Pela primeira vez, nos meus 64 anos, eu vejo essa data, 15 de novembro, com um novo olhar. Antes eu mantinha todo um ideal de nobreza com os atos que culminaram na Proclamação da República feita por militares, destronando um Rei que se tornara obsoleto nos objetivos modernos e democráticos da nação.
Hoje percebo que foi um ato de violência, um golpe de estado perpetrado pelos militares com foco nos interesses na elite e longe da consciência popular. Percebo cada vez mais com evidência que o regime imperial apresentava melhores condições de governabilidade para o povo brasileiro e que a corrupção teve mais acolhida no Regime Republicano.
Existe uma fantasia defendida, ensinada e praticada pelos republicanos de que a República é o único regime que mais permite que a democracia seja exercida, e que uma pessoa humilde, vinda do seio mais pobre da população tenha condições de alcançar, pelo voto da maioria, os maiores cargos da Nação. Um exemplo marcante foi o que aconteceu na história recente do Brasil. Um metalúrgico conseguiu alcançar o cargo de Presidente, passou 8 anos no poder e conseguiu eleger a sua candidata, por mais 4 anos, e depois nova reeleição para mais 4 anos, quando a nação despertou para o estrago que estava acontecendo e forçou para acontecer o impeachment, que por sorte nossa terminou acontecendo.
Em nome da Democracia, dos direitos das minorias, dos direitos humanos, uma série de leis e benesses foram praticadas, associadas a um grau de corrupção nunca visto no país. O antigo metalúrgico transvestido em presidente, fez apoio com os antigos adversários, garantindo que eles tivessem seus interesses garantidos, mesmo na base do crime, da distribuição de propinas para congressistas, candidatos de todos os partidos que não faziam oposição ou fechavam os olhos para o que estava acontecendo. O poder do dinheiro, mesmo manchado pela pecha do crime, conseguiu desvirtuar consciências em todos os níveis, desde grupos com necessidades reais de subsistência, como os miseráveis, sem terra, sem dignidade, até acadêmicos, sindicalistas, estudantes, artistas, juízes, etc.
A nação conseguiu despertar através da ação de setores não contaminados da justiça e encheu as ruas maciçamente em todos os estados da federação, pedindo o fim da corrupção e a saída do poder do partido que tanto estrago fizera, comandado pela pessoa humilde que fora colocado democraticamente no poder.
Mesmo que tenhamos conseguido tirar esse partido político do poder, os seus efeitos nefastos dentro da sociedade continuam a existir, principalmente na tentativa de ser mantido o nível de mentira que anestesia a nação, a consciência dos mais frágeis financeira e cognitivamente. As pessoas que se sentiram beneficiadas de alguma forma por esses políticos corruptos, de que terminam por se considerar dentro do esquema elaborado, resistem em aceitar os seus crimes identificados, incentivam os seus colegas devidamente punidos pela justiça como heróis, e procuram manter em sigilo o que de errado outros comparsas fizeram. Por outro lado, muitos cidadãos que receberam benesses com o dinheiro indevido, pois deixou a nação endividada e com a economia destroçada, não conseguem perceber essa origem dos fatos e terminam sendo envolvidos pelas falácias das pessoas mal intencionadas que procuram manter o status de recebedores de benefícios, mesmo sabendo que está explorando a nação e destruindo o Estado.
Não temos uma casa real, preocupada com os interesses da nação, como antes acontecia. Agora são os interesses individuais, subalternos, que prevalecem majoritariamente no círculo daqueles que compõem o poder. Por esse motivo o Congresso Nacional é tão mal visto pela população, uma forte incoerência, pois se aquelas pessoas são eleitas democraticamente pelo voto popular, como é que isso termina acontecendo?
Por esse motivo, na data de hoje, sinto saudade de um Regime Monárquico que eu nunca vivi, pois agora tenho informações que existia uma casa real longe dos privilégios individuais e mais próximos dos interesses da nação.
Em continuação ao documento eclesiástico da Igreja Católica sobre a família, vamos avaliar hoje a 11ª parte.
Neste contexto, a Igreja sente a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperança. Há que partir da convicção de que o homem vem de Deus e que, portanto, uma reflexão capaz de repropor as grandes perguntas sobre o ser homens pode encontrar um terreno fértil nas expectativas mais profundas da humanidade. Os grandes valores do matrimônio e da família cristã correspondem à procura que atravessa a existência humana, mesmo num tempo marcado pelo individualismo e pelo hedonismo. Há que escolher as pessoas com a sua existência concreta, saber apoiar essa procura, encorajar o desejo de Deus e a vontade de sentir-se plenamente parte da Igreja, também em quem fez experiência do fracasso ou se encontra nas situações mais diversificadas. A mensagem cristã traz sempre em si a realidade e a dinâmica da misericórdia e da verdade, que em Cristo convergem.
Há um elogio direto aos “grandes valores do matrimônio e da família cristã”, mesmo num tempo marcado pelo individualismo e pelo hedonismo. Entendo que o matrimônio tenha sido uma forma de deter o poder do individualismo/hedonismo, como forma de proteção à companheira e aos filhos. É um passo importante na evolução moral da humanidade. Porém, não é o modelo definitivo para alcançar a condição de Família Universal, pois está alicerçado sobre o Amor Romântico e não sobre o Amor Incondicional.
Há de se encontrar a metodologia de colocar a mensagem cristã em prática, observando a realidade dos dias atuais, com a misericórdia com todos, miseráveis de todos os lados, inclusive nós que ainda sofremos importante miséria da ignorância da Lei de Deus e da responsabilidade de nossas missões.
A verdade é o fator libertador que o Cristo ensinou, porém os valores individualistas/hedônicos obnubilam a nossa visão e permanecemos a nos comportar dentro dos critérios do Amor Romântico com todo o graus de ciúme e exclusivismo que ele provoca.
A Igreja ao incentivar o matrimônio com vistas a reduzir o poder do individualismo/hedonismo presta um grande serviço à humanidade, mas não pode acreditar que isso é suficiente. Não pode ficar dentro do trabalho pastoral de defender esse padrão familiar que é o grande fator de individualismo, egoísmo parental. Parece um paradoxo, a Igreja tentar eliminar a força do individualismo/hedonismo e terminar por favorece-lo.
Não quero assim anular o que de positivo a Igreja fez até hoje, mas não posso deixar de criticar a miopia eclesiástica de ver que o Amor Romântico não pode continuar sendo a prioridade frente ao Amor Incondicional, de defender o Amor Incondicional na teoria e na prática prevalecer o Amor Romântico e suas consequencias.
A consequência do Big-Bang, a força primordial que deu origem a formação do Universo e as suas quatro forças básicas (Eletromagnetismo, Interação Nuclear Forte, Interação nuclear fraca, e Gravidade) não são devidamente consideradas pela ciência, isto é, pela maioria dos cientistas, aqueles que se deixam guiar exclusivamente pelo materialismo e não consideram o mundo espiritual. Explicam com detalhes as características das quatro forças dessa forma: 1) O eletromagnetismo mantém a coesão atômica e tem como exemplo as reações químicas, os fenômenos elétricos e os eletromagnéticos; 2) A força nuclear forte mantém a coesão nuclear e tem como exemplo as bombas termonucleares; 3) A força nuclear fraca cria o decaimento radioativo e tem como exemplo a fissão nuclear e as bombas atômicas; e 4) A força gravitacional que mantém a coesão universal e tem como exemplo o movimento observável a olho nú do movimento dos corpos celestes. Tudo isso está bem explicado, podemos provar com teorias respaldadas por trabalhos em laboratório. Mas a força que deu início a tudo, que provocou a explosão e o início da expansão do Universo com suas leis básicas, não foi nem ao menos teorizada. Pois então, com base na coerência do que já aprendi e posso vivenciar e raciocinar, tenho condições de elaborar uma teoria para explicar a força primordial, inspirado por alguns filósofos da antiguidade.
Desde o princípio alguns filósofos procuraram respostas para essas perguntas. Era a busca pelo “Arché”, princípio fundamental de todas as coisas: material organizador do mundo. O Arché seria a realidade primeira e que deu origem a tudo, o substrato fundamental que compõem as coisas, força ou princípio que determina todas as transformações que ocorrem nas coisas. Eles ainda não tinha a consciência da expansão do Universo, a sua tecnologia era insuficiente para chegar a essa conclusão. Portanto os seus raciocínios estavam desfalcados dessa informação que posso utilizar para aperfeiçoar a minha teoria.
Tales de Mileto (640-548 a.C.) é considerado o primeiro filósofo, devido a sua busca pelo princípio natural de todas as coisas, a Arché. Ele teoriza que é a água o princípio de todas as coisas e que as coisas nada mais são que alterações do estado físico da água, como condensação e dilatação. Defendia que a agua era a vitalidade dos seres vivos.
Heráclito de Éfeso era outro filósofo que defendia uma teoria complementar a de Tales. Dizia que a Natureza era um eterno fluxo, um perene devir em busca de Deus, um tipo de fogo que movimenta e transporta tudo. Através da dialética se observava um tipo de guerra entre os opostos, uma harmonia entre os contrários.
Assim, Heráclito é considerado o pensador do “Tudo flui” e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo que nos circunda. Ele parte do princípio de tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários, a guerra entre os opostos.
Conclui-se que que a substância básica do Universo, segundo Heráclito, era o fogo. Esses conceitos chegavam perto da realidade transcendental, apenas com as falhas provenientes da falta de conhecimento.
Imagino que essa energia primordial que deu início a tudo tenha inteligência e sabedoria impossível de ser quantificada por minha capacidade de raciocinar. Posso levantar essa hipótese por avaliar os efeitos de sua causa. Se tudo no Universo mostra uma sabedoria sem limites, então essa energia é originada do próprio Criador, de Deus e podemos denominar como Amor, apesar de não sabermos trabalhar com ela com a metodologia da ciência. Mas podemos usar a imaginação para localiza-la melhor dentro da nossa convicção.
Aos 20 dias de outubro de 1952 eu estava vindo à luz, às 6h da manhã. Foi um procedimento complicado. A minha mãe passava pela primeira vez por essa experiência, parir uma criança dentro de sua própria casa, assistida apenas por uma parteira. O canal do parto era estreito, eu estava em sérias dificuldades, minha mãe também. A parteira já cansada, fazia de tudo para que essa criança de cabeça tão grande viesse a respirar pela primeira vez o oxigênio com seus próprios pulmões. Já estava cansada de tanto esforço, colocara para fora toda a sua habilidade, nada. A criança continua retida naquela situação, minha mãe cansada de dores e sem forças para continuar o processo de expulsão. Minha cabeça já marcada pelos dedos da parteira que tanto tentava me puxar. Não restava mais outra alternativa, tinha que ser pedido o auxílio divino.
Alguém lembrou que estávamos no mês de outubro, o mês que sempre é festejado o santo de Assis, São Francisco, reconhecido mundialmente pelo seu amor à Deus através da Natureza e o amor à Jesus por sua capacidade de abnegação para nos tirar das trevas da ignorância para a luz da Verdade. Também tinha a capacidade de fazer milagres, os mais difíceis de acontecer. Foi prometido a ele que se eu conseguisse sair daquela situação, e que a vida da minha mãe também fosse poupada, que eu teria o seu nome e dedicação. O milagre aconteceu. Eu consegui vir à luz e recebi o nome de Francisco com o adjunto de “das Chagas”, talvez pela lembrança do grande sofrimento onde nós estávamos metidos.
Acontece que eu, na condição de primogênito de meus pais, já estava ofertado a Deus. Eles não tinham conhecimento disso, por isso fizeram o acordo com São Francisco sem constrangimento. Também Deus não irá fazer questão disso, pois o Santo de Assis cumpriu muito bem a vontade dEle e pode muito bem me auxiliar, quando o meu tempo for chegado, de fazer a Sua vontade.
O fato dessas circunstâncias do meu nascimento foi de certa forma esquecido, apenas alguns parentes comentavam aqui e acolá essas ocorrência, mas sem dar destaque no compromisso que foi firmado com os mentores espirituais.
Somente com a chegada da maturidade, do reconhecimento sem dúvidas do mundo espiritual, que temos como filhos de Deus uma missão a cumprir de acordo com Sua vontade, é que veio à minha consciência a importância daqueles fatos. É pena que a minha mãe já esteja falecida, pois eu teria muitas perguntas a fazer correspondentes ao que ela sentiu e prometeu ao Santo.
Mas isso não irá atrapalhar as minhas convicções. Estou certo da minha maior dedicação em fazer na prática a vontade de Deus e que São Francisco de Assis servirá de modelo de dedicação e abnegação para que eu cumpra o que a voz da minha consciência diz ser a vontade de Deus. Mesmo que eu tenha um outro perfil de ação, não irei me dedicar a senhora Pobreza como ele fez, irei me dedicar em construir o Reino de Deus como Jesus ensinou, usando todos os recursos da Natureza fora e dentro de mim, com as virtudes que o Pai me deu na produção dos frutos e assim começar a colocar os alicerces da família universal através da prática do Amor Incondicional.
Entre o lusco-fusco da consciência e o pleno acordar, passei por um tipo de sonho, com imagens e emoções, lógica e fé.
Sonhei que estava no campo, no trabalho reservado ao Pai, organizando comunidades, ajudando os necessitados, tolerando as ignorâncias tanto minhas quanto de meus irmãos.
Não consigo alcançar com nitidez tudo que se passou por meus pensamentos nesse momento. Lembro que estava em uma atividade dentro da comunidade, na porta do presidente da Associação, algo assim, quando chega um rapaz dizendo da necessidade de pagar uma conta de energia ou de água, não sei bem. Sei que era uma despesa que ele tinha necessidade e que a Associação através de mim pudesse lhe ajudar. Ele voltou para a casa que era próxima de onde eu estava para pegar esses documentos. Tinha uma senhora sentada numa cadeira na calçada que eu imaginava que era a sua mãe. O meu carro estava estacionado de forma atravessada na rua o que impedia passagem de outros veículos. Fui entrar no carro para estacionar melhor e aguardar o rapaz. Ao fazer isso ouvi à distância a mãe falar com outra pessoa sobre a minha bondade de querer ajudar. Reconheci nessa fala a minha identificação de estar situado no exército do bem, sobre a liderança do Cristo.
Ao fazer a manobra para estacionar mais próximo do meio-fio, tentando ver pelo retrovisor quem estava falando de mim, não sei por qual razão o carro se distanciou e eu já estava bem distante, sem conseguir mais ver a casa do rapaz. Teria que fazer manobra para voltar. Percebi a dificuldade de fazer isso, manobrar de ré, evitar acidente com outros carros... a angústia começava a tomar conta de mim ao perceber que talvez não fosse possível eu voltar, que seria mais conveniente desistir. As lágrimas queriam vir ao meu rosto, a dúvida, a frustração, eram fortes... foi aí que despertei e procurei registrar aqui essas impressões.
Compreendi que se passou na minha consciência um reflexo da batalha que acontece no mundo espiritual e material, entre o bem e o mal. Nós, que estamos intencionados de atuar no exército do bem, sob o comendo de Jesus, não podemos esmorecer ou deixar que o orgulho, vaidade ou preguiça tome conta de nossas ações.
Acredito que o fato de ter ouvido da suposta mãe da pessoa que eu iria ajudar que eu era uma pessoa do Bem, isso deve ter despertado algo de vaidade, ao procurar saber de onde partia a voz. Tirou o foco da minha atenção em praticar o Bem para alimentar a minha Vaidade em ser reconhecido como uma pessoa que ajuda aos outros. Foi esse o motivo do Mestre ter informado que o que uma mão fizer a outra não saber, pois o fato do reconhecimento público de ações positivas podem despertar sentimentos de vaidade e isso atrasar o desenvolvimento real do que podemos fazer.
Acredito que são esses pequenos detalhes, a artilharia do mal contra nós que estamos situados na fronteira do bem, para desviar nossa atenção do bem estar coletivo para o bem estar individual, do altruísmo para o egoísmo. Talvez o sonho tenha vindo como um recado dos meus superiores hierárquicos no exército do Bem, para que eu use o capacete da humildade e não deixar que essas balas perdidas me atinjam.