Fui convidado pelo CRM para compor uma vistoria a ser realizada em Clínica Psiquiátrica, capitaneada pela juíza. Todos na Clínica são meus amigos, eles confiavam nessa amizade para não serem prejudicados como já foram, mais por viés político do que técnico. Na verdade a Clínica estava bem cuidada, com alguns aspectos a desejar, mas no conjunto apresentava uma boa alternativa de tratamento nessa área que é tão carente. Encontrei entre os encarnados uma jovem de vinte e poucos anos que se encontrava internada. Logo que me viu ela me reconheceu e fez aquela festa com a minha presença. Correu para junto de mim, me abraçou e dizia estar com saudade. Apresentou-me as suas amigas com euforia e evitou falar no motivo que a trouxe ali pela segunda vez, conforme ela havia dito. Depois da visita a juíza pediu que eu elaborasse um relatório e apresentasse ao CRM para que fosse enviado para ela.
Deixei a clínica a meditar na situação. Tantos espaços ociosos, de boa qualidade ali presentes, e logo adiante no Hospital João Machado, no Pronto Socorro, muitos pacientes a aguardarem vagas, até mesmo no chão, sem falar naqueles que desistem de um tratamento desse tipo e voltam para suas casas, com suas crises, com risco de vida, ou vão para as bocas de fumo e continuam a sua dependência. Pelo menos no que depender de mim, meu relatório será favorável.