Reflexões tomando como base o pensamento da professora Lúcia Helena Galvão, divulgado em seu “Diálogo fictício sobre Deus em O Livro dos 24 Filósofos”, publicado no Youtube em 01-01-2021 e colocando as minhas próprias interferências quando considerar conveniente, e deixando aos leitores espaços para demais considerações.
Sétima frase:
“Deus é o princípio sem princípio. Progresso imutável. Final sem fim”
Imaginem um exemplo baseado numa percepção de Parmênides, que falava do avanço da luz sobre as sombras.
Imaginem que uma sala esteja cheia de pessoas. Todo mundo já estava lá há um bom tempo. Mas chega alguém com uma lanterna.
Essa lanterna de pequena potência, a princípio, foca só no rosto de uma pessoa. Quando ele acende a lanterna, diz: “chegou fulano”.
Aí ele esconde o foco da lanterna, e percebe: “em segundo lugar chegou ciclano”. “Em terceiro lugar chegou tal pessoa, em quarto lugar chegou alguém”.
Ele tem a ilusão de que as coisas vão acontecendo paulatinamente, na medida que sua luz se expande.
Se ele desde o início tivesse colocado o dedo do interruptor e acendido uma luz maior, teria percebido que ninguém chegou, todo mundo estava ali há muito tempo. O que chegou foi a luz dele.
A luz dele é que chegou e está se expandindo progressivamente.
Assim, a expansão da luz é que deu a ilusão de início, de progresso e de final. E na verdade as coisas todas estavam aí. A gente simplesmente começou a ver. Desenvolvemos a nossa visão. E um dia chegaremos à plenitude da visão.
Tudo esteve parado e presente o tempo todo. O único movimento que há é o movimento da luz sobre as sombras. Da consciência sobre o desconhecido. Consciência sobre a ignorância. Esse é o real e verdadeiro movimento.
Ou seja, Deus é princípio sem princípio. Progresso imutável. Final sem fim.
Ele sempre esteve aqui. O que vai progredir é a nossa visão sobre Ele.
Principiou Deus... não! Principiou a minha visão. Ele é um princípio para mim, mas Ele não tem princípio.
Desenvolveu-se Deus... não! Ele sempre foi o mesmo. Desenvolveu-se a minha visão sobre Ele
Um dia chegaremos ao fim, à plenitude, ao máximo que podemos ver de Deus. Ele não chegou a fim nenhum. Chegou ao fim a possibilidade de nossa visão.
Isso é bem bonito e interessante. Isso é a ilusão do movimento, que só ocorre da consciência sobre a ignorância. O resto todo é um movimento ilusório.
Por isso corremos de um lado para outro, pela vida afora. E no fundo não saímos do lugar, muitas vezes.
Este é o argumento mais forte da existência de Deus, o Criador. É muito claro a consequência lógica de que, existindo algo, algo o criou. Ao abrir o olhos e perceber a dimensão da natureza que nos abriga, surge logo a pergunta de quem o criou. Não tem outra resposta a não ser Deus, o Ser não criado, princípio de tudo, sem começo nem fim.
Reflexões tomando como base o pensamento da professora Lúcia Helena Galvão, divulgado em seu “Diálogo fictício sobre Deus em O Livro dos 24 Filósofos”, publicado no Youtube em 01-01-2021 e colocando as minhas próprias interferências quando considerar conveniente, e deixando aos leitores espaços para demais considerações.
Sexta frase:
“Deus, em comparação com Ele, a substância essencial é meramente acidental, e o acidental não é nada”
Em comparação com aquele elemento que gerou, que modelou a substância primordial, essencial.
Essa substância é meramente algo passageiro, acidental.
Acidental é aquilo que vai ser devorado pelo tempo. A nossa identidade mais elevada, aquilo que somos. Que é nossa essência. Ela ainda tem um defeito. Ela está separada uma das outras.
Ainda que seja muito profunda e conheça muito bem a mim mesma, o que não é o caso, mas imaginando, eu ainda me consideraria separado de você. Dele, do outro.... Essa separatividade faz com que a nossa existência ainda seja limitada.
Ela é um episódio passageiro, perto daquilo que teremos quando mergulharmos na Unidade.
Se você perceber, aquilo que se diz dos grandes sábios que houveram na história da humanidade, eles perceberam a Unidade, mesmo estando presos dentro de um corpo. Mesmo estando separados dos outros por um corpo.
Eles foram capazes de transcender essa ilusão do corpo e perceberam a Unidade em todas as coisas.
Só assim viemos ao mundo para trabalhar pela Unidade. Porque devemos vê-la como uma certeza. Ver como uma evidência e saber que não há trabalho real se não for por todo o nosso Corpo, a Unidade.
Se a Unidade é real, a maior parte de nós são os outros. E quando eu não trabalho pelos outros estou negando a trabalhar pela maior parte do meu próprio corpo.
Ainda em essência somos separados. E a separatividade é acidental. A Unidade é eterna.
Portanto, os atributos que nos levam à percepção da Unidade e trabalhar por ela, como fraternidade, empatia, solidariedade, são sempre elementos preciosos na evolução do ser humano. E nos levam a uma visão mais ampla da realidade. Porque somos de fato, Um. E o tempo nos levará a perceber isso como uma evidência.
Tenho agora cada vez mais forte essa compreensão da efemeridade da minha vida corporal. Que sou um ser vivente criado por Deus e que devo passar por um processo de burilamento a partir de minha consciência, do livre arbítrio e da coragem de implementar o que for necessário.
Tenho a compreensão que fui criado por Deus assim como toda a criação. Que estou num processo evolutivo em busca da perfeição assim como todos os meus irmãos, viventes ou não, racionais ou não. Sou uma simples partícula da Unidade que é a composição do Pai. Ao estar trabalhando e servindo a tantos ao meu redor, estou trabalhando muito mais por mim do que estaria se estivesse focado apenas no meu desenvolvimento individual, egoísta.
Texto para reflexão dos meus leitores sobre o documentário do Brasil Paralelo, com minha reflexão pessoal.
Um escritor com senso de humor único e inteligência aguçada e que faria os homens se reconectarem com a realidade. Seria chamado de apóstolo do senso comum.
O nome dele é Gilbert Keith Chesterton (1874 – 1936). É um desses raros gênios que teve naturalidade com a sabedoria. Ele é o profeta do senso comum porque é justamente esse resgate que ele faz, resgate das pessoas simples, das pessoas cotidianas. É isso o que se observa em grande parte da sua obra. Um homem que mostra a importância da alegria de modo tal que inflamou corações de gigantes na posteridade.
Estamos falando de guerra do imaginário e Chesterton conseguiu ensinar como é que você trabalha esse imaginário. Não adianta você defender uma fé, tem que ser com uma palavra que seja viva. Chesterton dá um nome a isso. Chama de imaginação moral. É uma imaginação que possui um objetivo, que ensina valores, que transmite ideias, que mostra a virtude como um objetivo a ser alcançado.
As primeiras recordações de Chesterton era de seu pai brincando com um teatro de marionetes, ou lendo histórias de Contos de Fadas na hora de dormir.
Chesterton nasceu em Londres em 1874, tem a oportunidade de crescer em uma família cujo pai era um artista. Tinha uma infância muito feliz, e ele era muito grato por essa infância.
A primeira memória que ele tem da infância é de uma casinha de madeira. Era um menino um soldadinho de três polegadas com uma coroa. Ele disse que foi a primeira visão que ele teve do mundo.
Sabemos de Chesterton, do grande impacto dos contos de fadas em sua vida, em sua filosofia. E isso é uma consequência dele ter sido apresentado aos Contos de Fadas por seu pai.
Esse momento da vida do Chesterton foi muito importante para construir toda o imaginário cristão dele. Anos depois Chesterton falou que essas experiências lhe ajudaram a fazer s coisas corretas desde o começo da vida.
Na adolescência Chesterton fundou o Clube Juvenil de Debates. Nas reuniões, temas literários e políticos eram debatidos de forma apaixonada.
Durante esse período Chesterton tanto defendia Deus como os ideais comunistas. Aos 19 anos ele ingressou na Escola de Belas Artes.
Diferentemente de seus amigos, que foram para as Universidades de Oxford ou de Cambridge, Chesterton foi para a Escola de Belas Artes Slade, que era parte da Universidade de Londres. Então, ele estava em uma escola de arte, no início da década de 1890.
O otimista, jovem, Chesterton, ao entrar para a Escola de Belas Artes, acaba se tornando relativamente, um pessimista, cínico. É aí que vem aquela descrição que ele faz daqueles mais baixos níveis de hierarquia moral que ele já teve.
Sobre a década de 1890, é que era o período da decadência inglesa. Então, era um movimento radicalmente relativista, e de certa forma hedonista em termos de moralidade, avant garde, no sentido ruim da palavra.
Na sua autobiografia, ele intitulou capítulo “como ser um lunático”. Ele fala que nesse período ele foi submetido e seduzido pela ilusão que é um fenômeno do Impressionismo (século XIX).
Ele foi atraído para esse mundo, radicalmente pessimista, que é próximo do desespero existencial. Ele relata em um de seus ensaios, sobre uma amizade que ele tinha com alguém que ele chamava de “diabolista”. Em outras palavras, um adorador do diabo.
Para ele foi um choque de realidade, foi demais para ele, começa a se enojar daquilo.
Somos muitas vezes influenciados fortemente pelo meio ambiente e formamos nossos paradigmas devido a essas influencias, que podem estar afastadas da verdade. Se nossas intenções são fiéis à verdade, jamais iremos nos contaminar e dirigir nosso comportamento sempre em sintonia com a mentira. No dia que a verdade surgir, e ela sempre surge, teremos coragem suficiente, vinda do âmago da nossa alma, para corrigir nossos paradigmas e entrar nos caminhos corretos.
É isso que está acontecendo com Chesterton e certamente acontece com todos nós que têm boas intenções em na alma.
Certamente o mal irá perdendo espaço cada vez mais no processo evolutivo, nós iremos nos aperfeiçoar com a justiça e virtudes que iremos conquistar e o próprio planeta também participará deste processo evolutivo, se transformando no próximo passo em Planeta e Regeneração, onde o amor prevalece sobre o mal.
Texto para reflexão dos meus leitores sobre o documentário do Brasil Paralelo, com minha reflexão pessoal.
HG Wells (1866 – 1946) foi um dos escritores mais populares do seu tempo. Era um socialista utópico que não acreditava na violência revolucionária.
Wells foi uma figura muito importante para o século 20 porque ele dá as bases de um gênero literário que hoje é conhecido como ficção científica.
Pensava que a única maneira de chegar à paz mundial era com um governo mundial. Ele escreveu dois livros sobre isso, abertamente: “A Nova Ordem Mundial” e “A Conspiração Aberta”. Esses livros serviram de inspiração para a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU).
O grande perigo do pensamento de Wells começa com a ideia de uma conspiração aberta. De fato, HG Wells pode ser tomado como pai do que hoje chamamos Globalismo.
“Veja, seria mais fácil hoje, governar o mundo inteiro. Ao que tudo indica, do jeito que as coisas estão, manter o mundo todo unido em uma comunidade. Acabar com a competição entre as nações, desarmamento, redução das Forças Armadas e a diminuição de tarifas entre nações. Em sequencia, a moeda da conferência mundial e ação mundial. E empresas públicas substituindo os lucros da iniciativa privada” (H.G. Wells).
No caso de HG Wells há duas características que vale a pena destacar. Uma delas é a ideia de que estruturas superiores, cada vez maiores, vão dominando as inferiores. A segunda característica é que ele investiu na cultura.
Em seu livro “Men all God”, Wells descreve um mundo onde a humanidade alcança a perfeição. Nessa sociedade, a religião tinha ficado no passado e a ciência reinava absoluta. Na sua obra mais famosa, “A Guerra dos Mundos”, Wells tenta mostrar que somente com a união dos governos seria possível enfrentar um desafio global.
As obras de Bernard Show e de HG Wells alteraram para sempre o imaginário do mundo ocidental. O Socialismo Fabiano avançava com sua agenda de secularização do Ocidente sem encontrar nenhuma resistência.
Aos poucos a mentalidade cristã foi perdendo terreno para as criações de Wells e Show.
O que eles não esperavam é que surgiria na mesma época um adversário improvável que iria desafiar esse movimento.
Mais uma vez é apresentado um autor cujo trabalho literário constrói uma sociedade utópica, que alcança a felicidade, mas que não considera a força animal, egóica que possuímos, e que pode boicotar todos os bons princípios que motivaram as mudanças de paradigmas culturais.
Texto para reflexão dos meus leitores sobre o documentário do Brasil Paralelo, com minha reflexão pessoal.
O socialismo Fabiano iria mudar a maneira como as pessoas enxergavam o mundo. Para isso, seria fundamental a participação de grandes escritores da época.
Você precisa ressignificar a cultura, os símbolos da cultura e foi justamente isso que os fabianos começaram a angariar para eles, dois dos maiores escritores desse tempo.
Você tinha HG Wells que tem um corpo de ficção estupendo, na ficção científica, especulativa, e Bernard Show (1856 – 1950), nas peças de teatro.
Ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1925 e um dos mais importantes escritores da história do teatro, Bernard Show foi um dos fundadores da Sociedade Fabiana. Foi um dos mais influentes romancistas da sua época. Era um intelectual de origem irlandesa, membro da Igreja Protestante na Irlanda. Até que drasticamente ele se tornou um ateu e um espécie de propagandista de ideias ateístas. Ele tornou-se membro da Sociedade Fabiana.
Bernard Show queria ser o Nietsche irlandês. A característica mais relevante do Show era ser um dos principais apologistas do que seria o humanismo do sobre-humano, ser o Nietsche em países de língua inglesa.
Ele acaba defendendo a ideia de que a esterilização dos pobres, ou seja, medidas eugênicas seria um caminho para acabar com a pobreza, o controle da natalidade.
“Eu nunca sei exatamente como deixar minha opinião clara, porque me oponho a qualquer tipo de punição. Eu não tenho que punir ninguém, mas há um número extraordinário de pessoas que eu quero matar. Eu não tenho um espirito cruel, nem sou mesquinho, mas isso deve ser óbvio para todos vocês. Vocês todos devem conhecer meia dúzia de pessoas, pelo menos, que estão apenas usando este mundo, que são mais um problema do que elas valem”. (Bernard Show)
O Show ficou encantado, interessado, e foi a um primeiro encontro dos fabianos, em maio de 1884. Em setembro ele começou a esboçar o ideário teórico da Sociedade Fabiana que em 1889 foi publicado como “Socialismo”. Uma obra que acabou se tornando a base intelectual dos socialistas fabianos.
Acabou triunfando principalmente na Inglaterra, mas na Europa toda muito mais que qualquer partido comunista ou qualquer teórico socialista ou marxista. O Bernard Show está presente no nosso imaginário de forma quase indelével.
Como dramaturgo escreveu peças como “O homem e super-homem”, uma comédia centrada na relação de um homem anarquista que acreditava que a seleção natural levaria a humanidade ao progresso e uma mulher sedutora inspirada no galanteador Dom Juan.
Outra peça de sucesso escrita pelo Show foi “Pigmalião”. Outra comédia dos costumes que tinha a intensão de expor a luta de classes entre um homem de posses e pedante e uma jovem florista humilde, mas que demonstrava valores superiores.
A busca de uma sociedade sempre é uma boa fonte de inspiração para autores produzirem seus ensaios, suas literaturas. Porém, é importante que seja dada a máxima importância aos instintos animais que possuímos, o Behemoth citado no livro de Jó, na Bíblia. Essa energia egóica, animal, que todos possuímos, também a possui os idealistas que procuram construir uma sociedade ideal. Para fazer isso é preciso conquistar o poder, mesmo que seja com o uso de palavras de ordem dissociada da realidade e com falsas intenções, mesmo com o uso da espada, de bombas atômicas. Fica claro que o poder alcançado dessa forma, vai motivar nos conquistadores, o uso da força para ase manterem do poder indefinitivamente. Escritores inteligentes, consagrados pelo público, mesmo assim podem cair nessa arapuca e passarem a contribuir para uma causa que eles conscientemente. Este é o caso de Bernard Show, que para quem não sabe desses bastidores, também como eu que não sabia, ontem, ler os seus livros, não consegue perceber no seu trabalho, a malignidade que está embutida. Ele é engando e engana os outros de forma semelhante, acreditando que os seus mundos utópicos realmente se realizam trazendo harmonia e progresso para todos.