Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
11/01/2017 02h54
IGREJA E FAMÍLIA UNIVERSAL

            Essa ideia de família universal que Deus colocou na minha mente e desviou os meus pensamentos de viver para sempre, em regime de fidelidade a um amor exclusivo, coerente com o amor romântico, até o fim da vida, me trouxe dificuldades que agora, ao ler a história de Paulo de Tarso, vejo certa semelhança quando ele iniciou, de forma pioneira, a criação da igreja cristã universal. Mais uma vez entendo que este texto chega agora ao meu alcance como determinação do Pai para que eu entenda melhor como agir, quais os caminhos que podem ser seguidos, assim como Ele agiu com Paulo. Irei reproduzir o trecho do livro “Paulo e Estêvão”, que estou lendo pela segunda vez, para exemplificar o que digo.

            A igreja de Corinto começou, então, a produzir os frutos mais ricos da espiritualidade. A cidade era famosa por sua devassidão, mas o Apóstolo costumava dizer que dos pântanos nasciam, muitas vezes, os lírios mais belos; e como onde há muito pecado há muito remorso e sofrimento, em identidade de circunstâncias, a comunidade cresceu, dia a dia, reunindo os crentes mais diversos, que chegavam ansiosos por abandonar aquela Babilônia incendiada pelos vícios.

            Com a presença de Paulo, a igreja de Corinto adquiria singular importância e quase diariamente chegavam emissários das regiões mais afastadas. Eram portadores da Galácia a pedirem providências para as igrejas de Pisídia; companheiros de Icônio, de Listra, de Tessalônica, de Chipre, de Jerusalém. Em torno do Apóstolo formou-se um pequeno colégio de seguidores, de companheiros permanentes, que com ele cooperavam nos mínimos trabalhos. Paulo, entretanto, preocupava-se intensamente. Os assuntos eram urgentes quão variados. Não podia olvidar o trabalho de sua manutenção; assumira compromissos pesados com os irmãos de Corinto; devia estar atento à coleta destinada a Jerusalém; não podia desprezar as comunidades anteriormente fundadas. Aos poucos, compreendeu que não bastava enviar emissários. Os pedidos choviam de todos os sítios por onde perambulara, levando as alvíssaras da Boa Nova. Os irmãos, carinhosos e confiantes, contavam com a sua sinceridade e dedicação, compelindo-o a lutar intensamente.

            Sentindo-se incapaz de atender a todas as necessidades ao mesmo tempo, o abnegado discípulo do Evangelho, valendo-se, um dia, do silêncio da noite, quando a igreja se encontrava deserta, rogou a Jesus, com lágrimas nos olhos, não lhe faltasse com os socorros necessários ao cumprimento integral da tarefa.

            Terminada a oração, sentiu-se envolvido em branda claridade. Teve a impressão nítida de que recebia a visita do Senhor. Genuflexo, experimentando indizível comoção, ouviu uma advertência serena e carinhosa:

            - Não temas – dizia a voz -, prossegue ensinando a verdade e não te cales, porque estou contigo.

            O Apóstolo deu curso às lágrimas que lhe fluíam do coração. Aquele cuidado amoroso de Jesus, aquela exortação em resposta ao seu apela, penetravam-lhe a alma em ondas cariciosas. A alegria do momento dava para compensar todas as dores do padecimento do caminho. Desejoso de aproveitar a sagrada inspiração do momento que fugia, pensou nas dificuldades para atender as várias igrejas fraternas. Tanto bastou para que a voz dulcíssima continuasse:

            - Não te atormentes com as necessidades do serviço. É natural que não possas assistir pessoalmente a todos, ao mesmo tempo. Mas é possível a todos satisfazeres, simultaneamente, pelos poderes do espírito.

            Procurou atinar com o sentido justo da frase, mas teve dificuldade íntima de o conseguir.

            Entretanto, a voz prosseguia com brandura:

            - Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome; os de boa vontade saberão compreender, porque o valor da tarefa não está na presença pessoal do missionário, mas no conteúdo espiritual do seu verbo, da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estêvão permanecerá mais aconchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo.

            O dedicado amigo dos gentios viu que a luz se extinguira; o silêncio voltara a reinar entre as paredes singelas da igreja de Corinto; mas, como se houvera sorvido a água divina das claridades eternas, conservava o espírito mergulhado em júbilo intraduzível. Recomeçara o labor com mais afinco, mandaria às comunidades mais distantes as notícias do Cristo.

            De fato, logo no dia seguinte, chegaram os portadores de Tessalônica com notícias desagradabilíssimas. Os judeus haviam conseguido despertar, na igreja, novas e estranhas dúvidas e contendas. Timóteo corroborava com observações pessoais. Reclamavam a presença do Apóstolo com urgência, mas este deliberou pôr em prática o alvitre do Mestre, e recordando que Jesus lhe prometera associar Estêvão à divina tarefa, julgou não dever atuar por si só e chamou Timóteo e Silas para a primeira de suas famosas epístolas.

            Assim começou o movimento dessas cartas imortais, cuja essência espiritual provinha da esfera do Cristo, através da contribuição amorosa de Estêvão – companheiro abnegado e fiel daquele que se havia arvorado, na mocidade, em primeiro perseguidor do Cristianismo.

            Percebendo o elevado espírito de cooperação de todas as obras divinas, Paulo de Tarso nunca procurava escrever só; buscava cercar-se, no momento, dos companheiros mais dignos, socorria-se de suas inspirações, consciente de que o mensageiro de Jesus, quando não encontrasse no seu tono sentimental as possibilidades precisas para transmitir os desejos do Senhor, teria nos amigos instrumentos adequados.

            Desde então, as cartas amadas e célebres, tesouro de vibrações de um mundo superior, eram copiadas e sentidas em toda parte. E Paulo continuou a escrever sempre, ignorando, contudo, que aqueles documentos sublimes, escritos muitas vezes em hora de angústias extremas, não se destinavam a uma igreja particular, mas a cristandade universal. As epístolas lograram êxito rápido. Os irmãos as disputavam nos rincões mais humildes, por seu conteúdo de consolações, e o próprio Simão Pedro, recebendo as primeiras cópias, em Jerusalém, reunia a comunidade e, lendo-as, comovido, declarou que as cartas convertidas de Damasco deviam ser interpretadas como cartas do Cristo aos discípulos e seguidores, afirmando, ainda, que elas assinalavam um novo período luminoso na história do Evangelho.

            Eis a mensagem! Paulo foi intuído em viajar para diversas comunidades distantes e levar a mensagem do Cristo criando suas igrejas. Logo percebeu que não podia estar presente em todas ao mesmo tempo, sendo necessária que o Cristo viesse pessoalmente lhe dizer sobre a influência espiritual que deveria ser feita através das epístolas que deveriam atender a todas as igrejas. Dessa forma, o pensamento do Cristo poderia ser captado, através do intercâmbio de Estêvão, naqueles missionários que no momento tivesse mais capacitado à recepção. Por isso Pedro falou que deveriam ser consideradas como cartas do Cristo.

            Qual a semelhança comigo? Deixei a segurança de Jerusalém, do casamento tradicional, nuclear, exclusivo, para me dirigir atendendo a necessidade de outras companheiras que surgiram pelo caminho. As dificuldades que cada uma apresentavam não podia ser corrigida por minha presença simultânea em todas elas, assim como Paulo não podia estar presente simultaneamente em todas as igrejas. O mestre orientou para ser feita as epístolas e assim, com a influência espiritual inspirada pelo próprio Mestre, atenuar as necessidade do contato físico.

            Já tive a inspiração de escrever este diário com as informações do que vai em meu psiquismo, com atenção ao que Deus colocou como a minha missão: construir a família ampliada como forma de praticar o Amor Incondicional e chegar ao Reino de Deus. Seria interessante que as minhas diversas companheiras chegassem a ler esses textos, mas o instinto animal termina superando as possíveis intenções espirituais que porventura elas tenham, com honestidade, desenvolvido em algum momento.  

            Por enquanto, a minha fala e o meu comportamento, procuram sempre sintonizar com honestidade o que entendo ser a vontade de Deus em meu pensamento. E agradeço a presença constante dos espíritos santos de Deus, engajados na batalha espiritual nas fileiras do bem, a me intuírem e trazerem informações como esta em obediência à vontade do Pai.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/01/2017 às 02h54
 
10/01/2017 10h25
PROJETOS 2017

            Neste ano que se inicia tenho a impressão que a batalha espiritual na qual estou engajado irá exigir de mim mais empenho em todas as áreas de atuação: profissional, familiar e patrimonial.

            No ano passado já fiz duas grandes alterações no campo patrimonial, deixando um apartamento sob comodato para o meu filho, e um flat por transferência definitiva para minha filha. Neste ano adquiri um Sítio denominado Jericó, com a parceria da poupança conjunta. Este imóvel tem um apelo espiritual e acredito que Deus o tenha colocado no meu caminho para promover um espaço físico aqui na Terra que fortaleça o ensino teórico de Jesus quanto o Reino dos Céus.

            No campo familiar apesar de ter havido alguns avanços na construção de uma família ampliada, prevaleceu os recuos. A realização da família universal só irá acontecer se a família ampliada tiver condições de existir, sem conflitos, exclusivismos, ou privilégios de qualquer natureza. Entendo que eu deva ter vindo a este planeta com uma preparação muito sólida para aplicar na prática o Amor Incondicional, caracterizado pelo amor inclusivo, e deixar em segundo plano o amor romântico, cheios de ciúmes, ressentimentos e exclusivismo. Mesmo deixando bem claro essa forma de comportamento, de paradigma de vida que desenvolvo, nenhuma das minhas companheiras consegue praticar, esse tipo de sentimento inclusivo, e se deixam envolver pelas emoções negativas do amor romântico, contaminadas pelo ciúme, ressentimento, isolacionismo e negativismo. Isso implica que continuo até este momento da minha vida, com os hormônios em franco declínio, a viver temporariamente, com mais proximidade por determinada pessoa, e que logo que ela perceber interesse por outra pessoa que o Pai colocar em meu caminho, como sempre irá acontecer, essa pretensa companheira irá reagir negativamente, com ciúme, exigindo o exclusivismo do qual nunca teve garantia. O passo seguinte será o distanciamento e isso irá acontecer, tenha ou não paixão envolvida no novo caso. Isso me deixa consciente de que, mesmo eu estando mais próximo de uma pessoa, que não sintoniza e não aceita o meu modo de comportamento, a qualquer momento que o Pai colocar outra pessoa no meu caminho, que obedeça os mesmos critérios de minhas pretéritas companheiras, a história irá se repetir. Para vencer isso seria necessária uma pessoa de alta espiritualidade, capaz de deixar os instintos femininos, animais, em segundo plano e praticar sem nenhum tipo de ressentimento o acolhimento de qualquer mulher que se aproxime de mim com o perfil de ser incluída nessa família ampliada. Isso não depende de mim. Depende da transformação de quem esteja mais próxima de mim, depende de Deus enviar para mim uma pessoa que pense e se comporte da mesma forma que eu.

            No campo profissional posso atuar com mais empenho na questão espiritual e colocar as atividades da academia cada vez mais próxima da justiça divina. Já está em andamento três atividades de foco na espiritualidade: AMA-PM, Curso na Cruzada, e Estudo na Associação Médica. Posso tentar a construção de mais atividades dentro da academia que reforce a prática espiritual: 1) a viabilização da discussão sobre a Monarquia como um regime político de aproximação do Reino na Terra, do Reino dos Céus; 2) pesquisa universitária sobre a assistência psiquiátrica no município de Natal ou estado do Rio Grande do Norte; 3) Projeto de extensão universitária de apoio às vítimas da ignorância/maldade que prevalece dentro da sociedade e apoio dos seus defensores que se encontram na linha de frente das hostilidades, como os policiais; e 4) Evento universitário com a participação dos diversos poderes da sociedade e dos gerentes dos serviços em saúde mental para direcionamento lógico e racional dos esforço coletivo do trabalho técnico.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 10/01/2017 às 10h25
 
09/01/2017 07h19
DSM E SOFRIMENTO (I) – VALENTIM GENTIL FILHO (07)

            - (M) Estamos de volta para o último bloco da entrevista com o psiquiatra Valentim Gentil Filho.

            - (E) É intrigante, depois de 20 anos da reforma psiquiátrica, e as reformas entre aspas, como o senhor diz, e as coisas estarem tão evidenciadas em diferentes países, você tem aqui no Brasil um grupo tão diferentemente posicionado em relação ao mesmo tema, quando na verdade o que se quer é o bem do paciente e da família. Por que essa divisão tão atávica?

            - (V) Eu acho que são concepções diferentes, são concepções político-ideológicas, às vezes técnicas diferentes. Quando eu converso com algumas dessas pessoas que são responsáveis pelo que está acontecendo no Brasil, porque elas fazem parte dos assessores do ministério da saúde desde o início, eu acho que boa parte delas são muito bem intencionadas, e acho que a gente concorda em algumas coisas. Eu concordo que a gente não deve ter hospitais manicomiais. Eu acho que asilo é uma necessidade, em vez de deixar a pessoa morar na rua, não é porque ela é doente mental que ela não tem o direito do asilo. Assim como o velhinho tem o direito ao asilo, uma pessoa com limitação de autonomia que não tenha aonde morar e que a família não tem mais como receber, e as famílias não tem como receber boa parte dessas pessoas, elas precisam de algum tipo de assistência asilar. Asilar no bom sentido, de proteção.

            - (E) Isso não existe.

            - (V) Não, porque se confundiu hospital, asilo, manicômio, ficou uma confusão. O que tem, no entanto, são algumas pessoas que são um pouco radicais demais para o meu gosto. Que são essas pessoas que são mais ideólogas do que atuam na prática. Então, por exemplo, quando se diz assim, a luta é antimanicomial pra dizer que não existe diferença entre manicômio e um hospital psiquiátrico qualquer, essa pessoa está tomando uma postura anti-psiquiátrica, anti-médica, porque o hospital é um equipamento médico. Então, manicômio judicial não é um bom termo também porque manicômio quer dizer hospital de loucos, essa é a definição da palavra, manicômio, hospital de loucos, do grego. Então, você tinha que ter um hospital para doentes com determinadas patologias, pois boa parte das pessoas que estão internadas em hospitais psiquiátricos não são loucas, não estão loucas. E uma parte dessas pessoas que entram sendo loucas, saem recuperadas. Então, você precisa de internação aguda. Como é que você faz isso na cabeça de alguém que está comprometida há 30 anos com um projeto enlatado, que veio diretamente da Itália trazido por alguém que supostamente é um grande amigo e defensor do Brasil, que fez a experiência dele primeiro na Nicarágua, depois fez uma reunião em Caracas, depois escreveu um livro chamado biblioteca de identidades, depois dirigiu a Organização Mundial de Saúde nessa área, e que veio para o Brasil inúmeras vezes, que treinou nossas equipes e depois é obrigado a dizer que não, na verdade não devia ter fechado os hospitais antes de ter criado outras alternativas. Então, tem uma questão político-ideológica que é difícil vencer com a técnica.

            - (E) Professor, eu queria voltar um pouquinho na questão do sofrimento, porque o luto causa um sofrimento. A nova bíblia da psiquiatria, que foi publicada agora em maio, a atualização dela, ela inclui o luto ali como uma possibilidade de sintomas de depressão depois de duas semanas se a pessoa mantiver o sintoma por duas semanas. A minha dúvida é, a gente não estaria aí de novo medicalizando o sofrimento? Porque antes o luto não entrava no manual.

            - (V) Eu acho que as pessoas religiosas vão se ressentir de comparar DMS-5 com bíblia. Eu tenho enorme respeito pela Bíblia e não tenho tanto respeito assim pela DMS-5. A DMS-5 é Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders, um manual, 5ª edição, que é feito como um manual estatístico de cada uma catalogação de diagnósticos para fins de seguro saúde, para determinadas pesquisas epidemiológicas, para facilitar a comunicação dentro do sistema de saúde americano, que se tornou um ganha-pão também para a sociedade psiquiátrica americana porque eles vendem isso ao mundo inteiro como se fosse a bíblia da psiquiatria, que não é. É um livro onde são tomadas decisões por tarefas a um grupo de pessoas que são decisões políticas...

            - (E) É seguida no mundo todo...

            - (V) Não, não é. Não deve ser seguido. Eu não tenho, não recomendo, meus alunos não leem se depender de mim, porque aquilo tem finalidade específica. Tem livros para aprender psiquiatria que são muito melhores que aquilo. Então, eu sou obrigado a reconhecer, no entanto, a influência que o DMS-5 tem, e que nessa necessidade de catalogar comportamentos humanos, as pessoas extrapolam e acabam fazendo besteiras. Tinha uma época que homossexualismo era catalogado como transtorno psiquiátrico e deixou de ser catalogado porque os psiquiatras homossexuais conseguiram fazer um movimento para que isso não fosse aceito. Você chega numa situação em que depende de qual a pressão interna que você tem política, para você ter um diagnóstico ou tirar um diagnóstico. Então, tem uma porção de enganos. Ela teve algumas vantagens. Ela facilitou que os psiquiatras americanos, que não acreditavam em nenhum diagnóstico, pudessem se comunicar, porque a história da DSM começa numa época que nos Estados Unidos tudo era muito com reações emocionais. E aí, no tempo da Menninger, você não fazia diagnóstico psiquiátrico. Você fazia diagnóstico da dinâmica daquele paciente. E aí, haja capacidade de abstração para você poder fazer um estudo epidemiológico. Mas, vamos falar a verdade, existem lutos e lutos. Se você começa com uma reação de luto, essa reação de luto se torna prolongada demais, ou incapacitante demais, talvez não seja só luto, talvez o luto tenha sido o desencadeante de alguma coisa. As pessoas falam de luto patológico.

            - (E) Mas duas semanas é um tempo...

            - (V) Porque duas semanas e não duas semanas e meia, ou quatro semanas, ou uma semana e meia... porque essas decisões são tomadas por um comitê. Agora, pega por exemplo, depressão pós parto. A partir de quando você vai dizer que aquilo é uma depressão pós-parto? Por quanto tempo ainda você pode fazer o diagnóstico de depressão pós-parto, sabendo que no pós-parto, a mulher tem 20 vezes mais risco de ter depressão do que em qualquer outra fase da vida dela. E se não atendida, ela e o filho correm risco, e tem tratamento. Então, tem algumas coisas que são arbitrárias demais, algumas são arbitrárias de menos, no fundo tudo é arbitrário. O diagnóstico do médico é arbitrário. Depende do arbítrio de uma profissão médica.

            - (M) A gente vai chegando ao fim do programa, queria passar a palavra ao entrevistador.

            - (E) Queria aproveitar essa última chance para fazer uma pergunta muito rápida. Você falou muito que a maconha numa fase de estabelecer sinapses atrapalha. E os fatores de proteicos? Existe programação fetal da doença mental?

            - (V) A gente conversando com geneticistas, e você deve conversar bastante com eles, a gente está chegando à conclusão que a coisa é complexa demais, e que o ambiente parece ser determinante para a vulnerabilidade constitucional, não é? Então, gêmeos idênticos com supostamente o mesmo DNA, expressam diferentemente os seus gens e portanto não tem nada de idênticos. Mas se você pega pessoas com transtorno bipolar você tem uma concordância de 180%. Já quando você pega outras patologias, você vai tendo cada vez menos concordância. São fatores epigenéticos decorrente do ambiente? É alguma coisa que aconteceu na situação intrauterina? Provavelmente tudo isso... Quanto tempo a gente vai levar para entender isso tudo. Quando eu vejo os meus ídolos de genética agora dizendo, baixe a bola que nós estamos longe de entender como isso funciona, é tudo muito maravilhoso, mas vamos baixar a bola e vamos tentar reconhecer que a nossa ignorância ainda é grande demais. Quando você pega, no entanto, questões de anóxia, mal formação e outras agressões intrauterinas, por exemplo, gripe, viroses fortes no terceiro trimestre, aumentam o risco de esquizofrenia no adulto. Então, se vírus pode fazer isso, que mais pode fazer uma coisa dessa? Ainda mais quando a gente pensa que as nossas doenças são afinal comum de muitos agravantes.

            -(E) Queria fazer uma pergunta um pouco na questão do DSM. A grande crítica que se faz ao DSM é que ele meio que expulsou o sujeito, fazendo com que o homem, paciente ou doente mental, seja alguém que só tem sintomas, e aí vai o médico e ele vai tratar sintomas... como é que você ver isso?

            - (V) Eu acho isso uma lástima, eu acho que médico devia recuperar, principalmente os jovens, eles devem aprender a arte médica, que é milenar. Por exemplo, você como psicanalista usa o conceito de angústia. A maior parte dos residentes não vai usar o conceito de angústia seguindo o DSM-5 porque não tem a palavra na DSM.

            - (E) Não tem angústia.

            - (V) Não tem a palavra. Então ele perde o conceito, e essas questões, elas são transmitidas por gerações. Você tem a palavra para angústia em chinês, hebraico, em árabe, em húngaro, em japonês, em todas as línguas germânicas, uma opressão precordial, com sofrimento presente, que não pode ser substituída por “anxiety”, ansiedade, só que no DSM tem anxiety, não tem “anguish”, angústia. Então, esse é só um exemplo de como você perde a arte, você perde a capacidade de diagnosticar e ajudar pessoas, se você vai muito por coisas excessivamente padronizadas. Lembrando, o DSM tem o seu papel, ele ajuda catalogar, as seguradoras não saberiam como fazer se não tivesse o DSM.

            - (E) Mas o psiquiatra é ensinado a ver de forma crítica o DSM?

            - (V) Eu não entendi.

            - (E) O psiquiatra é ensinado ver de forma crítica?

            - (V) Eu tento fazer isso toda vez que aparece. Por isso que não gosto nem de pensar que isso pode ser chamado de bíblia da psiquiatria.

            - (M) Temos apenas um minuto para pergunta e resposta.

            - (E) Nós falamos de sofrimento humano, falamos do universos das drogas, de extensas plantações de maconha... tem outro submundo? Gostaria de ouvir uma consideração rápida do senhor da indústria farmacêutica. O que o senhor pode contar de assustador nesse território?

            - (V) Eu não chamaria de submundo, porque senão eu teria de chamar a atividade econômica da humanidade toda de submundo. Ela segue exatamente os mesmos princípios de todo o resto. São grandes acionistas, grandes corporações, grandes fundos de pensão que colocam o dinheiro esperando o retorno. Há uns 30 anos atrás, a União Soviética, na época, tinha que importar haloperidol para usar nos prisioneiros políticos, que eram quadros psiquiátricos. E a questão é, como? Eles estão tendo que importar isso da Bélgica para poder usar? Então, a indústria farmacêutica somos nós, os acionistas que esperam retorno dessa coisa toda. Isso funciona na lógica como uma indústria qualquer. Eles não são da universidade, não são humanitários necessariamente, a gente espera que eles sejam éticos.

            - (M) Doutor Valentim, nosso tempo infelizmente se esgotou. Eu agradeço a presença dos entrevistadores, agradeço também ao cartunista convidado e aos telespectadores que nos acompanharam. Agradeço em especial ao doutor Valentim Gentil Filho por essa aula que acaba por nos conceder. Boa semana a todos e até a próxima segunda.

            Assim fica concluída a entrevista com o Dr. Valentim, cujas posições são coerentes com as minhas, principalmente com relação à assistência psiquiátrica brasileira e o uso de drogas e suas consequências. Servirá esses longos textos para respaldar projetos universitários que eu possa fazer no corrente ano.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 09/01/2017 às 07h19
 
08/01/2017 02h54
ESQUIZOFRENIA E ASSISTÊNCIA (I) – VALENTIM GENTIL FILHO (06)

            - (M) Voltamos ao vivo com o psiquiatra Valentim Gentil Filho. Antes da pergunta da entrevistadora, eu queria saber o seguinte: o senhor disse que todos os distúrbios mentais causam sofrimento, mas quem mais sofre é o portador de esquizofrenia. Por que?

            - (V) Não, eu acho que quem mais sofre é quem tem aquele diagnóstico seja qual for. Depressão é muito sofrida. Esquizofrenia, algumas formas de esquizofrenia são compatíveis com uma vida razoavelmente normal. As pessoas se adaptam e algumas pessoas com esquizofrenia sabem que tem esquizofrenia, mas ou é uma forma atenuada ou elas convivem com isso de uma forma menos sofrida. Esquizofrenia não quer dizer nada, na verdade, provavelmente sejam várias doenças,

            - (M) Então esta frase foi indevidamente atribuída ao senhor, não é assim...

            - (V) De que quem mais sofre é quem tem esquizofrenia?

            - (M) É.

            - (V) Não, eu não devia ter falado isso. O que eu realmente vejo é que a gente usa essa palavra, que é uma palavras pesada, que as vezes o paciente não quer, inclusive receber este diagnóstico, porque tem toda uma conotação, mas basicamente eu quero dizer, é uma doença mental grave, para a qual não sabemos nem a causa nem temos a cura.

            - (E) Eu queria saber a partir dessas experiências do sofrimento psíquico, porque os homens sofrem? Que motivo levam eles a sofrer? É por amor que se sofre, por vaidade, por desamparo...

            - (V) Tem muito mais, né? Faz parte da experiência humana sofrer... você como psicanalista tem muito melhor condição de utilizar os conhecimentos que a gente tem a respeito disso. Eu entendo que o sofrimento não é problema psiquiátrico, que é problema da humanidade, e nem todo sofrimento tem a ver com questões médicas. Então, eu fico muito restrito ao falar de sofrimento decorrente de doença mental, dos transtornos mentais. Mas eu tenho certeza que as pessoas sofrem por verem outras pessoas sofrendo, por não conseguirem realizar seus projetos de vida, por sentirem frustrações por questões afetivas, por perceberem iniquidades e ao longo da história perceberem o quanto de injustiça foi cometida, sofrer por solidariedade... eu não diria que sofrer é um problema médico nem psiquiátrico, eu acho que é uma coisa de empatia, de solidariedade, e quem não sofre é que eu acho que é o problema. Na verdade, se é que existe o psicopata frio, insensível, que não sofre... eu não sei se existe, porque eu acho que no fundo, no fundo, até os indivíduos que a gente cataloga como psicopata, algum grau de sofrimento eles têm.

            - (E) Dr. Valentim, mas o sofrimento é também quase que um convite para a criação, e a criação é uma forma de enfrentar, de superar o sofrimento, não?

            - (V) Então, se tiver um limite esse sofrimento, né? Pra mim, por exemplo, escrever um artigo científico é um enorme sofrimento. Eu não entendo vocês jornalistas, por exemplo. Pra mim sentar na frente de uma telinha e ficar digitando um texto é um sofrimento que...

            - (E) Que pra nós escrever é uma forma de se livrar de certo sofrimento fazendo isso...

            - (V) Vocês sabem como fazer isso eu por exemplo quando sento para escrever eu sofro até o fim.

            - (M) Vinícius de Morais é quem dizia que ele... o bom poeta é capaz de sofrer e que ele tinha deixado a poesia porque ele era muito feliz. Faz um pouco de sentido. Poetas sofrem mais.

            - (V) Mas sofrer e felicidade são coisas diferentes.

            - (E) Sim, mas são parentes.

            - (M) Segundo o que diz, o poeta é a figura mais sofrida...

            - (V) E quem nunca sofreu por amor, nunca viveu.

            - (M) Exatamente.

            - (E) Mas as pessoas que lhe procuram não estão ali porque sofreram por amor, porque elas tiveram perdas...

            - (V) Se tiverem esse tipo de queixa, e elas não tiverem uma síndrome médica, eu provavelmente vou encaminhar para terapia, ou vou encaminhar para outras formas de lidar com o sofrimento.

            - (E) Que tipo de terapia o senhor...

            - (V) Aí depende do que eu sentir que a pessoa tem potencial de psicanálise, de terapia cognitiva, eventualmente até terapia de apoio...

            - (E) Quais os critérios que você utiliza para encaminhar para uma análise, para uma terapia cognitiva.

            - (V) Para terapia cognitiva são coisas mais objetivas, análise é um potencial que a pessoa tem de se conhecer mais profundamente para investir e ter a curiosidade, inclusive, o desejo de se aprofundar. Eu encaminho rotineiramente para análise quem eu acho que pode se beneficiar desse investimento de tempo, dinheiro e de desafio intelectual.

            - (E) O senhor não considera o transtorno mental, o resultado de uma doença social, um problema social.

            - (V) Alguns sim...

            - (E) Com a origem da reforma da assistência psiquiátrica com a qual o senhor não concorda, tem as suas divergências... o senhor acha que o transtorno mental deve ser tratado com o médico, não com a assistente social.

            - (V) Eu acho que nem os assistentes sociais acham que os transtornos psiquiátricos devem ser tratados por assistentes sociais. Pelo menos os assistentes sociais que eu conheço. Eu não estou dizendo que não existem componentes sociais, nem que não existem componentes psicológicos. Eu estou dizendo que se configura uma síndrome médica, em que a gente tem a capacidade de prever mais ou menos a evolução e tem recursos terapêuticos... para aliviar o sofrimento da pessoa, para trazê-la de volta para o funcionamento razoável, próximo do que seria possível para ela, não fazer isso é omissão de socorro. Reforma Psiquiátrica é um nome infeliz, porque reforma urológica, cardiológica, ginecológica, não cabe né? Reforma do modelo assistencial... o Brasil é desde mil novecentos e oitenta e poucos, vítima de um experimento social.

            - (E) O senhor considera assim.

            - (V) Não só eu considero assim. Este experimento social aconteceu nos Estados Unidos, na Inglaterra, aconteceu na França, aconteceu na Itália e foi importada diretamente da Nicarágua para o Brasil em mil novecentos e oitenta e pouco. Isso está escrito nos livros da luta antimanicomial, que não é antimanicomial, porque eu sou antimanicomial. A luta não é antimanicomial, a luta é anti-psiquiatra, também está escrito nos livros deles, que essa reforma é uma libertação da identidade, é uma forma de tirar o arcabouço teórico da psiquiatria.

            - (M) O que propõe os autores dessa tese? Desativação?

            - (V) Isso tem uma história longa que vem da reforma sanitária do pós guerra. E a psiquiatria como a prima pobre da medicina na ocasião, tinha pouquíssima eficácia, foi a cabeça de ponte de um ataque a medicina. Isso é uma coisa muito bem documentada na reunião de almahaten, na antiga União Soviética, pelo pessoal da reforma sanitária, voltada para cuidados primários, isto está acontecendo agora com os médicos de Cuba pra fazer o atendimento em cuidados básicos de saúde... faz parte de uma visão da saúde de uma coisa que é muito mais ampla que a medicina, que a medicina é uma coisa de elite, onde os médicos são agentes da normalização, quando, sabe, é toda uma posição político-ideológica que vocês conhecem...

            - (E) Que determina a política oficial, governamental.

            - (V) Determina a política implantada no Brasil desde 1.985. o problema é que essa reforma psiquiátrica, entre aspas, ela veio com uma cartilha pronta, coordenada por um indivíduo da OMS, da OPAS e implantada por uma equipe que está no ministério da saúde até hoje, 1.985. Que fazia parte dos trabalhadores em saúde mental. Eu não estou falando nada que eu não tenha documentos para corroborar. Isso não é o que a população precisa em termos de uma reforma do modelo assistencial. Precisamos de cuidados primários? Claro. Precisamos qualificar os médicos generalistas para fazer o diagnóstico psiquiátrico? Claro! Nós temos que treinar os enfermeiros, os psicólogos, os assistentes sociais, os terapeutas ocupacionais, os fisioterapeutas para atender as necessidades das pessoas com transtornos psiquiátricos? Certamente! Agora não podemos acabar com o ambulatório psiquiátrico dizendo que o ambulatório é concentrador de recursos, não podemos pagar 10 reais a consulta no SUS por um atendimento psiquiátrico, que o prefeito não pode contratar atendimento psiquiátrico, nós não podemos fechar 85 mil leitos psiquiátricos e não colocar nada no lugar e nós temos 40 pessoas em pronto socorro ou esperando vaga para internação, nós não podemos pensar que os Centros de Atenção Psicossociais vão substituir os ambulatórios, pronto socorro, hospitalização, porque o CAPS III que seria o que poderia fazer isso, existe em quantidade ínfima perto dos milhares de leitos que foram fechados... não podemos fazer a distribuição de recursos exíguos da saúde mental que é feito a décadas com critérios que absolutamente são ridículos, de gastar fortunas com determinado produto em detrimento de todo armamentário terapêutico... tem um monte de coisas nisso na reforma da assistência a saúde mental no Brasil que precisaria de uma auditoria e de uma reformulação.

            - (E) Os números que o governo apresenta, que o ministério da saúde apresenta, são positivos, qual o sentido disso?

            - (V) Vamos falar só de saúde mental...

            - (E) Os números de atendimentos, os números de internação...

            - (V) Não tem o que enganar, hoje quando eu chamo uma ambulância na rua para ver a dona Maria que fica gritando a noite, debaixo de chuva na rua que moro, nos Jardins, e vem uma ambulância e dois carros da rádio patrulha da polícia, e eu falo, olha essa moça, essa senhora está aqui na chuva, ela vai pegar uma pneumonia, ela está gritando, ela pode ser atropelada, ela está obviamente psicótica, eu posso ver que ela está precisando de uma internação para sair da fase aguda, não para ficar morando em manicômio... o moço da ambulância, os policiais, dizem: olha doutor, não adianta, essa é a Maria, ela está brigando porque roubaram o cobertor dela. Se eu levar no pronto socorro eles não vão ter o que fazer com ela, eles provavelmente vão dar um remedinho pra ela e devolvem e de novo ela vai voltar pra cá. Tem 500 dessas Marias nas ruas de São Paulo. Esse é o sucesso do nosso modelo assistencial. Todos os 60% de pessoas com doenças graves de depressão e outras coisas assim sem atendimento, esse é o sucesso. Se você ao longo de 30 anos aumentou bastante o número de atendimentos, não fez mais do que sua obrigação, a população aumentou de 145 para 200 milhões. O que você tem hoje é... eu não sei quais são os dados hoje da prefeitura de São Paulo, mas é assim, você tem gente no chão do pronto socorro por falta de leito para internar, você tem os hospitais continuando a ser fechados, você tem agora a prefeitura de São Paulo fechando mais leitos... quer dizer, o que as pessoas pensam que... eu estou falando de leitos psiquiátricos para internar o sujeito para deixar no manicômio como nos anos 60? Não! Eu conheço o livro da Daniela, “O Holocausto”, um ótimo livro. Eu conheço o livro de fotografias que deu origem a esse de Barbacena... isso não tem nada de psiquiatria. Isso é uma falta de solidariedade da sociedade. O que tem é uma desassistência fenomenal e a gente tem recursos terapêuticos.

            - (M) Preciso interromper e depois vou passar a palavra ao entrevistador. Vamos para mais um intervalo e voltamos em seguida para o último bloco da entrevista com o psiquiatra Valentim Gentil Filho.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/01/2017 às 02h54
 
07/01/2017 01h35
QUALIDADES DA REALIDADE UNIVERSAL

            Segundo o livro “Urântia”, as qualidades da realidade universal estão manifestadas na experiência humana, na Terra/Urântia, nos seguintes níveis:

  1. Corpo – Organismo material ou físico do homem. O mecanismo eletroquímico vivo de natureza e origem animal;
  2. Mente – O mecanismo de pensar, perceber e sentir do organismo humano. A experiência total, consciente e inconsciente. A inteligência associada à vida emocional, buscando, por meio da adoração e da sabedoria, alcançar o nível acima, do espírito;
  3. Espírito – O espírito divino que reside na mente do homem – o Ajustador do Pensamento. Este espírito imortal é pré-pessoal – não é uma personalidade, se bem que esteja destinado a transformar-se em uma parte da personalidade da criatura mortal, quando da sua sobrevivência; e
  4. Alma – É uma aquisição experiencial. À medida que uma criatura mortal escolhe “cumprir a vontade do Pai dos céus”, assim o espírito que reside no homem torna-se o pai de uma nova realidade na experiência humana. A mente mortal e material é a mãe dessa mesma realidade emergente. A substância dessa nova realidade não é nem material, nem espiritual – é moroncial, isto é, um nível que se interpola entre o material e o espiritual, que pode designar realidades pessoais ou impessoais, energias vivas ou não viventes, cujos elos do tecido são espirituais e a trama é física. Essa é a alma emergente e imortal que está destinada a sobreviver à morte física e iniciar a ascensão ao Paraíso.

A doutrina dos espíritos traz uma conceituação ligeiramente diferente. Diz que a realidade universal manifestada na experiência humana em qualquer planeta habitado, é formado pelo corpo e espírito, existindo um terceiro elemento de interface entre um e outro, o perispírito, que é formado da substância do espírito e da natureza material do planeta habitado. Quando ocorre a morte física, sobrevive o espírito que pode ser identificado na forma do perispírito, e que continua sua ascensão em direção ao Paraíso/Deus, sempre no processo educativo e se exercitando na prática do Amor Incondicional. O termo alma é usado para designar o espírito que está ligado ao corpo físico pelo Cordão de Prata. Quando ocorre o desencarne, que o espírito se livra do cordão de prata, então ele recebe o nome de espírito. Quando a pessoa dorme e o seu perispírito/alma se desloca pelo astral, muitas vezes se aliando em atividades a espíritos desencarnados, o que vai identificar um e outro é a presença do cordão de prata no espírito encarnado, na alma.

O livro “Urântia” ainda afirma que a personalidade do homem mortal não é corpo, nem mente, nem espírito; e também não é a alma. A personalidade é a única realidade invariável em meio a uma experiência constantemente mutável da criatura; e ela unifica todos os outros fatores associado da individualidade. A personalidade é o único dom que o Pai Universal confere às energias vivas e associadas de matéria, mente e espírito, e que sobrevive junto com a sobrevivência da alma moroncial. Na personalidade, a mente intervém continuamente, entre o espírito e a matéria, e desse modo, o universo é iluminado por três espécies de luz: a luz material, a luz do discernimento intuitivo-intelectual e a luminosidade do espírito.

As informações trazidas pelos espíritos e essas trazidas pelo livro “Urântia”, podem ser conciliadas. Esse único dom associado à personalidade que o Pai Universal confere às energias vivas da matéria, mente, espírito, pode ser identificado pelo “Livre Arbítrio”, que todos possuímos e Deus não interfere. Esses aspectos conscienciais sobrevivem à morte física junto a alma moroncial, o perispírito. A vontade atuando como gerador acionado pelo livre arbítrio, irá produzir a luz do discernimento intuitivo-intelectual e moral, que associado a luz do espírito dado pelo Pai, irá compor com a luz material, a luminosidade capaz de dissolver as sombras da ignorância e da ausência do Amor.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/01/2017 às 01h35
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