São Francisco de Assis, antes de dar a conhecer o seu ministério, respondia as indagações dos amigos, de que casar-se-ia com a mais nobre e mais bela esposa jamais vista. Pela beleza excederá as outras, pela sabedoria superará a todas e assim encontraria um tesouro escondido. Todos pensavam ainda no aspecto material, de uma bela jovem, inteligente e rica. Ninguém imaginava ainda com essa resposta, que Francisco usava parábolas para expressar o que começava a sentir no seu íntimo. Não se tratava de uma esposa tradicional, do campo material e sim, tudo era aplicado ao campo espiritual. A esposa que Francisco começava a se apaixonar e entregar toda sua vida a ela, era a verdadeira religião que emanava dos ensinamentos do Cristo, cheios de beleza e sabedoria, que ligava a criatura ao Criador; o tesouro escondido se achava na aplicação desse casamento e na relação com o próximo, criando assim o Reino dos Céus.
Este pensamento de Francisco pode ter uma boa utilidade para mim, posso usar como modelo para qualificar o meu próprio pensamento e talvez deixar as pessoas com mais facilidade de compreensão quanto aquilo que defendo e pratico no campo espiritual. Também flerto com essa noiva espiritual e acredito que poderei me apaixonar tanto quanto Francisco por ela. Também desejo partilhar do tesouro escondido do Reino dos Céus. Porém o meu caminho difere de forma significativa do de Francisco, com relação aos bens do mundo, ao envolvimento afetivo com as mulheres.
Os votos de pobreza defendidos por Francisco não se aplicam a mim. Acredito que Deus tenha me deixado com a missão de cuidar dos bens materiais que eu puder adquirir com a Sua permissão e os administrar de acordo com sua vontade, uma espécie de administrador dos Seus recursos materiais.
Quanto as mulheres, também tenho uma visão diferente. Reconheço a importância da analogia com os ensinamentos de Jesus, a formação de uma igreja ideal onde esses ensinos sejam trabalhados e divulgados. Representaria essa igreja a noiva bela e sábia. Mas enquanto em Francisco não há nenhuma possibilidade do homem aprofundar o amor com uma mulher e seguir no campo material até a relação sexual, com respeito total à noiva espiritual, meu pensamento é que esse aprofundamento afetivo pode e deve ocorrer, mas sempre com o suporte e prevalência hierárquica dos valores espirituais. O ponto comum nesse pensamento, é que as mulheres saibam que existe um compromisso prioritário com a igreja, com o pensamento de Cristo, e dessa forma elas não podem exigir em nenhum momento exclusividade desse amor que elas experimentam. O compromisso com minha noiva espiritual aceita e até orienta que eu distribua o amor que o Pai permite que eu tenha por tantos corações quantos for conveniente.