Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/05/2015 00h01
AMOR E TRABALHO

            Jesus falava de um amor fraterno, que todos fossem um, assim como Ele estava no Pai e o Pai estava em Si. Esperava que nós fôssemos perfeitos nessa unidade. Mas como convencer as pessoas, mesmos cristãs, nascidas e condicionadas dentro de um mundo material? Para isso é necessário o testemunho fiel e constante do amor fraternal, com todas suas exigências evangélicas: igualdade, perdão, serviço, justiça, dedicação a ponto de dar a vida por um irmão.

            Dentro dessas exigências para a aplicação prática do amor, uma delas se sobressai por ser o catalisador de todas as outras: o serviço. É o serviço, o trabalho, que coloca em movimento todas as demais e permite o amor se expressar. Se algum fator bloqueia a expressão do trabalho, todas as outras virtudes ficam comprometidas, inertes, ociosas.

            No meu processo evolutivo cheguei ao estágio de convicção de ser um membro combatente do exército do bem, comandado por Jesus, com uma missão específica determinada por Deus em minha consciência, que é construir uma simples maquete do Reino dos Céus com o uso prioritário do Amor Incondicional em todos os tipos de relacionamento. Com essa compreensão formei os meus paradigmas de vida e agora devo fazer a implementação do que está sob a minha responsabilidade. É nesse ponto que sinto a fragilidade do serviço que devo realizar, do trabalho que devo fazer. Vejo ao meu redor uma série de atribulações, de tarefas que são necessárias cumpri-las, no entanto fico adiando com a justificativa do lazer, do repouso, do descanso. Sei que isso são fatores importantes para a fisiologia e o psiquismo humano, mas isso pode ser aplicado a quem não assumiu tão fortes responsabilidades. Qualquer pessoa ao meu redor pode fazer uso desse artifício de repouso físico e psíquico, mas essas pessoas não tem o grau de compromisso que eu tenho com Deus, algumas delas nem sabe de Sua existência, a maioria simplesmente considera como um ser distante que não tem necessidade de se ter uma atenção maior que aquela que se faz aos objetivos materiais. Então, o repouso que eles reivindicam pode ser feito sem culpas ou críticas, pois existe um compromisso bem maior com as necessidades fisiológicas e psicológicas. No meu caso o compromisso maior é com Deus então, não posso me dar ao luxo de seguir os mesmos parâmetros com relação ao repouso físico.

            É por isso que eu digo que sou vencido geralmente pela preguiça, pois é ela que exige de mim o repouso que eu não posso ter, segundo a minha prioridade. Qualquer pessoa não identifica essa falha, até acham que eu trabalho muito, que não aceitam este diagnóstico que faço de mim. Por mais que eu escute essas contestações sobre a preguiça que considero atrapalhar meus objetivos, não consigo me contentar com o que faço ou deixo de fazer. A minha consciência continua acusando a minha vontade de ficar subjugada pelos desejos da preguiça.

            Tenho feito uma serie de tentativas de vencer esse problema, mas sempre sou derrotado, pelo esquecimento ou simplesmente pela desistência. A exposição do problema neste texto que vou publicar em meu diário, é mais uma estratégia que estou usando para vencer o problema. Sei que quando qualquer inimigo interno é denunciado, ele perde parte de sua força. Assim, com a publicação escancarada da preguiça que me domina, espero esta adquirindo força enquanto minha adversária perde a dela. Também devo recrutar dentro de minha rotina uma disciplina que oriente a realização das tarefas no cotidiano.

            Hoje, então, posso considerar como o dia D da minha libertação do jugo da preguiça, seguindo com rigor a programação das tarefas que já esquematizei na minha agenda. Espero que desta vez eu seja vitorioso e possa volta a este diário relatando as diversas tarefas que agora não se avolumam ao meu redor sem direcionamento ou resolução.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/05/2015 às 00h01
 
22/05/2015 00h01
LUZ E TREVAS

            “Vós sois a luz do mundo. Não se esconde uma cidade sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5, 14-15)

            Dizia-lhes ainda: “Traz-se porventura a candeia para ser colocada debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser posta no candeeiro? Porque nada há oculto que não deva ser descoberto, nada secreto que não deva ser publicado. Se alguém tem ouvidos para ouvir que ouça.” (Mc 4, 21-22)

            “Ninguém acende uma lâmpada e a cobre com um vaso ou a põe debaixo da cama; mas a põe sobre um castiçal, para iluminar os que entram. Porque não há coisa oculta que não acabe por se manifestar, nem secreta que não venha a ser descoberta. Vede, pois, como é que ouvis. Porque ao que tiver lhe será dado; e ao que não tiver, até aquilo que julga ter lhe será tirado.” (Lc 8, 16-18)

            Estes são os três trechos da Bíblia em que os evangelistas, Mateus, Marcos e Lucas escrevem o que Jesus falou sobre a luz. Jesus falou da importância da luz, mas não aprofundou essa lição, pois ainda não era o momento, não existia a capacidade cognitiva de apreensão de tal informação. No livro de Nelci Silvério de Oliveira, “Os Evangelhos em sua natureza, essência e profundidade”, ele já faz ensaios mais profundos do significado da luz.

            Escreve Nelci que no primeiro yom (período cósmico que abrange bilhões de anos) a essência divina (Elohim) criou a luz de natureza incolor, invisível, indestrutível e imortal, anterior e posterior a luz das próprias nebulosas primitivas. Esta luz que percebemos hoje, visível e colorida, luz temporal e transitória das estrelas, somente foi criada no quarto yom, ou quarto período.

            Moisés quando escreveu intuitivamente o livro de Gênesis também aborda essa questão e se harmoniza com o que escreveu Nelci:

            “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: ‘Faça-se a luz!’ e a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou a luz DIA, e as trevas NOITE. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o primeiro dia.” (Gn 1-5)

            “Deus disse: ‘Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite; sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos; e resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a terra.’ E assim se fez. Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir o dia, e o menor para presidir a noite; e fez também as estrelas. Deus colocou-os no firmamento dos céus para que iluminassem a terra, presidissem ao dia e à noite, e separassem a luz das trevas. E Deus viu que isso era bom. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o quarto dia.” (Gn 14-19)

            O primeiro yom corresponderia ao primeiro dia da Bíblia onde Deus criou a luz de natureza incolor, invisível, indestrutível e imortal; o quarto yom corresponderia ao quarto dia, com a criação dos astros, os luzeiros do firmamento que nos fornecem a luz visível e colorida, temporal e transitória.

            Essas gloriosas e magníficas visões intuitivas de Moisés, confirmadas por outras visões mais recentes, mas igualmente intuitivas, como as de Einstein, e que Jesus conhecia muito bem, começam a ser comprovadas experimentalmente nos laboratórios de física quântica-nuclear da atualidade. Dessa forma sabemos hoje que toda forma de matéria não passa de energia congelada, e que a energia é apenas luz condensada. Então, tudo é luz. É luz como luz, dotada de máxima vibração possível; luz como energia, de média vibração; e luz como matéria de mínima vibração. Luz > Energia > Matéria.  

            Desse modo, os 92 elementos da química, desde o Hidrogênio (H) até o Urânio (U) são filhos da luz incolor e invisível, que cria a energia que, por sua vez, produz a matéria.

            Podemos concluir que, tudo quanto existe é originado do Absoluto ou Luz Metafísica Divina, por intermédio da luz incolor e invisível, que não é perceptível pelo prisma, que não pode ser decomposta em cores fundamentais. Por isso é que a luz perceptível, que pode ser decomposta pelo prisma, originada dos luzeiros dos céus, é criada pela Luz Metafísica Incriada, que por sua vez produz todas as galáxias e tudo quanto as galáxias contém.

            Por tudo isso, a matéria, ao contrário do que parece, é justamente aquilo que tem o máximo de ilusão e o mínimo de realidade, o mínimo de luz e o máximo de trevas, de tudo quanto possa existir. A matéria é quantidade sem qualidade, ao passo que a luz é qualidade sem quantidade. As coisas, portanto, são tanto mais reais e tanto mais indestrutíveis, à medida que, na cadeia evolutiva, estejam mais próximas de sua origem, mais perto da luz. Inversamente, são tanto mais ilusórias, quanto mais distantes se achem do foco luminoso originário.

            Desse modo, de um lado está a luz incolor, literalmente indestrutível, com o máximo de realidade possível. No meio, ocupando uma posição intermediária, entre a luz criadora e as coisas criadas, temos as diferentes formas de energia ou semiluz ou penumbra, com um nível médio de realidade, na horizontalidade quantitativa e existencial do mundo. Por isso, coisas energéticas que, embora regidas pelo tempo, não ocupam posição no espaço, como o pensamento e o sentimento, são muito mais luminosas e, portanto, muito mais reais do que qualquer coisa material, a exemplo de uma pedra, de uma árvore ou de um planeta.

            Vemos assim que a comparação que Jesus faz do homem com a luz, não é uma simples analogia, mas é a verdade mesma, autêntica e cristalina.

            O homem quando realmente se cristifica, a exemplo de Jesus, torna-se luz metafísica imortal, ou seja, transforma-se naquilo que ele é. O Cristo é a luz divina dentro do homem, é o homem mesmo em sua essência, ainda que não saiba disso. Contudo, ainda saberá... E quando, finalmente, sabe, quando sente esse sabor, quando sabe por experiência própria, sua luz crística deixa de ser meramente potencial ou escondida debaixo do velador ou do alqueire e, fazendo-se atualizada, põe-se então no alto do candelabro e ilumina necessariamente a todos os que estão na casa. Ela é a plenitude divina, da qual todos podem receber graças e mais graças, se forem suficientemente idôneos e receptivos.

            É neste sentido que a cidade da consciência humana, uma vez situada no monte da experiência crística, nunca mais pode permanecer oculta.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/05/2015 às 00h01
 
21/05/2015 00h01
FOCO DE LUZ (54)

            Domingo, dia 17-05-15, foi realizada a primeira caminhada pela paz na comunidade da Praia do Meio, saindo da igreja de Santana, ao lado da Escola Municipal Laura Maia, percorrendo toda a Rua do Motor e terminando com um café da manhã na Escola Estadual Olda Marinho.

            Essa atividade ficou recheada de erros cometidos por todos e que serão aqui descritos como forma de aprendizagem para evitar cometê-los no futuro, a partir da programação que deverá ser bem estudada e representada.

            O café da manhã não estava programado no roteiro inicial, mas o vereador Marcílio teve conhecimento e ofereceu essa ação. Como pensávamos que já viriam pronto os ingredientes para esse café, não houve originalmente a preocupação em prepará-los pela Associação. Na véspera o vereador enviou 100 reais e, segundo o entendimento dos organizadores, foi necessário completar a quantia e fazer a compra do material necessário. Isso implicou em tempo para a compra, transporte e preparação do café da manhã e terminou por desviar o foco da ação principal que era a caminhada pela paz e a sensibilização dos moradores do bairro. A equipe ficou dividida, uma parte ficou no colégio preparando o café da manhã e a outra parte foi para a igreja, para no término da missa iniciar a caminhada.

            Ao chegar à igreja o grupo não encontrou o carro de som e até o término da missa esse carro não chegou. O povo já estava dispersando quando resolvemos iniciar a caminhada sem o carro de som, com nossas bandeiras, faixas, cartazes e o povo cantando. Quando começamos a caminhada o grupo que havia ficado na escola na preparação do café da manhã se juntou a nós.

            Finalmente surgiu um carro de som e ficamos a esperar que ele ficasse preparado para seguir conosco. Como estava demorando, Francisco foi até o carro e terminou sendo o motorista e locutor ao mesmo tempo. Uma das participantes da igreja entrou no carro no banco do carona para puxar as canções da igreja. Usamos também um CD com músicas de Francisco de Assis, que ficávamos intercalando com as locuções do objetivo da caminhada, que era promoção da Associação de Moradores em favor da Paz e que todos estava convidados para se engajar na caminhada até o final na escola Olda Marinho onde seria servido um café da manhã aos participantes.

            Antes de chegar à escola, paramos o carro de som em uma esquina e fizemos a roda para cantar hinos religiosos da igreja católica, principalmente puxados por Bezerra e terminou fazendo diversas orações, Pai Nosso, Ave Maria, Oração do Anjo da Guarda, etc. Informou também que o vereador que nos acompanhava estava aniversariando e puxou também o “Parabéns pra você”.

            Francisco pediu o microfone para fazer o encerramento. Explicou a todos os presentes qual era o objetivo da Associação e sugeriu que todos ficassem em roda e com bastante atenção participassem da oração do Pai Nosso de encerramento que sempre fazemos em nossas reuniões. Foi solicitado que o vereador Ubaldo conduzisse a oração do Pai Nosso e depois Luzimar fez uma oração do coração para fechar os trabalhos. Todos se juntaram para a foto coletiva e em seguida nos dirigimos para a escola, para o café da manhã.

            Como estávamos ainda na companhia do vereador, solicitamos sua participação na marcação de uma audiência com o prefeito para colocarmos diversas necessidades da comunidade. Ele sugeriu que nós solicitássemos a ele uma audiência pública na Câmara Municipal para discutir pelo menos três assuntos de interesse do bairro. Achamos que essa proposta era bem melhor do que falar isoladamente com o prefeito e já sugerimos três áreas: turismo, segurança e esportes.

            Apesar de todas as falhas consideramos a atividade positiva, pois foi a primeira movimentação que fizemos dentro da comunidade, e certamente os erros observados desta vez serão corrigidos no futuro.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/05/2015 às 00h01
 
20/05/2015 06h30
FOCO DE LUZ (53)

            No dia 14-05-15 foi realizada assembleia com a finalidade de leitura e aprovação do Estatuto Social da Associação de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM). Estavam presentes as seguintes pessoas: 1. Paulo Henrique 2. Edinólia 3. Ana Paula 4. Radha 5. Rosário 6. Cíntia 7. Chefe de Gabinete do Deputado Federal Dickson 8. Esposa 9. Sued 10. Não identificado 11. Não identificado 12. Não identificado 13. Damares 14. Jéssica 15. Adriano 16. Não identificado 17. Netinha 18. Não identificado 19. Nivaldo 20. Davi 21. Ezequiel 22. Samir 23. Costa 24. Luzimar e 25. Francisco Rodrigues. O Estatuto havia sido lido antes da Assembléia por Francisco e Luzimar que fizeram as observações necessárias. Ao ser aberta a Assembléia, foi informada da natureza dos trabalhos, da aprovação do Estatuto da AMA-PM e que segue os trabalhos anteriores da fundação da nova Associação e da eleição e posse da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal. Foi informado também que o próprio Estatuto que irá ser aprovado coloca a perspectiva de dentro de um ano ser reformulado, se necessário, após a constatação de mudanças, alterações e inclusões, observadas durante a sua aplicação. Foi lido todos os itens, capítulos e artigos do Estatuto com a aprovação imediata após essa leitura. No final todo o conteúdo do Estatuto foi aprovado por aclamação com a sinalização que fosse incluído em seus objetivos e finalidades a motivação do trabalho cristão dentro da comunidade, incentivando e apoiando o grau de consciência fraterna, a capacitação profissional dos adultos e a educação formativa e preventiva das crianças e adolescentes, onde todos se consideram como irmãos, tolerantes com os erros alheios, mas firmes com a sua correção, e solidários na ajuda que puder dispensar, sem cobrança de pagamentos materiais de qualquer espécie. Depois da Assembléia a Associação recebeu a doação pela equipe do Deputado de quatro cestas básicas para doação dentro da comunidade e a possibilidade de ser realizado um trabalho de saúde com consultas clínicas e odontológicas dentro da comunidade de frequência semanal ou mensal. Também foi sinalizada a realização de um Fórum sobre a Violência de frequência bimensal ou trimestral dentro da comunidade. Foi também colocada por Ezequiel duas bolas sobre a mesa como doação para os trabalhos da Associação e o mesmo fez um apelo para que se colocasse na mídia as necessidades ainda não resolvidas pelo poder público dos trabalhos na área de esportes, como forma de alertar ao prefeito. Outras opiniões acharam melhor voltar aos secretários responsáveis por esses serviços, de forma oficializada, com um ofício nas mãos com todas as necessidades registradas e dar o tempo que for apontado como suficiente para esse atendimento. Somente depois desse tempo ter sido atingido e os serviços não realizados é que a Associação poderia informar na mídia o que estava acontecendo. Esta seria uma forma de atuação mais sintonizada com nossa motivação cristã, de trabalhar com todos de forma solidária, considerando a todos como irmãos, procurando ajudar nas dificuldades e somente em última instância, com fortes justificativas, é que poderíamos partir para a denúncia na mídia contra o descaso de qualquer irmão que se encontre em função pública de direção. As 20:30h encerramos a reunião, todos ficamos em roda com as mãos dadas para a oração do Pai Nosso e em seguida posamos para a foto oficial.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/05/2015 às 06h30
 
19/05/2015 00h01
CAMINHO OU DESVIO?

            No domingo dia 17-05-15, depois da caminhada na Praia do Meio, fiz uma reunião em família na casa de meu irmão, onde cada um falava sobre as virtudes de quem era sorteado no momento, e no final, quando todos tivessem colocado como viam as virtudes do sorteado, este teria oportunidade de falar sobre seus defeitos. Havia momentos emocionantes onde lágrimas eram vertidas durante o relato de quem falava e de quem escutava. Quando chegou a minha vez, todos falaram as minhas virtudes que eram muitas e eram suficientes para cobrir os defeitos que todos temos, e eu também. Somente a minha companheira que foi a minha primeira esposa, gastou todo um tempo bem ampliado, mais num relato negativo de minha relação com ela, do que com as minhas virtudes. Colocou fatos do passado tristes e até criminosos, com relação ao aborto, que estão armazenados em sua memória, e as lágrimas dela denunciavam o sofrimento que ainda habita com pujança no seu coração. Todos ouvimos em silêncio. Apesar do foco está sendo desviado do relato das virtudes no presente para o relato dos aspectos negativos do meu comportamento no passado, ninguém interferiu para fazer essa correção. Todos intuíram que ela necessitava desse desabafo do que ia em seu coração, e que eu poderia suportar o tranco do que estava a ouvir, como muitas vezes acontece em alguma reunião que ela tem oportunidade de falar alguma coisa sobre meu passado.

            Na minha vez de falar, e que eu deveria falar sobre o que tenho de negativo, eu comecei elogiando o fato de minha companheira sempre lembrar para mim nessas reuniões que eu não sou o perfeito como muitas vezes deixo transparecer, mas que possuo dentro de mim sérios defeitos. Falei então do defeito que os outros consideram o mais grave, mas que eu não vejo assim. Como os defeitos que eu considero como reais como a preguiça e a gula, não tem tanta importância para os demais, eu vou fazer considerações então para o que eles consideram mais graves, mas que para mim é o normal.

Para ser bem direto, o que é considerado mais grave no meu comportamento é o fato de eu me relacionar livremente com as mulheres que sintonizam comigo e ir até a intimidade sexual, sem construir com essa pessoa um relacionamento exclusivo na base da família nuclear tradicional. Mas, eu fui desviado desse padrão comportamental exclusivo, da família nuclear tradicional, depois de profundas reflexões levadas dentro de sérios critérios de justiça. Ao considerar o Amor Incondicional como a maior Lei que deve reger nossos comportamentos, e que não deve ficar subordinada a nenhuma lei humana, eu passei a sair dos padrões culturais. Eu considero essa Lei do Amor Incondicional a expressão em nossos corações do próprio Deus. Um Deus que eu devo amar acima de todas as coisas como Jesus ensinou, e que ele está presente na Natureza, em tudo que Ele criou, inclusive em mim. Por esse motivo Jesus também ensinou que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, pois a expressão de Deus que está dentro de mim, também está expressa dentro do próximo. Foi aí que existiu a abertura para a minha relação íntima com outras pessoas e vislumbrou na minha mente a possibilidade de ser construída uma família ampliada que viesse a ser a precursora da Família Universal que Jesus também ensina que será a base do Reino de Deus. Quando percebi que estava dentro desse contexto, eu percebi também que isso seria a vontade de Deus dentro desse psiquismo, que Ele estava orientando meus passos, num primeiro momento inconsciente e a cada momento cada vez mais convicto de que sim, em tudo em minha vida tinha a mão de Deus a me apontar caminhos. E eu aceito tudo que vem dEle, pois desenvolvi a vontade de fazer aquilo que entendo ser a Sua vontade. É nesse contexto o que considero normal dentro da projeção de minha vida, e que a maioria considera anômala, pois não obedece as normas culturais do relacionamento familiar tradicional. Eu sei que essa forma de agir não permite que eu esteja integralmente ao lado de uma pessoa como aconteceu no meu primeiro casamento.  Eu sei que os meus filhos e principalmente as minhas companheiras irão se ressentir da minha ausência no momento que eu estiver com outras pessoas. Esta é uma consequência que eu não posso evitar dentro deste caminho que entendo ter sido colocado por Deus para eu trilhar. O que posso fazer é advertir a todas que se aproximam de mim e que sintonizam comigo, quem eu sou, o que penso, o que sinto, e o que faço, de forma honesta, para elas, se quiserem, tentar se adaptar a essa situação e ensinar aos seus filhos que porventura venhamos gerar que tipo de pai e companheiro eu posso ser. Sei que a minha primeira esposa não teve a chance de fazer essa escolha, se eu pensasse assim antes de nos conhecermos ela possivelmente não teria me escolhido, como fez, para ser o seu marido e pai de seus filhos. Por isso, de todas é a única que devo uma enorme satisfação e explicação, e até pedido de perdão por não poder ter cumprido o que prometi no altar. Mas com todas as outras que vieram depois dela não justifica esse pedido de perdão, pois todas sabem antecipadamente com quem vão se relacionar, e que cabem explicar aos seus e nossos filhos a natureza do pai que elas escolheram.

Ao final do meu relato a minha primeira esposa ainda queria fazer considerações, mas como entraria em outro aspecto da reunião que não era o objetivo naquele momento, pedi licença e a interrompi alegando esse motivo de fugir do foco. Mas, afirmei, que sentia que o que ela queria colocar continuava pertinente e que encontraríamos outro momento para em outra reunião como esta, para que ela pudesse colocar todos os argumentos que considera importantes sobre mim e que eu também colocaria todos os fatos que aconteceram e que ela até hoje não tem uma clara compreensão de tudo isso. Enfim, seria um inquérito sobre a verdade e que isso é muito importante para nos aliviar de sofrimentos, pois mais uma vez, seguindo as lições de Jesus, a verdade nos libertará. Afinal, eu estou caminhando certo ou dentro de um desvio equivocado?  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/05/2015 às 00h01
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