Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
11/09/2012 10h03
O MESTRE E O DISCÍPULO

            É comum nas escolas regulares o mestre dar suas lições e os alunos interpretarem à sua maneira, de acordo com os valores já estabelecidos na consciência de cada um. Por isso é importante as perguntas para melhorar a compreensão, tirar dúvidas, até que toda a classe tenha uma compreensão próxima do homogêneo aquela situação em destaque. O mesmo acontece com as lições que o Divino Mestre deixou para toda a humanidade na forma dos Evangelhos. Eu, que me considero um aluno regularmente matriculado nas suas aulas, que procuro aprender e aplicar com seriedade e profundidade as lições recebidas, me deparei com essa questão de dúbia interpretação por parte de outros alunos também da mesma forma que eu, envolvido nas lições do Mestre. A questão dizia respeito ao casamento tradicional que forma a família nuclear. Alguns entendem que Jesus defende de forma clara e definitiva esse aspecto do relacionamento humano, e eu tenho interpretação oposta. Pedi para eles darem os argumentos que justificam a posição e aqui, antecipadamente, vou colocar os meus.

            Jesus disse que a Lei Maior pela qual temos que orientar nosso comportamento é a Lei do Amor e que se expressa em AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO. Então, guardei essa informação como central para a minha compreensão do que eu deveria fazer para seguir suas lições. Mais adiante entrei numa situação paradoxal. Também havia guardado as lições do valor do casamento, da fidelidade, da sua indissolubilidade e no começo de meus relacionamentos afetivos, isso não trazia nenhuma dificuldade para mim. Sonhava encontrar a mulher amada, com ela casar, ter filhos e viver a amando exclusivamente, com fidelidade para todo o sempre. Encontrei essa mulher, casamos, tivemos filhos e eu a amava como sempre sonhei. Mas não imaginava que o amor, da mesma forma que nascera por essa mulher, pudesse surgir por outras mulheres. Isso foi um impacto nas minhas convicções, paradigmas, cosmovisão... meus “óculos” começaram a ficar embaçados. Procurava ler a principal Lei e não via impedimento para esse amor que surgia; lia os mandamentos e via a proibição vigorosa de manter a exclusividade do amor, da proibição clara da realização do sexo fora do casamento. A quem eu deveria obedecer? A Lei Maior ou a lei menor? Racionalmente a conclusão é fácil: a Lei Maior! Mas culturalmente os obstáculos eram enormes, principalmente dentro dos próprios livros sagrados. Então conclui que eu não deveria manter ou construir novos relacionamentos na base do casamento tradicional, ele entrava em desacordo com a Lei Maior e isso eu não poderia aceitar. Então, hoje não sou casado, não tenho compromisso com a família nuclear e procuro nortear meu comportamento pela Lei Maior. Com essa perspectiva, os comportamentos que tenho tendem a construir uma “família ampliada” onde não existe exclusividade para nenhuma forma de amor, inclusive a sexual. É aqui que surge a dúvida de meus colegas que estudam na mesma classe de Jesus. Espero os argumentos deles. Espero do Pai a serenidade, humildade, sabedoria e coragem para receber informações e conclusões que antes eu não percebia, de reconhecer meus prováveis erros de leitura e de interpretação, corrigir o meu paradigma, a cosmovisão, mudar as lentes dos “óculos” e implementar o comportamento que a Verdade apontar como o mais correto.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/09/2012 às 10h03
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