Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
02/04/2013 01h24
CONFESSAR A CULPA

            Sou um ser imperfeito, cheio de culpa. Tenho consciência disso, pois já sei um pouco da verdade, suficiente pata abrir os olhos sobre mim e observar o quanto eu faço de errado e do pouco que faço correto. A balança ainda pende vergonhosamente para mim, para o lado dos erros. Somente uma ação consegue apagar tantos erros e trazer a balança ao ponto de equilíbrio. O reconhecimento do pecado, sua confissão perante Deus e quando conveniente, frente àquele ao qual cometi um pecado ou mesmo tinha intenção de fazê-lo.

            Jesus foi enviado para nos ensinar boa parte da verdade, com as Boas Novas, com o Evangelho. Agora Deus pode falar em minha consciência: “Venha a minha presença, você que já confessou seus pecados, que procura ser tão transparente, que aceitou o Cristo como seu Mestre. Agora você pode me adorar na plena luz da minha presença e do meu amor.”

            Sei agora que Deus revela Sua Santidade e justiça, bem como Seu amor e graça, para todos que se aproximam dEle confessando a culpa do próprio pecado.

            O céu anuncia a Sua glória e mostra àquilo que Ele faz. Da mesma forma, posso voltar o meu olhar para o interior e observar que cada uma de minhas trilhões de células contém informação na condição de DNA. A Natureza pode produzir padrões, mas a informação codificada vem somente de uma inteligência superior. Minhas células podem formar padrões comportamentais na forma de instintos, pulsões, motivações, mas minha inteligência tem condições de se conectar com a inteligência do Criador e perceber qual é a Sua vontade e qual é a natureza dos meus erros. Se eu ainda sou fraco e não resisto a eles, mas tenho honestidade e princípios sinceros, confesso as minhas faltas identificadas com o sério propósito de corrigi-los, conquisto assim atenuantes. O Pai que também possui paciência exemplar, sempre perdoa e espera que realmente eu faça o esforço necessário para a minha corrigenda.

            Assim vou evoluindo, sofrendo e aprendendo e cada vez mais me aproximando da inteligência e sabedoria do Criador.

 

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01/04/2013 02h27
FRANCISCO

            O meu nome completo tem certa correspondência com o psiquismo completo, conforme descrito por Sigmund Freud da seguinte forma: Id, a instância instintiva que através de pulsões motiva o nosso comportamento em direção ao prazer e na fuga do desprazer; Ego, a instância cognitiva de avaliação do que é certo ou errado, com força de bloquear as motivações inconvenientes ao nosso desenvolvimento; Superego, a instância supra-pessoal correspondente aos interesses da coletividade e que disciplina os limites éticos e morais do comportamento individual.

            Assim, Rodrigues, o nome de família que caracteriza o laço de sangue,  corresponde a essa instância instintiva do Ego, onde as taras e erros genéticos acumulados pela reprodução dos gens terminam por criar dentro da mente motivações até inconscientes da busca de satisfações intrínsecas ao meu interesse individual; das Chagas, corresponde a instância supra-pessoal do interesse coletivo associado à vontade de Deus que deseja que eu seja instrumento da Sua vontade e não escravo das minhas paixões e taras familiares; Francisco, corresponde a minha consciência, conhecedora da força biológica e da vontade de Deus, ávida por adquirir mais conhecimentos e principalmente a sabedoria para bem os utilizar e que coloca o livre arbítrio à disposição do Criador.

            Dessa forma o nome Francisco assume para mim uma nova dimensão. A dimensão da espiritualidade e do compromisso com Deus.

            Também existe a figura do novo papa e que se intitula como Francisco, que reforça o lado da humildade na suntuosidade da Igreja e que já disse nos primeiros pronunciamentos que a saída para a humanidade será o desenvolvimento da civilização do amor.

            O carisma do nome Francisco, cheio de humildade e amor, é o que parece prevalecer no momento atual. Nome que me foi dado pelo batismo há mais de 60 anos e que agora parece mostrar que tem um significado forte. Momento este que sinto a presença de Deus com mais força na minha vida, onde percebo a Sua influência, Sua vontade e Seus conselhos mais frequentes e firmes, como se tivesse sendo colocado a urgência das coisas que devem ser realizadas.

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31/03/2013 00h01
RODRIGUES

                Este é o nome da minha família biológica. É como se fosse a marca da carne, assim como tem o gado que é marcado com um ferrão para dizer a quem pertence, o sobrenome indica na comunidade a quem pertencemos e de quem recebemos e receberemos herança. Recebemos herança genética, das taras e tendências da carne; receberemos a herança da educação, dos bens materiais que foram amealhados ao longo do tempo.

                Recebi como herança genética do meu pai o forte impulso para a prática sexual. Meu pai teve a sua vida toda voltada para esse instinto, vivia em casas de prostituição e na própria casa onde morava procurava em todas as ocasiões como atender os seus desejos eróticos. Minha mãe, apesar de não ser tão exagerada nesses instintos, também não era nenhuma santa e exercia sua sexualidade sem bloqueios e com certa liberdade. Então, essa força biológica dentro de mim teria que ser trabalhada para servir à vontade de Deus, e não aos meus desejos carnais.

                Também fui colocado dentro de um ambiente propício à pratica sexual. Minha avó materna que passou a me criar devido as dificuldades financeiras de minha mãe, era dona de um cabaré. Foi nesse ambiente que desenvolvi minha infância e adolescência. Bem que minha avó tentava com mão de ferro me proteger da influência do sexo e das drogas. Agradeço a ela todo o vigor de sua educação, até com cordas, dando surras sobre minhas costas, como forma de disciplinar a força dos hormônios sobre meu comportamento. Teve como efeito colateral uma forte timidez, mas por outro lado contribuiu para meu mergulho no mundo dos livros.

                Então vejo hoje que tudo teve uma predisposição, que existiram pessoas como minha avó no plano material e meu anjo da Guarda no plano espiritual, que me protegeram até que eu tivesse a consciência amadurecida que tenho hoje e que possa usar o livre arbítrio e decidir realizar a vontade de Deus reconhecida como tal em minha consciência. E vejo toda a retrospectiva em torno do meu nome.

                Durante a infância o nome ainda não está devidamente impregnado na nossa personalidade. Existem os apelidos familiares que desviam muita vez do foco, como “Titico”, “Francisquinho”, “Chiquinho”, no meu caso. Eram usados, pela família e amigos mais próximos. Durante o serviço militar passei a ser identificado pela partícula mais máscula, Rodrigues, e a partir daí assumi como a minha identidade mais real, o que contentava o meu orgulho. Passei a ser o marinheiro Rodrigues e mais tarde, depois de concluído o curso médico, passei a ser o Dr. Rodrigues, devidamente caracterizado pelos cursos extras de Mestrado e de Doutorado que fiz na Academia. Não considerava tanto o Francisco das Chagas.

                Mas existia dentro de mim, e existe cada vez mais forte, um apelo para o conhecimento do mundo espiritual. Foi então que despertei para a importância espiritual do meu nome e da sua ascendência sobre o sobrenome, a caracterização do mundo material.

                Hoje estou determinado a usar o primeiro nome como o principal: Francisco. Reconheço as ações de Deus na minha vida, desde a mais tenra infância, até o momento de testemunhar a sua Lei principal, a Lei do Amor Incondicional. Sei que Ele coloca ao meu lado as diversas pessoas capacitadas a me instruírem e colaborarem comigo, principalmente as minhas companheiras, que já chegam com essa motivação. Podem sofrer pela dificuldade de entender e de praticar o que é necessário, de ter a capacidade de abnegação, de servir ao próximo em detrimento de si mesmo, de não ter ciúmes, de não ter exclusividade na sua forma de amar. Mas sabem, no íntimo de suas almas, que estou correto e que tenho que fazer o que faço.

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30/03/2013 00h01
DAS CHAGAS

                Ontem fiz uma reflexão sobre os sofrimentos de Jesus, por ocasião da Sexta-Feira da paixão. Ao falar do sofrimento de Cristo, lembrei das marcas que ficaram em seu corpo, das chagas. Essas marcas podem até ser reproduzidas pela força da fé na forma de estigmas, como aconteceu com São Francisco.

                Foi aí que passei a considerar com mais profundidade o porque do meu nome ter essa partícula: das Chagas. Não poderia ser a partícula “de Assis” que indicava com maior precisão quem era o santo que minha mãe se valeu para salvar a minha vida através de um milagre? Pois na condição de primeiro filho, minha cabeça ficou presa no canal de parto e como tudo era feito na residência, sem um conhecimento técnico aprofundado, as forças espirituais eram quem podiam nos socorrer. Como era o mês de outubro e a lembrança do Santo mais importante na cabeça das pessoas era São Francisco da cidade de Assis, daí a promessa e a oferta da minha vida se eu alcançasse a salvação. Trato feito, trato cumprido! Fui batizado como Francisco, mas acho que a espiritualidade que me assistiu no parto, nessa hora do registro interferiu. Ao invés de colocar “de Assis” que fazia referência apenas a uma cidade do interior da Itália, preferiu que me colocasse a partícula “das Chagas” que faz referência a identidade universal dos filhos de Deus, que passam pelo sofrimento em Seu nome e carregam no seu corpo e alma as chagas dos padecimentos, com tolerância e resignação.

                Caiu a ficha! De repente todo o meu nome adquiriu o significado amplo da existência, do apelo dramático e emocional dos meus pais, à resposta compassiva e inteligente do mundo espiritual. Olhei para meu corpo para ver essas chagas que tão visíveis eram em São Francisco e das quais ele procurava sempre ocultar dos olhares curiosos. Mas não vi nada de significativo. Apenas um corte na superfície dorsal do meu pé direito, em decorrência de ter sido arrastado por uma cabra por cima de cacos de vidro; também na perna direita uma cicatriz na altura do joelho como marca de uma queda que sofri em sala de aula quando na infância corria sobre carteiras e devido a falta de luz do momento, era madrugada, eu estava na educação física, meu pé não encontrou a cadeira seguinte, mas minha perna encontro a quina da cadeira causando profundo corte. Não, no meu corpo não tem nenhuma chaga significativa ou emblemática da espiritualidade, apenas peraltices de criança.

                Agora, ao examinar a alma, sim! Encontrei chagas, muitas chagas, e de forte conteúdo espiritual. Chagas pelo sofrimento que passei por ter a determinação de cumprir a vontade de Deus. Chagas que, apesar do tempo que possam ter sido criadas, ainda hoje estão abertas. De pessoas que amo profundamente e por não poder dar o meu amor com exclusividade a elas, chego a ser expulso, esbofeteado, enxotado de suas casas e de suas vidas de forma inclemente, radical. Todo o meu amor que eu demonstrava e que ainda sinto, e que jamais irá morrer, não é considerado, pelas forças do egoísmo, da ignorância da Lei de Deus.

                São essas chagas que ninguém ver, mas que eu sinto espalhadas por minha alma. O único reflexo delas para o mundo material seriam as minhas lágrimas, mas assim como São Francisco procurava ocultar suas chagas com sua roupa comprida, procuro ocultar as minhas com o sorriso largo. Mas quando estou só eu deixo as lágrimas lavarem essas feridas, feridas que se renovam cada vez que vejo um filho que caminha sob o sol inclemente ou sob a chuva, mas recusa entrar no meu carro e pegar uma carona; de uma ex-companheira que não quer mais que eu vá a sua casa e não quer ouvir a minha voz;  de uma mãe que teme por sua filha e desenvolve extrema agressividade; de tantas pessoas que por não me verem seguir a ordem cultural que o homem criou e também não percebem a Lei de Deus que meus passos acompanham, desenvolvem raivas, ódios e resistências que dentro de mim abrem as chagas, mas eles não percebem.

                Sim, sou o Francisco das Chagas, tenho agora essa consciência mais lúcida, estou disposto a carregar minha cruz. A cruz que Deus me determinou dentro do cumprimento da missão que Ele colocou em minha consciência: aplicar o Amor Incondicional de forma ampla, geral e irrestrita, sem ter como obstáculo o padecimento dos outros, pelos preconceitos e pela ignorância da Lei, mesmo que isso me cause as chagas do sofrimento pessoal.

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em 30/03/2013 às 00h01
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29/03/2013 07h45
OS SOFRIMENTOS DE CRISTO

            Hoje é um dia especial para o mundo cristão. Lembra o momento máximo dos sofrimentos de Cristo, o embaixador do amor que em nome do Pai veio para nos ensinar. E esta foi a sua lição mais dura, pra todos nós que beneficiados por suas lições e ações, julgamos, decidimos e protagonizamos essa barbárie contra Ele. Mas foi a força dessa lição que dividiu o mundo em antes e depois de Cristo; que nos deu o Evangelho, as Boas Novas, que até hoje cresce em importância e tende a cobrir todo o mundo com sua orientação; que nos deu a inspiração de sermos ao mesmo tempo ovelhas e pastores, discípulos e professores, sempre com a obrigação de aprender e ensinar sobre a importância do mundo espiritual e que Deus deixa cada um de nós com uma missão, por mais simples e insignificante que possa parecer.

            Não me canso de assistir a dramatização da vida de Jesus, e não canso de derramar lágrimas nesse momento mais crítico de sua paixão, do seu julgamento, açoites, até o ápice da brutalidade da crucificação. E a Sua paciência, compreensão, tolerância, resignação, ternura... e AMOR por todos aqueles que faziam aquilo! Todas essas informações chegam ao cerne da minha alma, fazem uma revolução nos conhecimentos acadêmicos, religiosos e pressionam para um aperfeiçoamento da minha compreensão.  

            O que motivava a Cristo passar por tudo isso? Cumprir a vontade do Pai, na condição de filho muito amado, isto é, que o reconhece como Pai e tem condições morais de fazer a Sua vontade com o mínimo de interferência dos apelos da carne. Mesmo que Ele tenha passado por momentos difíceis, por saber com antecedência o que iria sofrer, que chegou a pedir o afastamento do cálice de tanto padecimento, mas logo recuperou a firmeza e disse com segurança: “mas que seja feita a Vossa vontade!”

            Os sofrimentos identificam Jesus como o verdadeiro Messias. Ele havia ensinado de maneira clara que o Filho de Deus deveria sofrer muitas coisas e entrar na glória através do sofrimento. O Evangelho de Mateus chama bem a atenção para esse fato na história da paixão, de retratar Jesus como o cumprimento do Antigo Testamento:

            - Jesus foi traído por seus amigos? Trata-se do cumprimento do Salmo 41.9: “Até o meu melhor amigo, em quem eu confiava e partilhava do meu pão, voltou-se contra mim.”

            - Ele foi dolorosamente repudiado e oprimido? Trata-se do cumprimento de Isaias 53.3: “Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento.”

            - Ele manteve um silêncio nobre diante de seus juízes? Foi em cumprimento de Isaías 53.7: “Como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.”

            - Ele foi esmurrado, açoitado, esbofeteado e cuspido? Foi em cumprimento de Isaías 50.6: “Ofereci minhas costas àqueles que me batiam, meu rosto àqueles que arrancavam minha barba; não escondi a face da zombaria e dos cuspes.”

            Essas informações tão claras e verdadeiras impõem ao nosso raciocínio mecanicista e endurecido, a importância do mundo transcendental, de uma hierarquia de vida superior e eterna, mas enquadrada nas gradações de conhecimento e evolução moral que cada um possui. Mostra que quem sabe pode muito, mas quem ama pode mais; que o conhecimento e o sentimento devem andar de mãos dadas, orientados sempre pelo Amor; que o sofrimento é a carteira de identidade do Filho de Deus que cumpre a Sua vontade, pois neste mundo onde o mal ainda predomina, o mal que o egoísmo e ignorância patrocinam, só encontram resistência no amor incondicional, e em consequência passamos a ser alvo do sofrimento.

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em 29/03/2013 às 07h45
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