Temos a tendência de achar que a rota escolhida em algum momento de nossa vida deve ser seguida sempre sem nenhuma alteração. Isso não é correto. No momento que escolhemos alguma rota a seguir, escolhemos dentro de muita ignorância. Somente o tempo é quem nos dará a cada momento novos conhecimentos que nós podemos juntar em forma de sabedoria. Com certeza irá acontecer a compreensão de que há necessidades de fazer correções no rumo dos paradigmas de vida previamente estabelecido. Como exemplo, coloco a minha posição de ser defensor do aborto logo que terminei o curso médico, por entender que a mulher tinha o direito sobre o seu corpo. Contribui indiretamente com minhas posições que alguns abortos fossem realizados. Cheguei a ameaçar meus próprios filhos com essa ideia. Adquiri uma nova compreensão da vida, acredito hoje que o indivíduo tem o direito a sua vida desde a fecundação. Os pais que proporcionarem essa situação, devem assumir suas responsabilidades, qualquer que seja o grau de sacrifício que devam passar. Então, isso foi uma mudança radical dentro de um aspecto do meu paradigma de vida global.
Tem outras mudanças mais sutis, como, por exemplo, a marcação do meu nome nos livros que adquiro. Quando convivia com minha última esposa e acreditava que nós éramos um só corpo e carne, eu marcava os livros que adquiria com o meu nome e o dela associados. Um pouco mais à frente percebi que nós não formávamos um só corpo, uma só carne, não tínhamos o mesmo ideal. O casamento deixou de ser significativo e passamos a conviver apenas como amigos. Então não tinha mais sentido escrever o nosso nome nos livros que eu adquira. Passei a marcar apenas com o sobrenome, que é o nome que eu uso frequentemente, desde que passei no serviço militar e assim era chamado. Um pouco mais adiante no tempo, percebi que o meu ideal tinha um forte conteúdo espiritualista, o meu paradigma agora estava completamente voltado para o mundo espiritual e nesse sentido o meu primeiro nome tinha uma força significativa e até mesmo se enquadra nos projetos que passaram a assumir o maior campo de minha consciência. Agora marco meus livros com o prenome e sobrenome e sinto que no futuro usarei apenas o primeiro nome.
O que importa não são as correções que temos de fazer ao longo do caminho de nossa trajetória. O que importa é não perdermos o sentido ético e moral de nossa vida, que cada mudança acontecida seja respaldada por novos conhecimentos ou por novas circunstâncias que a vida nos oferece.