Não somos navios, não estamos navegando em alto mar, não estamos submetidos aos vendavais marítimos, mas tem dia que parece que nós somos uma nau a navegar nessas circunstâncias, cheias de turbulências. Assim correu o meu dia de hoje, do começo até o fim.
Acordei logo cedo com o objetivo de colocar o carro para a revisão, já que eu rodava com um carro locado há sete dias, arcando com toda a despesa. Deixei o carro na concessionária, mas ela não me forneceu um veículo para eu ir pegar o carro locado. Paguei uma corrida de táxi de um extremo a outro da cidade, em pleno período natalino onde esses carros são autorizados a cobrar uma taxa extra a título de 13º salário. Parei num restaurante ao meio dia e dei toda a corda à gula, coloquei 1,2 kg de alimento no prato e o comi todo acompanhado de dois copos de suco. Quebrei minha programação de perder um kg a cada dia. Fui em seguida fazer perícia, o paciente marcado não compareceu e surgiu outro que não estava sendo esperado, com alta complexidade, acompanhado de diversos familiares que estavam em conflito em função do curador do examinando. Terminei tarde e um documento que precisava ser assinado teve que voltar para completar as assinaturas. Era o último dia do curso que eu coordeno, mas já estava na hora de pegar o carro que havia sido revisado. Deixei o meu colega sozinho na sala de aula com os alunos no seu último dia e tive que ir a concessionária. Não resolveram o sensor da ré, nem o pneu que estava com um bucho. A concessionária disse que nada podia fazer apesar do carro estar apenas com três meses de uso. Ficou a abertura para eu acionar a fábrica, o PROCON ou o proteste. Enquanto isso vou rodar com o pneu em risco? Ao retirar o carro não tinha mais tempo de participar de uma assembleia da loja e optei para ir à reunião espiritual das quartas feiras. O documento que eu deveria levar com urgência para entregar a minha irmã, para entregar ao advogado, para entregar o juiz e este não cancelar a aposentadoria do meu irmão que se encontra internado não estava no carro. Tive apenas a notícia que a janela do apartamento caíra que quase causava um acidente sério, que o apartamento iria passar a noite com a janela sem vidro exposta as intempéries. Tive que voltar para dormir no apartamento e deixar a programação de dormir fora nas quartas feiras que sempre faço. Passou o dia todo e não tive tempo de preparar uma perícia que tenho que entregar com urgência, não preparei a prova que tenho que aplicar na segunda feira, não fiz o projeto de monitoria cujo prazo já foi adiado para o dia sete. Fiquei o dia mergulhado em turbulências. Não deu nem para pensar em Deus, mas com certeza Ele pensou em mim e deve ter conduzido as circunstâncias no ponto de administração das minhas forças e por isso agradeço mais uma vez a Ele. Para fechar a noite, fui passear o cachorrinho que espera toda quarta feira por seu passeio. Afinal, ele também é uma criatura de Deus, e Ele me usa para fazer com que a turbulência não atinja com força meu companheirinho.