Vivemos num mundo cheio de sentimentos e emoções negativas, provocadas por ideologias que buscam construir um mundo melhor. É um efeito paradoxal, contraditório, ir em busca deum mundo melhor e, no entanto, com táticas e estratégias de confronto que gera morte e destruição por onde passa.
É preciso usar o melhor que nosso racional possa oferecer para discernir qual a melhor ideologia nos oferecida até hoje que nos permita construir a sociedade ideal, com uma tática e estratégia que não seja destruidora para nossos irmãos que pensam de forma diferente.
Existem diversas ideologias construídas com esse apelo, de trazer igualdade, fraternidade e liberdade para todos, justiça social como antídoto ao nosso egoísmo inato, de usar os benefícios e poder ao nosso alcance, para fortalecer o nosso instinto de sobrevivência o máximo possível, mesmo que isso termine causando de imediato guerras e destruição e deixando cada vez mais longe o ideal da sociedade ideal.
A Universidade, como instituição capacitada e missionada para fazer uma varredoura no pensamento humano, quer seja com a técnica, ciência e arte para apontar o melhor caminho para a nossa evolução enquanto ser humano consciente da realidade da vida, material e espiritual.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, através da Disciplina de Psiquiatria do Departamento de Medicina Clínica, do Centro de Ciência da Saúde, apresenta uma proposta de estudo do pensamento humano, daqueles que apontam para a construção de uma sociedade ideal, e que seja ética na procura da verdade que envolve esse fim. Encontrar e praticar a melhor ideologia que nos livre do caminho da barbárie, da fome, das guerras, de todo tipo de iniquidades que aprisiona o coração e a consciência humana gerando os ais diversos tipos de transtornos mentais, individuais e coletivos.
Verificamos que a ideologia cristã é a que oferece a melhor estratégia de educar o comportamento humano dentro da ética, considerando os valores espirituais e necessidades materiais. Assim sendo, é de interesse universitário aplicar o conhecimento tecnológico e científico adquirido nas diversas áreas do saber, para informar e educar o melhor caminho para a correção de nossas imperfeições comportamentais.
Iremos conduzir este projeto de forma híbrida, com aulas presenciais e à distancia, quinzenalmente, procurando colocar os principais pontos da ideologia cristã, evocando a sua realidade, aplicabilidade e consequências para o objetivo de se aproximar cada vez mais da meta de uma sociedade ideal para o contexto da justiça social e fraternidade.
Reforçamos que o intuito deste projeto não é defender nenhuma religião em particular, e sim a prática de um comportamento coerente com a ética e princípios espirituais associados ao bem-estar individual e coletivo, e que podem ser praticados em qualquer igreja ou templo religioso, dentro e fora deles. Não é necessário que a pessoa humana seja religiosa para aplicar esses conhecimentos, mas que tenha interesse em conhecer a verdade associada ao bem e a sabedoria de reconhecer erros e a coragem de corrigi-los.
- Oi, Pai, estou aqui novamente, no formato de conversar conTigo na forma de entrevista. Fiquei mais confortável dessa forma, meus pensamentos fluíram com mais facilidade. Espero que não se incomode se eu Te trato com certa intimidade, como iniciar esta conversa dizendo “oi”.
- Sim, filho, notei que você ficou mais confortável na sua conversa comigo nessa forma de entrevista. Pode continuar assim, o que eu desejo é que você consiga a intimidade que o meu filho Jesus conseguiu. Também não me incomodo se você usa informalidade comigo, sei que não é desrespeitoso e que você me ama acima de todas as coisas.
- Acabei de ler um texto agora mesmo, Pai, justo no momento que eu vinha aqui para falar conTigo. O texto falava de como Jesus se sentia quando orava sozinho, quando comungava conTigo. Compreendi logo que foi a Tua mão direcionando respostas a perguntas que eu ainda não fiz e que poderia fazer. Não foi assim?
- Sim, perfeito, isto é uma forma de sintonia comigo, de comungar suas ideias com as minhas. Pode colocar aqui o que entendeu desse texto?
- Sim, Pai, entendi que nos momentos de isolamento, de meditação e de fé que devo ter conTigo, é a melhor técnica, para adquirir a inteligência e a sabedoria, que tanto eu peço, a fim de lidar com os conflitos ordinários da vida. Serve também para me apossar da coragem, que também tanto peço, para a necessária solução dos mais altos problemas de natureza moral e espiritual. Aprendi que é importante eu sempre procurar me afastar do barulho dos diversos tipos de interesses que existem ao meu redor, e no isolamento posso entrar em sintonia com conTigo, como fazia Jesus. Posso assim, fazer uma sondagem junto conTigo dos mais diversos problemas da vida, na busca de reservas novas de sabedoria e energia, para enfrentar as múltiplas demandas do serviço social; de estimular e aprofundar o propósito supremo da vida, ao sujeitar minha personalidade integral à consciência do contato conTigo; de lutar por alcançar métodos novos e melhores de ajustamento às situações sempre mutantes da existência nesta vida; de efetuar aquelas reconstruções vitais e os reajustes nas atitudes pessoais, que são tão necessárias ao discernimento elevado, de tudo que é real e que vale a pena; e de fazer tudo isso com foco na Tua vontade, que desejo fazer mais do que a minha vontade. Compreendi que isso relaxará a minha alma e renovará minha mente com a luz divina. Adquirirei aquela coragem que tanto quero e que capacita para enfrentar valentemente os problemas, com a compreensão que oblitera o medo debilitador e com a consciência de união conTigo, Pai. Assim poderei ter a segurança necessária para atrever-me a ser como Tu, Pai. Aprendi tudo isso Pai, e confesso que fiquei atordoado, principalmente no ponto de me atrever ser como Tu... como posso eu fazer isso?
- Eis a resposta para o teu pedido constante junto a mim de inteligência, coragem e sabedoria. Esta é a forma de conquistares tudo isso, e o que te assusta é a consequência dos frutos que irás colher se semeares com dedicação essas sementes. Lembra do Mestre Jesus que te enviei para ensinar essas coisas. Ele não está presencialmente contigo, mas tu sabes que ele, assim como eu, sempre estarei contigo se seguires as lições, pois o roteiro que te foi ensinado a trilhar é o meu próprio caminho.
- Sim, Pai, reconheço que esse texto que recebi com este conteúdo, são as sementes que devo semear em meu coração e adubar com o meu comportamento. E não terei medo de mais adiante recolher os frutos que vingarem. Obrigado, Pai, e Ave Cristo!
A questão de nossa paternidade tem pelo menos três níveis: nossos pais biológicos (pai e mãe), nossos pais ancestrais (Adão e Eva), e nosso Pai espiritual (Deus).
Quanto aos pais biológicos não temos a menor dúvida, no meu caso principalmente (Antônio e Maria). Poderia ter ocorrido um erro na maternidade e termos sido entregue a outros pais, acidental ou criminosamente. Mas no meu caso isso não seria possível, pois o meu nascimento se deu em casa, assistido por uma parteira que com todo esforço me puxou da escuridão do útero para a luz da realidade terrena. Até hoje tenho a marca dos seus dedos na minha cabeça.
Quanto aos meus pais ancestrais a coisa fica mais confusa com relação a Adão e Eva. Será que eles existiram realmente? É mais fácil aceitar a teoria de Darwin, de Evolução das Espécies. Justifica a nossa existência a partir de um ser unicelular (tipo ameba) que foi se sofisticando (coacervados) até passar pelos primatas e atingirmos a condição humana.
O terceiro nível de paternidade, Deus, o Criador universal, se torna mais fácil. O nosso racional exige que descubramos a fonte que gerou tudo. Esse Criador só pode ser Deus, ou por qualquer nome que queiramos identificar de acordo com o método que imaginamos. Pode ser chamado de Caos, de Big-Bang, etc.
Fazendo essas reflexões e considerando a doutrina da Santa Igreja Católica, iremos observar algumas incoerências. A crítica que se faz ao pecado original, de Eva e Adão terem comido a fruta proibida, e dessa forma terem nos gerado, fez com que eles perdessem e nós também, a comunhão aberta que havia com Deus.
Acontece que, se não fosse esse pecado original, não teríamos existido e esta discussão aqui neste espaço não estaria havendo. A incoerência leva a pensar que exista outra explicação mais ajustável à ordem das coisas. Isso não implica que tenhamos que destruir toda estrutura do edifício paradigmático no qual funciona a consciência. Simplesmente deixo uma interrogação na incoerência e continuo com meus paradigmas, que neste caso não foram prejudicados na essência. Continuo considerando verdadeiros os três níveis de pais, o biológico, o ancestral e o Criador, colocando agora simplesmente uma interrogação nos pais ancestrais, esperando uma melhor explicação para o comportamento de Adão e Eva no seu relacionamento com Deus e com a conexão do pensamento darwiniano, da origem e evolução das espécies.
Essa forma de pensar, aprender e ajustar meus paradigmas se aplica a qualquer assunto da vida, e, portanto, me sinto flexível em direcionar meu comportamento em direção a verdade e evitando caminhos que se mostram incoerentes ou contrário a minha forma de pensar e agir.
Talvez seja útil aplicar a Oração da Serenidade, aquela que é usada frequentemente nos grupos de mútua ajuda, de espiritualidade prática fundamental, usar no processo de envelhecimento como mais uma ferramenta para nos ajudar a viver mais e melhor. Vamos ver como seria essa transposição, das dependências para o envelhecimento.
No início a oração diz: “Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária” – É importante o reconhecimento de que para entrar nesse nível de reflexão prática, estejamos com a mente serena, sem estar tumultuada por avalanches de sentimentos negativos, catastróficos, que deixam o nosso barco existencial à deriva.
Em seguida diz: “Aceitar as coisas que não podemos modificar” - É importante ter consciência que o envelhecimento é um processo natural, indispensável para quem vive muito e que se traduz em perdas e modificações importantes, como: diminuição da capacidade de absorção de água e oxigênio; perda de elasticidade da pele, boca mais seca e manchas; perda de massa corporal total, da força e velocidade de contração muscular (os movimentos ficam mais lentos); sono, paladar, audição e visão ficam comprometidos; intestino, fígado e sistema gástrico ficam mais lentos; redução na produção hormonal nas mulheres e aumento no tamanho da próstata para homens e termo regulação fica prejudicada (adaptação ao frio e ao calor). Essas alterações, por mais que nós sejamos competentes em preveni-las no sentido de retardar o seu aparecimento, elas sempre vão surgir, independente da intensidade que ela se observe em alguns idosos. Portanto, esse conselho de aceitar essas coisas que não podemos modificar é muito simples e, no entanto, de alta sabedoria, pois nos permite viver com certas deficiências, mas harmonizado com esse tipo de evolução.
O trecho seguinte nos aconselha a ação: “Coragem para modificar aquelas coisas que podemos” – Nos exorta a modificar as coisas que podemos, como o estilo de vida com alimentação mais saudável, exercício físico regular, contato social com as pessoas, recebendo amigos, passeando por lugares agradáveis, praticando atividades recreativas, praticando a culinária, escrevendo textos, poesias, pinturas, trabalhos manuais, artesanatos, arrumar a casa, cuidar do quintal, do jardim, e gastar tempo lendo livros, assistindo filmes, cultivando atividades espirituais, cultos, missas, meditação, praticar o bem em qualquer lugar ou condição, procurando sempre fazer a vontade do Pai acima daquela que o nosso Ego deseja.
E finalmente, pedir ao Poder Superior: “Sabedoria para distinguir uma coisa da outra” – Assim, cumprindo o que a oração nos orienta, concentrando nas atividades passíveis de modificação, poderemos viver mais e bem melhor, apesar de tudo que inevitavelmente vai nos debilitando, até deixarmos aqui o nosso atual veículo material com o qual nosso espírito se habilitou para alcançar níveis mais altos em nossa caminhada para o seio do Pai.
Ao nos tornarmos súditos da majestade Egoísmo, nos tornamos os cidadãos corruptos do seu reino, louco e podre. Desce sobre nós a deprimente névoa da solidão ao saber que a maioria da população não comunga com atos criminosos. Essa névoa fica cada vez mais densa e escura à medida que caminhamos para o enriquecimento ilícito, sob a tortura dos nossos irmãos, apesar de suas lágrimas, suor e sangue. Alguns de nós procuramos locais sórdidos da ética e moral cristã, apesar de luxuosos e cheios de mordomias, esperando encontrar companhia da mesma laia e aprovação por algum tempo. Encontrávamos, mas logo ao sair, invadia a nossa consciência algo como quatro cavaleiros abomináveis do Apocalipse: o terror da justiça divina, a fuga constante da verdade, a falta de respeito da opinião pública e a frustração por reconhecer que jamais iremos encontrar a paz nesse caminho que estamos seguindo.
Todos que lerem esse trecho e assim como eu, que não sou psicopata ou sociopata, percebem o que estou querendo dizer. E que algo nas nossas almas clama por uma saída deste cativeiro de algemas brilhantes que a corrupção nos trouxe.
É algo parecido com o cativeiro que o álcool impõe aos alcoolistas, e que eles encontraram um desvio desse caminho maldito da dependência, quer seja moral ou química. Eles se reuniram em grupos para relatarem com honestidade suas misérias, que sozinhos não conseguiriam sair desse jugo e apelaram para a ajuda do poder divino, do poder superior e fizeram um pacto solene de evitar a primeira dose. Construíram assim a irmandade dos Alcoólicos Anônimos, respeitada em todo o mundo.
Acredito que este também pode ser a solução para nossa dependência ao Egoísmo. Devemos construir a irmandade dos Egoístas Anônimos, pedir a ajuda do Poder Superior sempre fazendo a oração da Serenidade: “Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras”. Aceitar que não posso modificar o mal que já pratiquei, mas posso atenuar a dor dos atingidos por tais atos e que modificarei o meu modo de agir no futuro.
Consolidarei este ajuste de conduta com o compromisso de evitar em todo e qualquer momento o primeiro furto. O difícil será, reconheço, encontrar pessoas com tal disposição e abrir uma sala de Egoístas Anônimos para depor sobre nossa dependência. Essa sala deverá ser realmente muito discreta e seus participantes bastante cuidadosos com o relato de seus atos criminosos, pois podem ser alvos da lei.
Aqui neste ponto é que se encontra a grande diferença entre ser dependente químico do álcool ou dependente moral do egoísmo. O álcool é uma substância lícita cujo consumo não implica na desobediência da lei. O egoísmo é um instinto natural que deve ser bem controlado, pois caso contrário irá promover atos fora da lei, que prejudicam a sociedade como um todo. Atos criminosos que implicam em punições.
Mas, enfim, a ideia não está de todo descartada, pois temos que encontrar uma solução para conter essa dependência que tanto mal faz a nossa sociedade, aos nossos irmãos.