Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
18/08/2015 23h59
JEJUM QUE DEUS APRECIA
  1. Clama em alta voz, sem constrangimento; faze soar a tua voz como a corneta. Denuncia a meu povo suas faltas, e à casa de Jacó seus pecados.
  2. Sem dúvida eles me procuram dia após dia, desejam conhecer o comportamento que me agrada, como uma nação que houvesse sempre praticado a justiça, sem abandonar a lei de seu Deus. Informam-se junto a mim sobre as exigências da justiça, desejam a presença de Deus.
  3. “De que serve jejuar, se com isso não vos importais? E mortificar-nos, se nisso não prestais atenção?” É que no dia do vosso jejum, só cuidais dos vossos negócios, e oprimis todos os vossos operários.
  4. Passais vosso jejum em disputas e altercações, ferindo com o punho o pobre. Não é jejuando assim que fareis chegar lá em cima vossa voz.
  5. O jejum que me agrada porventura consiste em o homem mortificar-se por um dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar sobre o saco e a cinza? Podeis chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor?
  6. Sabeis qual o jejum que eu aprecio? – diz o Senhor Deus: É romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo.
  7. É repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante.
  8. Então tua luz surgirá como a aurora, e tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se; tua justiça caminhará diante de ti, e a glória do Senhor seguirá na tua retaguarda.
  9. Então às tuas invocações, o Senhor responderá, e a teus gritos dirá: Eis-me aqui! Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as más conversações,
  10. Se deres do teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno.
  11. O Senhor te guiará constantemente, alimentar-te-á no árido deserto, renovará o teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, como uma fonte de águas inesgotáveis.
  12. Reerguerás as ruínas antigas, reedificarás sobre os alicerces seculares; chamar-te-ão o reparador de brechas, o restaurador das moradias em ruínas.
  13. Se te abstiveres de calcar aos pés o sábado, de cuidar dos teus negócios no dia que me é consagrado, se achares o sábado um dia maravilhoso, se achares respeitável o dia consagrado ao Senhor, se tu o venerares não seguindo os teus caminhos, não te entregando às tuas ocupações e às conversações,
  14. Então encontrarás a tua felicidade no Senhor: eu te farei galgar as alturas da terra, e herdar a herança de Jacó, teu pai; porque a boca do Senhor falou.

Este é o capítulo 58 que o profeta Isaias escreveu em seu livro, um dos que compõem a Bíblia, com o título “O verdadeiro jejum”.

Esta leitura provocou uma reflexão sobre o sentido do jejum que até hoje eu pratico em algumas ocasiões, principalmente na época da Quaresma, onde procuro fazer um jejum radical nos primeiros três dias e permanecer nos quarenta dias com maior controle sobre a qualidade e quantidade da minha alimentação.

Claro, não vou dizer que também não existe para mim um sentido espiritual nessa prática, mesmo porque a motivação maior é seguir o exemplo de Jesus que passou esses quarenta dias no deserto. Porém, a leitura de Isaías que representa a voz e a vontade de Deus, e que eu aceito essa mensagem com um grau de fidedignidade muito grande, a não ser quando fala da casa de Jacó, que passa a referir a um contexto local e não universal, como deve ser a vontade de Deus.

Duas grandes informações eu absorvi e que devo aplicar ao meu comportamento, se é que eu desejo fazer sintonia com Deus, se eu desejo ser instrumento da Sua vontade, se é essa a minha intenção.

A primeira é que, o jejum de alimentação é o menos importante. O controle dos impulsos do corpo, como a procura de alimentação de forma inadequada e exagerada também deve ser contida, mas isso não é o mais importante. O mais importante é deixar de lado qualquer interesse material, não alimentação, simplesmente, mas tudo aquilo que o egoísmo deseja para manter o nosso orgulho e vaidade, nosso poder temporal na política e nas finanças. Ser a voz de Deus dentro dos relacionamentos humanos, levando a justiça que é o epicentro do Amor, ferramenta indispensável para a construção do Seu Reino aqui na Terra. Este é o centro da meta do jejum que Deus aprecia.

A segunda informação é quanto ter um dia dedicado ao Senhor. Não é que seja um dia de ociosidade, somente de orações, de contemplação... tudo isso pode acontecer, mas o mais importante é que nós trabalhemos como instrumento exclusivo de Deus nesse dia. Podemos até trabalhar mais do que nos outros dias da semana, mas o fruto desse trabalho será sempre de Deus, e não nosso. O dia orientado para isso acontecer, segundo a Bíblia, é o sábado. Acredito que é o dia mais conveniente. Vou procurar fazer isso. Não é que eu deixe agora de fazer tudo o que faço nesse dia da semana, mas agora eu farei com o intuito que os frutos desse trabalho não são meus, são integralmente de Deus, e a Ele deverei prestar contas de imediato.

Sim, eu sei que já me comporto de forma parecida. Eu compreendo que tudo que adquiro com o meu esforço, com o meu trabalho, pertence também a Deus, que foi quem me deu a existência, inteligência e saúde para fazer o que faço. Então, sendo de Deus, sou apenas um mero administrador dos recursos que Ele me proporciona. Mas isso está implantado na minha consciência e implantado através do meu comportamento de modo vago... é uma simples ideia que procura se realizar. O trabalho do sábado não! Esse trabalho e os frutos que dele advenham eu devo considerar como pertencentes diretos de Deus, que eu devo agir como Ele agiria se estivesse encarnado, como ele permitiu que eu estivesse.

Talvez ninguém perceba a diferença, pois o meu comportamento já seguia nessa direção, mas eu sei que terei que fazer um grande esforço para tirar dos meus planejamentos do sábado, ações que iriam atender exclusivamente aos meus desejos.

Espero que Deus me dê a força, inteligência e coragem para eu implementar mais esse passinho que me aproxima mais uma vez do Seu colo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/08/2015 às 23h59
 
17/08/2015 07h25
O ORÁCULO

            Depois da frustração que senti com relação ao comportamento da minha segunda esposa, eu li o início do livro “Apologia de Sócrates”, onde ele discorre sobre uma visita que fez ao Oráculo de Delfos para saber quem era o homem mais sábio do mundo. Depois do Oráculo responder que essa pessoa era ele mesmo, Sócrates inconformado, pois pensava que existia pessoas mais sábias que ele entre aquelas que ele conhecia, passou a interrogar cada um desses pretensos sábios e descobrir que o Oráculo tinha razão. Mas, devido a essa investigação que ele fez, as pessoas se mostraram melindradas, levaram ele ao tribunal e conseguiram condená-lo a morte.

            Pois então, inspirado nessa história de Sócrates, fiz o texto abaixo direcionado a capacidade de amar que para mim é tão importante.

            Sempre fui interessado na arte de amar. Desde antes dos hormônios dominarem meu corpo, banhando cada célula e direcionando a natureza de minhas funções fisiológicas. Eu já amava o sol que me aquecia, a brisa que me refrescava; amava as flores que perfumavam o meu redor, e as nuvens que me molhavam; adorava correr pela chuva, e caminhar pelos bosques; amava a orquestra dos pássaros, e o desfile impecável das formigas; adorava o mel das abelhas, e o açúcar das frutas, enfim... amava a Natureza em todas as suas expressões, do nascer do sol à recepção das sombras da noite, as quais chegavam com o cortejo das estrelas seguindo a porta-bandeira da lua. Mas, apesar de tudo isso eu sentir, queria ainda aprender mais sobre o amor, queria encontrar a pessoa que soubesse amar mais do que eu, e que por amor quisesse me ensinar sobre o amor, para com ela eu aprender pelo menos um pouquinho mais.

            Procurei o Oráculo e fiz a ele a seguinte pergunta: “Oráculo, qual a pessoa que mais sabe amar em todo o mundo?” A resposta que obtive foi surpreendente, inesperada! “Você!”

            O Oráculo nunca erra, mas nesse caso eu tinha dúvidas. Eu sabia de tantas pessoas que pareciam amar mais do que eu... Eu teria que perguntar diretamente a elas e foi o que fiz. Procurei primeiro um padre, um representante de Cristo na Terra, aquele que foi o embaixador do Amor. Mas ele não quis me dar sua bênção quando soube que eu não seguia o seu credo. Não poderia ser a pessoa que mais sabe amar no mundo.

            Então, fui em busca de um amante, uma pessoa que se dizia apaixonado por sua amada, que dizia ser capaz das maiores proezas para demonstrar o seu amor, seria capaz de lhe presentear com a lua ou com os tesouros do fundo do mar. Uma pessoa assim deve saber amar com mais profundidade do que eu. Mas fiquei frustrado quando percebi que esse amante apaixonado era capaz de matar sua amada, com seu amor transformado em ódio, se soubesse que a sua paixão tinha amor por outro, que escolheu conviver com outra pessoa. Então verifiquei que essa pessoa não era a que mais sabia amar no mundo.

            Dessa vez, fui à procura de uma mãe, pois todos consideram como o símbolo mais puro de amor que podemos encontrar nesta terra. Mas percebia que ela fazia tudo o que podia pelo seu filho, até mesmo prejudicar o filho de outras mães, e agir assim eu não poderia considerar um ato de amor.

            Fiquei decepcionado com os meus semelhantes ao perceber que o Oráculo tinha razão. Eu, que me considero tão simplório na arte de amar era de todos os presentes o que mais sabia amar!??

            Mas o curioso não foi somente isso. O mais curioso, decepcionante, perigoso e ao mesmo tempo confirmador do diagnóstico do Oráculo, foi perceber que eu passei a ser odiado pelo simples fato de ter feito essas indagações e ter feito ver a essas pessoas que elas desenvolveram um amor mas que deixaram ele se contaminar pelos aspectos egóicos de nossa natureza animal. Terminei sendo alvo de ironias, de represálias, de maledicências, de vinganças... eu, que continuava a amar, mesmo assim a esses agressores, a todas essas pessoas que agora me desprezavam.

Vi que quanto mais eu amava e que ódio eu despertava por não maquiar a verdade para satisfazer o ego de ninguém, mais sofrimento eu recebia no silêncio da minha alma.

Percebi assim a grande sabedoria do Oráculo e fiquei envergonhado de voltar a ele e perguntar qual a pessoa que mais sofreu por amar, para aprender com ele como melhor suportar minha dor. Envergonhado porque saberia qual a resposta que o Oráculo iria me dar: “Tu sabes, é Jesus!”

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/08/2015 às 07h25
 
16/08/2015 05h15
DIA DOS PAIS

            Hoje faz uma semana do dia dos pais. Meus filhos planejaram um almoço num lugar especial e fomos todos, os parentes mais próximos e que quiseram ir. Dos meus cinco filhos, faltaram dois: uma que mora em Campina Grande e que por motivo de doença não conseguiu chegar como havia planejado; o outro se negou a vir, pois ainda está intoxicado com os efeitos da separação de sua mãe e que essa provocou a minha saída de casa.

            Foi um momento de alegria, descontração... de fraternidade. Todos nos sentimos bem com este momento de congraçamento. Agora, acho que falhei na condição de pai mais idoso dos presentes. Eu deveria ter falado alguma coisa. Mais uma vez surge na minha consciência a necessidade de corrigir esse defeito que possuo de não ter a ideia conveniente no momento propício e somente depois que passa a oportunidade é que eu vejo que poderia ter feito algo. Pois eu deveria ter feito a seguinte mensagem:

            Hoje é um dia especial para mim. Estou junto dos filhos que puderam estar junto comigo neste dia, com sentimentos de amor, de amizade, de camaradagem. Estou também satisfeito com Deus, o Pai de todos nós.. Apesar dEle ter me conduzido como faz até hoje, por caminhos tortuosos, mas são caminhos cheios de amor, onde por cada trilha surge a possibilidade da  geração das flores dos filhos. Agradeço também ao Pai a inteligência e a capacidade de trabalhar, a compreensão e tolerância para com os erros do próximo, e a coragem e determinação de seguir o caminho que Ele colocou em minha consciência.  

            Talvez vocês, meus filhos, se ressintam da minha ausência física. Os preconceitos de época ainda não permite que eu ficasse mais próximo de vocês, e até hoje, moro sozinho, como o “estranho no ninho” de uma sociedade excessivamente egoísta e exclusivista. Mas não pensem que fui ou sou injusto com vocês, que não dei a proximidade física de um pai biológico que eu tanto recebi na minha infância. Isso não é verdade. Se eu for colocar em termos matemáticos, vocês receberam 99% de mim quanto pai, enquanto eu como filho recebi nem talvez 1% do meu pai biológico. Nem mesmo recursos financeiros eu recebi dele. Enquanto isso todos vocês tiveram de forma ininterrupta todo o apoio financeiro para vocês sobreviverem e estudarem sem necessidade de entrar no mercado de trabalho precocemente. Eu não fui criado por minha mãe, ela não tinha recursos para isso. Foi necessário ela fazer o sacrifício de mandar eu morar com minha avó. Perdia assim, não só a proximidade física do meu pai como da minha mãe. E ainda tinha que trabalhar como criança e adolescente para contribuir com a minha sobrevivência e estudos. Carregava água nos ombros para abastecer os potes de quem me contratava, como um burro de carga; varria a casa, lavava os pratos e arrumava os objetos como se fosse menina, minha avó não podia contratar uma empregada; vendia balas e cigarros num carrinho em frente a cinemas e casas de festas, das quais eu não podia participar, nem mesmo a minha festa de conclusão do segundo grau. Foram esses trabalhos, meus filhos, que impedi de vocês serem obrigados a fazer. Sim, sei que não estava constantemente com vocês, mas vocês sabiam onde podiam me encontrar, e sabiam que podiam contar comigo para qualquer eventualidade, mesmo que fosse morar com qualquer um de vocês, se assim se fizesse necessário.

            Fazendo essa retrospectiva e comparativo mental, sinto a minha consciência satisfeita por eu ter feito o que considerava correto. Espero que o professor tempo ensine detalhes de compreensão que possa até hoje não ter chegado a algum de vocês, assim como pode me ensinar se de alguma forma eu errei em qualquer decisão tomada nas encruzilhadas da vida.

            Hoje estou entrando em nova fase de viva, estou passando a ser pai de filhos que se tornam pai. O meu conselho a este novo pai que a natureza forma é seguir o exemplo que eu deixei para vocês. Fazer aquilo que a sua consciência acusa como correto, dentro da justiça, da ética e do amor. Fazendo assim, mesmo que as intempéries da vida lhe alcance a existência, voce estará em paz com o grande Pai e com certeza, será consolado e guiado por Ele.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/08/2015 às 05h15
 
15/08/2015 01h30
PRÁTICA DA JUSTIÇA

            Vi sua conduta, disse o Senhor, e o curarei. Vou guiá-lo e consolá-lo, vou fazer assomar aos lábios dos aflitos a ação de graças. Paz, paz aquele que está longe e àquele que está perto. Mas os ímpios são como um mar encapelado, que não pode acalmar-se, cujas ondas revolvem lodo e lama. “Não há paz para os ímpios”, diz meu Deus. (Isaías, 57:18-20).

            Mais uma vez Deus vem em meu socorro ao ver o meu sofrimento. Prepara esse texto de Isaías para que eu lesse justamente neste momento. Não posso duvidar dessa presença do meu Pai, como antes nunca tive do meu pai biológico, aquele que eu podia apalpar e ser afagado fisicamente por ele. Pois é esse Pai que não vejo, mas que sinto com tanta força nesses momentos e fala comigo dessa forma tão protetora e consoladora. Ele via que meu coração se derretia de sofrimento e mesmo assim não deixava de amar. Viu a minha conduta e aprovou, ontem hoje e conforme tenho intenções. Ele prometeu me curar, de me guiar e consolar... que mais eu posso querer?

            Já estou fortalecido, os dentes dos vampiros sobre a minha jugular, a sorver o meu sangue físico, não consegue levar os meus fluidos amorosos... ah, e como eu queria! Somente assim esses vampiros experimentariam a qualidade de um amor que eles nunca tiveram, talvez nunca o tenham imaginado.

            A chaga que surgiu no meu coração ontem, hoje já está cicatrizada. O amor que eu tive ontem por quem quer que seja, hoje continua o mesmo, sem mágoas ou resentimentos, somente mais precavido e sabendo para onde direcionar o meu esforço físico e amoroso.

            Sinto que estou sendo guiado por Deus, que a luz segue na minha frente e para ela me dirijo e com ela eu dissipo as sombras que querem se formar ao meu redor. Levo a paz comigo, eu sou a paz! Mesmo que eu ainda esteja tão longe do Criador devido as minhas inúmeras imperfeições, defeitos simples e grosseiros, eu tenho um coração limpo, um coração onde o amor depositado não azeda.

            Sou como um mar sereno que transporta com segurança os barcos que por ele deslizam. Não deixo que a fúria ou vingança revolva o fundo da minha alma onde estão a lama e lodo dos meus defeitos. Não, eu sou a paz que não deixa o mar encapelar, que não deixa em polvorosa os barcos que por mim navegam.

            Sim, estou consolado por Deus, eu sou a paz que emana dEle, eu sou o Amor que é a essência dEle, eu sou a justiça que Ele coloca dentro de mim. Peço apenas a Ele que não me deixe ser carrasco de ninguém, que me mantenha sempre na sintonia de Francisco de Assis: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver erro, que eu leve a verdade; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde houver tristeza, que eu leve a alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz.

            Sim, Pai, fazei que eu procure mais, consolar, que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado.

            Amar, que ser amado... Sim Pai, é este o anestésico que Tu me dás. Amar a quem não me ama, a quem quer me explorar, a quem quer vingança, a quem tem ressentimento por eu não ter sido objeto de sua vontade, e sim da Tua, meu Pai.

            Isso, meu Pai, é tudo que sinto, que penso, que faço... e assim, submeto-me a Tua justiça!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/08/2015 às 01h30
 
14/08/2015 23h59
FRUSTRAÇÃO

            Hoje, na reunião na Cruzada dos Militares, compareceu um jovem que foi ao consultório devido ter perdido a noiva em acidente de carro e ter ficado arrasado, com ideias e tentativas de morte. Depois de ele ter colocado as circunstâncias pré e pós o acidente, e cada um dos participantes fazerem considerações sobre o fato, fiz as seguintes reflexões íntimas.

            O rapaz sofreu e ainda sofre muito devido a morte acidental da noiva. Pensei que todos, inclusive nós, os terapeutas que não temos problema com as drogas, também sofremos. Então, qual é o fator convergente onde todos sofrem para gerar o sofrimento? Encontrei a frustração. Parece que esse é o elemento que gera qualquer tipo de sofrimento, quer seja a recaída no uso das drogas, quer seja a perda de um ente querido. O rapaz teve seus sonhos, seu idílio frustrado pelo arrebatamento da morte física da pessoa amada. Também eu estava sofrendo como ele, pela morte moral de uma pessoa amada. Não havia condições de eu partilhar com os companheiros essa minha dor causada pela frustração de uma imagem que eu tinha de uma mulher amada. Mas era assim.

            A minha segunda esposa, aquela que me expulsou de casa em situação tão extremada, agressiva, intolerante, com tudo o que sempre fui e que nunca menti pra ela sobre isso, voltou a colocar suas garras sobre mim. Agora, no processo de oficialização da separação, da efetivação do divórcio, faz exigências dos bens que ela não contribuiu junto comigo na sua construção, foi tudo devido ao meu próprio suor e das pessoas que perto de mim ficaram. Não fiz resistência quanto a isso, sabendo que pela lei podíamos dividir todos os bens que possuímos, tanto os bens físicos dos quais eu tenho maior parte, quanto das contas bancárias que sei que ela tem a maior parte. Mas não vou atrás da poupança que ela conseguiu até agora economizar, principalmente com as minhas doações geralmente sem passar pelo fisco, sempre dinheiro limpo sem nenhum tipo de desconto. Tudo quem arca sou eu, todo o exagero de pagamento com o Importo de Renda quem faz a frente sou eu. Nem o filho eu consigo colocar como dependente, o filho que recebe regularmente os 10% dos meus empregos fixos, da UFRN e do Estado do RN. Agora ela deu o que para mim foi o golpe fatal na sua imagem de pessoa coerente e fraterna, o mínimo que eu posso colocar, já que de pessoa que ama outra eu não vejo mais como ela pode ter esse sentimento de mim, infelizmente, pois eu ainda insisto em não dissipar todo o amor que aprendi a ter por ela. Ela exige além dos 10% dos meus empregos fixos, também 10% do emprego temporário que tenho com a prefeitura de Caicó, coisa que nenhuma das mães dos meus outros filhos exigiu, mesmo que elas tenham maior respaldo ético para pedir isso, como é o caso da minha primeira esposa, ou mesmo que tenha maior dificuldade financeira, como é o caso da mãe da minha filha caçula. Ela mostra assim com essa ação, um coração cheio de egoísmo, de busca pelo acúmulo de bens materiais sobre o esforço de outrem, eu, que tanto trabalha para conseguir fazer frente a atividades que acho da maior importância e que apenas o pagamento dos empregos fixos não é suficiente. Sinto-me assim vampirizado por uma pessoa que devia mostrar amor e consideração por tudo que fiz, que faço e que posso fazer em qualquer momento da minha vida, por ela, por nosso filho e por sua família. Sinto que o meu senso de justiça foi altamente provocado, pois não posso considerar uma pessoa dessa no mesmo nível de respeito que eu tenho por minhas demais companheiras que em nenhum momento fizeram esse tipo de exigência. Não sei para onde apontará o meu coração, agora dirigido pela justiça, que é uma das pernas importantes do amor.

            Este é o meu maior sofrimento neste momento, ver a morte moral de uma pessoa tão querida. É o meu anjo que se transforma num vampiro! Mas o meu amor é forte, mesmo que o meu anjo se transforme num vampiro, eu não deixarei de a amar... somente procurarei ter mais cuidado com os seus dentes, afinal tenho muito que contribuir com as pessoas que caminham comigo, que não mostram nenhum tipo de interesse tão mesquinho. Procurarei caminhar pela luz, sem vingança, sem mágoas, sem ressentimentos, apenas com a dor que provoca minhas lágrimas internas, e, talvez, um relato como esse eu jamais farei no futuro. Procurarei manter sempre no coração, a saudade daquela pessoa pela qual um dia fui apaixonado, como o amor que ficou.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/08/2015 às 23h59
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