Servir é divino! Foi uma das últimas lições que Jesus deixou conosco, ao lavar os pés dos seus discípulos com sublime humildade. Mostrou a natureza do serviço em sua acepção mais simples e no entanto tão cheia de significados. Hoje na nossa vida moderna, existem diversas formas de servir: arrumando a casa, fazendo alimentação, dando lições, cuidando de doentes... uma infinidade! Mas uma de nossas ações não me parece cair bem nessa conceituação de serviço. É a ação sexual. A não ser quando ela é desenvolvida em caráter profissional, quando uma pessoa se dispõe a causar prazer ao outro em troca de dinheiro, posição social, recursos materiais ou mesmo por altruísmo. Assim, acredito, possa ser um serviço, está no campo material. Mas quando é desenvolvida de forma natural, quando dois seres sintonizam no amor e no desejo, se entra no campo espiritual. O prazer recíproco que ambos obtém é da mesma natureza, não cabe o conceito de servir um ao outro. É um momento mágico onde a exaltação do amor é tamanha que surge o prazer carnal cobrindo o corpo de ambos. Como pensar nesse momento sublime que alguém está servindo a outro? Há um amálgama de corpos, de almas, onde a causa do prazer que um recebe é a mesma que o outro dá. É um sexo divinizado. No serviço há sempre um beneficiário para aquela ação que praticamos, um despende esforço e o outro é beneficiado desse esforço. No sexo divinizado dentro da mesma ação que promovo o prazer, também recebo ação que me dá prazer na mesma intensidade. É esse equilíbrio que tira o conceito de serviço, onde sempre é observado alguém ser beneficiado de uma maneira diferente do outro. Quando Jesus lavou os pés dos discípulos, Ele os beneficiou, pois tiroou a sujeira que poderia ser causa de mau odor e até doenças; por outro lado Jesus também se beneficiou, pois estava cumprindo a vontade do Pai, de fazer aos outros o que gostaria que fizessem a si. São benefícios diferentes genrados por uma só ação, a do executor. No sexo divinizado o mesmo benéfico que um recebe o outro recebe também. Os dois são executores. Então, é um equívoco alguém que pretende fazer o sexo divinizado depois comentar que “não serve mais para o outro” por qualquer motivo. Passa a idéia que estava fazendo o sexo profano, que estava “servindo” a alguém por algum benefício que não fosse o prazer da mesma qualidade. Mas tudo pode ser também devido a contaminação cultural. A pessoa pode muito bem ter feito o sexo divinal com todas suas características de equilíbrio e no entanto, no contato com a cultura vigente, com as pressões que recebe do dia-a-dia, imaginar que tenha sido usada ou abusada. Nesse caso a mente dar um salto automático do plano divinal para o infernal... e tudo pode acontecer!