O apóstolo Thomé diz que existe no íntimo de cada ser humano uma Centelha Divina que registra automaticamente, independentemente da vontade ou esforço de cada um, todos os atos e atitudes praticados pelo ser, cujas reações nessa Centelha tem de se harmonizar com esses atos e atitudes. Assim, todo aquele que pratica uma ação louvável, meritória, para com o próximo, aviva a luz dessa Centelha e isto lhe acarreta uma satisfação íntima, um certo bem estar que redundará num sentimento de felicidade. Não foi o Pai Celestial quem concedeu essa felicidade. Tal sentimento decorre do avivamento de sua própria Centelha, em virtude do bom ato que praticou. Se, ao contrário, o ato tiver sido mau, empalidecerá a sua luz interna que é a centelha divina. Com isso deixou de enxergar, provavelmente, um caminho justo, e veio a sofrer alguma decepção ou enfermidade da qual não conseguiu livrar-se. Nessa hipótese, igualmente, não houve interferência do Pai Celestial, que nem tomou conhecimento do fato. A cada um segundo as suas obras, é a parábola de Jesus, a ninguém se podendo culpar quando as consequências forem contrárias aos desejos de cada um.
Concordo com Thomé e acredito que já sinta esses efeitos em minhas ações, no meu comportamento. Procuro sempre fazer ações positivas e quando isso acontece me sinto bem, iluminado, minha centelha foi avivada. No entanto, quando por descuido ou invigilância pratico algo que minha consciência acusa como errado, sinto também o apagamento da Centelha Divina. Da mesma forma acontece quando os pecados são ativados no comportamento, no meu caso a gula e a preguiça. Como são forças cristalizadas ao longo do tempo, cujo controle é difícil realizar de forma completa, consigo apenas vitórias parciais, na quantidade e na qualidade dos alimentos, por exemplo. Isso funciona como uma sombra na minha Centelha Divina. Vejo essa como o ícone das dificuldades. É um pecado que enfrento e venço em alguns momentos com a força do jejum, outras vezes com as lições de Ramatis, mas logo ela volta e se faz presente. Convivo com essa sombra na minha luz, sei que não é das piores, mas que devo sempre procurar uma forma de libertação.