Fiquei curioso com o texto que escrevi sobre o Messianismo e fui em busca de movimentos com essa característica, e que divido agora com meus leitores.
As tendências messiânicas são visíveis em certos fenômenos nacionais, como o sebastianismo em Portugal ou o Ciclo Arturiano com origem nas Ilhas Britânicas. Em Portugal, pode-se considerar mesmo a obra "O Quinto Império" do Padre António Vieira de um teor messiânico que se encontrará também, transfigurado, na "Mensagem" de Fernando Pessoa, onde conceitos filosóficos, como o do Super-Homem hegeliano, se misturam com elementos do ocultismo e da ideia de destino ou fado, também próprio da identidade cultural portuguesa.
O profeta Isaías foi um dos primeiros a proclamar com detalhes inspirados a ideia de um Messias, e do que ele iria fazer. Ele também profetizou a ameaça babilônica no horizonte do povo judeu - A Captividade Babilônica. E escreveu relatos que ainda não tinham ocorrido, mas estavam prestes, como a vinda do Messias aceito e conhecido Jesus Cristo.
Na história do Brasil, o termo messianismo é usado para dar nome aos movimentos sociais nos quais milhares de sertanejos fundaram comunidades comandadas por um líder religioso. Vejamos alguns movimentos com essas características.
Borboletas Azuis, movimento fundado em Campina Grande pelo empresário Roldão Mangueira de Figueiredo, os Borboletas Azuis passaram a se identificar com os atos messiânicos em 1977, ano em que se apresentaram vestidos de um timão azul e branco impecável. Roldão pregava que o mundo seria destruído por um dilúvio na década de 80. Houve uma dramática redução do número de fiéis depois do fiasco do dilúvio anunciado, e o número de seguidores passou de aproximadamente 700 para somente 67 pessoas. Os Borboletas Azuis são um marco histórico na Paraíba. A seita primava pelo misticismo religioso, misturando várias práticas religiosas, como o catolicismo, espiritismo e protestantismo, seu líder pregava que o mundo seria destruído num dilúvio que ocorreria em 13 de maio de 1980: “Uma enorme bola de fogo cruzará o céu, o Sol girará por três vezes consecutivas, um ensurdecedor trovão ecoará por toda a Serra da Borborema. Em seguida choverá ininterruptamente por 120 dias”, foi o que disse Roldão Mangueira a seus fiéis que acreditavam cegamente nele. Esperando o fim do mundo, novos membros dessa seita venderam seus bens para aderir a nova religião, eles se reuniam na chamada “Casa da Caridade Jesus no Horto”, localizada no Bairro do Quarenta. O funcionamento desta Casa de Caridade ocorria através da união de sessões espíritas, realizadas sobre a “Mesa de Caridade” no interior da casa e de orações do Ofício de Nossa Senhora e demais preces católicas. Os seguidores de Roldão Mangueira eram orientados por normas de comportamentos que condenavam cores berrantes, esporte, a prática da medicina e atos mundanos. Um dos costumes mais conhecidos do grupo era o fato de andar com os pés descalços para ter contato com a terra. Na época da profecia de Mangueira, o Diário de Pernambuco publicou o seguinte: “A cidade vive dias de expectativas. Nesta semana (maio de 1980), cresceu a hostilidade da população contra os Borboletas Azuis. As autoridades temem que haja um linchamento dos integrantes da seita...”, passou os anos 80 e nada de fim do mundo, a realidade é que ao entrar no mês de maio de 1980, Roldão Mangueira simplesmente sumiu, quando a imprensa de Campina chegou a especular que ele estaria internado numa clínica psiquiátrica de João Pessoa. Não é preciso dizer que nada aconteceu em Campina Grande, no dia 13, por que parece que os Borboletas viraram lagartas e ficaram meios sumidos, ficando visto pela cidade apenas um 'cabeleiro - barbeiro' que tinha sua 'barraca salão de beleza', na Antiga Feira de Troca, na Av. Canal e no antigo 'Pela Porco' onde é hoje é o CESC - Centro, perto do viaduto. O mestre da seita não durou muito e e morreu nos anos 80, logo após a morte de Roldão, em 1982, o novo líder do grupo passou a ser Antônio de França, que mesmo com a decadência da Seita, ainda tentava chamar atenção para a “Casa da Caridade”, como de fato ocorreu em matéria publicada na “Gazeta do Sertão” de 29 de setembro: “Hoje os adeptos são pouco mais de vinte, mas a fé na religião e nos princípios é a mesma”. Com o passar dos anos, os integrantes ou foram morrendo, ou simplesmente retornaram as suas vidas normais, fazendo com que a seita fosse se esvaziando até ficar apenas com duas adeptas, ainda na “Casa da Caridade”, que foi doada por Roldão Mangueira à “Fundação Casa de Caridade Jesus no Horto”. Todas as noites, a aposentada Maria Tereza e Helena Fernandes se encontravam para orar e confirmar sua fé, dizendo que ainda esperavam o surgimento de um novo líder religioso, isso com uma foto de Roldão Mangueira na parede. Pelo fracasso das suas profecias, a imprensa passou a zoar de Roldão Mangueira, com humorismo e chacotas fazendo relatos de ação que não aconteceu com ele. Lembro como se fosse hoje, eu tinha 10 anos na época quando rolou o boato, ou melhor, um caso engraçado que foi à história de que Roldão Mangueira tentou andar sobre as águas do Açude Velho. Relatam o “causo” que ele não se afogou por pouco. Sobre isso, Antônio de França, um dos líderes do grupo afirmou: “Nunca existiu esse negócio de dizer que nós iríamos andar sobre as águas, nem tão pouco estávamos construindo uma arca para nos salvar do dilúvio. Tudo foi inventado e chegaram até a dizer que nós estávamos separando os casais. Apenas não aceitamos ninguém vivendo sem ser casado, pois a religião não permite”, relatou Antônio à “Gazeta do Sertão” em 1982. O texto de Francistone Tomaz sobre “A Última Borboleta Azul". Irmã Tereza e o baú que guarda parte da história dos Borboletas. Nascida na zona rural da cidade de Areia no brejo paraibano, Maria Tereza Vicente, hoje com 86 anos, adotou o codinome Irmã Tereza ao ingressar no movimento que ficou conhecido como “Borboletas Azuis” surgido em Campina Grande no final da década de 1960 e teve como fundador místico Roldão Mangueira de Figueiredo. Ao contrário do que é divulgado até hoje, o movimento tinha como propósito levantar a doutrina católica que, segundo seu líder espiritual estaria em decadência devido ao reinado dos três últimos papas. Pregavam também o desapego às coisas materiais. Irmã Tereza conta que tudo teve início quando seu líder espiritual recebeu a incumbência divina para abrir uma casa de caridade nos moldes da Igreja Jesus no Horto, Igreja esta localizada na cidade de Juazeiro do Norte no estado do Ceará. Daí nasceu A Casa de Caridade Jesus no Horto localizada até hoje no bairro do quarenta em Campina Grande. O local foi palco de várias curas milagrosas presenciadas pela religiosa a enfermos que vinham de toda parte do país, segundo ela essas curas ocorriam através das sessões espíritas realizadas por médiuns sobre a “Mesa da Caridade” acompanhadas de orações do ofício de Nossa Senhora e demais preces católicas. O auge do movimento teve início no ano de 1978, quando seus integrantes passaram a usar vestimentas nas cores azul e branco, daí o nome borboletas azuis, e começaram a distribuir um folheto em que alertavam à toda humanidade sobre um “dilúvio” que aconteceria precisamente no dia 13 de Maio de 1980. O fato não aconteceu e seus seguidores que eram em torno de setecentos diariamente no templo, foram perdendo a credibilidade junto ao seu líder que foi internado em um hospital psiquiátrico da cidade por familiares, vindo a falecer em 1982, tendo sido substituído por Antônio de França, que era acompanhado por pouco mais de vinte seguidores. Irmã Tereza, a última remanescente dos Borboletas Azuis se mantêm firme no seu propósito de “levantar” a Igreja com a chegada de um novo líder. Alheia às piadas e comentários maldosos sobre sua maneira de viver, a fiel seguidora de Roldão Mangueira mantêm sua rotina de orações e tarefas rotineiras no templo, como cuidar do jardim que fica em frente à capela. E talvez seja no jardim que essa adorável senhora encontre o significado de toda sua existência, pois “borboletas azuis não andam em bandos, são sempre solitárias.
Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, surgiu no Crato, interior do Ceará, sob a liderança do beato José Lourenço. Consistia numa comunidade igualitária onde todos os habitantes tinham direitos e deveres iguais. Tal ideal não agradava ao governo estadual e aos fazendeiros da região. O Caldeirão era protegido pelo Padre Cícero, que inclusive ajudou o beato José Lourenço a arrendar o terreno. Após a morte do sacerdote, governo e fazendeiros se aproveitaram para destruir a comunidade.
Canudos. Ocorreu no sertão baiano no século XIX. O líder Antônio Conselheiro defendia a volta da monarquia e classificava o republicanismo como uma manifestação contra a Cristandade. Como a fama do movimento começou a se espalhar pelo país, os governos estaduais e federal se uniram para destruí-lo. Em 1897, Canudos foi completamente destruída. Este foi sem dúvida o maior movimento messiânico ocorrido no Brasil.
Contestado, surgido em 1912 na divisa dos estados de Santa Catarina e Paraná, era um movimento liderado por monges que lutava contra a expropriação de suas terras pela companhia Brazil Railway Company, que recebeu do governo 15 km de cada lado da ferrovia, iniciou a desapropriação de 6.696 km² de terras (equivalentes a 276.694 alqueires) ocupadas já há muito tempo por caboclos que viviam na região entre o Paraná e Santa Catarina. Em 1916 a comunidade foi destruída pelo exército brasileiro.
Muckers - Em 1868 começou o movimento messiânico dos Muckers, em Sapiranga, Rio Grande do Sul, liderado por Jacobina Mentz Maurer. Em 1874, depois de três ataques do Exército Brasileiro da Guarda Nacional, são finalmente afogados em um banho de sangue, vencida a sua resistência. É sabido que alguns dos remanescentes desse movimento participaram de Canudos.
Monges do Pinheirinho, surgido em 1902 na região da província de Encantado, Rio Grande do Sul. Tratava-se de uma seita religiosa semelhante à dos Muckers de Sapiranga, mas suportada majoritariamente por caboclos em confronto com os imigrantes italianos ali residentes há poucos anos e as forças de segurança do Estado. O movimento messiânico teve o mesmo destino trágico dos Muckers, seus integrantes foram massacrados pela Brigada Militar. É sabido que remanescentes deste movimento participaram do Contestado, havendo inclusive menção do Monge João Maria no movimento, entretanto é discutível se se tratava da mesma pessoa, já que tal identidade era comumente invocada por inúmeros líderes de movimentos similares.
Monges Barbudos, movimento messiânico ocorrido entre os anos de 1935 e 1938 em Sobradinho, cidade emancipada de Soledade em 1927, interior do Rio Grande do Sul. O ponto máximo do conflito aconteceu no dia 14 de abril de 1938, uma Sexta-Feira Santa, na capela Santa Catarina, no então distrito de Bela Vista que na época pertencia para o município de Sobradinho, hoje território de Segredo/RS. Ocorreu o confronto entre os seguidores monges e soldados da Brigada Militar, esta última com apoio de moradores locais contrários ao movimento. Várias pessoas foram presas e outras ficaram feridas. O líder do movimento, André Ferreira França (apelidado Deca) não estava presente devido às perseguições. O segundo líder do movimento, Anastácio Desidério Fiúza (chamado Tácio), foi baleado, ferimento que o levou à morte em 15 de abril de 1938. Pouco tempo depois, também Deca acabou sendo morto. Os membros do movimento ficaram impedidos de se reunirem e praticarem sua religiosidade. Neste movimento também há menção à figura do Monge João Maria, que teria pernoitado durante meses na casa de Deca, ensinando procedimentos de cura com plantas medicinais, orações e ritos diversos e lhe incumbido de organizar a seita na região.
São diversos movimentos que se levantam com base na espiritualidade para contestar determinado ponto social. De certa forma traz uma aproximação ao que acontece com o Brasil atual. Só que desta vez o movimento surge do seio do povo e se acopla numa personalidade cuja voz sintoniza com o anseio da população: Bolsonaro.
Será que esse movimento que conseguiu conquistar uma eleição, totalmente fora dos padrões viciados e corruptos do passado, que ainda está no presente com perspectiva de se manter no futuro, conseguirá manter o seu foco espiritual dentro dos princípios cristãos, sem mácula?
Nestes tempos de mudança, de radicalização, de subversão de valores, como a “muçulmanização” nos hábitos e nas leis, que está ocorrendo na última década na França, vale a pena ler um texto produzido por um advogado francês chamado Gilbert Collard.
O que é um infiel para um muçulmano?
Como demonstram as linhas que se seguem, fui obrigado a tomar consciência da extrema dificuldade em definir o que é um infiel, para poder escolher entre Alá ou o Cristo, até porque o Islamismo é de longe a religião que progride mais depressa no nosso país. No mês passado eu participei de um estágio anual de atualização, necessária para renovação da minha habilitação de segurança nas prisões. Nesse estágio houve uma apresentação por parte de quatro palestrantes, representando respectivamente as religiões Católica, Protestante, Judaica e Muçulmana, explicando os fundamentos das suas doutrinas respectivas. Foi com um grande interesse que esperei a exposição do Imã.
A apresentação deste último foi notável, acompanhada por uma projeção em vídeo.
Terminadas as intervenções, chegou-se ao tempo de perguntas e respostas, e quando chegou a minha vez, perguntei:
- “Agradeço que me corrija se eu estiver enganado, mas creio ter compreendido que a maioria dos Imãs e autoridades religiosas decretaram o “Jihad” (guerra santa), contra os infiéis do mundo inteiro, e que matando um infiel (o que é uma obrigação imposta a todos os muçulmanos), estes teriam assegurado o seu lugar no Paraíso. Neste caso poderá dar-me a definição do que é um infiel?”
Sem objetar à minha interpelação e sem a menor hesitação, o Imã respondeu:
- "Infiel é todo não muçulmano”.
Eu respondi:
- “Então permita-me assegurar se compreendi bem; os adoradores de Alá devem obedecer às ordens de matar qualquer pessoa não pertencente à vossa religião, a fim de ganhar o seu lugar no Paraíso, não é verdade?
A sua cara, que até então tinha tido uma expressão cheia de segurança e autoridade, transformou-se subitamente na de um menino, apanhado em flagrante com a mão dentro do açucareiro!!!
- "É exato", respondeu ele num murmúrio.
Eu retorqui:
- “Então, eu confesso ter bastante dificuldade em imaginar o Papa dizendo para os católicos que massacrem todos os vossos correligionários, ou o Pastor Stanley dizendo o mesmo para garantir a todos os protestantes um lugar no Paraíso.”
O Imã ficou sem voz!
Continuei:
- “Tenho igualmente dificuldades em me considerar vosso amigo, pois que o senhor mesmo e os vossos confrades incitam os vossos fiéis a cortarem-me a garganta!”
Além disso, me aflige uma outra questão:
- “O senhor escolheria seguir Alá que vos ordena matar-me a fim de obter o Paraíso, ou o Cristo que me incita a amar-vos a fim de que eu aceda também ao Paraíso, porque Ele quer que eu esteja na vossa companhia?”
Nessa hora, dava para ouvir uma mosca voar, enquanto que o Imã continuava silencioso.
Será inútil afirmar que os organizadores e promotores do Seminário de Formação não apreciaram particularmente esta maneira de tratar o Ministro do culto Islâmico e de expor algumas verdades a propósito dos dogmas desta religião.
No decurso dos próximos trinta anos, haverá suficientes eleitores muçulmanos no nosso país para instalar um governo de sua escolha, com a aplicação da “Sharia” como lei.
Parece-me que todos os cidadãos deste país e do mundo deveriam poder tomar conhecimento destas linhas, mas como o sistema de justiça e das “mídias” liberais combinados com a moda doentia do "politicamente correto", não permitirão de forma nenhuma que este texto seja publicado de forma intensiva.
É por isto que eu vos peço para enviar a todos os seus contatos via Internet.
Obrigado,
Gilbert Collard
Cristão, Cidadão Francês e Advogado.
Simples, direto, objetivo. Será prudente darmos guarida a pessoas com culturas diferentes, que não desejam deixa-las quando vem para um país que as acolhem, e ainda por cima dificulta a vida dos nativos e até ameaçam suas sobrevivências direta ou indiretamente? Esta é a politica do “politicamente correto” que tenta obrigar moralmente a entrarmos em situações como essa.
Recorro à bússola comportamental do meu Mestre Jesus, quando ele diz: “fazei ao próximo o que desejais que seja feito convosco”.
Pois bem, se eu estivesse vivendo com dificuldades no meu país de origem, que tivesse a minha vida ameaçada por fome, guerra ou peste, eu iria ser muito grato ao país que me acolhesse; iria procurar acatar a sua cultura, e jamais constranger meus anfitriões com minha idiossincrasias ou mesmo obrigarem a se comportarem da forma que eu imagino correto. Dessa forma, não posso aceitar quem entra no meu país e quer impor sua cultura, como acontece na França e defender tais ideologias. Sou cristão, moro num país cristão, e jamais posso acatar a receptividade de uma pessoa com cultura diametralmente oposta que ameaça inclusive a minha vida, já que sou infiel aos seus olhos e passível de ser eliminado como forma de recompensa a quem elimina.
A parábola do Bom Pastor foi uma das melhores lições que Jesus nos deixou sobre o amor incondicional. Na sua linguagem campesina ele mostrou a responsabilidade que o pastor deve ter com suas ovelhas, que percebendo o extravio de uma das 100 que tomava conta, ele deixará as 99 em lugar seguro e irá em busca daquela que se extraviou.
Dizendo assim, se reportava ao Seu próprio comportamento e ensinava que todos deviam agir de igual forma. Quem seriam as ovelhas? Todos nós que estamos na Terra para aprender ou pagar algum erro cometido. Como somos ainda muito ignorantes, a tendência é que desviemos do caminho correto do aprisco e fiquemos envolvidos em situações de difícil retorno, que precise da ajuda do pastor. E quem são os pastores? Jesus se colocava como Pastor, dando o exemplo do Pai que é o Pastor por excelência, que ouvindo o bramido da sua ovelha perdida e que sofre, vai com bondade e misericórdia ao seu socorro. Porém, esta lição que vem do Pai, e é exemplificada por Jesus, deve ser seguida por todos nós, que compreendemos a lição e que estamos dispostos a fazer a vontade do Pai, isto é, ser o Pastor das ovelhas perdidas.
Isso quer dizer que somos simultaneamente, ovelhas e pastores, mais ovelhas que pastores.
Quando é que somos ovelhas? Quando nos encontramos no erro, não sabemos que é errado e precisamos de alguém que nos ensine, ou então, sabemos que é errado, mas não temos forças para sairmos sozinhos do erro. Estamos constantemente nessa condição. Por sermos ainda muito ignorantes, estamos constantemente caindo em desvios da estrada que conduz a Deus, por esse motivo passamos mais tempo na condição de ovelhas.
Quando é que somos pastores? Quando sabemos que o irmão se encontra no erro e não sabe que está errado, e nós podemos ensiná-lo; quando o irmão sabe que está errado, mas não consegue sair sozinho do erro que ele entrou ou foi colocado, e nós sabemos e podemos ajudar.
E quais são os principais desvios que nós, ovelhas ignorantes, podemos entrar por curiosidade ou aconselhamento? Tudo aquilo que nos leva a priorizar os interesses do corpo, geralmente ligados ao egoísmo e que faz parte da nossa condição animal. Já foram identificados como os sete pecados capitais, quase tão antigos quanto o cristianismo. Mas eles só foram formalizados no século 6, quando o papa Gregório Magno, tomando por base as Epístolas de São Paulo, definiu como sendo sete os principais vícios de conduta: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, preguiça e inveja.
Nós, ovelhas, devemos ficar atentos nesses desvios do caminho. Porém, o poder maligno colocou em nosso caminho uma pedra para desviar nossa atenção: a dependência química. Quando inadvertidamente nos tornamos dependentes de qualquer substância química, perdemos a nossa condição de raciocínio e mais do que nunca precisamos de ajuda para sairmos do erro. Muitas vezes não temos condições de sair com nossos próprios pés e é preciso que o pastor nos carregue em seus braços até o aprisco e que nos vigie com cuidado para que não voltemos a cair no erro que se tornou um vício.
Quando troquei minha militância política partidária aqui no mundo material, pela militância espiritual, se é que posso chamar assim, também no mundo material, mas prestando contas diretamente com Deus, tendo Jesus, o Cristo, como mestre e dirigente, fui advertido por pessoas amigas da possibilidade de estar embarcando na canoa insana do messianismo. Que é isso?
Messianismo é a crença na vinda ou retorno de um enviado divino, libertador, um messias, com poderes e atribuições que aplicará ao cumprimento da causa de um povo ou um grupo oprimido.
Acredito que eu não esteja encaixado nesse conceito. Não acredito na vinda desse enviado divino com essas características. Acredito que este enviado já veio, Jesus, e cumpriu a Sua missão de nos ensinar sobre o Amor e da construção do Reino de Deus a partir da transformação do nosso coração, da reforma íntima. Dessa forma, agindo com honestidade dentro dos Seus princípios, estaremos trazendo a fraternidade e justiça ao povo oprimido. Isso já está acontecendo com muitos.
Mas, existe outro conceito para messianismo, e talvez dentro desse eu me encaixe melhor: sentimento de eleição ou chamado para o cumprimento de uma tarefa sagrada. Qual “tarefa sagrada” seria essa para a qual eu fui chamado?
Amor Incondicional. Aprender, praticar e difundir a essência do Amor Incondicional em todos os meus relacionamentos, íntimos, familiares, profissionais, e sociais de forma geral, esta foi a “missão” que entrou na minha mente como “vontade do Pai” e que aceitei o Mestre Jesus como o instrutor mais próximo.
Mesmo que eu não entre num clima de fanatismo extremo, que seja bem discreto em minhas ações, mesmo assim a minha prática tem mostrado o quão distante estou da imensa maioria dos meus amigos, parentes e confrades: nos relacionamentos íntimos, no trabalho profissional, no engajamento político partidário, etc.
Como a Verdade, a transparência de minhas ações faz parte deste “comportamento messiânico”, eis porque estou fazendo esta reflexão e reconhecendo o messianismo tomando conta dos meus construtos mentais e se afastando da realidade, da cultura social. Isso acontece com a permissão cognitiva do meu livre arbítrio, da coerência que encontro no que estudo e do dever de aplicar na prática. É o caminho da insanidade? Acredito que não, pelo seguinte motivo. A prática majoritária, o comportamento egoístico da humanidade atual deve ser seguido como prova de sanidade? Devemos ler e estudar os livros sagrados, os princípios espirituais, a Lei de Amor, somente como regras utópicas que nunca poderemos alcançar? Devemos sempre dizer o que fazer, mas nunca fazer o que deve ser feito? Se podemos, com saúde mental, responder negativamente a essas três indagações, então estou dentro da “saúde mental”.
Conclusão: sou um messiânico com saúde mental, aquele que procura colocar em prática o que aprendeu de positivo nos livros sagrados, que procura fazer a reforma íntima e ser a cada dia melhor, que procura evoluir com rapidez sabendo que um dia estará mais próximo do Criador, que sabe estar em descompasso com o mundo material, mas sintonizado com os valores espirituais... sei que não estou sozinho nessa labuta messiânica, muitos como eu já atuam por aí, cada um com suas missões, mesmo que sejam em menor número, muitos inconscientes de suas importantes tarefas. Talvez entre os meus amigos, até aqueles preocupados com minha sanidade mental, sejam também messiânicos e conduzindo missões mais pesadas que a minha.
Como acreditar num sentimento que anula o que sentimos em favor de quem se ama? Como deixar de lado os meus interesses para priorizar os interesses de quem amo? Um sentimento como esse não pode ser benéfico para quem o possui, acreditava eu, fortemente nisso. Por isso evitava o amor, esse sentimento tão elogiado, e para mim tão... pernicioso!
Mas, eu não sabia que jamais conseguiria evitar o amor, pois minha constituição biológica e psicológica estava pronta para germiná-lo e espalha-lo por onde eu andasse, com quem meu coração sintonizasse, independente das minhas razões.
Foi assim que eu te vi, amada, e sem querer me apaixonei. Não consegui evitar, muito menos procurar raciocinar; quando dei por mim o fogo da paixão já me consumia. A minha mente não cansava de construir pensamentos de fulgor romântico, já que era proibido eu me aproximar afetivamente de pessoa tão distante socialmente de mim.
Agora, não penso mais em mim, e somente nela... os meus sonhos não viajam mais pelo infinito perscrutando a beleza das galáxias, mas ao redor da silhueta do seu corpo e na adrenalina das suas curvas; meu olfato não procura mais captar o perfume melífluo das flores, e sim o aroma inebriante da sua presença; meu coração bate mais rápido na sua presença como se quisesse raptá-la como houvera já acontecido com as sabinas, e quase fica parado no vácuo de sua ausência.
Quando a noite chega eu procuro confundi-la com meu travesseiro, e se a luz do sol me acorda, evito abrir os olhos e acabar com a minha ilusão.
Assim vivo eu, mergulhado num amor que se diverte comigo, se travestindo em paixão. Minha alma se tornou prisioneira dessa cadeia de sentimentos; não sei se prevalece o prazer de imaginá-la em meus braços ou o sofrimento de vê-la abraçada com outro, esquecida da minha existência. O amor diz para eu sentir o prazer dela ser feliz onde está, a paixão diz que eu sou torturado por ela jamais poder ficar comigo... cada pensamento que constata essa realidade é um açoite no coração.
O tempo passa, pinta de neve os meus cabelos que ainda restam, e a fome de amar quem tanto amo rivaliza com a sede de beijar o oásis desses lábios que de tão longe se tornaram uma miragem sempre perto...
Vai, meu sentimento de amor, filho bastardo do meu coração... vai, para nunca mais voltar... vai, antes que eu perceba que tu indo vão contigo os meus sonhos, felicidade, ventura... vai, enfim, a minha vida!