Finalmente estava chegando ao final da leitura. O próximo passo foi:
9 – Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e mentirem, dizendo todo mal contra vós por minha causa.
Pode parecer estranho que no Evangelho haja ainda a nona bem-aventurança, que corresponderia a um novo passo iniciático. Aqui não é exatamente um novo passo, a afirmativa é diferente: “Bem-aventurado sois vós”. Isso mostra que não se trata de um novo passo. É uma bênção dirigida àqueles que, entendendo a mensagem de Jesus, compreenderam que o Cristo está dentro deles, e por este Cristo são perseguidos, injuriados e caluniados. Este é o caminho iniciático escolhido por aqueles que, pela dor e pelo sofrimento, optam por manifestar o Cristo interno no mundo. É este o caminho que estou disposto a trilhar, desenvolver na prática a principal lição do Mestre, o Amor incondicional. Mesmo que por causa dele eu venha a ser caluniado, expulso de casa, odiado, repudiado... sei que isso acontece porque os interesses materiais são muito fortes dentro dos corações, que se tornam endurecidos no sentido de se apossar daquilo que consideram importante e que não querem dividir com mais ninguém.
Depois do jantar voltamos para o salão de danças e na hora de cortar o bolo pedi para que a banda cantasse a oração de São Francisco que foi seguido por todos os presentes:
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz
Onde houver ódio, que eu leve o amor
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver discórdia que eu leve a união
Onde houver dúvida, que eu leve a fé
Onde houver erro, que eu leve a verdade
Onde houver desespero, que eu leve a esperança
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
Consolar que ser consolado
Compreender que ser compreendido
Amar, que ser amado
Pois é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive
Para a vida eterna.
Depois desta bela canção, onde senti as vibrações do sentido de sua letra em meu coração, cantamos os parabéns, aliás, cantaram os parabéns. Foi o momento que recebi o eflúvios carinhosos de todos os presentes, senti o jorro de amor que partia do coração de cada um e que se refletia de volta no meu. Foi um momento mágico, como se aquelas vozes fossem um coro de anjos, como se o coração de cada um, por permissão expressa do Pai ficasse limpo de qualquer vestígio de sentimentos negativos. O amor fluía em sua pureza, o ar ficava perfurmado e até o calor que os ventiladores e aparelhos de ar condicionado não davam conta, naquele momento não incomodava. Agradeci com uma referência, primeiro ao Pai por tudo que Ele proporcionou e a todos os anjos que na forma de meus amigos batiam suas asas na forma de aplauso.
Foi o meu primeiro aniversário que tive com essa dimensão tão divina e fraterna. Sinto que jamais terei outro igual. Sinto que foi a permissão do Pai para que eu entrasse na senda dos passos iniciáticos das bem-aventuranças, para que eu me fortaleça no enfrentamento das dificuldades que irão surgir, mas que terei sempre ao meu lado, nos dois campos da vida, material e espiritual, um batalhão de amigos e de anjos que enxugarão minhas lágrimas e tratarão minhas feridas.
Assim terminou minha festa de 60 anos de vida, e a todos agradeço o comparecimento, foi o meu grande presente!