O Pai tem infinita capacidade de misericórdia e de perdão para os seus filhos ignorantes, medrosos, incompetentes. Ele espera com paciência que essas almas tão pecadoras, mas que demonstre boas intenções, que tenham capacidade de ser erguer do lodo da indiferença para o jardim da ajuda aos mais necessitados. Assim, ele mandou o Anjo da caridade mais uma vez ao meu encontro. Na primeira vez eu até fiz um esforço para lembrar do meu compromisso e cumpri-lo, mas eu logo percebi que o automatismo tomou conta do meu comportamento mais uma vez. Assumi a máscara da indiferença e com um gesto seco com os dedos comuniquei que não queria que fosse lavado o vidro do carro, recurso que é empregado para justificar o ganho de uma moeda, por menor que fosse o valor. Saí do cruzamento e mais uma vez a consciência me bombardeou com críticas. Fiquei até envergonhado de falar com o Pai. Como é que falho em tarefa aparentemente tão fácil!
No outro cruzamento eu tive outra chance. Vi a distância o rapaz com rodo na mão se aproximando e fixei o propósito de minha ação em ir até a caixinha do carro e pegar uma ou duas das moedas ali e entregar para o rapaz. Consegui fazer isso, mas reconheço que foi uma ação mecânica, como se fosse feito um esforço para quebrar meus automatismos internos. Não tinha muito a ver com caridade, mas de qualquer forma eu agi no sentido da ação caridosa que eu quero realizar. Acredito que apesar de tudo o Pai tenha ficado satisfeito, é como se eu tivesse aprendendo a andar e tivesse conseguido dar o primeiro passo, cambaleante, bizarro, deselegante, mas foi o primeiro passo. Espero continuar evoluindo também nesse aspecto!