Fico surpreso com a manchete do jornal de hoje. Um colega médico mata um assaltante que pretendia tomar o seu carro. Como um médico que se dedica a salvar vidas termina por matar? É positivo andar armado para se defender, inclusive matando o agressor? Devemos então ser cordeiro numa sociedade de lobos? Sei que numa situação dessas o emocional fala mais alto, a razão fica obnubilada. Desperta em nós o animal que dormita nas engrenagens subcorticais do nosso cérebro. Sei disso, pois em situações mais simples, de agressão verbal, contra pessoa da minha estima, ainda sinto vir à minha consciência impulsos agressivos de revide, de machucar o agressor e quem sabe matar!? Tenho que fazer um esforço para colocar em primeiro plano minhas aulas de comportamento cristão para novamente equilibrar o pensamento em trilhos mais saudáveis, de solidariedade, de perdão, tolerância, etc. Mas como neste planeta ainda predomina a influência do mal, a maioria das pessoas vibra com os sentimentos de raiva, revolta, revide, agressividade. Todos que aceitam a criação do Reino de Deus aqui nesta terra, a partir da mudança fraterna em nossos próprios corações como foi proposto por Jesus, deve fazer em seguida um esforço para ver cada uma dessas pessoas que convivem conosco como irmãos e que um assassinato como o ocorrido seja visto como um fratricídio e não como um ato de valentia que deve servir de modelo. Esse assassinato deve servir para nós, testemunhas passivas, motivo de vergonha por permitirmos que isso ainda aconteça e que um irmão que teve a vida dedicada a salvar vidas agora seja rotulado como assassino, enquanto o outro jaz sem vida e sem espaço para compaixão por seu estilo de vida tão violento. É assim que me sinto, pelo meu colega médico, pelo assaltante; pelos meus irmãos que agora sofrem as conseqüências da sociedade que temos a oferecer.