Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/03/2012 09h04
A REUNIÃO

            Participei de uma reunião familiar em condições sui-generis. Toda a família queria me conhecer e ao mesmo tempo oferecia grandes resistências. Por compreender minha missão nesta vida com o principal foco na construção do Reino de Deus, aplicando o Amor Incondicional e com a ferramenta do Amor Não-exclusivo, terminei por compreender que a relação familiar nuclear deve ser ultrapassada para se caminhar nessa direção. A família nuclear tem por base o amor romântico, exclusivo, o sentimento de posse, de pertencimento das pessoas. Isso alimenta o egoísmo, o ciúme e engessa a capacidade de difusão que o amor deve ter. Quando retiramos desse contexto a exclusividade do amor e damos a ele total liberdade de ação, quebramos a estrutura básica da família nuclear e abre a possibilidade de uma família ampliada, mis próxima da família universal proposta por Jesus.

            Então, essa era a natureza do clima sui-generis que me deparei na reunião e que me fazia sentir como “o estranho”. Todos os membros daquela família tem total envolvimento com os critérios da família nuclear, talvez nunca tenham ouvido nem falar da possibilidade da minha missão, mesmo que sejam religiosos e aceitam o ensinamento de Jesus que devemos construir aqui na terra o Reino de Deus com base na família universal. A minha companheira espiritual também presente na reunião, talvez seja a que também mais sofria com a situação, pois sabia do meu pensamento, mas nenhum dos seus parentes tem esse conhecimento. Felizmente o clima de animosidade que poderia ser muito grande nesse primeiro encontro, foi bastante atenuado pelo clima de solidariedade que foi formado sobre o sofrimento que Deus permitiu. Assim, Deus permitiu que eu estivesse na reunião com a aura do “anjo protetor” e não do “demônio destruidor” como tudo apontava que assim aconteceria.

            A reunião teve início com um formato religioso. Eu era o único homem presente, com exceção do rapaz que tocava violão e coordenava os passos religiosos da igreja católica, com preces e canções. Eu não conhecia a letra das canções, mas procurava me associar ao coro. Estava sentado ao lado da dona da casa, pessoa da família que fora acidentada, quebrou o braço direito num acidente e estava voltando neste mesmo dia da operação que realizara. Mesmo com a sensação de estranho, senti que todos procuravam me acolher e incluir dentro das atividades da reunião. Com exceção da mãe da minha companheira e principal opositora, que me cumprimentou de forma fria e indiferente, mais como gesto de educação. Minha companheira permanecia à distância de mim, do outro lado da roda que havia se formado. Sentia que o seu coração fervilhava de ansiedade, de medo daquelas circunstâncias e para o projeto que tínhamos para o futuro.

            No final da reunião o rapaz do violão facultou a palavra na condição de amigo da família. Agradeci antes de tudo a permissão que Deus nos dera de estarmos ali e de mim, particularmente, por ter sido acolhido com tanto carinho pela família. Falei da importância da família em nossas vidas, e esta reunião era uma prova disso. Outra prova da importância da família foi o próprio Jesus que a valorizava tanto que inclusive associava a construção do Reino de Deus a transformação da sociedade em uma grande Família Universal, onde todos seriam na verdade considerados como irmãos, filhos do mesmo Pai. Disse também que eu pensava assim como Jesus e procuro seguir todas as suas lições principalmente na aplicação do Amor Incondicional como a principal ferramenta na construção desse Reino. Disse também que sabia que a minha aproximação da família através da minha companheira foi motivo de muita apreensão e sofrimento para todos, principalmente para sua mãe, e por isso eu pedia desculpas. Disse que teríamos oportunidade de colocar com mais clareza o que pensamos da missão que Deus nos colocou nas mãos e esperamos ter a compreensão e solidariedade de todos. Pedi desculpas a todos por ter que me retirar de imediato, pois eu tinha uma entrevista marcada num programa de televisão e já estava na hora de eu comparecer. Minha companheira me acompanhou até o carro e achamos que Deus nos ofertou a melhor forma de apresentação longe das falsas interpretações.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/03/2012 às 09h04
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