Jesus recebeu a visita de seus parentes quando ensinava a uma multidão. Naquela época e ainda hoje, a família era considerada o núcleo básico da sociedade. A sua perpetuação era e ainda é considerada como um dever e portanto o casal que não conseguia ter filhos viviam com desconforto existencial. Tal era a autoridade que a família exercia na comunidade, que os ouvintes de Jesus não se importaram de interromper seu discurso para que ele pudesse atender os seus parentes. Mas ele tinha algo a ensinar que ainda era mais importante.
Jesus tinha duas famílias, aquela em que nasceu e foi criado e outra, formada por todos aqueles que conheciam e praticavam a vontade de Deus. De modo algum Cristo menosprezou seus parentes ou negou o valor da família física, mas mostrou que há laços ainda mais profundos que os de sangue. Todos somos filhos de Deus, não como escapar dessa condição, quer acreditemos ou não em sua existência. Para o Pai todos somos seus filhos, Ele reconhece sua criação assim como qualquer criador medíocre aqui na terra reconhece o que produz. A pessoa pode ser um aborígene, um selvagem, um cientista, um sacerdote, todos são considerados pelo Pai como seus filhos, assim como Ele reconhece todas as obras da natureza de Sua autoria. O problema reside em nós nos considerarmos como seus filhos, saber de Sua existência ao longo da eternidade e que nossa vontade deve estar sintonizada com a vontade dEle. Essa condição de reconhecer e praticar aquilo que Deus quer é que vai nos dar o ingresso nessa família espiritual.
Nossa família biológica é essencial e deve ser tratada com todo amor, mas fazer parte da família de Deus é ainda mais importante, pois ela durará para sempre. Tenho me esforçado, desde que tive a compreensão das famílias que Jesus ensinou, em priorizar a família Universal sem deixar de amar e cuidar da família biológica em que estou inserido. Procuro colocar em prática todo esse ensinamento, mesmo que o ato sexual intimamente associado à família biológica pelo fato dele ser o responsável pela reprodução dos corpos e assim pela continuidade da vida no campo material, seja motivo de críticas externas e de extremo cuidado da minha parte. Compreendo que devo viver inserido na família universal como prioridade existencial, mas que o ato sexual pode surgir no contexto dos relacionamentos e na concordância afetiva dos interessados, sem que seja gerado sentimentos de posse, de exclusividade, por nenhuma das partes.