos ao atual nível de compreensão e que pode ser corrigida a qualquer instante por teoria mais coerente.

            O Fluido Cósmico Universal é o elemento primitivo do qual surge a Natureza obedecendo à Lei Maior, uma força inteligente, criadora, Deus. Esse fluido assume dois estados distintos: de materialização (ponderabilidade), e de eterização (imponderabilidade). A materialização pertence aos fenômenos do mundo visível, estudados pela ciência; à eterização pertence os fenômenos do mundo invisível, espirituais ou psíquicos. Dentro deste mundo vamos explicar a existência dos seres incorpóreos, os espíritos. Nesse processo de materialização/eterização surge uma faísca inteligente (princípio inteligente), originada da força criadora, que passa a percorrer todo o trajeto evolutivo intercambiando os dois mundos, material/espiritual, até sua constituição como espírito racional, sintonizado cada vez mais com a Lei Maior.

            Dentro desses dois estados diferentes existe a Lei da Evolução que obedece a força criadora. No mundo material, biológico, a Lei da Evolução foi bem descrita por
Darwin cujos seres avançam pela competência, pela lei do mais forte, do mais eficaz. No mundo espiritual a evolução acontece entre os seres inteligentes, da ignorância da Lei Maior para o conhecimento dela e sua aplicação. Os espíritos adquiriram uma condição racional superior de interferir com a Lei Maior e até agir em sentido contrário. 

            Os espíritos, pelo pensamento, podem dar uma direção aos fluidos: podem aglomerar, combinar ou dispersar. A ação vai depender da competência e do saber.

            Esta aula tem o objetivo de mostrar a linha de raciocínio que entende a formação multidimensional do corpo humano, segundo os estudos milenares das filosofias orientais, respaldados cada vez mais pelos avanços da ciência e da tecnologia.

            Dessa forma estou dando seguimento a nova sistemática de aulas que poderei mais adiante transformar em livro texto para esta disciplina.

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em 12/08/2015 às 23h59
 
11/08/2015 23h59
CLARA DE ASSIS

            Hoje é dia de Santa Clara, a companheira espiritual de Francisco. Lembro que ela teve a coragem de seguir o caminho de Francisco, contra tudo e contra todos, concordando que estavam fazendo assim a vontade de Deus e seguindo as lições de Jesus. Também procuro fazer isso, obedecer a Deus e seguir as lições de Jesus. No entanto por um caminho diferente. Enquanto Francisco e Clara resolveram se devotarem à pobreza e à humildade, dentro de um contexto celibatário, eu tento me devotar ao amor incondicional dentro de um contexto familiar ampliado. Enquanto o formato de ações de Francisco e Clara não contribuem para a geração de novos seres humanos, apesar de respeitarem os que já são formados e os que se empenham nisso dentro da família tradicional, nuclear, o formato de minhas ações contribui de forma ampla para a geração de novos seres, dentro de uma família ampliada, protótipo da família universal. Porém, ambos os formatos estão cobertos pelo guarda-chuva do amor incondicional. Isso é o mais importante.

            Da mesma forma que Francisco de Assis, eu também procuro estar atento as necessidades da comunidade. Ele em Assis, naquela época, e eu na Praia do Meio, na atualidade. Também uso os recursos de tolerância e compreensão dentro dos meus relacionamentos, mesmo que seja com pessoas mais afastadas do meu convívio diário. Um exemplo disso foi a intervenção que fiz dentro do grupo do whatsapp que foi criado para a interação dos membros da AMA-PM e que foi reencaminhado um vídeo de crítica política que provocou a saída de um dos nossos membros. Colocarei abaixo a íntegra do que foi postado pela colega e por mim.

            - Eu vou me desligar deste grupo pela falta de decoro de mensagens aqui veiculadas. Cansei! Sugiro que nossa cidadania seja exercida de modo ordeiro e decente. Que nossas críticas sejam baseadas em fontes sólidas e confiáveis. Eu mesma conheço uma estrada aqui no RN, de acesso à Lagoa do Bonfim, que consta lá em Brasília como asfaltada e iluminada, mas é de barro e esburacada. A verba federal veio três vezes para o RN e aqui foi usada em outras coisas.

            - Lembro quando Jesus iniciou sua missão e passou a escolher os doze para ajudar na tarefa. Eram pessoas rudes, analfabetas na maioria, vaidosas, orgulhosas, medrosas, impetuosas... e até falsas! Mas o Mestre queria ensinar com a ajuda deles como aprender a praticar o amor e a partir daí a construção do Reino de Deus. Dois mil anos estão se passando, Suas lições estão espalhadas por todo o planeta. Muitas pessoas tentam seguir essas lições no íntimo do coração. Poucos grupos se juntam para praticar as lições que Jesus ensinou. Nenhuma nação até hoje conseguiu nem ao menos chegar próximo da proposta de Jesus. Somos um grupo, pequeno, mas intuído por Deus para aplicar as lições do Mestre. Todos somos imperfeitos, disso todos temos certeza. Mas é com pessoas imperfeitas como nós que Deus conta para sermos instrumentos da Sua vontade. Mas como fazer para caminhar unidos apesar de nossas diferenças? A nos abraçar apesar de nossos espinhos? Acredito que o próprio Jesus também nos deixou essa lição: AMAR UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI. Então, esse deve ser o nosso esforço do dia-a-dia – amar uns aos outros! Para ajudar nesse processo temos que evitar colocar neste espaço midiático, onde deve prevalecer as lições do Mestre, quaisquer outras convicções que tenhamos desenvolvido nas nossas experiências de vida e que não são comungadas com a mesma veemência por nossos companheiros. Por isso orientamos aos companheiros a não postar neste espaço defesas ou acusações políticas, religiosas ou esportivas. São temas que não levam a um consenso entre nós e termina contribuindo com a desagregação. O tema que nos une e é o motivo de darmos o nosso sangue, suor e lágrimas, é a aplicação do Evangelho em toda a pureza que possamos fazer. Quando um membro entra neste grupo intuído por Deus, acredito que o Céu entra em júbilo. Quando alguém sai porque sente o seu coração ferido e agredido por palavras, mesmo que sejam de outrem, cujos corações não vibram como o nosso, o Céu se cobre de cinza e os pingos de chuva se confundem com nossas lágrimas. Hoje é dia de Santa Clara de Assis, a companheira espiritual de Francisco, e que por amor a ele e a causa de Cristo, abandonou toda a vaidade deste mundo material. Vou orar para que ela intua as nossas mentes e corações para que cada um de nós telefone ou mande mensagens para a professora R, lembrando a ela que somos irmãos e engajados no mesmo projeto de sermos um foquinho da grande luz do Criador, e que não podemos ficar sem ela, sem ninguém que o Pai enviou. Paz e luz!

            Assim foi o que aconteceu neste dia que espero tenha tido a participação da santa homenageada, Santa Clara de Assis.   

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em 11/08/2015 às 23h59
 
10/08/2015 00h01
O CAMINHO DAS PEDRAS

            A ideia do caminho das pedras sempre nos evoca o local onde podemos caminhar com segurança para não cairmos em nenhum tipo de abismo, de lodaçal. Mas pode existir outra versão desse caminho, como algo inseguro, cheio de perigos. Foi assim que observei com as pedras que estão no caminho entre a Praia do Meio e a Praia do Forte, no trajeto que faço para ir à hidroginástica.

            Na última quinta feira, dia da hidroginástica, levantei da cama no horário previsto, coloquei o meu calção de banho e desci do apartamento para a praia. Durante a caminhada notei que a maré já estava um pouco alta e tem um setor, com pedras, que a maré bate no paredão construído para proteger o calçadão da força das ondas. Vi que durante o fluxo e refluxo das águas, as pedras ficavam momentaneamente cobertas de água para logo em seguida ficarem a descoberto e mostrarem por onde devíamos pisar, pois sobre elas seria inconveniente e arriscado sofrer uma queda com sérios machucões. Eu poderia muito bem sair da areia e subir no calçadão, como sempre faço, para evitar esse risco. Mas neste dia eu decidi ir pela areia e enfrentar o caminho das pedras. Imaginei que isso poderia servir de lição para mim, pois não estou sempre na vida encontrando obstáculos dos quais eu deverei ter a sabedoria e prudência de evitar? Pensando assim continuei o meu trajeto pela areia.

            Ao chegar à área das pedras, observei que as pessoas que caminhavam pela areia ou davam meia volta e seguiam no retorno, ou subiam no calçadão e evitavam o trajeto perigoso. Mas eu queria justamente isso, me defrontar com o perigo, mesmo sabendo que eu estaria no comando, pois bastaria esperar o refluxo das ondas para eu continuar, vendo por onde deveria pisar.

            No começo tudo seguia como eu havia imaginado. Quando as ondas chegavam e cobriam as pedras, eu esperava que elas refluíssem e eu conseguisse ver novamente onde deveria pisar. Havia momentos que as ondas chegavam tão forte que molhava minha camisa e empurrava o meu corpo. Eu tinha que me firmar no chão, pois se vacilasse naquela altura, se perdesse o equilíbrio, muito provavelmente eu teria que pisar sobre as pedras ou mesmo cair sobre elas. Essa foi a primeira lição que ficou. Quando continuei no caminho eu não imaginava essa possibilidade de ser empurrado pelas ondas, perder o equilíbrio e cair. Agora que eu já estava dentro da jornada perigosa é que veio à mente essa possibilidade. Bem que eu poderia desistir, fazer meia volta e seguir por cima do calçadão. Mas avaliei também que esse risco extra que eu estava submetido agora poderia ser incluído nesse tipo de aula que eu decidi obter. Teria que prever a força de determinada onda e me firmar com mais força onde me encontrasse para não perder o equilíbrio.

            Com essa nova preocupação na mente segui adiante. Pouco mais na frente observei um local mais profundo onde o refluxo das águas não conseguia deixar a descoberto as pedras, onde eu poderia firmar meus pés na areia. Eu teria que tatear com os pés para sentir onde existia areia nivelada que eu pudesse colocar os pés. Quando existia uma pedra próxima, aprendi que a onda fazia uma espécie de escavação ao redor que eu poderia sentir com os pés. Eu teria que ficar bem atendo ao tatear com os pés a areia, pois nesse momento eu estaria apoiado apenas num pé e não poderia sofrer empurrão das ondas senão cairia. E cair ali seria cair fatalmente sobre as pedras. Machucões com certeza.

            Este era um risco bem maior e que eu não tinha tanto controle sobre ele quanto tinha sobre os outros. Seria outro momento de desistência, poderia ter me afastado desse risco e voltar ao caminho do calçadão. Mas imaginei que mais uma vez isso deveria fazer parte do aprendizado. Afinal de contas, o meu trabalho na comunidade de Praia do Meio, na Associação e Projeto que tenta ajudar as pessoas envolvidas com drogas e criminalidade, não são comparadas com pedras que trazem riscos que muitas vezes não consigo observar com clareza? Mesmo usando a prudência e serenidade, eu não estou sujeito a movimentos comportamentais que possam me machucar ou a quem caminha ao meu lado? Por esse motivo eu teria que deixar de lado essa caminhada e voltar para os caminhos seguros? Não! Deus não quer que deixemos de fazer a Sua vontade porque existem riscos pelo caminho. Ele nos protegerá nos limites do que seja positivo, tanto para mim quanto para os agressores, afinal todos somos os seus filhos.

            Portanto, pedi a proteção de Deus e decidi enfrentar esse perigo, sem tanto controle da minha parte. Se não fosse o aspecto de lição que eu queria obter fazendo isso, com certeza, meu lado prudente já teria feito eu ir pelo caminho do calçadão.

            Chegou um momento que eu estava tateando com o pé por tempo demasiado e não encontrava onde apoiar o pé. Vi que estava chegando uma onda forte e que eu devia estar com os dois pés apoiados senão iria cair e aí seria pior. Então me vi obrigado a tentar me apoiar sobre a pedra esperando que a “sorte” fizesse com que o meu pé não se machucasse e que eu encontrasse um local para apoiar o pé logo em seguida. Senti que machuquei o pé que coloquei sobre a pedra, mas tive a sorte de encontrar apoio na areia para o outro pé. Consegui suportar o impacto da onda que chegou com muita força e barulho, sem cair. Terminei superando esse obstáculo perigoso com o pé dolorido, mas felizmente não ferido.

            Finalmente superei esse caminho das pedras e pude refletir sobre a lição que ficou. Claro, na minha vida material não poderei me expor dessa forma aos perigos. Não poderei ir à uma boca de fumo e tentar fazer a evangelização dessas pessoas de forma direta. O risco é muito grande e eu não terei nenhuma segurança do que possa acontecer. É como aquele momento que eu apoiei o pé sobre a pedra e tive a sorte de apoiar o outro pé na areia e não cair. Nada garante que eu encontre algum apoio numa boca de fumo e evite sério machucado.

            Por outro lado, não poderei deixar de fazer o trabalho na comunidade da Praia do Meio, mesmo que eu esteja próximo dessas pedras que podem me machucar. Devo ter a inteligência de aproveitar o “refluxo das águas” para observar onde colocar o próximo passo. Se eu observar uma área em que não tenho o controle, essa lição do caminho das pedras me ensina que devo voltar, não devo me arriscar onde eu não tenha um mínimo controle. Não posso deixar tudo sob a responsabilidade da providência divina.

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