Quando assumimos um ideal de vida, uma missão à cumprir dentro de nossos relacionamentos, percebemos que nossa vida fica preenchida, que não há mais um vazio existencial. Pode ser um ideal simples, construir uma família, criar filhos, netos; fazer uma tese, construir um edifício, enfim existem muitas opções, todas dentro de uma certa cultura e assim flui sem conflitos, apenas com o esforço natural do trabalho de rotina. Quando esse ideal é mais complexo, pode se chocar com os critérios culturais, dos ritos e conceitos estabelecidos. Assim foi com Jesus Cristo que colocou sua Lei baseada no Amor Incondicional acima da Lei de Talião de Moisés. Conquistou discípulos e simpatizantes, pois reconheciam a verdade de seus propósitos e a força de seus argumentos. Mesmo assim os doutores da Lei, os que mais facilmente deveriam reconhecer as verdades que Jesus apresentava, foram os que mais os condenaram e influenciaram todo o poder de um império para perseguir quem adotasse a fé desse ideal. A história registra quantos morreram nos circos romanos como provação dessa fé.
Parece que essa situação está bem distante de nós, hoje existem muitas igrejas de diversas denominações, com uma boa quantidade de fiéis que aceitam a fé nos ideais do amor incondicional que Jesus Cristo ensinou e não são perseguidos, não tem que passar por uma provação. Mas tudo porque tentam se ajustar ao arranjo cultural que hoje incorporou os ideais cristãos. Quando o ideal, mesmo contendo os princípios cristãos com toda fidelidade, mas vai de encontro as normas culturais, passa a existir o mesmo tipo de intolerância que há dois mil anos. Chega momentos de verdadeira provação, quando somos obrigados a responder questões ao estilo da inquisição, com críticas e ameaças se o comportamento apregoado não for substituído por outro aceito culturamente.
Tive hoje que passar por essa provação, junto com minha companheira espiritual. Aceitamos o amor incondicional e o praticamos no contexto do amor não exclusivo. Os membros da sua família não aceitam a quebra do tradicional e nem ao menos tem condições de ouvir os argumentos que os justificam. Somos condenados a priori, e se existisse ainda condenação na fogueira seríamos fortes candidatos. Mas acredito que nos portamos à altura do que nossa missão exige. Já sabemos hoje com clareza com quem podemos contar no prosseguimento de nossa missão e o que devemos fazer para que não sejamos manipulados nem manietados por interesses estranhos aqueles que Deus colocou em nossas consciências. Apesar de todo o conflito e tumulto formado, agradecemos a Deus esse novo momento de nossas vidas, onde ficamos mais fortalecidos com a verdade, mesmo que mais fustigados pela intolerância.