Ontem cometi um equívoco. Ao invés de Asa, coloquei o nome de Abia, como o rei que recebeu o oráculo de um desconhecido em nome do Senhor.
Mas quero hoje descrever a sensação de dever que impulsionou minha visita na noite de ontem. Sabia que eu era o motivo de constrangimento, de medo e até vergonha a uma senhora com relação a sua filha. Dentro desse contexto desfavorável, é natural que a sensação de medo tome conta da gente. Passei antes na igreja mátria da cidade e sentei um pouco no último banco para procurar sentir a inspiração do Senhor. A igreja estava em reforma, pessoas trabalhavam no seu interior, mesmo sendo noite. Alguns homens chegavam com suas camisas inscritas: TERÇO DOS HOMENS. Fizeram convite para eu participar, mas disse que tinha um compromisso. Olhei ao redor e vi a imagem de São José à minha direita. Lembrei que ele era um homem rude, mas que tinha recebido uma ordem direta do Senhor e que tinha cumprido à contendo, educando Jesus. Olhei para cima e vi a última figura que ainda faltava ser retirada. Jesus com a sua mão a me abençoar e o seu coração sofrido, exposto. Lembrei da amargura do horto nas horas que antecederam o encontro com Judas e os soldados, do pedido até ao Pai, que se fosse possível afastasse aquele cálice, mas se fosse da sua vontade que tudo fosse cumprido. Vi que o sofrimento que eu teria pela frente, de ser acusado, agredido por uma senhora idosa, não era nada comparado as chicotadas de soldados robustos e todo o drama da crucificação que Ele iria atravessar. Fiquei envergonhado da minha covardia e sai daquela igreja em reforma com a inspiração do modelo de José, as bênçãos de Jesus e a disposição de também colaborar pela reconstrução da igreja de Deus fora daquele espaço e dentro das relações mundanas.
Cheguei na casa, educado, mas fui recebido com rispidez. Deixou claro que eu não era bem vindo. Saiu de casa e me deixou esperando, sem tempo definido de chegar. Voltou acompanhada da filha e junto com outra que permanecia em casa passou a me ouvir e em seguida fazer as acusações e reclamações que sentia no coração. Tudo que ela falava tinha uma lógica dentro do mundo que ela vive. O mundo espiritual que eu procuro construir obedecendo a Lei de Deus, se afastou muito deste outro mundo. Mas a verdade do que ela dizia era o que doía mais. A sorte é que ela também tem uma grande espiritualidade, à sua maneira, é claro, mas que sabe atender os apelos de Deus. E foi Ele que interviu na hora do meu massacre e pediu um tempo. Colocou nas consciências de quem estava presente e que o respeitava como Pai e criador de tudo no Universo, que o comando de tudo é dEle. Orientou para que não nos digladiássemos mais com palavras, que todos passassem a orar e meditar, para falar e ouvir o que Ele tem a dizer na nossa consciência e o TEMPO, seu precioso auxiliar, vai nos dizer quando podemos chegar a uma solução que atenda a todos, principalmente, QUE ATENDA A VONTADE DO PAI.
Voltei para casa, sentindo que eu poderia ter sido mais competente em explicar o que Ele queria de todos nós, mas reconheci com humildade minhas tantas imperfeições. Pelo menos segui com a sensação do dever cumprido.