Estou enfrentando um tratamento dentário e isso também me traz reflexões. Noto que a biologia sofreu uma significativa alteração nesses 59 anos de vida que tenho. A tecnologia que existe a meu dispor ajuda a corrigir esses efeitos e manter uma estética aproximada da juventude. Será que esses efeitos, desde que não interviessem na funcionalidade, não deveriam ser respeitados? Parece que estou sendo excessivamente rigoroso nessa analise do tratamento dentário, quando existem outras áreas corretivas como nádegas, bustos, cinturas onde fervilham as intervenções para corrigir os efeitos do tempo, onde a funcionalidade em nada era alterada. Claro que eu não penso em corrigir nem um desses itens e até faço a crítica sobre isso. Deve ser por isso quando agora, me deparo com uma correção estética, procuro ver se a crítica que faço em outros setores do organismo não se aplica também aqui.
Vem a lembrança também aquela obra literária, “O retrato de Dorian Gray”, onde toda a maldade do sujeito era representada no seu retrato, enquanto ele permanecia sempre jovem e saudável. A tecnologia não termina por fazer isso por nós. A nossa imagem é constantemente corrigida e não deixa a visão real do tempo sobre nós ser vista por todos, nem mesmo por nós. É um avanço com relação a ficção.