Madre Tereza de Calcutá dizia que a doença mais terrível do Ocidente não é a tuberculose, nem a lepra, é a sensação de ser indesejado, de não ser amado, de ser abandonado. Dizia que tratamos as doenças do corpo por meio da medicina, mas que o único remédio para a solidão, para a confusão e para o desespero é o amor. Dizia ainda que são muitas as pessoas que morrem neste mundo por falta de um pedaço de pão, mas são muito mais as que morrem por falta de um pouco de amor.
Sou testemunha da verdade de suas palavras. Vi pessoas do meu relacionamento próximo morrerem por falta desse amor, sufocadas pela sensação da solidão, do abandono, acicatada pelo monstro do ciúme. Vi tudo isso acontecer e não pude evitar o seu desespero e a busca do alivio na morte. Até hoje tenho culpa em minha consciência, se eu não poderia oferecer mais amor do que o pouco que ofereci, se não poderia ter sido mais ousado nessa oferta de amor...
Hoje me sinto bem alimentado de amor, dos meus semelhantes e principalmente do amor de Deus. Tenho também a consciência de que devo transmitir esse amor que recebo, devo alimentar a tantos irmãos que padecem dessa inanição. Mas existe uma barreira que atrapalha essa doação de amor, é a forma distorcida de amar como romantismo, como posse de um ser pelo outro. Quando o nível do amor atinge a intimidade do ato sexual, desperta de forma vigorosa essa forma de amar, romântica, possessiva. O monstro do ciúme é despertado e com ele todo um séquito dos seus comparsas: a raiva, o desprezo, o isolamento, a mágoa, o ressentimento, etc.
Estou aprendendo mais um detalhe importante nessa doação de amor incondicional. Deve ser advertido ao ser que fica em condições de aprofundamento do amor para uma intimidade sexual, que o despertar do romantismo não pode contaminar a natureza do amor incondicional, que é livre, fraterna, solidária com um e com todos! Que se isso não for possível, que o aprofundamento sexual do amor seja contido, contanto que a capacidade de ofertar o amor que recebemos do Pai não seja bloqueado por nenhum argumento, por mais prazer que esses argumentos possam nos trazer.