Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
21/11/2012 00h59
CASAMENTO E PRINCÍPIO DE VIDA

            Dentro da estrutura atual da cultura ocidental, casamento implica na exclusão de vários relacionamentos em função de um único. A pessoa escolhe outra para se relacionar afetivamente por toda a vida, com a proposta de gerar filhos, fazer uma família nuclear, com base no amor exclusivo e assim se relacionar com as demais pessoas que devem seguir os mesmos princípios. Mas tem um significado da máxima importância, que está implícito dentro do conceito – casamento, e que extrapola o mero relacionamento de uma pessoa com outras. É o significado de compromisso prioritário da pessoa com um princípio de vida. Foi isto que São Francisco de Assis queria dizer quando iria desposar a mais bela e sábia das noivas, os ensinamentos cristãos trazidos por Jesus de Nazaré. Ele extrapolou de um mero relacionamento entre pessoas para um relacionamento com um princípio de vida, onde os relacionamentos pessoais são condições figurantes, mas não protagonistas principais. Com esse casamento idealizado ele passou a praticar na sua vida, não havia espaço para relacionamentos afetivos com outras pessoas, para a geração de filhos, para formar uma família nuclear. Sua opção foi feita para os pobres, para os amparar e consolar como filhos do mesmo Pai e que estavam desamparados pela injustiça solidária das leis humanas. Foi fiel ao seu casamento até o fim da sua vida, como se deve esperar de pessoas íntegras, que procuram cumprir com honestidade os seus compromissos.

            Eu já fui casado por duas vezes. Na primeira eu pensava dentro dos padrões tradicionais, culturais. Mas com o passar do tempo percebi que existiam forças dentro e fora de mim que repudiavam esses compromissos assumidos e lentamente a minha consciência se dirigiu para outro paradigma de vida. Foi essa mudança de paradigma ocorrida em minha vida que encontro paralelo na mudança de paradigma que aconteceu na vida de São Francisco. Também como ele, a base de minha transformação estava alicerçada nos ensinamentos do Mestre Jesus. Fiquei encantado com a beleza e sabedoria da noiva que Ele apresentava, seu evangelho. Também me dispus a casar com ela e isso implicava em obedecer de forma integral e sem subterfúgios à Lei do Amor e os seus principais artigos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo. A minha fidelidade enquanto esposo honesto ficou associado a esses princípios e a todos que a ele se associem. Portanto, todos os outros compromissos gerados das mais diversas formas de relacionamentos ficam a esse subordinados. Podem até serem representados por pessoas importantes dentro de nossos afetos, como pai, mãe, filhos, irmãos e demais parentes e amigos,  mas a prioridade de minhas ações estarão sempre condicionadas aos interesses da minha esposa, os ensinamentos do Cristo e seu corpo de praticantes. É importante que todos os meus afetos significantes tenham conhecimento deste meu casamento, para que sintam a profundidade do meu comportamento e que não se sintam melindradas por minhas decisões. Fica também entendido, que o casamento tradicional para mim perdeu o sentido como também perdeu para São Francisco.

            Agora existe uma diferença marcante entre mim e São Francisco. Ele fez a opção pela pobreza e a continência sexual para obter no mundo espiritual o Reino de Deus. Eu faço a opção pela dignidade humana e pela sexualidade fraterna para construir o Reino de Deus no mundo material. Sei que todos somos seres espirituais passando por experiências materiais, que somos todos filhos do mesmo Pai e que devemos fazer a sua vontade aqui na terra como nos céus. Assim, cada um de nós tem a missão que o Pai coloca em nossa consciência, como aconteceu com São Francisco, como acontece comigo e com qualquer pessoa. As formas de executar nossas missões sempre recebe o apoio e ajuda de amigos encarnados e desencarnados, quando está na trilha do Senhor.

            Sei que recebo constante ajuda desse tipo e isso fortalece minha vontade de continuar na trilha do Senhor, mesmo que isso traga sofrimento em muitas ocasiões, pois os interesses egoístas ainda são fortes em nossos corações. Estar casado com os princípios cristãos, implica em divórcio imediato dos interesses materiais, egoístas!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/11/2012 às 00h59
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