Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
13/01/2017 09h25
HISTÓRICO DE UMA VIDA (10) – AMOR INCONDICIONAL

            Apesar de toda resistência que eu sentia ao meu redor, eu caminhava pelas trilhas do amor incondicional, me envolvendo afetivamente com as pessoas que o Pai colocava na minha vida e que atendia os critérios deste amor divino, então, eu me permitia o aprofundamento do relacionamento afetivo, até o clímax da relação sexual, se fosse o caso.

            Nesse caminhar, a minha esposa se apaixonou por uma pessoa e eu tive a oportunidade de mostrar a coerência de meus pensamentos e comportamento. Tolerei e defendi a minha esposa neste momento, mas cometi um erro, ao sugerir o aborto que provavelmente seria do filho do seu amante. Da minha parte tive diversas amantes, algumas paixões, todas toleradas pela minha esposa, pois ela tinha o mesmo direito de fazer o mesmo. Mas ela não conseguiu tolerar uma paixão que desenvolvi por minha prima, o que fez ela me expulsar de casa de forma violenta, esbofeteou-me e jogou minhas roupas para fora. Devido a isso fui morar com essa prima, com a qual tinha acabado de romper o relacionamento, pois ela disse que não toleraria conviver comigo sabendo que eu não iria desistir da minha esposa. Mesmo ambos sabendo que o mesmo fato de eu me apaixonar por outra pessoa podia acontecer, nós passamos a conviver juntos até quando fosse possível. Não aconteceu uma paixão, mas nasceu uma criança dentro desses relacionamentos afetivos que eu mantinha com diversas pessoas. Tive que informar a essa atual companheira, minha prima, que eu iria ser pai e que iria reconhecer esse filho caçula e dar a ele todos os direitos, pois a mãe não quis seguir o meu conselho para fazer o aborto.

            Todas essas crises foram toleradas dentro do relacionamento com minha prima e eu já tinha cinco filhos, contando com um que geramos por acidente, pois ela não queria. Todos os filhos estavam devidamente cobertos pelos direitos legais, mas sempre alguém se prejudicando por minha ausência física, pois era impossível a minha presença simultânea em todos os lugares. Isso ficava mais complicado, pois se tudo isso era gerado, era porque os meus paradigmas de vida assim o permitia. E a pessoa que se relacionava comigo, mesmo sabendo desses paradigmas, não os aceitava e passava a ficar agressiva comigo e com as outras companheiras que por acaso ficassem comigo em algum momento e lugar. 

            Foi neste momento que me apaixonei pela empregada doméstica que trabalhava em nossa casa, o fato foi descoberto e foi nesse momento que resolvemos fazer uma separação de corpos e bens materiais com a minha prima, pois nesse momento já estávamos casados. Mas combinamos que eu continuaria a morar com ela como amigo, e que teria que obedecer alguns critérios para voltar para casa. Não poderia chegar depois das 23h e teria um dia que eu poderia dormir fora de casa. Foi quando eu fiquei dormindo nas quartas feiras no apartamento de uma amiga, assistente social, com a qual fui diversas vezes a congressos médicos.

            Também desenvolvi uma paixão pela internet com uma moça que morava em Juiz de Fora, Minas Gerais. Foi o único momento que disse a minha prima que eu iria deixa-la por essa moça, se tudo desse certo quando nos encontrássemos. Nunca tinha dito isso para ela e foi um grande choque. Fui até a cidade de Juiz de Fora, conheci a moça, mas não deu certo a continuidade do romance.

            A minha amiga das quartas feiras passou a exigir mais tempo com ela e sempre por causa disso havia conflitos, pois eu não achava interessante dormir mais de uma noite fora de casa. Devido a isso nos afastamos e passei a dormir nesta quarta feira na casa da mãe da minha filha caçula. Foi nesse momento que Deus colocou no meu caminho uma pessoa carregada de espiritualidade, saída de um convento franciscano. Percebi mais uma vez a manifestação de Deus querendo me ensinar mais alguma coisa, tanto da vida franciscana quanto do relacionamento de uma família excessivamente católica, ao se deparar com uma pessoa com pensamentos espirituais radicalmente diferentes e um projeto de vida muito estranho para quem acredita em todo o simbolismo da Bíblia, como se tudo fosse a livre expressão de Deus.

            Na vida profissional estava muito envolvido com o trabalho de prevenção e tratamento das dependências químicas, muito próximo dos trabalhos de mútua ajuda, como os Alcoólicos anônimos e seus derivados.

            Finalmente, no dia que o meu filho com minha prima passou no vestibular, fiquei incomodado porque a minha filha caçula era a única que não podia telefonar para minha casa e o parabenizar como ela queria. Notei que ela estava sendo tratada como uma pessoa inferior e isso eu não podia tolerar. A noite enquanto o meu filho saia com a mãe e demais parentes maternos para jantar e comemorar a vitória no vestibular, fui encontrar com minha filha para reparar a injustiça que estava sendo cometido sobre ela. Isso foi a gota d’água para a sua mãe me expulsar com brutalidade da sua casa. Fiquei morando um tempo na casa do meu irmão, depois comprei um apartamento na Praia do Meio e fui morar sozinho lá, mas tinha a convivência frequente com minha filha caçula e sua mãe. Mas, devido ao ciúme que sua mãe não conseguia evitar, mesmo dizendo em particular que iria conseguir, sempre sofria recaídas e isso levava ao nosso cada vez mais forte afastamento. Mesmo que o amor por minha filha caçula tenha alcançado níveis exagerados, mesmo assim isso não foi suficiente para conter esse afastamento de sua mãe, e consequentemente dela também, devido o forte laço emocional que uma tem pela outra. Isso favoreceu a constante aproximação da moça que veio do convento e que morava em Ceará-Mirim.  

            Continuava seguindo a trilha do Amor Incondicional e deixando um rastro de pessoas que se aproximam de mim e não conseguem se livrar dos critérios instintivos do amor romântico.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/01/2017 às 09h25
 
12/01/2017 19h55
HISTÓRICO DE UMA VIDA (09) – MUDANÇA DE PARADIGMA

     Desenvolvia a minha vida familiar dentro das perspectivas culturais do amor romântico e do sacramento do casamento segundo a igreja católica. Consegui fazer o curso médico junto com plantões regulares como acadêmico nos hospitais para os quais dirigi o meu interesse na especialização. Foi durante esses padrões que eu vim a sofrer uma espécie de ataque à minha filosofia de vida. Uma técnica de enfermagem portadora de atributos sensuais bem desenvolvidos, mostrou interesse em sairmos para namorar em algum momento. Ela sabia que eu era casado e que não tinha intenções de deixar a minha esposa para viver com ninguém. Dizia que eu vivia feliz com minha esposa e que não queria a trair com ninguém. Essa amiga dizia que também era casada, mas que podíamos namorar sem ninguém perceber, que iria fazer bem só a nós dois que desejávamos naquele momento trocar afetos e sexualidade, com alguém com o qual foi desenvolvido simpatia, amizade e desejo. As constantes investidas que ela fazia nesse sentido, conseguiram derrubar uma por uma das minhas resistências preconceituosas. A última delas foi o preconceito machista que eu possuía e que tive que destruir para poder namorar com essa minha amiga sem culpa na consciência. A minha esposa poderia fazer o mesmo, se ela assim quisesse. Este foi o momento da mudança de paradigmas. Vim a entender com o desenvolvimento dos afetos por outras pessoas, que eu estava aplicando o amor inclusivo, e que esse era um dos critérios do amor incondicional. Com o tempo passei a entender que era Deus apontando alguns caminhos, que eu poderia seguir ou não, mas sempre com amor, coerência e justiça. Portanto, isso só podia ser a vontade de Deus, dirigindo através dessas opções afetivas, a minha missão enquanto ser humano, enquanto discípulo das lições do Cristo.

Nesse período fiz visitas a minha mãe no Rio de Janeiro, e adotei a filha de minha irmã, que passava por muitas dificuldades, como a minha filha legítima. Convidei a minha mãe para vir morar e trabalhar em Natal, pois aqui existia melhor perspectiva de vida e eu podia ajuda-la com mais eficiência. Minha mãe veio com meus irmãos, terminei o curso de medicina e passei a trabalhar em Posto de Saúde na comunidade em que eu morava, Conjunto Santa Catarina. Entrei na política comunitária e depois na política partidária. Cheguei a ser eleito presidente do Conselho Comunitário do Conjunto Santa Catarina e cheguei a me candidatar diversas vezes, para diversos cargos (vereador, deputado estadual, deputado federal, vice-governador) sempre pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) e sempre com o mesmo lema: Dignidade Humana. A minha forma honesta de fazer campanha, sem querer comprar votos de ninguém, mesmo que tivesse recursos para isso, não iria nunca me levar a eleição. Consciente disso, deixei de me candidatar e logo também deixei a política partidária, desencantado com as lideranças dos partidos que faziam a mesma coisa que os candidatos em busca do poder.

Afirmei a minha especialidade na medicina como psiquiatra, deixei o posto de saúde do Conjunto Santa Catarina pelo Hospital Psiquiátrico João Machado, e aprofundei os estudos na procura de Deus, dentro da espiritualidade que começava a se fortalecer dentro de mim. Foi nessa busca que encontrei o autor espiritual chamado Ramatis, e tive um convite feito por um colega para participar dos estudos espirituais que aconteciam na Associação Médica, promovidos pelos membros da Associação Médico-Espírita do estado do Rio Grande do Norte.

O meu direcionamento espiritual estava ficando cada vez mais forte e eu entendia cada vez mais o que Deus queria que eu fizesse, mesmo que todos à minha volta tivessem opiniões diferentes quanto a aplicação do Amor Incondicional na formação da família ampliada, universal, Reino de Deus, usando o amor inclusivo, inclusive com atos sexuais se isso fosse conveniente para as duas pessoas naquele momento, mesmo que fosse apenas para atender os desejos sexuais de ambos, dentro dos critérios da verdade, justiça e coerência.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/01/2017 às 19h55
 
11/01/2017 02h54
IGREJA E FAMÍLIA UNIVERSAL

            Essa ideia de família universal que Deus colocou na minha mente e desviou os meus pensamentos de viver para sempre, em regime de fidelidade a um amor exclusivo, coerente com o amor romântico, até o fim da vida, me trouxe dificuldades que agora, ao ler a história de Paulo de Tarso, vejo certa semelhança quando ele iniciou, de forma pioneira, a criação da igreja cristã universal. Mais uma vez entendo que este texto chega agora ao meu alcance como determinação do Pai para que eu entenda melhor como agir, quais os caminhos que podem ser seguidos, assim como Ele agiu com Paulo. Irei reproduzir o trecho do livro “Paulo e Estêvão”, que estou lendo pela segunda vez, para exemplificar o que digo.

            A igreja de Corinto começou, então, a produzir os frutos mais ricos da espiritualidade. A cidade era famosa por sua devassidão, mas o Apóstolo costumava dizer que dos pântanos nasciam, muitas vezes, os lírios mais belos; e como onde há muito pecado há muito remorso e sofrimento, em identidade de circunstâncias, a comunidade cresceu, dia a dia, reunindo os crentes mais diversos, que chegavam ansiosos por abandonar aquela Babilônia incendiada pelos vícios.

            Com a presença de Paulo, a igreja de Corinto adquiria singular importância e quase diariamente chegavam emissários das regiões mais afastadas. Eram portadores da Galácia a pedirem providências para as igrejas de Pisídia; companheiros de Icônio, de Listra, de Tessalônica, de Chipre, de Jerusalém. Em torno do Apóstolo formou-se um pequeno colégio de seguidores, de companheiros permanentes, que com ele cooperavam nos mínimos trabalhos. Paulo, entretanto, preocupava-se intensamente. Os assuntos eram urgentes quão variados. Não podia olvidar o trabalho de sua manutenção; assumira compromissos pesados com os irmãos de Corinto; devia estar atento à coleta destinada a Jerusalém; não podia desprezar as comunidades anteriormente fundadas. Aos poucos, compreendeu que não bastava enviar emissários. Os pedidos choviam de todos os sítios por onde perambulara, levando as alvíssaras da Boa Nova. Os irmãos, carinhosos e confiantes, contavam com a sua sinceridade e dedicação, compelindo-o a lutar intensamente.

            Sentindo-se incapaz de atender a todas as necessidades ao mesmo tempo, o abnegado discípulo do Evangelho, valendo-se, um dia, do silêncio da noite, quando a igreja se encontrava deserta, rogou a Jesus, com lágrimas nos olhos, não lhe faltasse com os socorros necessários ao cumprimento integral da tarefa.

            Terminada a oração, sentiu-se envolvido em branda claridade. Teve a impressão nítida de que recebia a visita do Senhor. Genuflexo, experimentando indizível comoção, ouviu uma advertência serena e carinhosa:

            - Não temas – dizia a voz -, prossegue ensinando a verdade e não te cales, porque estou contigo.

            O Apóstolo deu curso às lágrimas que lhe fluíam do coração. Aquele cuidado amoroso de Jesus, aquela exortação em resposta ao seu apela, penetravam-lhe a alma em ondas cariciosas. A alegria do momento dava para compensar todas as dores do padecimento do caminho. Desejoso de aproveitar a sagrada inspiração do momento que fugia, pensou nas dificuldades para atender as várias igrejas fraternas. Tanto bastou para que a voz dulcíssima continuasse:

            - Não te atormentes com as necessidades do serviço. É natural que não possas assistir pessoalmente a todos, ao mesmo tempo. Mas é possível a todos satisfazeres, simultaneamente, pelos poderes do espírito.

            Procurou atinar com o sentido justo da frase, mas teve dificuldade íntima de o conseguir.

            Entretanto, a voz prosseguia com brandura:

            - Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome; os de boa vontade saberão compreender, porque o valor da tarefa não está na presença pessoal do missionário, mas no conteúdo espiritual do seu verbo, da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estêvão permanecerá mais aconchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo.

            O dedicado amigo dos gentios viu que a luz se extinguira; o silêncio voltara a reinar entre as paredes singelas da igreja de Corinto; mas, como se houvera sorvido a água divina das claridades eternas, conservava o espírito mergulhado em júbilo intraduzível. Recomeçara o labor com mais afinco, mandaria às comunidades mais distantes as notícias do Cristo.

            De fato, logo no dia seguinte, chegaram os portadores de Tessalônica com notícias desagradabilíssimas. Os judeus haviam conseguido despertar, na igreja, novas e estranhas dúvidas e contendas. Timóteo corroborava com observações pessoais. Reclamavam a presença do Apóstolo com urgência, mas este deliberou pôr em prática o alvitre do Mestre, e recordando que Jesus lhe prometera associar Estêvão à divina tarefa, julgou não dever atuar por si só e chamou Timóteo e Silas para a primeira de suas famosas epístolas.

            Assim começou o movimento dessas cartas imortais, cuja essência espiritual provinha da esfera do Cristo, através da contribuição amorosa de Estêvão – companheiro abnegado e fiel daquele que se havia arvorado, na mocidade, em primeiro perseguidor do Cristianismo.

            Percebendo o elevado espírito de cooperação de todas as obras divinas, Paulo de Tarso nunca procurava escrever só; buscava cercar-se, no momento, dos companheiros mais dignos, socorria-se de suas inspirações, consciente de que o mensageiro de Jesus, quando não encontrasse no seu tono sentimental as possibilidades precisas para transmitir os desejos do Senhor, teria nos amigos instrumentos adequados.

            Desde então, as cartas amadas e célebres, tesouro de vibrações de um mundo superior, eram copiadas e sentidas em toda parte. E Paulo continuou a escrever sempre, ignorando, contudo, que aqueles documentos sublimes, escritos muitas vezes em hora de angústias extremas, não se destinavam a uma igreja particular, mas a cristandade universal. As epístolas lograram êxito rápido. Os irmãos as disputavam nos rincões mais humildes, por seu conteúdo de consolações, e o próprio Simão Pedro, recebendo as primeiras cópias, em Jerusalém, reunia a comunidade e, lendo-as, comovido, declarou que as cartas convertidas de Damasco deviam ser interpretadas como cartas do Cristo aos discípulos e seguidores, afirmando, ainda, que elas assinalavam um novo período luminoso na história do Evangelho.

            Eis a mensagem! Paulo foi intuído em viajar para diversas comunidades distantes e levar a mensagem do Cristo criando suas igrejas. Logo percebeu que não podia estar presente em todas ao mesmo tempo, sendo necessária que o Cristo viesse pessoalmente lhe dizer sobre a influência espiritual que deveria ser feita através das epístolas que deveriam atender a todas as igrejas. Dessa forma, o pensamento do Cristo poderia ser captado, através do intercâmbio de Estêvão, naqueles missionários que no momento tivesse mais capacitado à recepção. Por isso Pedro falou que deveriam ser consideradas como cartas do Cristo.

            Qual a semelhança comigo? Deixei a segurança de Jerusalém, do casamento tradicional, nuclear, exclusivo, para me dirigir atendendo a necessidade de outras companheiras que surgiram pelo caminho. As dificuldades que cada uma apresentavam não podia ser corrigida por minha presença simultânea em todas elas, assim como Paulo não podia estar presente simultaneamente em todas as igrejas. O mestre orientou para ser feita as epístolas e assim, com a influência espiritual inspirada pelo próprio Mestre, atenuar as necessidade do contato físico.

            Já tive a inspiração de escrever este diário com as informações do que vai em meu psiquismo, com atenção ao que Deus colocou como a minha missão: construir a família ampliada como forma de praticar o Amor Incondicional e chegar ao Reino de Deus. Seria interessante que as minhas diversas companheiras chegassem a ler esses textos, mas o instinto animal termina superando as possíveis intenções espirituais que porventura elas tenham, com honestidade, desenvolvido em algum momento.  

            Por enquanto, a minha fala e o meu comportamento, procuram sempre sintonizar com honestidade o que entendo ser a vontade de Deus em meu pensamento. E agradeço a presença constante dos espíritos santos de Deus, engajados na batalha espiritual nas fileiras do bem, a me intuírem e trazerem informações como esta em obediência à vontade do Pai.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/01/2017 às 02h54
 
10/01/2017 10h25
PROJETOS 2017

            Neste ano que se inicia tenho a impressão que a batalha espiritual na qual estou engajado irá exigir de mim mais empenho em todas as áreas de atuação: profissional, familiar e patrimonial.

            No ano passado já fiz duas grandes alterações no campo patrimonial, deixando um apartamento sob comodato para o meu filho, e um flat por transferência definitiva para minha filha. Neste ano adquiri um Sítio denominado Jericó, com a parceria da poupança conjunta. Este imóvel tem um apelo espiritual e acredito que Deus o tenha colocado no meu caminho para promover um espaço físico aqui na Terra que fortaleça o ensino teórico de Jesus quanto o Reino dos Céus.

            No campo familiar apesar de ter havido alguns avanços na construção de uma família ampliada, prevaleceu os recuos. A realização da família universal só irá acontecer se a família ampliada tiver condições de existir, sem conflitos, exclusivismos, ou privilégios de qualquer natureza. Entendo que eu deva ter vindo a este planeta com uma preparação muito sólida para aplicar na prática o Amor Incondicional, caracterizado pelo amor inclusivo, e deixar em segundo plano o amor romântico, cheios de ciúmes, ressentimentos e exclusivismo. Mesmo deixando bem claro essa forma de comportamento, de paradigma de vida que desenvolvo, nenhuma das minhas companheiras consegue praticar, esse tipo de sentimento inclusivo, e se deixam envolver pelas emoções negativas do amor romântico, contaminadas pelo ciúme, ressentimento, isolacionismo e negativismo. Isso implica que continuo até este momento da minha vida, com os hormônios em franco declínio, a viver temporariamente, com mais proximidade por determinada pessoa, e que logo que ela perceber interesse por outra pessoa que o Pai colocar em meu caminho, como sempre irá acontecer, essa pretensa companheira irá reagir negativamente, com ciúme, exigindo o exclusivismo do qual nunca teve garantia. O passo seguinte será o distanciamento e isso irá acontecer, tenha ou não paixão envolvida no novo caso. Isso me deixa consciente de que, mesmo eu estando mais próximo de uma pessoa, que não sintoniza e não aceita o meu modo de comportamento, a qualquer momento que o Pai colocar outra pessoa no meu caminho, que obedeça os mesmos critérios de minhas pretéritas companheiras, a história irá se repetir. Para vencer isso seria necessária uma pessoa de alta espiritualidade, capaz de deixar os instintos femininos, animais, em segundo plano e praticar sem nenhum tipo de ressentimento o acolhimento de qualquer mulher que se aproxime de mim com o perfil de ser incluída nessa família ampliada. Isso não depende de mim. Depende da transformação de quem esteja mais próxima de mim, depende de Deus enviar para mim uma pessoa que pense e se comporte da mesma forma que eu.

            No campo profissional posso atuar com mais empenho na questão espiritual e colocar as atividades da academia cada vez mais próxima da justiça divina. Já está em andamento três atividades de foco na espiritualidade: AMA-PM, Curso na Cruzada, e Estudo na Associação Médica. Posso tentar a construção de mais atividades dentro da academia que reforce a prática espiritual: 1) a viabilização da discussão sobre a Monarquia como um regime político de aproximação do Reino na Terra, do Reino dos Céus; 2) pesquisa universitária sobre a assistência psiquiátrica no município de Natal ou estado do Rio Grande do Norte; 3) Projeto de extensão universitária de apoio às vítimas da ignorância/maldade que prevalece dentro da sociedade e apoio dos seus defensores que se encontram na linha de frente das hostilidades, como os policiais; e 4) Evento universitário com a participação dos diversos poderes da sociedade e dos gerentes dos serviços em saúde mental para direcionamento lógico e racional dos esforço coletivo do trabalho técnico.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 10/01/2017 às 10h25
 
09/01/2017 07h19
DSM E SOFRIMENTO (I) – VALENTIM GENTIL FILHO (07)

            - (M) Estamos de volta para o último bloco da entrevista com o psiquiatra Valentim Gentil Filho.

            - (E) É intrigante, depois de 20 anos da reforma psiquiátrica, e as reformas entre aspas, como o senhor diz, e as coisas estarem tão evidenciadas em diferentes países, você tem aqui no Brasil um grupo tão diferentemente posicionado em relação ao mesmo tema, quando na verdade o que se quer é o bem do paciente e da família. Por que essa divisão tão atávica?

            - (V) Eu acho que são concepções diferentes, são concepções político-ideológicas, às vezes técnicas diferentes. Quando eu converso com algumas dessas pessoas que são responsáveis pelo que está acontecendo no Brasil, porque elas fazem parte dos assessores do ministério da saúde desde o início, eu acho que boa parte delas são muito bem intencionadas, e acho que a gente concorda em algumas coisas. Eu concordo que a gente não deve ter hospitais manicomiais. Eu acho que asilo é uma necessidade, em vez de deixar a pessoa morar na rua, não é porque ela é doente mental que ela não tem o direito do asilo. Assim como o velhinho tem o direito ao asilo, uma pessoa com limitação de autonomia que não tenha aonde morar e que a família não tem mais como receber, e as famílias não tem como receber boa parte dessas pessoas, elas precisam de algum tipo de assistência asilar. Asilar no bom sentido, de proteção.

            - (E) Isso não existe.

            - (V) Não, porque se confundiu hospital, asilo, manicômio, ficou uma confusão. O que tem, no entanto, são algumas pessoas que são um pouco radicais demais para o meu gosto. Que são essas pessoas que são mais ideólogas do que atuam na prática. Então, por exemplo, quando se diz assim, a luta é antimanicomial pra dizer que não existe diferença entre manicômio e um hospital psiquiátrico qualquer, essa pessoa está tomando uma postura anti-psiquiátrica, anti-médica, porque o hospital é um equipamento médico. Então, manicômio judicial não é um bom termo também porque manicômio quer dizer hospital de loucos, essa é a definição da palavra, manicômio, hospital de loucos, do grego. Então, você tinha que ter um hospital para doentes com determinadas patologias, pois boa parte das pessoas que estão internadas em hospitais psiquiátricos não são loucas, não estão loucas. E uma parte dessas pessoas que entram sendo loucas, saem recuperadas. Então, você precisa de internação aguda. Como é que você faz isso na cabeça de alguém que está comprometida há 30 anos com um projeto enlatado, que veio diretamente da Itália trazido por alguém que supostamente é um grande amigo e defensor do Brasil, que fez a experiência dele primeiro na Nicarágua, depois fez uma reunião em Caracas, depois escreveu um livro chamado biblioteca de identidades, depois dirigiu a Organização Mundial de Saúde nessa área, e que veio para o Brasil inúmeras vezes, que treinou nossas equipes e depois é obrigado a dizer que não, na verdade não devia ter fechado os hospitais antes de ter criado outras alternativas. Então, tem uma questão político-ideológica que é difícil vencer com a técnica.

            - (E) Professor, eu queria voltar um pouquinho na questão do sofrimento, porque o luto causa um sofrimento. A nova bíblia da psiquiatria, que foi publicada agora em maio, a atualização dela, ela inclui o luto ali como uma possibilidade de sintomas de depressão depois de duas semanas se a pessoa mantiver o sintoma por duas semanas. A minha dúvida é, a gente não estaria aí de novo medicalizando o sofrimento? Porque antes o luto não entrava no manual.

            - (V) Eu acho que as pessoas religiosas vão se ressentir de comparar DMS-5 com bíblia. Eu tenho enorme respeito pela Bíblia e não tenho tanto respeito assim pela DMS-5. A DMS-5 é Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders, um manual, 5ª edição, que é feito como um manual estatístico de cada uma catalogação de diagnósticos para fins de seguro saúde, para determinadas pesquisas epidemiológicas, para facilitar a comunicação dentro do sistema de saúde americano, que se tornou um ganha-pão também para a sociedade psiquiátrica americana porque eles vendem isso ao mundo inteiro como se fosse a bíblia da psiquiatria, que não é. É um livro onde são tomadas decisões por tarefas a um grupo de pessoas que são decisões políticas...

            - (E) É seguida no mundo todo...

            - (V) Não, não é. Não deve ser seguido. Eu não tenho, não recomendo, meus alunos não leem se depender de mim, porque aquilo tem finalidade específica. Tem livros para aprender psiquiatria que são muito melhores que aquilo. Então, eu sou obrigado a reconhecer, no entanto, a influência que o DMS-5 tem, e que nessa necessidade de catalogar comportamentos humanos, as pessoas extrapolam e acabam fazendo besteiras. Tinha uma época que homossexualismo era catalogado como transtorno psiquiátrico e deixou de ser catalogado porque os psiquiatras homossexuais conseguiram fazer um movimento para que isso não fosse aceito. Você chega numa situação em que depende de qual a pressão interna que você tem política, para você ter um diagnóstico ou tirar um diagnóstico. Então, tem uma porção de enganos. Ela teve algumas vantagens. Ela facilitou que os psiquiatras americanos, que não acreditavam em nenhum diagnóstico, pudessem se comunicar, porque a história da DSM começa numa época que nos Estados Unidos tudo era muito com reações emocionais. E aí, no tempo da Menninger, você não fazia diagnóstico psiquiátrico. Você fazia diagnóstico da dinâmica daquele paciente. E aí, haja capacidade de abstração para você poder fazer um estudo epidemiológico. Mas, vamos falar a verdade, existem lutos e lutos. Se você começa com uma reação de luto, essa reação de luto se torna prolongada demais, ou incapacitante demais, talvez não seja só luto, talvez o luto tenha sido o desencadeante de alguma coisa. As pessoas falam de luto patológico.

            - (E) Mas duas semanas é um tempo...

            - (V) Porque duas semanas e não duas semanas e meia, ou quatro semanas, ou uma semana e meia... porque essas decisões são tomadas por um comitê. Agora, pega por exemplo, depressão pós parto. A partir de quando você vai dizer que aquilo é uma depressão pós-parto? Por quanto tempo ainda você pode fazer o diagnóstico de depressão pós-parto, sabendo que no pós-parto, a mulher tem 20 vezes mais risco de ter depressão do que em qualquer outra fase da vida dela. E se não atendida, ela e o filho correm risco, e tem tratamento. Então, tem algumas coisas que são arbitrárias demais, algumas são arbitrárias de menos, no fundo tudo é arbitrário. O diagnóstico do médico é arbitrário. Depende do arbítrio de uma profissão médica.

            - (M) A gente vai chegando ao fim do programa, queria passar a palavra ao entrevistador.

            - (E) Queria aproveitar essa última chance para fazer uma pergunta muito rápida. Você falou muito que a maconha numa fase de estabelecer sinapses atrapalha. E os fatores de proteicos? Existe programação fetal da doença mental?

            - (V) A gente conversando com geneticistas, e você deve conversar bastante com eles, a gente está chegando à conclusão que a coisa é complexa demais, e que o ambiente parece ser determinante para a vulnerabilidade constitucional, não é? Então, gêmeos idênticos com supostamente o mesmo DNA, expressam diferentemente os seus gens e portanto não tem nada de idênticos. Mas se você pega pessoas com transtorno bipolar você tem uma concordância de 180%. Já quando você pega outras patologias, você vai tendo cada vez menos concordância. São fatores epigenéticos decorrente do ambiente? É alguma coisa que aconteceu na situação intrauterina? Provavelmente tudo isso... Quanto tempo a gente vai levar para entender isso tudo. Quando eu vejo os meus ídolos de genética agora dizendo, baixe a bola que nós estamos longe de entender como isso funciona, é tudo muito maravilhoso, mas vamos baixar a bola e vamos tentar reconhecer que a nossa ignorância ainda é grande demais. Quando você pega, no entanto, questões de anóxia, mal formação e outras agressões intrauterinas, por exemplo, gripe, viroses fortes no terceiro trimestre, aumentam o risco de esquizofrenia no adulto. Então, se vírus pode fazer isso, que mais pode fazer uma coisa dessa? Ainda mais quando a gente pensa que as nossas doenças são afinal comum de muitos agravantes.

            -(E) Queria fazer uma pergunta um pouco na questão do DSM. A grande crítica que se faz ao DSM é que ele meio que expulsou o sujeito, fazendo com que o homem, paciente ou doente mental, seja alguém que só tem sintomas, e aí vai o médico e ele vai tratar sintomas... como é que você ver isso?

            - (V) Eu acho isso uma lástima, eu acho que médico devia recuperar, principalmente os jovens, eles devem aprender a arte médica, que é milenar. Por exemplo, você como psicanalista usa o conceito de angústia. A maior parte dos residentes não vai usar o conceito de angústia seguindo o DSM-5 porque não tem a palavra na DSM.

            - (E) Não tem angústia.

            - (V) Não tem a palavra. Então ele perde o conceito, e essas questões, elas são transmitidas por gerações. Você tem a palavra para angústia em chinês, hebraico, em árabe, em húngaro, em japonês, em todas as línguas germânicas, uma opressão precordial, com sofrimento presente, que não pode ser substituída por “anxiety”, ansiedade, só que no DSM tem anxiety, não tem “anguish”, angústia. Então, esse é só um exemplo de como você perde a arte, você perde a capacidade de diagnosticar e ajudar pessoas, se você vai muito por coisas excessivamente padronizadas. Lembrando, o DSM tem o seu papel, ele ajuda catalogar, as seguradoras não saberiam como fazer se não tivesse o DSM.

            - (E) Mas o psiquiatra é ensinado a ver de forma crítica o DSM?

            - (V) Eu não entendi.

            - (E) O psiquiatra é ensinado ver de forma crítica?

            - (V) Eu tento fazer isso toda vez que aparece. Por isso que não gosto nem de pensar que isso pode ser chamado de bíblia da psiquiatria.

            - (M) Temos apenas um minuto para pergunta e resposta.

            - (E) Nós falamos de sofrimento humano, falamos do universos das drogas, de extensas plantações de maconha... tem outro submundo? Gostaria de ouvir uma consideração rápida do senhor da indústria farmacêutica. O que o senhor pode contar de assustador nesse território?

            - (V) Eu não chamaria de submundo, porque senão eu teria de chamar a atividade econômica da humanidade toda de submundo. Ela segue exatamente os mesmos princípios de todo o resto. São grandes acionistas, grandes corporações, grandes fundos de pensão que colocam o dinheiro esperando o retorno. Há uns 30 anos atrás, a União Soviética, na época, tinha que importar haloperidol para usar nos prisioneiros políticos, que eram quadros psiquiátricos. E a questão é, como? Eles estão tendo que importar isso da Bélgica para poder usar? Então, a indústria farmacêutica somos nós, os acionistas que esperam retorno dessa coisa toda. Isso funciona na lógica como uma indústria qualquer. Eles não são da universidade, não são humanitários necessariamente, a gente espera que eles sejam éticos.

            - (M) Doutor Valentim, nosso tempo infelizmente se esgotou. Eu agradeço a presença dos entrevistadores, agradeço também ao cartunista convidado e aos telespectadores que nos acompanharam. Agradeço em especial ao doutor Valentim Gentil Filho por essa aula que acaba por nos conceder. Boa semana a todos e até a próxima segunda.

            Assim fica concluída a entrevista com o Dr. Valentim, cujas posições são coerentes com as minhas, principalmente com relação à assistência psiquiátrica brasileira e o uso de drogas e suas consequências. Servirá esses longos textos para respaldar projetos universitários que eu possa fazer no corrente ano.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 09/01/2017 às 07h19
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