Outro trecho escrito na Bíblia e citado por Jesus, foi lembrado na reunião da última terça-feira, dia 14-04-15, que sempre faço na Associação Médica. O coordenador usou esse trecho para justificar um tema de “O Livro dos Médiuns”, que estamos estudando regularmente. Não vi muita relação do uso desse trecho para explicar o tipo de médium que podemos encontrar, mas que tinha bem mais relação com minhas últimas preocupações quanto a desarmonia que posso causar com meu comportamento. Falou da paz, da espada e do conflito gerado pelo Cristo e que é descrito por Mateus e Lucas da seguinte forma:
“Não penseis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o filho e seu pai, entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra, assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim; e aquele que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que acha a sua vida, perdê-la-á; mas o que perde a sua vida por minha causa, achá-la-á. (Mateus 10: 34-39)”
“Vim lançar fogo à Terra, e que mais quero, se ele já está aceso? Mas tenho de ser batizado com um batismo, e como me angustio até que ele se cumpra! Pensais que vim trazer paz à Terra? Não, eu vo-lo digo, mas divisão; porque de ora em diante, haverá numa casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; estarão divididas: o pai contra seu filho, e o filho contra seu pai; a mãe contra sua filha, e a filha contra sua mãe; o sogro contra sua nora, e a nora contra sua sogra. (Lucas 12: 49-53)”
Então percebi que foi mais uma lição para mostrar que o conflito que eu causo nas minhas companheiras já foi previsto por Jesus que isso iria acontecer, desde o momento que decidi cumprir com prioridade a lei do Amor Incondicional. Como o amor condicional é forte dentro das relações parentais, são essas pessoas como o pai, a mãe, a companheira, o filho, etc., que mais profundamente reagirão à aplicação do Amor Incondicional nas relações afetivas.
O combate será feito como o Mestre previu, inicialmente dentro dos nossos corações para vencer as forças do egoísmo e que estão visceralmente ligadas aos interesses individualistas do corpo, mesmo que cause dano a um sem número de pessoas. Depois que o coração tenha sido domesticado e reine dentro dele o Amor Incondicional, o próximo passo é construir as relações afetivas dentro do contexto humano onde prevalece o amor condicional. É nesse ponto que a espada que Jesus falou passa a ser brandida, pois o amante incondicional não pode deixar de ser fiel aos princípios dessa força por causa de nenhum tipo de pressão que vise a exclusividade de sentimentos, aos ciúmes, intolerâncias, etc.
Interessante que essa espada só é brandida para quem ainda tem o coração cheio das emoções egoístas dos instintos animais. Para aquela pessoa que já fez a limpeza dessas impurezas em seu coração, essa espada jamais será usada, pois ela não a amedronta, porque ela tem em seu coração uma espada semelhante e que também não me causa temor.
Existe um trecho escrito por João (3, 1-8), no Novo Testamento, que se refere a conversa que Jesus teve com um fariseu chamado Nicodemos, da seguinte forma:
Este último item, sobre o sopro do vento, encontrei na Folhinha Coração de Jesus que vejo a cada dia. Entendi logo que foi uma resposta de Deus às minhas preocupações mais atuais e que deixei registradas nos dois últimos dias deste diário. Estava preocupado com a desarmonia gerada em minhas companheiras que é causada devido a minha permanência em lugares diferentes. Pensava naquele momento que jamais eu alcançaria o nível de harmonia dentro de uma família ampliada, como é necessário dentro das exigências espirituais, devido as exigências egoístas opostas do corpo material. Esta mensagem do Cristo, escrita por João e editada na Bíblia Sagrada pela editora Ave Maria, chega até a minha consciência através de um pequeno lembrete na folhinha do Coração de Jesus. Entendo nessa mecânica que a vontade de Deus está assim disseminada por toda nossa cultura, e que devo apenar ter olhos para ver e ouvidos para ouvir. Quando estou com a intenção de cumprir essa vontade de Deus e que peço e procuro por Sua ajuda, ela se faz presente pelos Seus diversos instrumentos instalados na Natureza, dentro da matéria ou no mundo espiritual, assim como eu pretendo ser aqui e lá.
Dessa forma entendi o que o Senhor queria me dizer. Eu já renasci do Espírito, procuro construir o Reino de Deus dentro do campo material, usando a energia preferencial do Amor Incondicional. Estou em condições de ver este Reino de Deus na minha imaginação e procurar usar a minha energia para realizá-lo junto aos diversos irmãos, próximos ou distantes.
A minha ação dessa maneira não tem o caráter pesado da matéria, de fincar os pés num determinado local e permanecer nele de forma exclusiva com as pessoas que nele habitam. O meu caráter deve ser como o vento que sopra aonde a consciência manda, em busca da harmonia, da verdade e da justiça. Por onde eu passo todos podem sentir os efeitos do bem estar do Amor Incondicional, da alegria, do riso... mas que ninguém pretenda me prender, pois tal como o vento, isso é impossível, eu escapo por entre os dedos de quem queira me agarrar. Ninguém pode saber de onde eu venho ou para onde eu vou, a não ser que me perguntem, pois o ruído que eu produzo sempre está aliado com a verdade. Os sentimentos que deixo em quem tem a oportunidade de me sentir sempre são solidários com todos os irmãos que formam a humanidade, qualquer que seja a posição social, financeira ou familiar que eles tenham em determinado momento. Isso estimula o ambiente psíquico e circunstancial propício à vontade de Deus, à criação da família ampliada, a construção da família universal, a existência do Reino de Deus.
Foi esta a compreensão que adquiri com esse recado que acredito proveniente da divindade, e que me deixou muito mais satisfeito e confiante naquilo que estou realizando, apesar do sofrimento emocional pelo conflito existencial em quem ainda se mantém dentro dos padrões do amor condicional.
O domingo, dia 12-04-15, foi um teste de harmonia/desarmonia que terminei envolvido dentro dele, de forma pública e privada. No campo público foi a caminhada de protesto da qual eu participei, como forma de corrigir as mentiras e corrupção que infesta o Brasil e traz desarmonia para todos os cidadãos entre os quais me incluo. Era um grupo grande de pessoas que, procurando sintonizar harmonicamente com ideias positivas, pretendia corrigir a desarmonia coletiva.
No aspecto privado também fiquei balanceado entre os dois campos, a harmonia e a desarmonia. Como procuro criar um relacionamento harmônico com base no Amor Incondicional alicerçado na Verdade, termino inevitavelmente me defrontando com os interesses contrariados do amor condicional. Isso se reflete principalmente nas pessoas que pretendem seguir o meu caminho na condição de companheiras, que tenham intimidade sexual ou não. Esse aspecto não é o principal objetivo no contexto espiritual.
Quando fui para a caminhada de protesto com uma das companheiras senti o clima de desarmonia quando falei a verdade do que estava acontecendo, fato esse já descrito no diário de ontem. Mas quando voltei para Ceará Mirim para participar do aniversário de minha outra companheira, senti um clima de harmonia, mesmo tendo lhe deixado sozinha na organização do evento para ir participar da caminhada com a outra companheira. Não houve nenhuma reclamação por eu ter chegado depois da hora que eu previa. Orientou-me quanto a forma de me vestir, pois eu cheguei com a cara pintada e portando uma bandeira branca, usando a camisa do dia do protesto. Fez questão de me apresentar aos amigos dela que eu ainda não conhecia.
O que chamou mais a atenção foi a presença da mãe dela que compareceu também de forma harmônica. Todos que a conhecem sabem que é uma pessoa hostil, que sempre está acusando alguém por não fazer as coisas como ela acha que é correto. Pois nesta noite ela entrou de forma educada, cumprimentando os presentes e não criando clima desarmônico com ninguém. Apenas lamentou a situação de sua filha casada que está atravessando dificuldade de relacionamento com o marido.
Fiquei a maior parte do tempo ao lado do meu irmão, Carlos, brincando com o Videokê, até chegar uma pessoa amiga que tinha interesse em conhecê-lo, particularmente.
Notei que o coração da minha companheira que aniversariava estava feliz e harmônico com todos os presentes. Lembrei que a companheira que deixei em casa ficou amargurada e desarmônica com o que estava sabendo e sentindo. Lembrei também da outra que está prestes a fazer uma cirurgia e que ficou em casa sem ter sido convidada nem para a caminhada, nem para o aniversário.
Avaliando tudo isso eu fico preocupado na possibilidade de não alcançar o que sinto que Deus espera de mim, de criar essa família ampliada de forma harmônica, se os obstáculos colocados pelo amor condicional parecem ser tão fortes e disseminados. Parece que a única pessoa que sabe amar dessa forma incondicional sou eu, que consegue ficar feliz com a felicidade da companheira, mesmo que ela esteja ao lado de outro. Mais ainda, fico feliz por ela e desenvolvo amor pelo companheiro que no momento faz companhia a ela. Não sinto mais qualquer traço de ciúme em meu coração, ciúme esse que vejo consumir o coração e mente de cada uma das minhas companheiras. Não consigo encontrar argumentos para ensinar a elas essa verdade que já tenho bem forte dentro de mim e sobre a qual faço minha caminhada, o meu destino. Uma caminhada que eu não canso de explicar a cada uma delas como é, mas que nenhuma consegue entender ou muito menos praticar. Mesmo elas dizendo que querem caminhar comigo dentro desses critérios do Amor Incondicional.
Mas não desistirei, o Amor Incondicional que aprendi a viver dentro dele, é carregado de outros sentimentos e virtudes que devem também ser aplicados, como a tolerância, o perdão, a paciência, justiça, verdade, coragem, etc. Mesmo que o preço que eu tenha que pagar seja o de ser vítima da intolerância, da raiva, do resentimento, do desprezo e de viver por toda a vida sem a convivência de pessoas que saibam amar como eu, sem prisões ou exclusivismo de qualquer espécie.
Dia 12-04-15 foi mais um dia de protesto em todo o Brasil, contra a corrupção e a mentira que assola o país. Na última manifestação de igual teor, em 15-03-15, fui acompanhado de uma companheira, minha filha, irmã e um sobrinho. Dessa vez fui acompanhado apenas da companheira que foi comigo da vez anterior. Infelizmente durante o trajeto, a verdade que eu tenho obrigação de dizer, causou o distanciamento dela de mim. Ela perguntou por que minha irmã que havia prometido que iria também à caminhada não tinha vindo comigo. Eu expliquei que ela estava incomodada com um pé e que estava fazendo uns doces para levar a minha outra companheira que mora em Ceará Mirim e que estava aniversariando. Ela perguntou se eu havia dormido na casa dessa companheira na noite anterior e eu confirmei. Notei que ela ficou em silêncio e logo comentou na forma de uma pergunta, se tudo que havia entre nós tinha se acabado. Eu respondi que o fato de eu estar com ela naquele momento mostrava que isso não era verdade. Ela disse que queria se referir ao fato de eu também dormir na casa dela, como fazia antes. Expliquei que o seu próprio comportamento foi o fator que fez eu me afastar dela nesse sentido, inclusive com alguns trabalhos domésticos que ela fazia para mim. Disse que a sua forma de se relacionar comigo, sempre tendendo a exclusividade, como a relação formal de um casamento, hostilizando direta ou indiretamente as pessoas que se aproximam de mim, foi o fator que fez esse distanciamento acontecer, como estava acontecendo agora com essa conversa. O fato dela estar sabendo que eu dormira na casa de outra pessoa já estava fazendo seu comportamento mudar, ficar irritada e distante de mim. Expliquei mais uma vez que a minha maneira de me relacionar com as mulheres era sempre de forma não exclusiva e que eu ficava na casa de qualquer uma delas, de acordo com o sentimento de harmonia que minha consciência apontasse no momento. Mais uma vez ela disse que iria procurar entender esse recado que eu tenho repetido tantas vezes, não somente para ela, mas para todas minhas companheiras. Ficou o resto do caminho em silêncio até chegar ao evento. Ficou afastada de mim durante toda a concentração e tempo da caminhada. Não foi até o final como eu, voltou antes da metade do caminho e me esperou para o retorno no Midway.
Dessa forma me senti sozinho no meio da multidão das pessoas que caminhavam no evento. Mais uma vez senti o peso de fazer a vontade de Deus e usar os recursos, de mentiras e omissões que a maioria usa para encontrar uma harmonia atendendo as implicâncias do egoísmo. Senti o paradoxo da solidão ao meu redor, entre tanta gente e no entanto, sozinho. Mas sentia que estava seguindo a vontade de Deus e fiquei em paz com minha consciência. Cumprimentei um deputado federal e um vereador que encontrei pelo caminho. Também cumprimentei uma colega psiquiatra e um advogado fez questão de me instruir com o que ele entendia de motivos corrigir os erros e abusos que se observa na política. Com tudo isso eu notava em minhas reflexões que a família ampliada que eu estava tentando construir, como uma aproximação da família universal que irá formar o Reino de Deus, ainda estava longe de sua construção harmônica que eu esperava que fosse acontecer algum dia. Até mesmo este evento político que eu estava dentro dele, no sentido de protestar contra a mentira e a corrupção que afasta e discrimina os povos de uma nação, é uma amostra da doença coletiva que nos atinge e que também nos afasta do Reino de Deus.
Voltei do evento com essa percepção. Estava ali sozinho naquela caminhada de tanta gente, enquanto tenho três companheiras que estão dispostas a me acompanhar. No entanto uma estava com dificuldade de vir por causa de doença, outra pelo evento do seu aniversário e a outra pela ação do egoísmo em sua consciência, paralisando a ação do Amor Incondicional que é a força que dirige a minha vida.
Jesus ensinou no término do Sermão da Montanha que: Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriares e perseguirem e caluniosamente disserem de vós todo o mal, por minha causa; alegrai e exultai, porque grande é a vossa recompensa nos céus. Pois do mesmo modo também perseguiram aos profetas que antes de vós existiram.
Para o homem egóico e ainda profano, a alegria na tribulação é algo absurdo e sem nenhum sentido. Alegrar-se quando perseguido? Exultar-se quando injuriado? Sentir-se feliz quando caluniado? Para o ego tudo isso parece impossível, uma loucura. Mas, só poderia ser, pois o ego, além de outras mesquinharias, sofre de ofendismo agudo e de ofendite crônica.
O ego é realmente muito frágil e sofre por qualquer coisa que lhe cause alguma resistência. Logo, para que alguém possa alegrar-se no sofrimento e bendizer a dor, é preciso que mude radicalmente de perspectiva, abandonando sua posição inferior e ultrapassando os domínios da mente, bem como das emoções e prazeres descontrolados, elevando-se assim, às cumeeiras de sua natureza crística ou racional.
O homem que vive na intimidade qualificativa e crística do Eu, não mais se contamina com as fraquezas do ego externo, fraquezas físicas, emocionais e mentais. Ele nada espera, nada receia e tudo aceita com a mais perfeita calma e serenidade. É a esse homem que o Cristo se dirige, é a ele que se destinam as palavras que o Cristo colocou na boca de Jesus, é para ele que foi dito o Sermão da Montanha. Um homem desse naipe não somente se alegra, mas se glorifica no sofrer por amor ao Cristo, dá a vida por esse amor e, por isso mesmo, vive além da vida, vive uma vida tão abundante e fecunda e perfeita, que não há palavras que possam descrevê-la.
Um dos homens que mais se notabilizou por sofrer com alegria em nome do Cristo, entre tantos santos e tantos mártires e profetas caluniados, perseguidos e torturados, foi Paulo de Tarso.
Paulo é, antes de tudo e por todos os títulos, o “apóstolo dos gentios”. Foi ele que, com suas viagens, sempre conturbadas e cheias de peripécias, lançou as primeiras sementes de um cristianismo universal, sacando-o da estreiteza de Jerusalém e da noção mesquinha de um povo eleito. Foi ele que, com suas magníficas epístolas, arquitetou, mesmo à distância e geralmente morando em prisões, a unidade da igreja recém-nascida.
“Regozijo-me de júbilo em meio às minhas tribulações” – disse ele. Nunca uma simples frase resumiu tão bem a vida de um homem. Neste caso, ela é uma verdadeira síntese biográfica e vale como um testamento espiritual. A vida de Paulo é, de fato, toda ela, um rosário interminável de dores e uma longa cadeia de martírios. Dizem até que o seu corpo era um mapa de cicatrizes, por causa da violência a que era submetido, seja por cristãos, para quem Paulo não passava de um lobo em pele de cordeiro, seja, sobretudo por judeus, que o consideravam um desgraçado e miserável traidor! Também os romanos pensavam ter motivos para maltratá-lo. Por sinal, foram eles que o decapitaram.
Mas, em toda sua odisseia, Paulo foi sempre um homem muito feliz.
Ruberto Rohden, impressionado com a estatura espiritual desse homem, escreveu: “Paulo de Tarso morreu como viveu, sozinho... sem uma lágrima de amigo... sem um gemido de mulher ou filho... sem um carinho de mãe ou irmão... sem uma alma que lhe recebesse o último olhar... sem um coração que acompanhasse as derradeiras pulsações do seu coração... Ele só... com Deus...”
Só?...
Não tenho medo de seguir também neste caminho... também sinto-me feliz na solidão do meu apartamento, mesmo sentindo o peso da ingratidão, da incoerência, do ressentimento e até da ira de pessoas que tanto amo! Sinto que estou sempre com Deus e procurando fazer a Sua vontade. Por isso, mesmo morando sozinho como Paulo sempre viveu, eu repito a interrogação feita na causa dele:
Só?...