O papa Leão XIII dizia que “A sociedade é feita para o ser humano e não o contrário”. Tinha muita razão nessa assertiva. Mesmo que pareça o contrário, que devemos nos adequar à sociedade qualquer que seja sua característica, pelo simples fato de todos estarem fazendo a mesma coisa, devemos sempre manter o senso crítico e avaliar se a sociedade que convivemos não precisa de alguma reforma que deixe o ser humano mais confortável. Nesse sentido, quando faço a avaliação dos relacionamentos familiares, na base do amor exclusivo do romantismo, vejo uma série de inconvenientes que causam mal estar, uma série de conflitos na sociedade. A exclusividade do amor romântico que leva à formação da família nuclear, é uma matriz geradora de forte egoísmo que visa proteger o clã familiar. O próximo é desconsiderado, muitas vezes dilapidado em seus recursos e interesses. O impulso para amar outras pessoas é contido, proibido e até punível. Isso termina por gerar sentimentos negativos na estrutura familiar e na comunidade a geração de fortes desníveis socioeconômicos formando duas classes de miseráveis: os extremamente pobres e os excessivamente ricos. Então, essa sociedade não atende a necessidade de uma qualidade de vida boa para os seres humanos. Se persistirmos na manutenção desse tipo de cultura dentro da comunidade, estamos assumindo que fomos feitos para a sociedade, e não que a sociedade foi feita para nós. Pensando assim, devo verificar o que de tão paradoxal exista na sociedade e vejo que os relacionamentos são os mais necessitados de correção, pois são eles que irão formar as células básicas da sociedade. Assim, hoje defendo e aplico na minha vida o amor inclusivo (ou amor não exclusivo), onde não há a proibição de amar quem quer que seja que também esteja sensibilizado. A família agora tem uma maior abertura, tornou-se ampliada e serve como um protótipo da família universal que Jesus defendia como a base do Reino de Deus.