Encontrei nas redes sociais um texto que nos remete a questão judaico-palestina, que nos ajudará a refletir sobre esta atualidade dos dias de hoje. Vejamos.
Gandhi e a questão judaico-palestina
Janeiro 12, 2009
Manifesto de Mahatma Gandhi (1869-1948) sobre a questão judaico-palestina:
Harijan, em 26 de novembro de 1938.
“Recebi muitas cartas solicitando a minha opinião sobre a questão judaico-palestina e sobre a perseguição aos judeus na Alemanha. Não é sem hesitação que ouso expor o meu ponto-de-vista.
Na Alemanha as minhas simpatias estão todas com os judeus. Eu os conheci intimamente na África do Sul. Alguns deles se tornaram grandes amigos. Através destes amigos aprendi muito sobre as perseguições que sofreram. Eles têm sido os “intocáveis” do cristianismo; há um paralelo entre eles, e os “intocáveis” dos hindus.
Sanções religiosas foram invocadas nos dois casos para justificar o tratamento dispensado a eles. Afora as amizades, há a mais universal razão para a minha simpatia pelos judeus. No entanto, a minha simpatia não me cega para a necessidade de Justiça.
O pedido por um lar nacional para os judeus não me convence. Por quê eles não fazem, como qualquer outro dos povos do planeta, que vivem no país onde nasceram e fizeram dele o seu lar? A Palestina pertence aos palestinos, da mesma forma que a Inglaterra pertence aos ingleses, ou a França aos franceses.
É errado e desumano impor os judeus aos árabes. O que está acontecendo na Palestina não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Os mandatos não têm valor. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico. O caminho mais nobre seria insistir num tratamento justo para os judeus em qualquer parte do mundo em que eles nascessem ou vivessem. Os judeus nascidos na França são franceses, da mesma forma que os cristãos nascidos na França são franceses.
Se os judeus não têm um lar senão a Palestina, eles apreciariam a idéia de serem forçados a deixar as outras partes do mundo onde estão assentados? Ou eles querem um lar duplo onde possam ficar à vontade?
Este pedido por um lar nacional oferece várias justificativas para a expulsão dos judeus da Alemanha. Mas a perseguição dos alemães aos judeus parece não ter paralelo na História. Os antigos tiranos nunca foram tão loucos quanto Hitler parece ser. E ele está fazendo isso com zelo religioso. Ele está propondo uma nova religião de exclusivo e militante nacionalismo em nome do qual, qualquer atrocidade se transforma em um ato de humanidade a ser recompensado aqui e no futuro.
Os crimes de um homem desorientado e intrépido, estão sendo observados sob o olhar da sua raça, com uma ferocidade inacreditável. Se houver sempre uma guerra justificável em nome da humanidade, a guerra contra a Alemanha para prevenir a perseguição desumana contra uma raça inteira seria totalmente justificável.
Mas eu não acredito em guerra nenhuma. A discussão sobre a conveniência ou inconveniência de uma guerra está, portanto, fora do meu horizonte. Mas se não pode haver guerra contra a Alemanha, mesmo por crimes que estão sendo cometidos contra os judeus, certamente não pode haver aliança com a Alemanha. Como pode haver aliança entre duas nações que clamam por justiça e democracia e uma se declara inimiga da outra?
Ou a Inglaterra está se inclinando para uma ditadura armada, e o que isso significa?
A Alemanha está mostrando ao mundo como a violência pode ser eficientemente trabalhada quando não é dissimulada por nenhuma hipocrisia ou fraqueza mascarada de humanitarismo; está mostrando como é hediondo, terrível e assustador quando isso aparece às claras, sem disfarces.
Os judeus podem resistir a esta organizada e desavergonhada perseguição? Existe uma maneira de preservar a sua autoestima e não se sentirem indefesos, abandonados e infelizes? Eu acredito que sim.
Ninguém que tenha fé em Deus precisa se sentir indefeso, ou infeliz. O Jeová dos judeus é um Deus mais pessoal que o Deus dos cristãos, muçulmanos ou hindus, embora realmente, em sua essência, Ele seja comum a todos.
Mas como os judeus atribuem personalidade a Deus e acreditam que Ele regula cada ação deles, estes não se sentiriam desamparados.
Se eu fosse judeu e tivesse nascido na Alemanha e merecido a minha subsistência lá, eu reivindicaria a Alemanha como o meu lar, do mesmo modo que um “genuíno” alemão o faria, e desafiaria qualquer um a me jogar na masmorra; eu me recusaria a ser expulso ou a sofrer discriminação.
E fazendo isso, não deveria esperar por outros judeus me seguindo em uma resistência civil, mas teria confiança que no final estariam compelidos a seguir o meu exemplo.
E agora uma palavra aos judeus na Palestina: Não tenho dúvidas de que os judeus estão indo pelo caminho errado. A Palestina, na concepção bíblica, não é um tratado geográfico. Ela está em seus corações.
Mas se eles devem olhar a Palestina pela geografia como sua pátria mãe, está errado aceitá-la sob a sombra do belicismo britânico. Um ato religioso não pode acontecer com a ajuda da baioneta ou da bomba. Eles poderiam estabelecer-se na Palestina somente pela boa vontade dos palestinos. Eles deveriam procurar convencer o coração palestino.
O mesmo Deus que rege o coração árabe, rege o coração judeu. Só assim eles teriam a opinião mundial favorável às suas aspirações religiosas. Há centenas de caminhos para uma solução com os árabes, se descartarem a ajuda da baioneta britânica.
Como está acontecendo, os judeus são responsáveis e cúmplices com outros países, em arruinar um povo que não fez nada de errado com eles.
Eu não estou defendendo as reações dos palestinos. Eu desejaria que tivessem escolhido o caminho da não-violência a resistir ao que eles, corretamente, consideraram como invasão de seu país por estrangeiros.
Porém, de acordo com os cânones aceitos de certo e errado, nada pode ser dito contra a resistência árabe face aos esmagadores acontecimentos.
Deixemos os judeus, que clamam serem os Escolhidos por Deus, provarem o seu título, escolhendo o caminho da não-violência para reclamar a sua posição na Terra. Todos os países são o lar deles, incluindo a Palestina, não por agressão, mas por culto ao amor.
Um amigo judeu me mandou um livro chamado A contribuição judaica para a civilização, de Cecil Roth. O livro nos dá uma idéia do que os judeus fizeram para enriquecer a literatura, a arte, a música, o drama, a ciência, a medicina, a agricultura etc., no mundo. Determinada a vontade, os judeus podem se recusar a serem tratados como os párias do Ocidente, de serem desprezados ou tratados com condescendência.
Eles podiam chamar a atenção e o respeito do mundo por serem a criação escolhida de Deus, em vez de se afundarem naquela brutalidade sem limites. Eles podiam somar às suas várias contribuições, a contribuição da ação da não-violência.”
Manifesto publicado em My Non-Violence, editado por Sailesh K. Bandopadhaya, Navajivan Publishing House, Ahmedabad, 1960.
https://notanapauta.blogspot.com/2009/01/cem-palavras-gandhi-e-questo-judaico.html?m=1
Tudo indica que Gandhi ainda não tinha descoberto TUDO sobre os judeus, pois a luta dele na África do Sul, antes de ir pra Índia, foi - justamente - contra (((ELLES))).
E NA ÍNDIA, NÃO FOI DIFERENTE! NO FIM, FOI ASSASSINADO!
Sim, parece que Gandhi não estava bem consciente da luta dos judeus e o que aconteceu naquela região nos dias atuais. Houve todo um esforço dos judeus e da ONU para que fosse criado o estado judeu e o estado palestino e que todos convivessem em paz. Os judeus entraram na região de forma pacífica, comprando o terreno onde se instalaram, mas a intolerância dos povos vizinhos associado à beligerância até hoje não acatou essa decisão majoritária à nível de ONU e permanecem com seus atos terroristas que não se limita apenas aquele pequeno espaço geográfico. Por isso é importante que estudemos em procura da verdade para não colocarmos posições deslocadas da justiça, mesmo que sejam ditas por pessoas da envergadura moral de um Gautama Gandhi.
A previsão de que o Brasil seria a “Pátria do Evangelho e Coração do Mundo” parece está se estruturando a partir deste momento onde o atual combate espiritual está muito acirrado no mundo e que o Cristianismo parece está sendo derrotado.
O comunismo/socialismo está avançando por todo os países, fomentando guerras, fome e pestes por onde passa. Parece que o caminho do Anticristo está sendo cada vez mais forjado com a infiltração do poder das trevas por todos os rincões do mundo.
Nos países que o comunismo/socialismo é instalado, alcançado geralmente por meio de iniquidades, principalmente por falsas narrativas, o primeiro segmento que passa a ter suas ações restritas é a Santa Igreja Católica, como acontece agora na Nicarágua. Os padres e freiras que ajudaram o atual presidente alcançar a presidência de forma democrática, passam a ser expulsos do pais sem nenhuma consideração.
No Brasil observamos que aconteceu o mesmo processo. A Igreja Católica foi infiltrada sorrateiramente pelos adversários, levantando falsas bandeiras ideológicas, como aconteceu com a famigerada Teologia da Libertação que incorporava ideias do Modernismo associado ao Marxismo que sutilmente praticavam comportamentos contrários ao Cristianismo que aprenderam a defender, mas não foram capazes de discernir a essência do mal que estavam absorvendo. Chegou a um nível tão severo de subversão ideológica, que teve padre dentro de movimentos terroristas, que jogou bomba no meio de inocentes para matar um alvo estratégico, um militar associado à presidência da República.
Hoje observamos que essa estratégia ideológica anticristã chegou ao seu apogeu. A Igreja Católica majoritariamente contaminada, infiltrada, onde até o Papa se torna ativista ideológico, tomando atitudes incoerentes com o Cristianismo e perseguindo os padres que desejam seguir a tradição da Igreja, catequizando como sempre de acordo com a sucessão dos apóstolos.
Felizmente está se levantando no meio dos leigos um grupo de jovens conscientes do que está acontecendo e que fazem o confronto nas redes sociais, denunciando esse tipo de infiltração e fazendo cursos muito valiosos para resgatar a verdade histórica que está por trás das falsas narrativas. Eu mesmo procuro colaborar com essas pessoas que vejo emergir de dentro do Brasil profundo, me associo às suas plataformas e participo dos cursos que chegaram a me abrir a consciência para que eu percebesse a verdade e procurasse corrigir os meus atos que não estão sintonizados com o Cristianismo.
Tivemos também a grande colaboração do filósofo Olavo de Carvalho que abriu a mente de uma parcela de jovens que passaram a desenvolver um ativismo mais condizente com a realidade. Tivemos um presidente maravilhoso e milagrosamente honesto e competente, perseguido durante os quatro anos do seu governo. Tudo isso nos mostra como nossa pátria está sendo atacada pela força das trevas, mas que estamos nos capacitando para a ofensiva, reconhecendo que estamos dentro da milenar guerra espiritual e que precisamos estar dentro do exército do Cristo, usando a armadura do cristão como o apóstolo Paulo nos ensinou.
Pai, tenho dificuldade de dizer isto, mas como prova de minha honestidade, revelando aquilo que o Senhor já sabe, é que hoje venho Te confessar. Venho denunciar a minha falta de coragem, de determinação de fazer a Tua vontade, seguindo o caminho que apontas para mim, que sei que é o mais conveniente dentro das atuais circunstâncias. Mas não consigo enfrentar minhas fragilidades, de fazer o enfrentamento comigo mesmo, da preguiça, da falta de fé, de certa ingratidão, do tanto que eu recebi e do pouco que devolvo como forma de fazer a tua vontade. Sei que a Tua vontade é realizada aqui no mundo material pelos teus filhos racionais que querem fazer a tua vontade. Se eu me considero enquadrado neste perfil e não faço a Tua vontade, significa que eu não Te deixo manifestar onde é necessário, no locus de minha influência. Quando venho agora, Pai, perto de Ti, confessar isso que sinto, é uma forma de mostrar minha incapacidade atual. Mas também sinto que minhas intenções continuam as mesmas, de conseguir em algum momento fazer aquilo que sinto ser de minha responsabilidade frente a Ti. Não quero chorar agora devido a isso, pois sei que há motivos, mas, por outro lado, sinto que se essas lágrimas caírem serão provas de cinismo, fazendo promessas de um futuro que tenho capacidade de realizar no presente, mas que decido postergar. Por isso Pai, sinto que a vergonha é o manto que cobre minha fraqueza volitiva, minha preguiça ancestral. Mas não quero me sentir derrotado, mesmo aparentando isso. Quero entender que esta é uma batalha pessoal que perdi, na minha guerra espiritual individual. Mas não abandono o campo de batalha. Agora mesmo estou fazendo esta confissão vergonhosa como forma de apresentar os meus pecados frente à Tua imensa sabedoria. Mostro o arrependimento frente os pecados cometidos e que estou disposto a pagar a penitência que eu merecer.
Sim, filho, confirmo que a tua confissão representa a verdade dos fatos e isso me torna mais satisfeito contigo, apesar da fraqueza motivacional para realizar aquilo que sabes ser necessário e que tens competência para fazer. Aceito a tua confissão como forma de limpar o teu espírito da mancha dos pecados, mas terás que pagar um preço, uma penitência, pois sabes que nada se consegue de forma gratuita, mas que devemos realizar alguma ação como forma de penitência. Irei te dar uma penitência de forma produtiva, que seja útil para a tua evolução, fazendo aquilo que estás pronto para ser realizado e que já encontro quando sondo a tua consciência, o teu coração, e vejo que isso é uma promessa para ser realizada. Você deve fazer dentro dos 10 primeiros dias deste mês, a organização do livro que está nos seus projetos, usando as folhas deste diário, desde o primeiro dia que você o iniciou até o centésimo dia, correspondendo a 10 folhas por dia. Este é o prazo fechado que estou dando a ti, mas sei das tuas dificuldades, e por isso te darei uma dilatação deste prazo até o final do mês. Então, tu terás oportunidade de pagar os teus pecados com honra, no primeiro caso ou, no segundo caso, pagar com justiça o débito que contraístes.
Sim, Pai, procurarei cumprir a ordem que me é cobrada.
Fui testemunha hoje do esgarçamento de uma família devido a posição política diferente do marido e da esposa, deixando um filho menor, de 12 anos, portador de TDAH e medicado com psicofármacos, no meio da contenda.
A esposa acusa o marido de defender um ladrão que está na presidência da República, que ele está cego e não ver as atrocidades que esse presidente e seus comparsas estão fazendo no país. Diz que ela também defendia essas pessoas, mas quando percebeu que estava errada, pois viu que essas pessoas tinham princípios diferentes dos dela, logo ela corrigiu o seu pensamento e passou a votar do outro lado.
Observei que ela disse algo muito interessante, que não estava focada no atual presidente, pois este era um pobre coitado, ignorante, que estava sendo utilizado plenamente pelo poder maligno das trevas.
Aproveitei essa opinião para intervir nas colocações, tentando levar a harmonização do casal, apesar da forte divergência que estava gerando profundo conflito com potencial de destruir a estrutura do casamento.
Elogiei a perspectiva racional que ela apresentava ao diagnosticar com precisão o centro do problema, que não era um indivíduo em particular o nosso principal adversário, mesmo que fosse um presidente cheio de atitudes nocivas e de iniquidades no exercício do cargo. O foco central onde deveríamos colocar nossa atenção, seria no poder das trevas em hipnotizar e cooptar nossos irmãos para eles fazerem o que elas, as trevas, têm interesse. O irmão que se torna hipnotizado ou cooptado, se afasta do Caminho da Verdade que leva a Vida eterna na proximidade com Deus, conforme o Cristo ensinou.
Com esta visão espiritual esclarecida, o primeiro passo é compreender o irmão que está contaminado pelas trevas, quer seja o Presidente da República, quer seja o marido ou esposa em cada lar. Essas pessoas não percebem que estão dando respaldo às forças trevosas, que mesmo que tenham algum benefício de imediato, a longo ou médio prazo um prejuízo maior se abate sobre um número bem maior de pessoas, onde o próprio cooptado pode estar envolvido. Temos que entender o nosso parente cooptado ou hipnotizado como uma pessoa doente, um tipo de vírus espiritual que invadiu a mente e que necessita de muita compaixão de nossa parte para ele ser retirado.
Devemos ter muita sabedoria para separar o pecador do pecado. Este não pode ser tolerado, sim combatido; o segundo, o pecador, ele é nosso irmão que se encontra doente e que precisa de nossa ajuda para recuperar a saúde mental e espiritual.
Ao terminar minhas considerações, notei que o emocional ainda estava fervendo, apesar da mente ter entrado em reflexão. Espero que minhas palavras sirvam para a esposa, que está com o pensamento correto, sintonizado nas lições do Cristo, consiga manter o silêncio quando necessário, não concordar nem acompanhar o comportamento do marido quando ele se mostrar na sintonia do mal, explicando com delicadeza e educação, o tipo de mal que ele está revelando e que ela não pode compactuar com isso, mesmo que tenha amor por ele e não queira destruir o casamento.
Afinal, percebo que aí está um quadro que exemplifica uma das lições do Cristo, que Ele não veio ensinar entre nós para trazer uma paz ociosa, passiva, e si trazer a espada para combater o mal, mesmo que seja dentro de casa com a própria família.
Para ter a compreensão da realidade brasileira atual, este texto do filósofo Olavo de Carvalho é de grande importância.
Uma geração de predadores
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 3 de junho de 2011
Desde que me distanciei do Brasil, tenho visto a inteligência dos meus compatriotas cair para níveis que às vezes ameaçam raiar o sub-humano. Não posso medi-la pela produção literária, que veio rareando até tornar-se praticamente inexistente num país que já teve alguns dos melhores escritores do mundo. Meço-a pelas teses universitárias que me chegam, cada vez mais repletas de solecismos (erros de sintaxe na construção de um trecho ou combinação de palavras, podendo ser de concordância, de regência, de colocação e de má estruturação) e contrassensos grotescos, pelos comentários de jornal, pelos pronunciamentos das chamadas “autoridades” e, de modo geral, pelas discussões públicas. Em todo esse material, o que mais salta aos olhos não é o vazio de ideias, não é a estupidez dos raciocínios, não é nem mesmo a miséria da linguagem: é a incapacidade geral de distinguir entre o essencial e o acessório, o decisivo e o irrelevante. Não há problema, não há tema, não há assunto que, uma vez trazido ao palco – ou picadeiro –, não seja infindavelmente roído pelas beiradas, como se não tivesse um centro, um significado, um sentido em torno do qual articular uma discussão coerente. Cada um que abre a boca quer externar apenas algum sentimento subjetivo deslocado e extemporâneo, exibir bom-mocismo, angariar simpatias ou votos, como se se tratasse de uma rodada de apresentações pessoais num grupo de psicoterapia e não de uma conversa sensata sobre – digamos – alguma coisa. A coisa, o objeto, o fato, o tema, este, coitado, fica esquecido num canto, como se não existisse, e depois de algum tempo cessa mesmo de existir. A impressão que me sobra é a de que toda a população legente e escrevente está sofrendo de síndrome de déficit de atenção. Ninguém consegue fixar um objeto na mente por dez segundos, a imaginação sai logo voando para os lados e tecendo, embevecida, um rendilhado de frivolidades em torno do nada.
Se me perguntarem quais são os problemas essenciais do Brasil, responderei sem a menor dificuldade:
1) A matança de brasileiros, entre quarenta e cinquenta mil por ano.
2) O consumo de drogas, que aumenta mais do que em qualquer país vizinho, e que alguns celerados pretendem aumentar ainda mais mediante a liberação do narcotráfico – o maior prêmio que as Farc poderiam receber por décadas de morticínio.
3) A absoluta ausência de educação num país cujos estudantes tiram sempre os últimos lugares nos testes internacionais, concorrendo com crianças de nações bem mais pobres; num país, mais ainda, onde se aceita como ministro da Educação um sujeito que não aprendeu a soletrar a palavra “cabeçalho” porque jamais teve cabeça, e onde se entende que a maior urgência do sistema escolar é ensinar às crianças as delícias da sodomia – sem dúvida uma solução prática para estudantes e professores, já que o exercício dessa atividade não requer conhecimentos de português, de matemática ou de coisa nenhuma exceto a localização aproximada partes anatômicas envolvidas.
4) A falta cada vez maior de mão-de-obra qualificada de nível superior, que tem de ser trazida de fora porque das universidades não vem ninguém alfabetizado.
5) A dívida monstruosa acumulada por um governo criminoso que não se vexa de estrangular as gerações vindouras para conquistar os votos da presente, e que ainda é festejado, por isso, como o salvador da economia nacional.
6) A completa impossibilidade da concorrência democrática num quadro onde governo e oposição se aliaram, com o auxílio da grande mídia e a omissão cúmplice da classe rica, para censurar e proibir qualquer discurso político que defenda os ideais e valores majoritários da população, abomináveis ao paladar da elite.
7) A debilitação alarmante da soberania nacional, já condenada à morte pela burocracia internacional em ascensão e pelo cerco continental do Foro de São Paulo (aquela entidade que até ontem nem mesmo existia, não é?).
8) A destruição completa da alta cultura, num estado catastrófico de favelização intelectual onde a função de respiradouro para a grande circulação de ideias no mundo, que caberia à classe acadêmica como um todo, é exercida praticamente por um único indivíduo, um último sobrevivente, que em retribuição leva pedradas e cuspidas por todo lado, especialmente dos plagiários e usurpadores que vivem de parasitar o seu trabalho.
Se me perguntam a causa desses oito vexames colossais, digo que é a coisa mais óbvia do mundo: quarenta anos atrás, as instituições que se gabam de ser as maiores universidades brasileiras lançaram na praça uma geração de pseudo-intelectuais morbidamente presunçosos, que na juventude já se pavoneavam de ser “a parcela mais esclarecida da população”. Hoje essas mentes iluminadas dominam tudo – sistema educacional, partidos políticos, burocracia estatal, o diabo –, moldando o país à sua imagem e semelhança. Matança, dívidas, emburrecimento geral, debacle do ensino, é tudo mérito de um reduzido grupo de cérebros de péssima qualidade intoxicados de ideias bestas e vaidade infernal. Dentre todas as gerações de intelectuais brasileiros, a pior, a mais predatória, a mais destrutiva.
Se querem saber agora por que os temas fundamentais não podem ser enxergados e discutidos na sua essência, por que as atenções são sempre desviadas para detalhes laterais e por que, em suma, nenhum problema neste país tem solução, a resposta também não é difícil: quem molda os debates públicos, por definição, é a elite dominante, e esta não permite que nada seja discutido exceto nos moldes do seu vocabulário, dos seus interesses, da sua agenda, da sua irresponsabilidade psicótica, da sua ambição megalômana, da sua auto adoração abjeta.
Enquanto vocês não perderem o respeito por essa gente, nada de sério se poderá discutir no Brasil.
Uma análise crítica, lúcida e verdadeira do que acontece no Brasil, onde sofremos esses efeitos deletérios e que custarão muitos esforços para a correção.