Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
15/12/2019 00h14
A CÓLERA DO GREGÓRIO DUVIVIER

            Ainda sobre o texto do Gregório Duvivier, escrito na Folha de São Paulo, ironizando a figura de Jesus Cristo, encontrei a opinião do Carlos Júnior, numa coluna do Renovamídia, revista digital, que vale a pena verificarmos uma das opiniões contrárias ao que foi escrito:

Como diria o outro, o mundo moderno é uma piada diabólica. E sem a menor graça. É o tal período histórico onde o gnosticismo saiu das trevas – literalmente – e passou a atacar o Cristianismo incansavelmente. Diluído o poder da Igreja Católica, seu principal algoz veio a apresentar-se com ideias iluminadas para destruir a civilização ocidental e varrer para baixo do tapete histórico as tradições e os costumes do Ocidente. Para qualquer dúvida a respeito disso, recomendo a leitura do clássico de James H. Billington, Fire in the Minds of Men.

Se as origens do iluminismo, do comunismo, do nazismo, do fascismo e do progressismo estão na ruptura da continuidade histórica da civilização ocidental com a moral cristã, então é lógico e óbvio que todas essas ideologias são inimigas mortais do Cristianismo. Vivemos sob o constante ataque aos valores cristãos, onde católicos e protestantes são achincalhados ao defenderem publicamente sua fé, porque, ora, o Estado é laico. O cristão deve aceitar de bico fechado os adeptos da moral secular atacarem covardemente suas crenças e doutrinas, enquanto que a menor reação é logo tachada de intolerância. Até mesmo ouvir da boca de quem não é cristão como um bom cristão deveria proceder.

Pois é exatamente isso que Gregório Duvivier quis fazer. O dito humorista é o intérprete de Jesus em ‘’A Primeira Tentação de Cristo’’, uma série da Netflix tão blasfêmica que só pode ter agradado ao próprio capeta. Na série, o escárnio a Jesus Cristo é tão grande que ele é retratado como gay, a Virgem Maria como adúltera e São José como homem traído. O leitor que pare a leitura aqui por ter sido obrigado a vomitar está mais que perdoado. Eu próprio embrulhei em mil lençóis o meu estômago quando vi a porcaria de trailer dessa imundice.

Antes de analisar qualquer blasfêmia contra o Cristianismo, é preciso ter em mente um fato objetivo: quem faz qualquer ridicularização com a fé cristã está triplamente errado. Na letra da lei, na doutrina cristã e na própria moral secular.

A Constituição é tão clara como o sol da minha querida Teresina ao não permitir este tipo de acinte. O artigo 208 do Código Penal fala em ‘’Escarnecer alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso, vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso’’. O vilipêndio a Jesus, a Nossa Senhora e a São José foi uma coisa absolutamente ordinária e indefensável. E legalmente é crime.

Em nenhuma vertente cristã os alvos desta série são assim apresentados. Tanto no catolicismo quanto no protestantismo a visão de Jesus Cristo é praticamente a mesma, exceto no mistério da Trindade, que não vem ao caso. Além do mais, nem mesmo os cristãos têm o direito de modificar a trajetória, o papel e a vida de Cristo, quanto mais os seculares, pagãos e ateus. Qualquer um membro de tais grupos não tem a mínima moral de ensinar Cristianismo aos cristãos, quem dirá distorcê-lo.

A coisa também esbarra na própria moral secular do bom senso, pois o fato é carregado de contradições. Se há liberdade para escarnecer o Cristianismo e suas doutrinas, por que negar o mesmo direito aos cristãos de expressarem o que pensam das outras religiões e grupos? Se a reação dos cristãos foi desmedida e histérica, por que os entusiastas da blasfêmia ficam a cuspir abelha africana com qualquer piada com as ditas minorias? A liberdade de expressão não é privilégio de um determinado grupo, e com a liberdade de reação também não é diferente. O bom senso secular foi convenientemente desprezado nesse caso.

Mas Gregório Duvivier é do tipo de sujeito que gosta da estupidez e repete o porre. Publicou na Folha de S. Paulo um texto com uma imagem de Jesus Cristo vestido com uma camisa de Karl Marx e uma saia rosa. O sujeitinho não tem a mínima noção das coisas. Vive em um país majoritariamente cristão e distribui blasfêmias gratuitas. Vive de zombar da fé alheia, mas na primeira alfinetada ao esquerdismo progressista ou piada com as ‘’minorias oprimidas’’, a indignação deste sujeito é proporcional a sua idiotice. Vive a cobrar respeito, mas na primeira oportunidade desrespeita quem pensa diferente e tem um Deus para adorar e seguir. É de uma hipocrisia infame.

Esta besta quadrada não merece um pingo de respeito. Cristão de verdade não deve ser educado com um boçal que vomita bílis a sua fé. A Netflix merece sim ser exposta ao ridículo quando joga no mercado uma porcaria blasfêmica e desrespeitosa. E sim, Gregório Duvivier, Jesus Cristo fica irritado quando o seu nome é profanado, como fez ao purificar o Templo no Evangelho de São João. A imagem de um líder zen e permissivo só é real na cabeça dos insanos.

Georges Bernanos dizia que nada no mundo se compara à cólera dos imbecis.

 

 

– país no qual o saudoso jornalista francês viveu. Em solo tupiniquim, tanta imbecilidade já foi vista, mas eu tenho certeza que nada é comparável à cólera de Gregório Duvivier.

Referências:

1.https://veja.abril.com.br/religiao/porta-dos-fundos-especial-de-natal-revolta-grupos-religiosos/

2.https://www.acidigital.com/noticias/bispo-brasileiro-netflix-da-bofetao-na-cara-dos-cristaos-com-programa-blasfemo-90245

3.https://ndmais.com.br/entretenimento/deputado-se-revolta-contra-jesus-homossexual-e-ataca-a-netflix/

4.https://www.youtube.com/watch?v=XP9lX27D4Vo

5.https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10612290/artigo-208-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940

6.https://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2019/12/desculpem-meu-aramaico.shtml

7.https://padrepauloricardo.org/episodios/a-purificacao-do-templo

            Esta é uma opinião que certamente é partilhada por milhões de brasileiros, católicos ou não. O desrespeito a uma figura de adoração como é o Cristo, mexe com o mais profundo de cada indivíduo: sua fé.

            Por outro lado, mesmo quem fez tamanho ato, com a participação e apoio de tantos outros, são nossos irmãos, filhos do mesmo Pai. Seguindo a lição do Cristo, devemos perdoar, pois não sabem o que fazem. Sigamos com nossa caravana do bem e deixemos nas beiras das estradas o latir dos cães disfarçados em textos irônicos.

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em 15/12/2019 às 00h14
 
14/12/2019 00h27
JESUS AVACALHADO

            Foi publicado no jornal Folha de São Paulo, pelo Gregório Duvivier, ator e escritor, também um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos, um texto com o título “Desculpem meu aramaico”, seguido de “Queridos seguidores, aqui quem fala é Jesus – de novo.” Como posso dizer... avacalharam Jesus!

            Os autores defendem o direito de ironizar quem quer que seja, que isso é uma arte. Será que isso pode ser aplicado a uma figura como Jesus, um ícone divino, motivo da devoção de tanta gente? Será que Ele também possa ser ridicularizado dessa forma?

            Mas vejamos o que diz o texto para que eu possa refletir junto com meus leitores:

            Queridos seguidores, aqui quem fala é Jesus. De novo. É chato ter que repetir as coisas. Achei que bastasse a Bíblia. Pedi para o pessoal contar quatro vezes a minha história, prá ajudar a fixar. Lucas na época achou estranho. “Mateus já contou, depois Marcos repetiu, quando chegar na minha parte o pessoal não vai mais tá aguentando.” Mal sabia ele que depois ainda vinha João, coitado. Na hora percebi que tinha exagerado. Percebi que tinha feito que nem o Coppola com o terceiro “O Poderoso Chefão”: não precisava daquilo. Mas o pior é que no meu caso precisava. Aliás, pelo visto, precisava de um quinto e de um sexto, porque nem repetindo quatro vezes o pessoal entendeu.

            A novidade é que tão fazendo um abaixo-assinado em meu nome pra proibir um especial de comédia “ofensivo”. Se ofende a mim, deixa comigo, pessoal. Eu sou foda. Quando não gosto de alguém eu dou meu jeito. Eu já to adultinho. Aquele 7 a 1 da Alemanha, por exemplo, foi coisa minha. Não aguentava aquela seleção de crente cantando gospel. David Luiz ficava o dia inteiro me perturbando. Meti sete gols para ver se ele ia transar.

            No breve tempo em que estive na Terra, em algum momento, vocês me viram processando humorista? Acho que não. Olha que não faltava palhaço na Galiléia. Malaquias, por exemplo, fazia um stand-up sofrível em Nazaré. Fui dar na cara dele? Não. Sabe por que? Porque no horário do show dele eu tava muito ocupado lavando pé de mendigo. Mas não só.

            Eu sou da galhofa, cacete. Tem algum registro em algum Evangelho de eu ter ficado puto com piada? Nem que seja naqueles não autorizados de revista de fofoca. Tem? Eu era da turma do fundão. Muita coisa que eu disse, inclusive, foi mais pela zoeira. Esse negócio de passar camelo em buraco de agulha, por exemplo, em aramaico o pessoal se escangalhava de rir. Aquela brincadeira de transformar água em vinho era trote.

            Antes que me esqueça: assisti ao especial. Não gostei. Merecia o Emmy? Não. O ator que me interpreta tem meio metro a menos que eu, e uns vinte quilos a mais, praticamente minha versão hobbit. Nesse sentido prefiro mil vezes o da Record, mais alto e mais sequinho. Mas ofender, ofender, não ofendeu.

            “Ah, mas o Jesus deles é gay.”  Gente, o humorista que quiser me irritar vai ter que se esforçar mais um pouquinho. Mas tem gente no Brasil que tá conseguindo. Desempregado pagando INSS? Vai tomar no cu. Desculpa meu aramaico,

            O que senti com o texto? Vontade de rir? Parecia que se eu me sentisse assim, rindo da miséria moral estampada no texto e na charge que acompanha (Jesus vestido com uma camisa com a estampa do comunista Marx, um short cor de rosa, fumando maconha, com trejeito homossexual), eu estaria me associando aqueles que no passado zombavam e escarneciam de Jesus pregado na cruz.

            Que existam pessoas tanto no passado como hoje que tenham essa vertente irônica sobre pessoas as mais diversas, poderosas, políticas ou eclesiásticas. Este é um direito que a liberdade nos dá. Não podemos impedir isso, sob pena de impedir a própria manifestação da liberdade. Assim como cada um tem a liberdade de assassinar quem quiser. Mas a expressão da liberdade de cada um classifica quem assim a pratica, quer seja um criminoso ou um estadista.

            Dessa forma, tenho que respeitar o direito de cada um à liberdade do que queira praticar, mas que cada ação deve ser avaliada por quem dela sofre os efeitos. Do meu  ponto de vista, quanto cristão que tenho o máximo respeito pelo Mestre, sinto-me também avacalhado em minha crença. Não que essa minha forma de pensar traga qualquer ojeriza a quem usa drogas ilícitas ou é homossexual, com todos os seus trejeitos instintivos ou aprendidos, respeito cada um na sua forma de ser. Porém, querer colocar um comportamento diferente em quem não o possui e, pelo contrário, tem um comportamento totalmente diferente, é o extremo de uma falsa narrativa criada para destruir a aura de divindade no principal modelo humano que possuímos.

            O caso serve de exemplo para termos cuidado naquilo que iremos consumir, quer seja de natureza física ou intelectual. Qualquer produto colocado à nossa disposição pode ser útil e construtivo, ou inútil e destrutivo. Cabe a nós termos a sabedoria de nos aproximar dos bons produtores e consumir os bons frutos, e nos afastar dos maus produtores e rejeitar os seus frutos venenosos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/12/2019 às 00h27
 
13/12/2019 15h34
ENTREVISTA ESPIRITUAL

            Instado pelas forças espirituais, através de uma amiga que demonstrou interesse em conhecer os trabalhos práticos da espiritualidade, compareci a Casa de Caridade onde antes participava de uma reunião de “Vibração e Sensibilização”.

            Durante a reunião percebi um diálogo interno, na minha mente que procurava se distanciar dos estímulos ao meu redor, que dizia mais ou menos o seguinte:

            “Você está andando em corda bamba. Quer seguir os caminhos de Deus, praticar as lições do Cordeiro, consegue ensaiar algumas atividades, mas o passo pragmático, consistente com o que você sabe que deve fazer, não se realiza. Está quase lá... mas não chega, não dá o passo significativo. Você sabe que é assim. Poderia hoje colocar o seu codinome nesta guerra espiritual que estamos envolvidos de “Quase”.

            Você é o agente “Quase”. Todas as forças estão posicionadas em várias áreas de atuação e falta o primeiro passo para as falanges seguirem em frente. Você sabe que já porta uma bandeira com o lema “Deus, Cristo e Caridade” para avançar na transformação do planeta em orbe de Regeneração, onde o amor prevaleça sobre o mal, sobre a ignorância.”

            Eu percebia toda informação e ouvia ao meu lado os companheiros dizendo o que estavam percebendo. Perguntei ao meu interlocutor mental se eu devia falar alguma coisa. Ele disse que não, que eu deveria ficar mudo. Mas, interessante, em determinado momento, sem que eu pedisse permissão, estava eu falando como um instrutor que tivesse dando coordenadas. Fiquei arrependido de não ter ligado o gravador para ficar registrado o que se passou naquela sala. Não consigo reproduzir o que eu disse, ou disseram através de mim, mas foi mais ou menos assim:

            “Estamos trabalhando muito, tanto no mundo material como no mundo espiritual. Tentamos socorrer os irmãos atingidos pelo mal que ainda é majoritário em nosso planeta. Chegou o momento de agirmos com mais pragmatismo para inverter essa situação, deixar o bem em condição majoritária. Para isso temos que reconhecer que o mal é ousado enquanto o bem é tímido. Temos que deixar de lado a timidez, não ser intempestivo, mas também não ser passivo. Temos que ser como o Mestre ensinou, “simples como as pombas e prudentes como as serpentes”. Não podemos continuar ad eternun a aliviar prejuízos que o mal causou. Temos que investir em ações positivas onde o Bem seja o protagonista principal, que o mal seja reparado antes de causar prejuízos. Que a paz esteja conosco.”

            Este foi um momento interessante. Nunca tive uma expressão de tal forma, uma informação que sai de mim, mas que sinto a motivação de outra fonte. Uma fonte que sintoniza com meus pensamentos, minhas convicções. Uma mensagem que foi colocada em público, mas que se aplica principalmente a mim. Devo refletir... e agir!

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em 13/12/2019 às 15h34
 
12/12/2019 00h11
DEUS, CRISTO E CARIDADE

            O Anjo Ismael foi designado pelas forças divinas para organizar no Brasil o quartel general do Evangelho, dos homens de boas intenções que se dispõem a construir a família universal, o Reino de Deus.

            Encontrei na revista O Reformador, o editorial que relembra alguns trechos do Codificador Allan Kardec onde ele exorta os espíritas ao estudo, à caridade e à unificação, num contexto de desunião, de prevalência do personalismo e ausência da caridade, condição ainda majoritária até hoje em nosso mundo, apesar das lições do Cristo.

            Vejamos o trecho que o editorial aponta, para nossas reflexões:

            Ismael, o vosso guia, tomando a responsabilidade de vos conduzir ao grande templo do amor e da fraternidade humana, levantou a sua bandeira, sendo inscrito nela – Deus, Cristo e Caridade. (...) sua voz santa e evangélica ecoou em todos os corações, procurando atraí-los para um único agrupamento onde, unidos, seriam a força dos leões e a mansidão dos pombos; onde unidos, pudessem afrontar todo o peso das iniquidades humanas; onde, enlaçados num único sentimento – o do amor – pudessem adorar o Pai em Espírito e Verdade; onde se levantasse a grande muralha da fé, contra a qual viessem quebrar-se todas as armas dos inimigos da Luz; onde, finalmente, se pudesse formar um grande dique à onda tempestuosa das paixões, dos crimes e dos vícios que avassalam a humanidade inteira!

            (...)

            Mas infelizmente, meus amigos, não pudestes compreender ainda a grande significação da palavra – Fraternidade!

            Não é um termo, é um fato; não é uma palavra vazia, é um sentimento, sem o qual vos achareis sempre fracos para essa luta que vós mesmos não podeis medir, tal a sua extraordinária grandeza!

            Ismael tem o seu templo e sobre ele a sua bandeira – Deus, Cristo e Caridade! Ismael tem a sua pequenina tenda, onde procura reunir todos os seus irmãos – todos aqueles que ouviram a sua palavra e a aceitaram por verdadeira: chama-se Fraternidade!

            Pergunto-vos: pertenceis à Fraternidade? Trabalhais para o levantamento desse Templo cujo lema é: Deus, Cristo e Caridade?

            (...)

            Meus amigos! Sem caridade não há salvação – sem fraternidade não pode haver união.

            Referência: Kardec, Allan. A prece. Trad. Guillon Ribeiro. 54. Ed. 1. Imp. (Edição Histórica). Brasília FEB, 2018. Instruções de Allan Kardec aos espíritas do Brasil, it. I – Exortação ao estudo, à caridade e a unificação.

            Nós, espíritas, que tomamos conhecimento dessas informações do mundo espiritual, que cremos na realidade do que Jesus ensinou, devemos estar automaticamente engajados no exército do Cristo nessa guerra da luz versus sombras. Observamos que o mal ainda é majoritário em nosso planeta, mas chega o tempo de mudarmos essa situação e passarmos para a categoria de planeta de regeneração. Tudo depende agora de nós, encarnados nesta época, assumiremos a tarefa que Deus, Cristo e Ismael esperam de nós, segurando, defendendo e passando à frente a bandeira: Deus, Cristo e Caridade.

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em 12/12/2019 às 00h11
 
11/12/2019 00h10
EU TENHO UM SONHO

            Este discurso de Martin Luther King Jr., em 1963, nos Estados Unidos da América do Norte é um ícone na luta pelos Direitos Civis, e merece ser lembrado ou conhecido para que reflitamos no quanto ainda falta conquistarmos. Nesta época eu estava com 11 anos e nem de perto qualquer informação sobre o caso ficou registrado na minha mente. Com certeza, a estratégia do Cristo na construção do Reino de Deus, irá resolver esse problema. Vejamos quanto nos falta:

"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.

Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.

Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.

Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.

De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".

Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.

Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranquilizante do gradualismo.

Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.

Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.

Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre

Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"

Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Vocês são os veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.

Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

"Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."

            Este discurso marca um desejo sempre constante dentro da humanidade, desejo por justiça, liberdade e fraternidade. Desde que o Cristo veio e nos aplicou suas lições, possuímos a ferramenta para alcançar esse desiderato. Martin Luther King Jr. é um dos muitos que tentam aplicar essas lições, num mundo ainda tão dominado pelas forças do mal, que encontram seus instrumentos com facilidade  no meio de gente tão animalizada, que se motivam pelos seus estômagos, que não possuem ainda a capacidade refletiva de perceber a verdade e sair das garras da ignorância.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/12/2019 às 00h10
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