Um dos jornais de Natal, “Novo Jornal”, em sua edição de 04-09-12, trouxe uma matéria sobre a nova família potiguar. Apresentava os seguintes números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE/2010:
NO RIO GRANDE DO NORTE –
899.513 – Famílias
58,0% fogem do padrão de família tradicional
26,7% são famílias estendidas
NO BRASIL
57,3 milhões de famílias
59,0% fogem do padrão de família tradicional
19,0% são famílias estendidas
O Instituto considera como família estendida uma configuração formada ao menos por uma pessoa e outro parente que não filho ou pais. A grande maioria das famílias estendidas, no entanto, é formada por casais com filhos e outro parente agregado; mulher separada com filhos e outro parente; casal sem filhos e outro parente; e homem com filhos e outro parente. Também pode ser considerada de “outros tipos” o caso de três primas que dividem um apartamento em bairro de Natal, que foi o motivo da matéria.
Quero ressaltar nessa matéria a tendência que existe no país, e acredito no mundo de forma geral e respeitando as exceções, da tendência à fraternidade e à liberdade. Com isso o modelo de família tradicional perde majoritariamente as suas características fechadas da família nuclear. No entanto, não perde a base do amor exclusivo que permeia todos os seus entes, que tem origem no amor romântico, exclusivista, condicional, que proporcionou a ligação intima, legal e exclusivista do casal. Identifico essa conjuntura como um ninho de egoísmo onde a parentela se protege sob o manto do amor exclusivo para limitar a expansão do amor incondicional na comunidade e, pior que isso, desviar recursos da economia coletiva para o clã familiar, mesmo com o aparato legal, em detrimento dos demais indivíduos.
Vejo dessa forma que o Reino de Deus, baseado numa comunidade permeada pelo amor incondicional, jamais irá existir estruturada no amor exclusivista. A família preparada para servir de célula comunitária para o Reino de Deus não pode limitar, cercear ou bloquear o livre fluxo do amor incondicional. O casal cujos membros se aproximem um do outro, mesmo que motivados pela força instintiva do amor romântico, deverá estar sempre consciente, de que a exclusividade que o amor romântico exige é um aspecto apenas pontual da evolução do relacionamento, que deve estar sempre subordinado às implicações do amor incondicional. Logo que os parceiros se afastem um do outro e entrem nos relacionamentos mais diversos com outros entes da comunidade, existe a possibilidade que não deve ser repudiada, de um novo relacionamento que obedece as diretrizes do amor incondicional e que pode atingir o nível da intimidade sexual. Nesse ponto surge uma nova configuração familiar, que não é a tradicional, a nuclear, não é a estendida que pode incluir outros membros da família, parentes. Agora são outras pessoas que atingem o núcleo do relacionamento e a família se torna ampliada com um potencial bem maior de integração. É esta família ampliada que sendo construída dessa forma, sempre obedecendo às diretrizes do amor incondicional irá tecendo a macroestrutura da família universal, aquela que Jesus defendia a existência e que poderíamos a construir a partir da reforma que fizéssemos na comunidade, a partir de nossa própria intimidade – a Reforma Íntima!