Hoje é dia de eleição para a chefia do departamento. Devo sair da chefia, pois já cumpri o máximo de dois mandatos permitidos pela legislação universitária. Mas como posso me candidatar a vice-chefe e como não surgiu outro interessado, aceitei ficar nessa condição tendo o meu atual vice-chefe como futuro chefe. Parece ser algo como perpetuação do poder, algo muito comum de encontrar entre as diversas esferas do poder. Aqui neste ambiente universitário, à nível de chefia de departamento, parece não ser o caso, pois existe muito mais trabalho do que condições ou oportunidade de cometer favorecimentos para quem quer que seja. Mesmo assim é uma esfera de poder e não podemos esquecer de que existe uma tendência forte de permanecermos em alguma instância dele e não querer mais sair. Procuro evitar essa tendência, firmo a minha consciência de que tudo na vida está em mudança e que um cargo é somente mais um aspecto dessa mudança. Caso surjam interessados convenientes para o cargo, devo entregar sem nenhuma dificuldade. Não surgiram candidatos, mas no dia da eleição começam a surgir críticas sobre tal procedimento burocrático que não foi observado o que leva a parecer que exista interesse velado na perpetuação do poder. Tenho que manter a posição de entregar esse poder para quem assim o desejar e procurar seguir o meu caminho com novas oportunidades que a vida com certeza tem para me oferecer.