Tu és a que no mundo anda perdida
Tu és para mim a minha sorte
Tu és o sonho, minha meta, o meu norte
Tu és o complemento da minha vida
Mas o destino, para mim, amargo e triste
É uma névoa que me tira a visão
Em todas vejo a tua imagem, uma ilusão
A esperança para mim não mais existe
Tu és aquela que me passa e eu não vejo
Tu és aquela que eu amo sem saber
Tu és aquela que eu nunca irei ter
Será que nunca, de ti, terei um beijo?
Alguém que nunca no mundo encontrarei?
Aquela por quem vivo e nunca viverei?
Eu sou teu sonho, Poetisa eleita
Eu sou quem diz tudo que sabes, e diz
Eu sou tua alma, bem mais que perfeita
Eu sou os versos que na imensidade fiz
Agora vejo, em ti, eco do que sou
Alma que vaga, cheia de saudade
Querendo algo... talvez, um louco amor
Algo que traga em mim a claridade
Sonhava ser, Alguém, tal neste mundo
Inteligente, douto, de amor profundo
Mas te encontrei, Poetisa, e me vi sonhando
Pois era tu que no alto estava
Pois era tu que tanto eu escalava
Pois era tu, enfim, que eu estava amando
Oh! Minha irmã, em lágrimas derretida
De cujas dores sai todo o seu pranto
Pois fiques certa, aqui do meu canto
Existem dores tal qual que tua vida
Eu agradeço este seu presente
As tuas letras em mágoas, este livro
E que recolho, belos cacos de vidro
Para repor minha ventura, ausente
Vou pelo mundo, minha irmã na dor
Choro contigo a minha imensa mágoa
Lavo meu peito com essa abundante água
Prá quem não teve nesta vida amor
Eu te darei, minha irmã querida
Cacos de paixão, por ti, compadecida
Jamais pensei que o amor tivesse tanta força. Pensava que a minha vocação de professor, de ensinar alguém a ser importante, famoso e muito rico, era a grande ventura de uma vida. Conheci Lilian, e nunca imaginei que o meu peito iria explodir de tantos sentimentos contraditórios.
Ela era uma jovem bonita, vivaz, encantada pela vida, e aprendeu a gostar tanto de mim que colocava o sucesso que já começava a ter, em segundo plano, queria casar comigo e viver uma vida simples, num ranchinho na montanha, ouvindo a sintonia do rio que corria diariamente sobre as pedras.
Reclamei com ela, que ela era uma menina boba, que não queria aproveitar a oportunidade que lhe chegava nas mãos; estava com um convite de respeitada universidade para fazer o importante curso que ela tanto se destacava.
Eu percebia lágrimas em seus olhos enquanto ela pedia para casar comigo, que nada mais lhe interessava que termos uma vida juntos, que pudesse sempre acordar pela manhã e abraçar o meu corpo, dividir sorrisos, beijos... ela pedia apenas que eu aceitasse casar com ela, que dissesse sim, e resistia o quanto podia, o que eu fazia para empurrá-la para a fama.
Não percebi o quanto eu estava sendo mercenário ao ver uma aluna minha famosa e talvez me puxasse para a fama ao lado dela. Não percebi o quanto ela estava se afastando com os meus empurrões, o seu olhar de desamparo, de perder uma fatia do paraíso que experimentava quando juntos caminhávamos e brincávamos pelas trilhas dos caminhos verdejantes, sob o sol, o luar, ou mesmo sob os pingos da chuva.
Ela foi embora como eu queria. Fez sucesso como eu imaginava. Agora era uma pessoa famosa, reconhecida em todo o país. Já faziam oitos anos que ela tinha ido embora, e nunca falamos depois daquele dia fatídico, que eu não sabia diferenciar o poder do amor. Era ainda iludido pelo poder da fama.
Mas o tempo me fez ver a diferença. A ausência de Lilian em minha vida, deixou um vácuo que eu não conseguia preencher, nem com outras alunas que estudavam comigo e que também tinham vocações promissoras. Cada ano que passava eu vinha a conhecer a força de um sentimento que sempre está associado ao amor: a saudade. Aprendi que essa saudade era o amor de Lilian que ficou comigo. E cada dia crescia mais. Eu não podia podar. Pelo contrário, cada vez que eu lembrava dos momentos que eu tinha com Lilian, mais a saudade aumentava, mais eu reconhecia nela o sentimento do amor.
Foi nesta época que foi anunciado com toda a pompa que a Dra. Lilian viria visitar nosso povoado, viria fazer um trabalho e seria muito bem recompensada. De início eu pensei em evitar me encontrar com ela, estava ressentido por ela nunca haver se comunicado comigo, de não ter respondido às minhas tentativas de falar com ela. Mas não consegui colocar isso em prática. O amor que se avolumou em meu coração era tão grande, que me forçou a ir correndo, literalmente, ao seu encontro.
Cheguei no momento que ela finalizava seu trabalho, ovacionada de pé pelos presentes. Senti o rosto dela se alegrar quando percebeu a minha presença. Ela me convidou para conversarmos reservadamente, e perguntei porque ela não respondeu as tantas cartas que eu enviara. Ela respondeu com o semblante tristonho, que a raiva é uma coisa perigosa. Percebi que naquele dia que ela pedia para casar comigo, porque me amava tanto, e que eu a empurrei para a fama contra a sua vontade, ela se afastou de mim, fez o que eu pedia, mas levou consigo um vírus que eu criei na hora e inoculei dentro dela: a raiva.
Percebia tudo isso, mas agora era tarde demais. Mesmo assim ainda tentei e pedi para ela casar comigo, que eu a amava. Mas ela disse que agora era tarde, era uma pessoa mudada, mesmo que ela quisesse não era possível.
Minhas lágrimas banhavam o meu rosto e percebia também as lágrimas dela. Ela era agora uma pessoa coberta pela fama, com compromissos pelo mundo inteiro, muito dinheiro envolvido. Eu, que dava tanto valor à fama, fiz com minha atitude o congelamento dentro dela do amor que ela tinha por mim. E eu, que tanto valorizava a fama, o tempo me fez ver o poder do amor, que nada na vida me encanta, pois, o meu amor por Lilian está mais vivo e potente do que nunca, mas ela agora está longe do meu alcance, no seu coração existe um bloco de gelo que representa o amor que ela tinha por mim. E quanto mais ela recebe os aplausos da fama, mais esse amor ressentido dorme sem esperança.
A honestidade de uma pessoa depende muito da vivência que ela leva diante dos conflitos interiores e dos problemas que a própria natureza externa apresenta como testes da sua maturidade.
Pelo tom da tua voz notaremos a apreciação que fazemos de nós e nos outros, e, pela análise, notaremos a falta de compreensão de grupo para grupo e de almas para almas, começando dos lares até as nações.
Esse é um processo inevitável dos homens e povos se entenderem mais tarde, pois as dificuldades são criadas para que a dor possa aparecer ensinando, na antecipação do amor.
Quanto mais bruto é o animal, maior é a corrigenda. A roseira mostra suas pétalas, mas traz os espinhos na retaguarda, para que a vigilância seja desenvolvida.
Conhecemos bem as escrituras, pelo próprio esforço e nas interpretações dos sacerdotes, e não devemos faltar com a razão. Moisés foi o portador da Justiça, pela dureza dos corações. No entanto, o raciocínio nos faz crer que a nova mensagem do Evangelho que estamos conhecendo, transforma a Justiça pelas linhas da misericórdia, em Amor e, é justo que saibamos, que somente o Amor no coração das criaturas fará estabelecer a verdadeira compreensão ao longo do tempo, nos lares e nas nações.
Sejamos inteligentes, não nos iludamos com falsas filosofias. O esquema de Deus não foi feito para transformações imediatas, principalmente no tocante às almas.
O despertar de um espírito para as coisas reais da vida depende de sequências de esforços indescritíveis. O sol tem uma marcha moderada, com respeito ao tempo, para formar o dia, e este a mesma sequência, na estrutura dos anos. Assim os séculos, assim os milênios, assim a eternidade.
A compreensão é incompatível com a ignorância. Se a ignorância comanda e domina a maioria na Terra, como poderemos esperar ajuste de Entendimento entre as criaturas?
Se é certo que toda a humanidade tem fome de amor, é mais justo que esse amor seja dado aos que desconhecem os seus grandes benefícios.
Estão sendo instalados na seara da Terra os meios de propagação da mensagem que nos levará ao maior Entendimento das coisas e da vida, da vida e dos homens e do mundo dos anjos.
Porque é por vontade de Deus que estamos aqui, para transmutar a justiça em perdão, e o perdão em caridade que, nesse fluxo da vida, passe a esplender na pureza do amor.
Preparemo-nos para escutar a verdade que não esperávamos. Se nos preocupamos muito com a compreensão de uns em relação aos outros e dos outros conosco, se intentamos lutar para estabelecer um Entendimento universal, se nos dispomos a trabalhar para uma unidade de sentimentos, coloquemos o capacete do trabalho edificante sem perguntar o que vamos receber.
Envolvemo-nos na tolerância, educada na força do bom senso.
Respiremos e distribuamos a caridade sem fanatismo, arregimentando as armas do perdão incondicional e não pensemos no tempo em que a nossa cooperação com os outros que esposam as mesmas ideias venha a formar a fraternidade entre os povos.
Porque na verdade, essa incompreensão que tanto tememos, nós a sentiremos no nosso próprio meio, onde temos as melhores armas para combate-la.
Mas, se continuamos no bem até o fim, fazendo a nossa parte, os outros farão o mesmo, e Deus fará o resto.