Tenho a sensação de que cumpri o meu dever hoje, mas no entanto a consciência diz que não foi tão completa assim o dia. Fiz uma série de atividades, mas todas dentro dos compromissos materiais. As atividades espirituais não foram cumpridas no mesmo nível. O máximo que fiz foi tentar observar os atos de caridade sem o policiamento da razão. Fiquei dividido. Em algumas ocasiões fazia a caridade, mas em outras a razão encontrava razões para não dar a tão procurada moeda. Era a racionalização de que aquele serviço que queriam prestar já fora prestado há pouco tempo; que aquela bala que era vendida era para alimentar a escravização daquela criança por algum adulto inescrupuloso; que aquele outro que pedia já devia ganhar do estado alguma quantia que saia dos impostos que eu pagava de forma pesada. Assim, a sensação de dever cumprido que procura se instalar na minha consciência termina por sofrer esse rechaço da própria consciência.