Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
16/09/2012 23h49
PRIMEIRO POEMA

             Esta, sim, é osso dos meus ossos

            E carne da minha carne!

            Ela será chamada mulher,

            Porque do homem foi tirada.

            (Gênesis 2,23)

            Na Bíblia, em Gênesis 2,21-22, temos a informação da criação da primeira mulher, Eva: “Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele.”

            Surgem a partir daí diversas interpretações com significado simbólico. Pedro Lombardo, que se tornou Bispo de Paris em 1159, escreveu um ou dois anos antes, em seu famoso sumário da doutrina cristã intitulado O Livro das Sentenças: “Eva não foi tirada dos pés de Adão para que fosse sua escrava, nem da cabeça para que governasse sobre ele. Deus tirou-a de seu lado para que ela fosse sua parceira.”

            Matthew Henry ao escrever seu comentário bíblico em 1704, provavelmente deve ter se lembrado de Lombardo para afirmar que Eva “não foi feita a partir da cabeça de Adão para superá-lo, nem dos seus pés para ser esmagada por ele, mas de seu lado, para estar ao lado dele, em igualdade; sob seu braço para ser protegida, e perto do seu coração para ser amada.”

            Surge daí a ideia de casamento que segundo os intérpretes da “palavra de Deus” une o homem à mulher de forma monogâmica, exclusivista. Prefiro deixar um pouco de lado as interpretações dos doutores, sacerdotes e demais profetas sobre a vontade de Deus, para voltar a origem dos fatos segundo o simbolismo da criação. Deus fez o homem sua imagem e semelhança e a partir dele fez a mulher para complementar a sua vida. A partir daí a mulher assume uma posição secundária na Natureza, comparada ao homem e dentro desse simbolismo. Mesmo que as interpretações dos sacerdotes e doutores da lei tentem trazer um equilíbrio a essa compreensão.

            Do ponto de vista material, tudo está relacionado à origem da vida biológica e seus determinantes evolutivos, ligando os seres primordiais, unicelulares, aos seres sofisticados, pluricelulares, cujo protótipo mais evidente ao nível da consciência é a espécie Homo sapiens que representa o homem e a mulher. Nesse contexto não há a primazia do surgimento, da criação. Ambos tem o mesmo peso no surgimento dentro do plano da vida biológica, com suas atribuições prevalentes bem determinadas, o homem de proteção e provisão, a mulher de reprodução e cuidados.

            Do ponto de vista espiritual a questão do gênero perde sentido. O espírito não necessita do acasalamento para se reproduzir, é criatura do próprio Deus, sem necessidade do sexo. Porém, é criado simples e ignorante, dotado de livre arbítrio e por isso deve por esforços próprios evoluir principalmente no campo moral, dos afetos e sentimentos, para se aproximar da Natureza de Deus com sua individualidade respeitada. Necessita da experiência carnal, encarnado assim no corpo biológico, submetido às leis da reprodução que viabiliza a vida dentro da matéria, para aprender a absorver e desenvolver a Lei do amor, como forma de respeitar os imperativos materiais e ao mesmo tempo obedecer aos imperativos do Criador (Natureza). Dessa forma o espírito precisa passar pela experiência tanto de homem quanto mulher nas suas diversas reencarnações ao longo de seu processo evolutivo.

            Com esta perspectiva vou ao encontro do relacionamento com a mulher, sabendo do simbolismo da criação, da forma de evolução dos seres biológicos e das necessidades de nossos espíritos, tanto do meu espírito enquanto homem, quanto o espírito dela enquanto mulher, na atual fase de nossa experiência no campo material.

            Assim, não posso pautar a minha vida por interpretações de outras pessoas, por mais sábias que sejam nos seus campos de conhecimento. Com a consciência amadurecida com informações acerca da verdade, devo sim, utilizar toda informação adicional para ir ajustando o meu pensamento a uma conduta mais apropriada para a minha evolução e daqueles que comigo caminham.

            A consequência mais dramática dessa minha forma de pensar, foi desconsiderar a família nuclear assentada no amor exclusivo, para defender e praticar a família ampliada assentada no amor inclusivo. Isso vai de encontro as diversas formulações e legislações dentro e fora dos livros e doutrinas sagradas e que no atual estágio evolutivo prevalecem na comunidade. Considero a mulher como uma parceira fundamental e que devo encontrar dentro das diversas experiências dos encontros, aquelas que melhor sintonizarem com o meu pensamento e acreditem que a pratica do comportamento que defendo é fundamental tanto para a minha evolução como a delas.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/09/2012 às 23h49
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