Assim se expressou Santo Agostinho de Hipona com relação a Deus. “Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim, e do lado de fora eu te procurava! Disforme, eu me lançava sobre as belas formas das tuas criaturas. Comigo estavas, mas não eu contigo. Longe de Ti me retinham as Tuas criaturas, elas que não existiriam se em Ti não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu minha surdez. Fulguraste e brilhaste, e Tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste Tua fragrância e, respirando-a, por Ti suspirei. Eu Te saboreei e agora tenho fome e sede de Ti. Tu me tocaste, e agora vivo ardendo no desejo de Tua paz.”
Essa expressão de Santo Agostinho mostra um fato que acontece com muitas pessoas, de ter vivido uma vida de prazeres carnais longe de Deus na juventude e depois da maturidade descobrir a importância de Deus. Comigo não foi diferente. Sempre eu respeitava a existência de Deus, mas na minha juventude não era algo tão presente como hoje. Estava muito mais envolvido com as exigências materiais. Hoje compreendo melhor a dimensão de Deus em minha vida e sei que Ele tem um projeto para cada um de nós de acordo com o potencial. Não tenho a força dos sentimentos de Santo Agostinho nesse reconhecimento de Deus presente em tudo ao redor. Gostaria até de sentir todo esse desejo, essa fragrância inebriante, essa fome de Deus. Essa sensibilidade de perceber o divino com tanta intensidade deve ter uma base genética que forma algo parecido com os hormônios onde muitos deles amadurecem determinado órgão e que irão funcionar na adolescência e vida adulta. Não acredito também que Deus exige tamanho êxtase de nós, mas que deve ser maravilhoso, isso sim, ter uma harmonia tão profunda com a natureza. Talvez com esses exemplos eu consiga aprender um pouco mais.