Existem dois mundos que são definidos de forma clara dentro da comunidade humana, qualquer que seja a posição geográfica em que seja estudado esse fenômeno. O primeiro de natureza material, mais próximo das condições imanentes, da objetividade. O segundo de natureza espiritual, mais próximo das condições transcendentais, abstratas. O carnaval é um momento que exagera essas duas características. O lado material, profano prevalece nas organizações carnavalescas, escolas de samba são formadas e equipadas com alegorias as mais diversas. O lado espiritual, divino prevalece nos diversos tipos de retiro, nas igrejas, no campo, nos auditórios. Sou naturalmente seduzido pelo mundo material, mas neste carnaval resolvi ficar dentro da folia. Mesmo não tendo procurado uma atividade espiritual, um retiro ou um seminário, a minha participação dentro da folia não foi tão profunda ou integral como acontecia quando eu estava nas atividades espirituais. Mesmo que eu não tivesse uma participação ativa na exposição de algum assunto, eu sentia que minha alma estava mais integrada com as atividades mais díspares que eu tinha oportunidade de participar. Agora, neste ano em que fiquei dentro das atividades profanas, eu sentia que minha alma não estava tão bem adaptada. A brincadeiras fluíam ao meu redor, existiam convites para participar de outras ações, mas nenhuma delas captavam o meu interesse. Procurava ser sociável, educado, mas nada disso me preenchia tanto quanto as atividades espirituais. Apesar de ter feito novas amizades, consolidado outras, a minha alma pede que no próximo ano eu volte a me integrar nas atividades espirituais.