Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/09/2012 00h13
AUDITORIA ESPIRITUAL IV - CORPO

            Fui ao dentista e ao sentar na cadeira e ser indagado se queria ou não anestesia para o procedimento que iria ser realizado, percebi de relance que este era o próximo teste. Nas minhas considerações paradigmáticas coloco o corpo como instrumento do espírito, que é a ferramenta material oferecida ao espírito para que possamos operar neste mundo espiritual. Da mesma forma que um mergulhador necessita de um escafandro para ir até as profundidades do oceano, assim o nosso espírito precisa do corpo biológico para se expressar neste mundo material. Portanto agora eu era chamado para testar se eu iria me comportar naquele momento com o corpo, como se ele fosse um escafandro e que estava ali para o consertar. Todo tipo de dor que fosse nele desencadeado, deveria ser tolerado pelo espírito com essa compreensão, “o que acontece não é comigo, é com o meu instrumento.” Disse então à dentista que podia fazer sem o anestésico. Ela ainda advertiu que se eu não suportasse, poderia levantar a mão que ela administraria o anestésico. Concordei.

            O primeiro toque com um instrumento metálico na raiz do dente provocou uma dor aguda de forte intensidade que me fez mover da cadeira num esgar de dor. Ela parou um instante para verificar se eu levantaria a mão. Resisti a tentação de o fazer. Então ela passou a usar o  motor para ajustar o trabalho que iria fazer atuando na periferia da raiz do dente mas com aproximações que levavam intensa dor. Pensava em levantar a mão, mas coloquei a mão direita sobre a esquerda no sentido de impedir dela levantar. O processo doloroso se desenvolvia na cavidade bucal, a dor percebida no cérebro era trabalhado a nível de contração de minhas mãos uma contra outra, numa espécie de luta pelo pedido do anestésico ou não. Resolvi levar à percepção da dor ao nível da consciência, fazendo a interpretação realmente do objeto (corpo) e do seu dono (espírito). Passei a ver os estímulos dolorosos como sinais que chegavam ao cérebro e que indicavam que alguma estrutura nobre do corpo estava sendo atingida e que necessitava de uma intervenção para sair daquela condição. Mas o meu espírito sabia que aquela condição era necessária, então a dor que sinalizava para o corpo uma emergência a ser retirada, o espírito considerava uma necessidade a ser operada em benefício do próprio corpo. Então passei a ver os impulsos dolorosos que chegavam sempre com intensidade variada como eventos que diziam respeito ao próprio corpo. Cheguei a esperar novos estímulos dolorosos com intensidade maior que os anteriores, o comportamento de luta nas mãos já não existiam e uma serenidade a nível mental se desenvolveu, o enfrentamento da dor já não provocava um sofrimento tão exasperador quanto antes. Enfim, terminou o procedimento. Senti que venci essa provação, mas ao mesmo tempo também percebi que fui testado com benevolência, nenhuma dor intensa da odontologia foi provocada, sei disso. Assim, essa vitória que adiciono ao meu relatório vem com esse adendo da benevolência dos meus auditores, aos quais agradeço por não testar com toda intensidade alguém que tanto eu como eles já sabem que não é tão forte como apregoava no início.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/09/2012 às 00h13
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